sexta-feira, 20 de setembro de 2019

ONDE FORAM PARAR OS TIRANETES LATINO-AMERICANOS?

Mujica, o ridículo ditador bonzinho do Uruguai.


Por décadas consolidada no poder, a esquerda agora começa a perder espaço na América Latina: há seis anos, dos 12 países da região, só três estavam sendo governados por políticos de centro ou mais à direita (o Chile, de Sebastián Piñera, o Paraguai, de Federico Franco, e a Colômbia, de Juan Manuel Santos).

Mesmo com uma tendência à direita se consolidando, é preciso considerar o legado de anos de políticas progressistas em determinados países. Abaixo conheça o histórico dos principais líderes da esquerda latino-americana e qual sua influência atual no continente:

RAFAEL CORREA (Equador)

Auge: 2007-2016

Eleito pela primeira vez em 2007, Correa assumiu afirmando que, com seu mandato, chegava ao fim “a triste noite neoliberal na América Latina”. Chegou ao poder em meio a um cenário de dificuldades econômicas, quedas no PIB e aumento no índice de desemprego. Aproveitando a popularidade do início de governo, conseguiu implementar uma série de medidas drásticas: criou uma nova Constituição em 2008, encerrou o acordo pelo qual os EUA mantinham uma base militar no Equador e instituiu a criticada Lei de Comunicação, que os opositores apelidaram de “lei da mordaça”.

Declínio: 2017

No fim de seu governo, Correa já acumulava tantas críticas que, nas eleições de 2017, a oposição baseou o discurso de “mudança” precisamente na derrubada de algumas das bandeiras de seu governo: prometiam uma reforma constitucional, o fim da Lei de Comunicação e a redução de impostos. Embora tenha conseguido eleger seu sucessor, Lenín Moreno, nem mesmo o nome apoiado por Correa manteve-se alinhado a ele: recentemente, Moreno acusou o governo anterior de corrupção e pediu que a Procuradoria do Equador investigasse projetos de infraestrutura de petróleo, com suspeita de superfaturamento na ordem de quase 2,5 bilhões de dólares.

Por onde anda

Às voltas com a Justiça, Correa já teve dois pedidos de prisão preventiva emitidos contra si. O primeiro veio em 2018, quando o ex-presidente foi acusado de ser o mentor do sequestro de um deputado de oposição, seis anos mais cedo. Em agosto deste ano, um novo pedido de prisão preventiva foi emitido por suspeita de suborno durante sua campanha eleitoral: Correa teria recebido dinheiro da Odebrecht em troca de contratos com o Estado. Hoje, para escapar dos processos, está vivendo na Bélgica. Um jornal do país europeu chegou a noticiar que Correa teria pedido asilo por perseguição política, mas seus advogados negaram.

CRISTINA KIRCHNER (Argentina)

Dilma: Ordem do Cruzeiro do Sul para a amiguinha argentina.
Auge: 2007-2011

Cristina chegou à presidência em 2007, navegando na onda de popularidade causada pela redução do desemprego e da pobreza durante o governo de seu marido, Néstor Kirchner, iniciado em 2003. Com a morte de Néstor em 2010, Cristina buscou a reeleição e, embora já estivesse começando a perder apoio, conseguiu seguir no cargo para um segundo mandato.

Declínio: 2014

Os primeiros sinais de que Cristina começava a perder apoio vieram em 2009, quando seu partido foi derrotado nos principais distritos argentinos e ficou sem maioria parlamentar. A partir de 2014, denúncias de corrupção começaram a se acumular, e o governo Kirchner também foi acusado de falsear dados econômicos, como os índices de inflação, para mascarar a real situação do país, que em seus últimos anos de governo viu um aumento no trabalho informal e recessão. Sem poder concorrer a uma nova reeleição em 2015 e com o governo imerso em um mar de lama, Cristina não conseguiu fazer um sucessor e viu Mauricio Macri chegar à presidência.

Por onde anda

A continuidade das dificuldades econômicas na Argentina durante o governo Macri fez com que a oposição voltasse a ganhar força, apesar de novas denúncias contra Kirchner seguirem vindo à tona. Para driblar a impopularidade de seu nome, Cristina desistiu de concorrer como candidata principal em sua chapa, aparecendo como vice de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete. Após vencer com sobras as primárias na Argentina, a tendência é que o kirchnerismo retorne ao poder na votação marcada para outubro deste ano.

HUGO CHÁVEZ (Venezuela)


Auge: 2002-2007

Eleito presidente em 1999, Hugo Chávez viveu o primeiro grande teste de seu governo três anos mais tarde, quando um golpe de Estado chegou a afastá-lo do poder por 48 horas. No entanto, ainda contando com grande apoio entre a população e os militares, Chávez, que já convivia com acusações de estar ensaiando uma escalada autoritária, voltou ao poder e intensificou as reformas. Em 2004, um referendo que tentava tirá-lo do poder acabou por ratificar seu governo e, no ano seguinte, a oposição boicotou as eleições à Assembleia Nacional, acusando Chávez de fraude, deixando o partido governista sozinho no poder. Favorecido pelo aumento do preço do petróleo, o governo investiu em programas populistas que aumentaram sua base de apoio, e seguiu intensificando o controle estatal sobre diferentes setores da vida venezuelana: em 2007, deixou de renovar a concessão de um importante canal de TV opositor e, dois anos mais tarde, conseguiu passar uma reforma constitucional que permitiu a reeleição indefinida para a presidência. 

Declínio: 2010-2013

A partir de 2010, o governo Chávez começou a perder espaço nas eleições legislativas e, simultaneamente, passou a conviver com cada vez mais denúncias na comunidade internacional. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) divulgou, naquele ano, um relatório de mais de 300 páginas em que acusava Chávez de perseguir jornalistas e impor limites à liberdade de imprensa no país. Com a piora da economia e a queda no preço do petróleo, a inflação começou a crescer, atingindo 19,9% ao ano em 2012.

Por onde anda

Chávez, porém, não viveu para ver a pior parte da crise que legou à Venezuela: morreu no dia 5 de março de 2013, aos 58 anos, em decorrência de um câncer. Nicolás Maduro herdou e agravou ainda mais os problemas do país.

NICOLÁS MADURO (Venezuela)


Auge: 2013

Maduro nunca teve um “auge” propriamente dito. Vice de Chávez e indicado como seu sucessor quando sua saúde piorou, Maduro deu, porém, uma demonstração de força um mês após a morte de seu mentor: em abril de 2013, disputou e venceu as eleições convocadas para substituí-lo. A margem foi estreita (fez 50,6% dos votos válidos) e a oposição alegou fraude, mas Maduro assumiu o poder, onde segue desde então.

