O MOLECÃO DESELEGANTE DO TOFFOLI ESCOLHEU SUA NAMORADA PARA SALVAR O MANDATO DO QUADRILHEIRO ZÉ DIRCEU.
MARCELO ROCHA, COM MURILO RAMOS
Em outubro de 2005, no ápice do escândalo do mensalão, o ainda deputado José Dirceu tentou barrar no Supremo Tribunal Federal o processo que enfrentava no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Dirceu era acusado de quebrar o decoro parlamentar, em razão de seu envolvimento com A ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA DO MENSALÃO. O processo no Conselho de Ética era a última etapa antes da cassação de seu mandato no plenário da Câmara. A REVISTA ÉPOCA descobriu o nome do advogado ao qual Dirceu recorreu para salvar seu mandato no Supremo. Uma advogada, na verdade. Chama-se ROBERTA RANGEL, então sócia de José Antônio Dias Toffoli — um advogado do PT que assessorava Dirceu na Casa Civil, e que deixara a Casa Civil junto com o chefe. Hoje, Roberta é namorada de Toffoli. E Toffoli, um dos 11 ministros do Supremo que começam a julgar daqui a pouco o processo do mensalão.
A reportagem teve acesso ao pedido formulado pela defesa de Dirceu, um instrumento jurídico chamado MANDADO DE SEGURANÇA. O documento foi protocolado no Supremo em 5 de outubro de 2005. Uma semana antes, em 28 de setembro, Dirceu assinara uma procuração conferindo a Roberta Rangel poderes para representá-lo. Toffoli, o ex-assessor de Dirceu, retomara as atividades de advogado em agosto. Ele atuava como sócio da namorada Roberta Rangel no escritório Toffoli e Rangel, segundo ele mesmo informou em currículo enviado ao Senado quando de sua indicação para o STF em 2009. Nos registros da seção do Distrito Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o escritório foi formalizado em 13 de setembro de 2005. No pedido ao Supremo, Dirceu argumentou que o processo de cassação do mandato dele da Câmara era conduzido de "FORMA ARBITRÁRIA E ILEGAL". Sob a relatoria do ex-ministro Sepúlveda Pertence, o Supremo negou o pedido para suspender o processo na Câmara. Logo depois, em dezembro de 2005, Dirceu foi cassado. Por questões meramente formais, o mandado de segurança ainda tramitou alguns anos. Coincidentemente, com a aposentadoria de Sepúlveda Pertence, Toffoli assumiu a relatoria. Com a posse do namorado no STF, Roberta Rangel abandonou a causa. Em 2010, o processo foi arquivado. Toffoli fez carreira no PT e chegou ao Supremo graças, em larga medida, aos serviços prestados por ele ao governo Lula. Nos anos 90, foi assessor da liderança do PT na Câmara. No governo Lula, além de assessor de Dirceu na Casa Civil, foi advogado-geral da União. Também advogou para Lula nas campanhas eleitorais de 1998, 2002 e 2006. Na campanha de reeleição de Lula em 2006, Toffoli chegou a escrever, referindo-se ao mensalão, que “AS ACUSAÇÕES JAMAIS FICARAM COMPROVADAS”. A peça também foi subscrita por Roberta Rangel. Roberta, além de advogar para Dirceu, também atuou na defesa dos ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP) e Paulo Rocha (PT-PA), ambos réus no mensalão. Em 2007, quando os ministros do Supremo discutiam se recebiam a denúncia do Ministério Público, ela fez a defesa de Professor Luizinho no plenário da corte. Roberta acompanhou Toffoli na posse dele no tribunal, em 2009, e recebeu os cumprimentos a seu lado após a cerimônia. Ministros do Supremo ouvidos por ÉPOCA contam que ela frequenta a área da corte reservada aos juízes e seus cônjuges. Se ficasse comprovado que os dois mantêm uma união estável, Toffoli, pela lei, seria obrigado a se afastar do julgamento. Toffoli tem dito, reservadamente, que participará do julgamento. A decisão não cabe apenas a ele. O procurador-Geral da República, Roberto Gurgel, pode pedir ao STF que o afaste. Procurados por ÉPOCA, Toffoli e Roberta não responderam às questões até o horário estipulado para a publicação desta reportagem.
Um comentário:
Lula Lá, brilha nossa estrela!
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