Declínio: desde 2014

Os problemas deixados por Chávez no fim da sua vida só se agravaram nos anos imediatamente seguintes. Entre 2013 e 2017, o PIB venezuelano teve uma queda de 37%. A inflação, que já vinha crescendo, entrou em uma espiral cada vez mais intensa e se tornou a maior do mundo: estima-se que deva bater em 10.000.000% em 2019.

Por onde anda

Nicolás Maduro ainda governa a Venezuela na prática, mas enfrenta, desde o início do ano, questionamentos cada vez maiores à validade de seu mandato. Juan Guaidó, oposicionista que preside a Assembleia Nacional, assumiu como “presidente interino” e obteve reconhecimento de mais de 50 países, incluindo o Brasil, e vem negociando tratados internacionais. Ainda assim, o impasse permanece, com Maduro dispondo de grande parte do poderio militar ao seu lado. Sem uma resolução ao conflito, o povo venezuelano sofre: além da hiperinflação, a economia não para de encolher — o FMI estima uma retração de 25% este ano.


MICHELLE BACHELET (Chile)

A alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Michelle Bachelet| FABRICE COFFRINI/AFP

Auge: 2006-2010, 2014

Primeira mulher eleita à presidência do Chile, Michelle Bachelet deu sequência aos governos da coalizão que presidiu o país desde o fim da ditadura pinochetista, em 1990. Encerrou seu primeiro governo com 80% de aprovação e, como não existe reeleição consecutiva no Chile, precisou esperar até 2014 para retornar ao poder, o que fez com 62% dos votos. Sua plataforma previa a revisão do sistema educacional superior no país, com mais vagas gratuitas, além de atualizações nas leis relacionadas ao aborto e ao casamento homoafetivo.

Crise: após 2015

Bachelet nunca enfrentou um grande declínio como a maioria de seus colegas de esquerda na América Latina e encerrou seu mandato, em 2018, ainda com avaliações positivas. Mas, em 2015, esteve às voltas com um escândalo de corrupção e tráfico de influência envolvendo seu filho e nora. Exatamente como havia ocorrido em 2010, encerrou seu mandato sem conseguir eleger sucessor e viu Sebastián Piñera assumir pela segunda vez.

Por onde anda

Ainda vista como uma das principais lideranças democráticas de esquerda na América Latina, Bachelet imediatamente assumiu como Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, cargo que exerce atualmente.


EVO MORALES (Bolívia)

Presidente da Bolívia, Evo Morales| Yamil Lage/AFP

Auge: desde 2013

No poder desde 2006, Evo Morales já mudou a Constituição para se eternizar na presidência, e tem dado indícios de que não pretende deixar o cargo tão cedo. Seu governo foi marcado pela nacionalização de recursos naturais, como o gás, e a defesa dos povos cocaleiros, contrariando a agenda antidrogas dos EUA. Diferentemente de seus colegas venezuelanos que adotaram táticas similares, porém, Evo tem conseguido manter um continuado bom desempenho econômico, que garante altos índices de popularidade. Desde que assumiu, o PIB boliviano tem crescido a uma média acima de 4%, chegando a 6,8% em 2013.

Crises: 2011 e 2019

Em 2011, as primeiras críticas à sua eternização no poder começaram a emergir, com temores de que o governo pudesse ganhar traços ditatoriais, especialmente após violenta repressão policial a uma manifestação indígena. Apesar disso, foi reeleito em 2014. Agora, em 2019, Evo voltou a enfrentar críticas que apontam para a má gestão ambiental de seu governo, incapaz de controlar as grandes queimadas que vêm destruindo biomas importantes do país desde a metade do ano.

Por onde anda

Ainda gozando de grande apoio e com a economia a seu favor, Evo é favorito para um quarto mandato consecutivo nas eleições marcadas para outubro.

SALVADOR SÁNCHEZ CERÉN (El Salvador)

Auge: 2014

Eleito em 2014 com uma margem de apenas 0,22 pontos percentuais, Sánchez Cerén tinha como principal missão o combate à violência urbana e à pobreza — El Salvador é dominado por gangues e tem os mais altos índices de homicídio do mundo. Seu antecessor, do mesmo partido, havia sido acusado de mascarar uma redução na violência ao “negociar” com as gangues, facilitando o contato dos chefes de facções com seus comandados ao tirá-los das prisões de segurança máxima. Sánchez Cerén chegou ao poder prometendo avanços orgânicos nessas questões, mas não conseguiu promover mudanças significativas.

Declínio: desde 2017

O ex-presidente salvadorenho passou a enfrentar críticas pelos fracos resultados no combate à pobreza, por escândalos em que era acusado de favorecer familiares ao colocá-los em cargos públicos, e por seu contínuo apoio a Nicolás Maduro. Nos anos finais de seu governo, Sánchez Cerén enfrentou crises de desabastecimento de medicamentos e epidemias de doenças antes controladas.

Por onde anda

Deixou o poder no início de junho sem conseguir eleger sucessor — o candidato de seu partido ficou em terceiro lugar com apenas 14% dos votos. Chegou a ser investigado por enriquecimento ilícito, mas até o momento a Justiça salvadorenha não encontrou provas.

OLLANTA HUMALA (Peru)

Auge: 2011

Humala chegou ao poder em 2011 após derrotar Keiko Fujimori, filha do ex-ditador que governou o país nos anos 90, prometendo manter o crescimento econômico e focar na inclusão social. Também afirmou que acabaria com a “economia neoliberal”. Mas enfrentou dificuldades desde o início.

Declínio: desde 2012

Tendo governado até 2016, Ollanta Humala passou por grandes crises ao longo de todo o seu governo. Ainda nos primeiros anos, encontrou resistência popular a projetos como a mina de Conga, que causaria grande impacto ambiental na região de Cajamarca. Logo em 2011, já precisou enfrentar a renúncia de um de seus vice-presidentes (no Peru, há dois vices) por escândalo de corrupção. O próprio Humala eventualmente apareceria na longa lista de presidentes peruanos investigados pelas propinas da Odebrecht e chegou a ficar preso entre 2017 e 2018.

Por onde anda

Humala continua a ser investigado pelo envolvimento com a Odebrecht e, em maio de 2019, viu a Justiça de seu país pedir a sua prisão e a da ex-primeira-dama por 20 anos. Ainda às voltas com a Justiça, Humala tem viajado intensamente pelo interior do país, gerando especulações de que tentaria concorrer novamente a algum cargo político. As próximas eleições gerais do Peru ocorrem apenas em 2021. Seu índice de rejeição, porém, é elevado: 83%.

MANUEL ZELAYA (Honduras)

Auge: 2006

Político de carreira, tendo exercido três mandatos no Congresso hondurenho, Zelaya elegeu-se em 2006 prometendo combater a pobreza, que vinha crescendo no país, mas enfrentou crises desde o início, com a oposição chegando a pedir uma recontagem dos votos.

Declínio: 2009

A impopularidade de Zelaya começou a crescer conforme o mandatário foi se aproximando de governos autoritários do continente. Em 2007, visitou Cuba e, no ano seguinte, aderiu à Aliança Bolivariana das Américas (Alba). Finalmente, sua tentativa de mudar a Constituição em 2009 provocou uma rápida resposta do Congresso e um golpe de Estado, que o derrubou em 28 de junho daquele ano e o expulsou do país. Zelaya voltou secretamente a Honduras em setembro daquele ano, ganhando proeminência ao se refugiar na Embaixada do Brasil.

Por onde anda

Zelaya retornou a Honduras em 2011, fundando o Partido Libertad y Refundación (“Libre”), que buscou recolocar o ex-presidente nos círculos de poder, ainda que sem ser o nome principal da chapa. Em 2013, sua esposa, Xiomara Castro de Zelaya, concorreu à presidência e ficou em segundo lugar. Ainda forte nos bastidores, sua próxima aposta é na filha, Hortensia “Pichu” Zelaya, indicada como pré-candidata para o pleito de 2021.

FERNANDO LUGO (Paraguai)

Auge: 2008-2011

Eleito em 2008 com o Paraguai mergulhado em altos índices de desemprego, insegurança e corrupção generalizada, Lugo, um ex-bispo, interrompeu uma hegemonia do Partido Colorado que já durava 60 anos no país, tornando-se o primeiro governante de esquerda. Enfrentou resistências por parte dos grandes agropecuaristas, sobre os quais queria aumentar os impostos, e também entrou em rota de colisão com o próprio Parlamento, dominado pela oposição, e com o governo brasileiro, com quem Lugo pretendia renegociar os contratos de Itaipu. Ainda assim, assumiu em alta: na época, 76% dos paraguaios acreditavam que o país melhoraria sob a presidência de Fernando Lugo.

Declínio: 2011-2012

Lugo começou a enfrentar seus primeiros escândalos ainda em 2009, quando a Justiça exigiu que ele reconhecesse um filho gerado quando ainda era bispo católico. Outros casos do tipo vieram à tona na sequência. Mas o que levaria à derrubada de Lugo, por impeachment, foram acusações por mau uso de forças militares, com o estopim sendo o confronto de Curuguaty, quando o governo enviou 150 soldados do Exército para controlar uma disputa territorial próxima à fronteira com o Brasil, em um episódio que deixou 17 mortos, sendo sete policiais. Sem apoio no Congresso, a destituição de Lugo foi formalizada em 22 de junho de 2012, um episódio que o ex-presidente qualificou de “golpe”.

Por onde anda

Lugo segue envolvido com a política, segundo ele, por considerar que “não fez tudo o que poderia”. No entanto, não tem conexão com nenhum dos partidos políticos, dedicando-se a endossar nomes. Nas eleições de 2018, apoiou o candidato à presidência Efraín Alegre, que acabou derrotado pelo colorado Mario Abdo Benítez.

JOSÉ MUJICA (Uruguai)

Auge: 2010-2018

Personagem carismático e envolto em uma imagem de humildade, José Mujica foi um dos presidentes uruguaios mais reconhecidos internacionalmente na história. No comando da Frente Ampla, coalizão de esquerda que já governava o país com Tabaré Vázquez (que foi, também, o sucessor de Mujica após o fim de seu mandato em 2015), chegou à presidência em 2010 e tomou a dianteira em uma série de bandeiras progressistas, como a legalização da maconha, do aborto e do casamento homoafetivo. Após o fim de seu mandato, assumiu um posto no Senado.

Declínio: 2019

Mujica permaneceu como uma figura popular, especialmente fora do Uruguai, muito após deixar a presidência, há cinco anos. Recentemente, sua imagem acabou abalada por suas falas sobre a Venezuela — a esquerda o criticou por definir o governo de Nicolás Maduro como uma ditadura, já seus opositores tradicionais se indignaram com a fala em que dizia que os manifestantes contra o regime venezuelano não deveriam se colocar à frente dos tanques (após a difusão de um vídeo em que grupos pró-Guaidó eram atropelados por blindados militares).

Por onde anda

Mujica renunciou à cadeira no Senado em 2018 e, aos 84 anos de idade, segue atuando nos bastidores da política. Nas prévias das eleições presidenciais deste ano, apoiou a ex-ministra da Indústria, Carolina Cosse, derrotada nas primárias da Frente Ampla, que será representada pelo ex-prefeito de Montevidéu, Daniel Martínez Villamil. Mujica segue à frente de uma lista de candidatos legislativos denominada Espacio 609, que representa a ala mais à esquerda dentro de sua coligação.

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

CAIXA PRETA DO BNDES E OS CHARUTOS DE CUBA


Alexandre Garcia

A gente fica sabendo de mais um pedacinho da caixa preta do BNDES: Venezuela, Cuba e Moçambique estão inadimplentes em 552 milhões de dólares. Já passou o vencimento há muito tempo e eles não pagaram. O Tesouro Nacional é que vai bancar isso perante o BNDES, ou seja, quem paga somos nós. É dos nossos impostos que vai ser pago os maus negócios feitos com ditadores por governos anteriores. Só naquele Porto de Mariel, em Cuba, o empréstimo é de 25 anos e com juros baixíssimos - todo mundo ia querer juros de 176 milhões de dólares. A garantia são os recebíveis da indústria do tabaco. Deram charuto em garantia.

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

terça-feira, 17 de setembro de 2019

O PETISMO NADA APRENDEU COM SEUS FRACASSOS


 JOSIAS DE SOUZA

O principal problema ético-político do PT é que o pedaço da sociedade que se desiludiu com o partido é incapaz de reconhecer nele disposição para evoluir. E a legenda é incapaz de demonstrá-la. Surgiram no final de semana duas novas evidências de que a rotina do PT virou um pesadelo do qual a direção partidária já não faz muita questão de acordar.

O PT emitiu nota oficial para rebater entrevista na qual o governador petista da Bahia, Rui Costa, ousou expor à revista Veja uma raridade no petismo: bom senso. De resto, o PT celebrou entrevista de Lula ao jornal argentino Página 12. Nela, o mártir petista recobriu-se de autoelogios. Enalteceu seus feitos no poder como se não houvesse roubalheira e Dilma Rousseff.

Rui Costa disse, entre outras coisas: 1) que o PT deveria apresentar "propostas concretas" em vez de "ficar só na negativa"; 2) que a adesão ao "Lula Livre" não deveria ser condição para a formação de uma frente oposicionista; 3) que o apoio incondicional ao regime bolivariano da Venezuela é "um problema". O partido não deu o braço a torcer.

Lula declarou: "Gerei 22 milhões de empregos, aumentei o salário mínimo em 75%. Disponibilizei 52 milhões de hectares de terra para fazer a reforma agrária. Fiz o maior programa social em toda história do Brasil. [...] Esse foi o crime que eu cometi."

O PT bateu bumbo como se confundisse memória fraca com consciência limpa. Apagou da lembrança horrores como o mensalão, o petrolão, a gestão empregocida de Dilma. Tudo isso está vinculado a Lula. Os escândalos têm raízes fincadas nos dois mandatos da divindade petista. É de autoria de Lula a lenda segundo a qual Dilma seria uma supergerente.

Embora o petismo ainda não tenha notado, o PT perde espaço na preferência do eleitorado há uma década. Lula prevaleceu em 2002 e 2006 com 61% dos votos válidos. Em 2010, Dilma foi enviada ao Planalto com 56%. Em 2014, Dilma amealhou 52%.

Na disputa de 2018, Fernando Haddad obteve 44,87% dos votos válidos. A derrota para Bolsonaro atrasou o relógio do PT para 1989, quando Lula amealhara 47% dos votos, perdendo para Fernando Collor, com 53%.

O eleitorado cobra do PT, em prestações, a fatura dos seus descalabros. Ainda que Haddad tivesse vencido, o partido precisaria parar de arrastar as correntes de Lula. Com a derrota, a legenda deveria se dedicar a uma fisioterapia política que lhe permitisse andar sem a sua muleta. Mas o petismo parece não ter aprendido nada com os seus fracassos.

A ELEIÇÃO INTERNA DO PT VIROU UMA GANDAIA COM ROUBO PRA TUDO QUANTO É LADO!!!


Sérgio Roxo

Denúncias de fraudes marcaram o processo de eleição interna do PT realizado no último dia 8. As acusações vão da presença de pessoas mortas nas listas de filiados que votaram ao transporte de eleitores em carro oficial, além da intimidação do trabalho de fiscais. Os petistas foram às urnas para escolher os presidentes dos diretórios municipais e os delegados que vão eleger os presidentes estaduais e o presidente nacional.

As supostas irregularidades aparecem em recursos apresentados por chapas que saíram perdedoras. Em São Paulo, Minas Gerais, Rio e Pernambuco, as fraudes teriam favorecido a Construindo um Novo Brasil (CNB), a corrente majoritária do partido. Os diretórios estaduais agora vão analisar as alegações apresentadas e decidir se serão realizadas novas eleições nas cidades que tiveram problemas.

“VERGONHA” – As denúncias de desvios de conduta em eleições internas do PT são recorrentes. Para um integrante da executiva nacional, porém, a quantidade constatada neste ano é “uma vergonha” para a legenda. Até 2013, o partido escolhia o seu presidente nacional por meio da votação direta dos filiados, mas o modelo está temporariamente suspenso, justamente por causa das queixas de irregularidades.

Em novembro, o PT vai reunir os 800 delegados escolhidos na votação de domingo para eleger o seu presidente nacional. A deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) é candidata à reeleição para permanecer no comando da sigla e conta com o apoio do ex-presidente Lula.

CANDIDATOS – Até quarta-feira, dia 11, com 87% dos votos apurados, a CNB, corrente que apoia Gleisi, tinha 52% dos votos contra 13% da segunda colocada, a chapa composta pelas correntes Democracia Socialista (DS) e Militância Socialista. Além da atual presidente, devem se candidatar a presidente os deputados federais Paulo Pimenta (RS) e Paulo Teixeira (SP), e o professor Valter Pomar.

Em São Paulo, a chapa Lula Livre pela Renovação do PT, de oposição ao atual presidente Luiz Marinho (da CNB), pediu a impugnação da votação nas cidades de Tupi Paulista, Carapicuíba e Suzano. Eles dizem que há presença de mortos na lista de filiados que votaram. Em Suzano, também foi verificada a existência de cerca de 20 assinaturas similares na lista de votantes, segundo as denúncias. A chapa opositora ainda disse ter contatado por telefone cinco filiados que afirmaram não terem participado da eleição, apesar das confirmações de presença nos documentos oficiais.

AUDITORIA – Além das impugnações, foram pedidas auditorias em 31 cidades com participação de filiados acima da média estadual. Em Uirapuru, todos os 42 filiadores votaram. A média de comparecimento do estado foi de 23%. Dos 42 votantes, 39 escolheram a chapa da CNB e três votaram em branco.

Em Minas, um grupo de parlamentares, entre eles quatro deputados federais, apresentaram recurso com acusações de terem encontrado dificuldade para ter acesso às listas de votação. Disseram também terem sido impedidos de realizar a fiscalização da apuração porque a sede do partido no estado permaneceu fechada na manhã de quarta-feira. Na representação, os parlamentares escrevem que foram entregues atas de apuração e listas de presença de cidades que não participaram da eleição do dia 8.

FILIAÇÃO EM MASSA – Em Virginópolis, no interior do estado, a vereadora Maria Ângela Coelho acusa o deputado federal Reginaldo Lopes de ter promovido filiação em massa na cidade no último dia antes do prazo final para definir os participantes da eleição interna. No processo, teriam se filiado “inclusive eleitores bolsonaristas”. A direção municipal não deu anuência para as novas adesões.

Reginaldo Lopes nega as acusações e diz que a denúncia apresentada pelo vereadora já foi rejeitada pela cúpula do partido. “É mentira dela. Não aconteceu nada disso. Ela é que veio do PMDB e faz essas acusações infundadas”, afirmou. No Rio, o ex-deputado federal Wadih Damous, candidato a presidente do diretório estadual em oposição à CNB, se queixou de intimidação de fiscais e levantou suspeitas de compra de eleitores na cidade de Niterói.

” O que aconteceu em outros estados, aconteceu aqui também, o que mostra um determinado padrão ruim desse processo eleitoral interno. Houve casos de ameça de agressão física a fiscais de chapas de oposição. E tivemos relatos, que eu ainda não posso endossar, de pagamentos a eleitores. Está sendo apurado”, disse.

IMPUGNAÇÃO – Em Pernambuco, a chapa Força Militante, que tem como principal liderança a deputada federal Marília Arraes, pediu a impugnação da votação em boa parte das zonas de Recife e na cidade de Paulista. Na capital, foram encontradas cédulas em que o filiado era identificado com o nome, o que fazia com que o voto deixasse de ser secreto. Em Paulista, na região metropolitana, segundo a impugnação apresentada, eleitores foram flagrados sendo transportados em uma van que presta serviço para a secretaria de Educação da Prefeitura de Recife, que é administrada pelo PSB.

Os petistas da CNB trabalham por uma aliança com o socialistas na capital pernambucana na eleição do próximo ano. A secretária de organização do PT , Gleide Andrade, disse que as denúncias de irregularidades ainda não chegaram na executiva nacional porque os recursos ainda serão apreciados nos estados. “Efetivamente não tem nada. A nossa avaliação da eleição é a melhor possível. Tivemos votação em 4.800 municípios. Já apuramos 310 mil votos.  No dia da eleição, tudo foi muito tranquilo. Essas coisas que começam a aparecer precisam ser apuradas, tem que ver direitinho”, finalizou.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

O JORNALISTA PICARETA, ELIO GASPARI, VIVE NO MUNDO DA ILUSÃO DE SHERLOCK HOLMES E AGATHA CHRISTIE AO AFIRMAR QUE MORO É O CULPADO


Pedro do Coutto
No espaço que ocupa em O Globo e na Folha de São Paulo nas edições de domingo, com seu estilo esmerado, Elio Gaspari ingressou no universo do romance policial que tem Conan Doyle e Agatha Christie como maiores destaques. Na trilha de Sherlock Holmes e Hercule Poirot, o jornalista percorre minuciosamente horários nas conversas mantidas pelo ministro Sérgio Moro quando estava à frente do juízo de Curitiba e construiu o processo que culminou com a condenação do ex-presidente Lula, entre outros réus acusados de corrupção.
Gaspari diz que, antes porém, Sérgio Moro divulgou o telefonema entre Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva, episódio que impediu a nomeação do líder do PT para a Chefia da Casa Civil.
ESQUECIMENTO  Gaspari, entretanto, esqueceu de dizer que o STF decidiu contra a posse do grande eleitor de Dilma Rousseff e responsável pela sustentação, até o limite do possível, da sua ex-candidata e sucessora no Palácio do Planalto.
Gaspari não leva em conta os resultados concretos da atuação de Sérgio Moro, não considerando um aspecto essencial: não fosse ele, o mar de corrupção teria continuado na praia da omissão e do silêncio conivente.
Mas falei no grampeamento do telefonema entre Lula e Dilma, o acontecimento hoje faz parte da história. Mas como no Brasil até o passado é imprevisível, nos dias atuais de fato a divulgação da conversa retirou o combustível numa estrada que transportaria o líder do PT à chefia da Casa Civil.
OUTROS DETALHES  Por trás da divulgação desses fatos de 2016, está a hipótese de anulação das sentenças do juiz então do Paraná não observa que a condenação de Lula foi ampliada pelo Tribunal Regional Federal nº 4, e, no lance subsequente reduzida pelo Superior Tribunal de Justiça. Portanto, anular uma das sentenças apenas revela o absurdo do projeto em curso, por diversas vezes nas últimas semanas levantado por Elio Gaspari. Assim, como poderia ser feita tal anulação?
O artigo de ontem não é um texto isolado, pelo contrário. O jornalista vem abordando a hipótese, como disse acima há algum tempo. Deixa a impressão que se assemelha à tese certa vez erguida pelo General Golberi do Couto e Silva que a utilizava para explicar um ponto comum de convergência para que fossem agudamente interpretado contextos políticos inesperados. Mas esta é outra questão.
CONTRADIÇÃO  Agora a questão essencial está em que, ao condenar as interferências telefônicas entre Sérgio Moro e Deltan Dallagnol, o jornalista Elio Gaspari, para criticar Moro baseia-se num processo semelhante criado pelo site Intercept. Quer dizer, não vale articulação do atual Ministro da Justiça no episódio Lula, mas vale a interceptação do mesmo tipo praticada pela Intercept…
No raciocínio do jornalista, só é ilegítima a atuação do atual Ministro da Justiça. Para finalizar, uma observação que julgo importante para análise do conflito Sérgio Moro e Intercept. As gravações da Intercept foram realizadas em 2016. Qual o motivo da demora de três anos para sua divulgação? - A manchete e a imagem não fazem parte do texto original. - 

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

KIRK DOUGLAS: A ÚNICA LENDA MASCULINA VIVA DE HOLLYWOOD




Por Altamir Pinheiro

Já costuma dizer o CINÉFILO  George Batista que, “A cinefilia é uma espécie de confraria onde nem todos se conhecem, mas todos têm um ideal em comum”. Pois bem, no meu caso específico sou um cinéfilo diferenciado: só gosto mesmo de filme de faroeste, caubói ou bangue bangue. Adoro, e porque não dizer sou apaixonado por este gênero cinematográfico de peripécias movimentadas criado no país do Presidente Donald Trump e que relata as aventuras dos desbravadores do Oeste norte-americano, em pleno Século XIX. Começarei esta minha pequena e humilde confabulação com os leitores deste blog pelo ótimo intérprete do Oeste americano que é o lendário e centenário,  aindo vivo, o baixinho KIRK DOUGLAS. Nome artístico de Issur Danielovitch que  é um ator norte-americano de origem judaica. O veterano Douglas é amplamente considerado um dos melhores atores da história do cinema. É pai do talentoso ator MICHAEL DOUGLAS(hoje, com 74 anos).  Kirk Douglas é mais que uma lenda viva do cinema. Na verdade, ele é o último “Durão de Hollyood”. Não é à toa que, no próximo dia 9 de dezembro completará 103 anos de idade. Se a data já é histórica para qualquer ser humano, imagine para alguém que foi um dos principais galãs das telonas dos filmes faroestes. KIRK DOUGLAS é um dos poucos representantes vivos da famosa era de ouro de Hollywood.

Em dezembro de 2019, A imprensa cinematográfica mundial vai comemorar 103 anos de "um gigante", "uma lenda viva", "um monstro sagrado". O ator marcou a história do cinema com dezenas de papéis fascinantes, entre eles, Spartacus, como também o inesquecível marinheiro Ned, de Vinte Mil Léguas Submarinas e a espetacular película de faroeste intitulada O Último Pôr-do-Sol de 1961, donde, ele contracena com a exuberante Dorothy Malone e o magistral Rock Hudson(primeiro famoso a morrer de AIDS). O Último Pôr-do-Sol  é um filme que, se não é a maior maravilha em faroestes, ganha pontos por ser um western diferente, agradável, forte e muito bem feito.


Kirk Douglas é conhecido como o  Eterno Spartacus fez cerca de 100 filmes em sua carreira, mas nenhum o marcou tanto como aquele em que vive um escravo na Roma Antiga, Spartacus. Naquele ano de 1961, o Oscar foi para seu companheiro de elenco, o excelente Peter Ustinov, que levou a estatueta por seu papel como Batiatus. Douglas sequer chegou a ser indicado, mas sua figura máscula entrou para o imaginário dos fãs do cinema. No início dos anos 1960, ele já era um ídolo, mas nenhum personagem havia lhe dado tamanha popularidade mundial como aquele.

Kirk Douglas foi indicado três vezes ao Oscar de Melhor Ator, mas não levou nenhum. Ele concorreu por Campeão, em 1950, quando perdeu para Broderick Crawford com A Grande Ilusão. Voltou a concorrer em 1953 por Cativos do Mal, mas quem venceu foi Gary Cooper por seu trabalho em Matar ou Morrer. Por fim, Douglas entrou no páreo com sua elogiada atuação em A Vida Apaixonada de Van Gogh, em que vivia o pintor holandês, mas acabou derrotado por Yuri Brynner, por O Rei e Eu. O ator só veio ganhar o Oscar Honorário em 1996, pelo conjunto da obra.

Galã dos anos 50, esse tesouro chamado Kirk, com quase 103 anos, em aparição raríssima em Beverly Hills é um sobrevivente, tanto de um acidente de avião quanto de um derrame, e continua a ser uma lenda viva em plena superação dos  mais de 100 anos de idade, ao lado de sua esposa, Anne Buydens, também centenária(101). E como se isso tudo não bastasse, ele é pai de outro grande astro do cinema: o ator Michael Douglas. Kirk pertence a uma  época de ouro. Só se destacava quem tivesse talento. Hoje, com todos os efeitos especiais e tecnologia, não sabemos direito se o ator tem talento ou são os efeitos especiais que predominam. Kirk Douglas foi muito mais ator que Michael. Fez dezenas de papéis memoráveis. E, mesmo assim, Michael tem um Oscar e ele não. Coisas de Hollywood...

O ator que simboliza uma época  interpretou papéis que marcaram a história do cinema, certa vez ele  revelou em um texto especial escrito para a revista Closer Weekly, em 2016,  por ocasião do aniversário de 100 anos que sua segunda e atual esposa, Anne, que hoje é dona de preciosos  101 anos, tem sido a inspiração para superar as adversidades com o passar das décadas. longevidade que o astro atribui a um "maravilhoso casamento" de mais de seis décadas. Já o seu filho, Michael Douglas, afirmou:  "Ultrapassar a barreira do centenário  de idade certamente é um marco, mas os fatos são o que papai realizou em todo esse tempo. Para mim, sua resistência e tenacidade são as qualidades que mais se destacam. Me ensinou a dar o melhor em qualquer coisa que faça. Ele é o pacote completo".

Eis uma pequena e singular visão que tenho desta centenária modalidade de laser, predominantemente masculina. Acho que não conheço nenhuma mulher que diga "ADORO FAROESTE" ou que tenha o bom e velho western como seu estilo preferido, o que é uma pena. Considerado o cinema americano por excelência, o filme de cowboy tem uma importância para a história da sétima arte que muitas vezes passa despercebida. Um dos gêneros mais antigos do cinema americano, como já escreveram alguns historiadores, o bang bang ainda hoje é rotulado como "FILME PARA HOMEM" mas, se prestarmos  bastante atenção, vemos que não se trata apenas de um rostinho bom, mau ou feio e sim de um gênero que, além de fundamental para o cinema, também é um registro da história dessa grande  nação capitalista, democrática, onde lá as instituições funcionam muito bem e o estado democrático de direito é assegurado ao cidadão. Já na “ lei da bala” e no estado da “lei do faroeste” quem reinou  absoluto nos filmes onde Xerife é Xerife e estamos conversados, foram  os Papas  John Wayne e Kirk Douglas.

quinta-feira, 12 de setembro de 2019

A MARIDA DE VERDEVALDO ADORA UMA RACHADINHA

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Juliana Dal Piva e João Paulo Saconi
Um relatório enviado pelo Coaf ao Ministério Público do Rio dois dias depois de o site The Intercept Brasil começar a divulgar mensagens atribuídas a autoridades da Lava-Jato aponta que o deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) fez “movimentações atípicas” de R$ 2,5 milhões em sua conta bancária entre 2 de abril de 2018 e 28 de março de 2019. Miranda é casado com o jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept.
A partir do documento, o Ministério Público do Rio abriu uma investigação sobre as movimentações de Miranda. Nesta terça-feira, conforme antecipou o colunista Lauro Jardim , a 16ª Vara de Fazenda Pública do Rio de Janeiro, barrou a tentativa do MP de quebrar o sigilo fiscal e bancário do deputado.
DEPOIMENTOS – Em despacho de sete páginas que decretou o segredo de justiça do caso, o juiz Marcelo da Silva pede que o deputado e outras quatro pessoas, entre assessores e ex-assessores dele, sejam ouvidos antes de qualquer ação cautelar.  “Entendo prudente postergar a análise do pleito para o momento posterior à instauração do contraditório”, escreveu Silva.
Procurado pelo Globo, Miranda afirmou, através de sua equipe, que o cargo de deputado não é a sua única fonte de renda e, portanto, “as movimentações são compatíveis com sua renda familiar”. O deputado recebe R$ 33,7 mil de salário. Ele afirmou que depósitos fracionados detectados pelo Coaf vêm dessa outra fonte, uma empresa de turismo da qual é sócio com Glenn Greenwald. Ele, porém, não informou os serviços prestados pela companhia e, por meio de sua assessoria, disse que os demais esclarecimentos seriam prestados no Judiciário.
O relatório do Coaf sobre Miranda foi feito em meio a uma investigação que apurava supostas ilegalidades em gráficas no município de Mangaratiba, na região metropolitana do Rio, e não tem relação direta com ele. O deputado contratou os serviços de uma das empresas investigadas e, por isso, acabou tendo as movimentações financeiras em sua conta enviadas pelo Coaf ao MP.
ENTRADAS E SAÍDAS – No período analisado, o Coaf aponta que R$ 1,3 milhão entrou na conta corrente do parlamentar, registrada em uma agência do Banco do Brasil em Ipanema, na Zona Sul do Rio. As saídas da conta somaram R$ 1,2 milhão no mesmo período. A movimentação considerada atípica pelo órgão não significa que tenha sido identificada uma ilegalidade. O deputado alega receber na conta o salário de parlamentar e valores oriundos de uma empresa na qual é sócio com Greenwald.
O Coaf informa no relatório que considera “suspeita de ocultação de origem” uma série de depósitos de valores que giravam entre R$ 2,5 mil e R$ 5 mil, feitos em espécie. Os analistas do órgão destacam no relatório o fracionamento dos depósitos e também a existência de repasses de funcionários do gabinete ao deputado.
“RACHADINHA” – Quatro assessores e ex-assessores de Miranda também tiveram a quebra do sigilo pedida pela 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Capital ao Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) na 16ª Vara de Fazenda Pública, porque foram identificados depósitos deles na conta de Miranda.
Para investigadores, existe a suspeita de um esquema de “rachadinha”, de devolução de parte dos salários ao parlamentar. Os pedidos do Ministério Público de quebra de sigilo foram negados pela Justiça, ao menos até que os depoimentos sejam tomados.
Estão incluídos no pedido de quebra de sigilo Reginaldo Oliveira da Silva e Silvia Mundstock, que atualmente trabalham no gabinete de Miranda na Câmara dos Deputados, em Brasília. O trabalho de ambos foi iniciado em fevereiro deste ano, quando o parlamentar assumiu o mandato após a desistência do colega de partido, Jean Wyllys.
QUEBRA DE SIGILO O MP ainda pediu a quebra de sigilo fiscal e bancário de Camila Souza Menezes e Nagela Rithyele Pereira Dantas, que desde o início do ano estão lotadas na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) nos gabinetes das deputadas estaduais Renata Souza e Mônica Francisco, ambas do PSOL, mesmo partido de Miranda. A investigação apura a “prática de improbidade administrativa”, delito da esfera cível.
Também foi aberta uma investigação sobre suposto crime de peculato e lavagem de dinheiro, mas, como Miranda é deputado federal, esse procedimento foi remetido da 24ª Promotoria de Investigação Penal para a Procuradoria-Geral da República, em Brasília.
Miranda nega irregularidades. À Justiça Eleitoral, ele declarou participar da sociedade da Enzuli Management (nos Estados Unidos) e da Enzuli Viagens e Turismo (no Brasil). O deputado é dono de 18,75% da companhia americana e de 1% da brasileira, e ambas também têm participação do jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil.
INCOMPATÍVEL – Ao pedir quebra de sigilo, o MP apontou a movimentação atípica de R$ 2,5 milhões e “possível evolução patrimonial incompatível com a do então vereador municipal”.
Na eleição passada,  em 2018, Miranda declarou à Justiça Eleitoral que era dono de um patrimônio de R$ 353,4 mil, dos quais quase 20% eram referentes a um carro e o restante a investimentos em renda fixa e quinhões de capital.  Já na eleição de 2016, o patrimônio declarado era de R$ 74.825,00.
O deputado também afirmou que “diante da ausência de provas e evidências sobre qualquer ilegalidade, não há dúvida de que (a investigação) é uma retaliação”. Para ele, “a suposição que motivou o pedido de quebra de sigilo não faz sentido” e “é óbvio que é uma resposta ao trabalho do The Intercept Brasil na cobertura da Vaza-Jato”.
Miranda vê as investigações como “uma perseguição via aparato estatal” e afirmou que está “providenciando os extratos da conta da empresa que originou os saques e correspondentes depósitos” e que está à disposição da Justiça.
DISSE GREENWALD  Na semana passada, em entrevista ao “Roda Viva”, da TV Cultura, Greenwald foi questionado sobre o caso que envolve o deputado. Aos entrevistadores, o jornalista disse que não vão existir evidências contra Miranda porque ele não cometeu crimes.
– Estamos totalmente tranquilos porque é uma mentira. É exatamente o tipo de jogo sujo que eles fazem e não vamos parar por causa disso — afirmou Greenwald.

terça-feira, 10 de setembro de 2019

ROUBO DO LOBÃO: 908 MILHÕES DE REAIS (QUASE 1 BILHÃO) DEPOSITADOS EM DINHEIRO VIVO...


Chamou a atenção da Lava Jato os depósitos em dinheiro de quantias absurdas em contas da família Lobão.

Em janeiro de 2011, contou o procurador Roberson Pozzobom na coletiva para explicar a Operação Galeria, foi feito um depósito de 908 milhões de reais em uma conta: dinheiro vivo entrando em uma agência bancária.

Também foram feitos saques em espécie dessas contas — alguns deles, segundo a Lava Jato, por Rute Ribeiro da Silva, que trabalhava no gabinete de Edison Lobão.

Na coletiva para explicar a Operação Galeria, o procurador Athayde Ribeiro Costa lembrou o codinome de Edison Lobão nas planilhas de pagamentos de propinas: Edison Lobão, o Esquálido.


@@@ - Fonte: O Antagonista.

VERGONHA CAVALAR: ERROS JUDICIÁRIOS BENEFICIAM O BANDDIDO VACCARI, O ESCROTO PETRALHA QUE PREJUDICOU 8.500 BANCÁRIOS.



José Nêumanne

No fim da semana passada, uma série de medidas comuns, mas que demonstram o absurdo a que chega a impunidade no Brasil, mercê principalmente da cumplicidade de partidos e políticos com corruptos, estelionatários e outros delinquentes, descambou em grave erro judiciário. Só que, desta vez, ao contrário do mais notório do gênero no Brasil, O Caso dos Irmãos Naves, transformado em clássico do cinema brasileiro por Luís Sérgio Person, baseado em livro homônimo de João Alamy Filho, resultou em benefício do réu e em prejuízo de suas milhares de vítimas. O protagonista do feito é o bancário e dirigente político João Vaccari Neto. Suas vítimas são 8.500 colegas de ofício que viram economias de vidas inteiras, descontadas de seus salários, se desfazerem em pó.

Em 1996, o sindicalista Ricardo Berzoíni, que seria deputado federal, presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) e ministro das Comunicações no governo Lula, fundou a Cooperativa Habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop). O objetivo declarado era fazer com que a categoria profissional dispusesse de meios de financiamento de casa própria. O líder do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Luiz Gushiken, teve importância capital na criação e no crescimento do PT, do período sindical até o poder federal. Ele antecedeu Berzoíni na pasta, responsável por um dos maiores projetos de privatização no Brasil depois da Constituição de 1988. Sob sua subordinação, travou-se uma das disputas empresariais mais sujas da História da República, a “guerra das teles”. Ela foi deflagrada após a transferência acionária da estatal Telebrás para consórcios multinacionais, iniciada na gestão tucana e levada ao auge na petista. E chega ao desenlace inevitável agora com a falência anunciada da pretensa “supertele”, Oi.

Em 19 de agosto passado, resumi em post contendo comentário no Jornal Eldorado da Rádio Eldorado, intitulado Afilhados de Lula quebraram a Oi, o sórdido episódio. “Em 1943, Getúlio Vargas atendeu a um pleito exclusivo de seu às vezes desafeto e às vezes aliado Assis Chateaubriand e criou uma lei para garantir o pátrio poder do “Velho Capitão” sobre a filha fora do casamento. A lei passou, Chatô teve o que queria e o texto entrou na História como Lei Teresoca. Em 2008, Lula fez o Congresso aprovar uma lei só para garantir aos compadres Carlos Jereissati e Sérgio Andrade o comando do que o marketing do PT apelidou de “supertele” brasileira. Virou a Lei Telezoca. Em fevereiro de 2020, 12 anos depois, a Oi faliu e a solução seria cassar-lhe a concessão e pô-la em leilão. Mas o governo Bolsonaro o fará?” Eis a questão reaberta.

Eis que, como toda safadeza sem solução, esta se desdobrou em algo mais pernicioso para o País e mais rendoso para os picaretas que a empreenderam. Conforme registro no Wikipedia, “a Bancoop vem sendo investigada pelo Ministério Público desde 2007, por acusações de lavagem de dinheiro, superfaturamento e desvio de recursos. Um dos indícios da malversação é a situação financeira da empresa. Outrora uma das mais importantes construtoras de imóveis do Estado de São Paulo, com mais de 15 mil cooperados, e mesmo tendo recebido vultosos aportes financeiros, somando mais de R$ 40 milhões a partir de 2003, por parte de fundos de pensões controlados por pessoas ligadas ao PT, transformou-se numa empresa com um déficit estimado em mais de R$ 100 milhões.” Uau!

Com Berzoini instalado nos cargos de direção do PT, entrou neste conto de terror para os bancários lesados outro bruxo. Segundo a revista Veja de 10 de março de 2010, o MP paulista teve autorização da Justiça para acessar mais de 8 mil páginas de registros de transações bancárias realizadas pela Bancoop entre 2001 e 2008. De acordo com a reportagem, em 2002 empreiteiros que prestavam serviços à cooperativa teriam de emitir notas frias em seu favor, os diretores das empreiteiras descontavam os cheques, recebidos como pagamento pelos serviços inexistentes, e repassavam os valores ao técnico em edificações Hélio Malheiro, que depositava o dinheiro em agência de um grande banco. E o na época presidente da entidade Luiz Malheiro, que mandava sacar o dinheiro, então entregue ao na época sindicalista João Vaccari Neto para bancar a campanha de Lula à Presidência da República, em 2002.

O escândalo aumentou mais depois da posse do petista, quando João Vaccari Neto passou a contabilizar as propinas das empreiteiras para o PT e seus chefões, ele inclusive. O ex-tesoureiro, apontado como principal operador de propinas do PT na Petrobrás, foi condenado pelo juiz Sergio Moro, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, a 45 anos e meio de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. O Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF 4) baixou-a para 37 anos e quatro meses.

Em agosto último, a Justiça Federal do Paraná aceitou um pedido da defesa de Vaccari e reduziu 24 anos de sua pena total. O benefício foi possível mercê de indulto concedido pelo ex-presidente Michel Temer, do MDB. Sucessor de Dilma Rousseff, do PT, após impeachment dela. O indulto seria confirmado em maio por sete votos a quatro pelo Supremo Tribunal Federal e foi pioneiro por beneficiar presos por crimes de colarinho branco, como corrupção e peculato, entre eles Vaccari.

A decisão da Justiça do Paraná permite que o ex-tesoureiro passe a cumprir a pena em regime semiaberto com tornozeleira eletrônica. Pela lei, os presos neste tipo de regime podem sair da prisão durante o dia para trabalhar, mas voltam à noite para dormir. Vaccari ficará na casa de um tio que mora em Curitiba e trabalhará na sede paranaense da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual foi dirigente nacional. No local, segundo o site Buzzfeed, já trabalha outro ex-tesoureiro petista, Delúbio Soares, que foi condenado na Lava-Jato e cumpre pena no regime semiaberto.

Além das cinco ações penais julgadas em Curitiba, Vaccari responde a outras quatro ações que podem levá-lo de volta à prisão. Em nota, a defesa do petista disse que a decisão foi justa. “Vaccari faz jus à concessão deste benefício e, mais uma vez, reitera sua confiança na Justiça”, diz.

Em vídeo divulgado em redes sociais de deputados de seu partido, Vaccari agradeceu ao apoio que teve de toda a militância do PT nos quatro anos e quatro meses em que esteve preso “por injustiça do juiz Sergio Moro”. E pontificou ainda: “Tudo o que nós fizemos foi respeitar a lei e, acima de tudo, cumprir a vontade do partido. E também a vontade política da sociedade brasileira”. Mostrando-se fiel ao cinismo e à débil memória do líder e inspirador Lula, que também cumpre pena, ele tratou os ditames do chefe e do partido como se superassem a Constituição e tivessem dom de verbo divino. E omitiu as derrotas do PT e da esquerda nas duas últimas eleições, além de suas nada confortáveis perspectivas para as próximas.

O fato de não ter recorrido a delação premiada para reduzir a pena inicial, mas contando apenas com sua capacidade de resistência à prisão e a leniência dos legisladores comprometidos com as práticas pelas quais foi condenado, o tornou uma espécie de herói. Compartilha essa condição de mártir da causa socialista com outro membro da cúpula partidária, José Dirceu de Oliveira, que, como ele, teria muito a delatar, mas preferiu contar com as brechas de um sistema judicial com consistência de peneira larga. Por isso, não sofreu as reprimendas assacadas pelos petistas presos ou ameaçados de prisão a outro comandante da nau pirata petista, o ex-ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma, Antonio Palocci, que tem feito revelações retumbantes a respeito da participação dos ex-presidentes Lula e Dilma nas decisões da roubalheira do mensalão e do petrolão. Outro personagem deste erro judiciário que vitimou milhares de famílias de poupadores, Luiz Gushiken, que viveu os últimos dias de sua vida como se fosse um monge budista numa chácara, não teve de enfrentar as mesmas situações vexatórias do ex-presidente nacional da sigla, José Genoino. E ainda teve suas virtudes e lisura desfiadas em discurso laudatório e fictício da lavra do então relator da Ação Penal 470, Ricardo Lewandowski, que, como amostra máxima da inconsistência das altas instituições judiciárias, ainda presidiria o STF e, nessa condição, o impeachment de Dilma Rousseff, em cujo benefício cometeu a suprema desfaçatez de rasurar a Constituição.

@@@ - O manchete e a imagem não fazem parte do texto original.