O
ATO DE DILMA, A COMPADECIDA.
CELSO ARNALDO ARAÚJO
Eu diria que o nome de SUASSUNA, no Twitter de Dilma, foi “ASSASSUANADO”. Dilma não perdoa: é serial killer, feroz e implacável, de
palavras, nomes, termos, ditados, ditos, máximas, aforismos – enfim de tudo o
que se chama, se diz, se fala e se escreve. Aliás, repare na tuitada: para ela,
Auto da Compadecida é livro – não uma peça de teatro. É UMA DILMA QUE NÃO
FALHA NUNCA: A DILMA COMPADECIDA. Assim como Quarta-feira de Cinzas se segue à terça-feira de Carnaval,
Dilma Compadecida sobrevoa áreas inundadas em qualquer parte do Brasil, com ar
compungido, captado, na janelinha, pelos cinegrafistas do Planalto – louca para
voltar à secura de Brasília, onde absolutamente nada será feito para minorar o
sofrimento das vítimas e evitar outra tragédia na próxima enchente. Além das
promessas encharcadas de sempre. E essa previsibilidade de falsos
compadecimentos se materializa numa segunda frente: o obituário de
personalidades, na forma de notas de pesar sistemáticas assinadas pela
presidente. Não faz isso por desejo dela, é claro, mas instruída pela
marquetagem do Palácio, que conhece bem o impacto popular causado por UMA PRESIDENTE
SOLIDÁRIA NA MORTE E NA VIDA, E SEVERA – NÃO SEVERINA. Dilma, por certo, não conhece ou mal conhece a maior parte
dos pranteados nas notas oficiais. Mas finge conhecê-los com intimidade quase
familiar, nas mensagens escritas por assessores que ela avaliza com a chancela
da Presidência.
QUANDO MORREU DOMINGUINHOS, ESCREVERAM PARA ELA ASSINAR: “O Brasil perdeu ontem
José Domingos de Moraes, o Dominguinhos”. Nem o mais apaixonado fã da música de Dominguinhos jamais ouviu ou leu
seu nome de batismo citado na íntegra – muito menos Dilma. Mas o obituarista do
Planalto, por um instante, se transformou em escrivão de cartório de registro.
Não é de Dilma, mas tudo parece ter um toque de Dilma, em seu desprezo pela
lógica e pelo sentido das coisas, mesmo a sete palmos do chão.
O mais famoso obituarista da imprensa brasileira, Antônio
Carvalho Mendes, o Toninho Boa Morte, escreveu necrológios para o Estadão por quase 40 anos ─ até que um colega
escrevesse o dele, na mesma seção. Apesar da rotina mortal, tinha recursos
estilísticos para, de vez em quando, sair do terreno raso das platitudes
necrológicas. Num intervalo de meses, faleceram Julio de Mesquita Filho e seu
filho, Luiz Carlos Mesquita. Toninho começa assim o obituário deste: “Mais uma
vez, a morte entrou-nos porta adentro”. A criatividade, mesmo parnasiana, não é
um AUTO DE DILMA COMPADECIDA. ELA ASSINA NOTAS FÚNEBRES FEITAS À SUA IMAGEM E
SEMELHANÇA, ENTERRANDO, DE CARA, QUALQUER CHANCE DE INTELIGÊNCIA, SINCERIDADE E
OPORTUNIDADE.
Começa sempre com um clichê terminal – que, em alguns casos, afronta o
próprio talento do falecido, como no mais recente, antes de “Suassuana”. “A literatura
brasileira perde um grande nome com a morte de João Ubaldo Ribeiro”.
OUTRAS ABERTURAS DE MENSAGENS DE PESAR ATRIBUÍDAS A DILMA, EXTRAÍDAS DA
SEÇÃO “NOTAS OFICIAIS” DO PORTAL DO PLANALTO:
“O Brasil sofre uma profunda perda com a morte de João Filgueiras Lima, o
Lelé, um dos nossos mais brilhantes arquitetos”.
“É com sentimento de profunda tristeza que recebo a notícia da morte do
cantor Jair Rodrigues”.
“Foi com tristeza que soube da morte de dom Tomás Balduíno, incansável
lutador das causas populares”.
“Foi com tristeza que soube da morte do escritor colombiano Gabriel García
Márquez”.
“Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte de José Wilker”.
“Foi com tristeza que tomei conhecimento da morte do senador João
Ribeiro”.
“Foi com tristeza que recebi a notícia da morte do amigo e companheiro
Jacob Gorender”.
“Foi com pesar que soube da morte de Norma Bengell, uma das principais
atrizes do cinema brasileiro”.
Por sorte, não escreveram Benguel – como era costume em parte da imprensa.
Mas Ariano, acredito, ficará uma onça com o SUASSUANA de Dilma.
PITACO DO BLOG CHUMBO GROSSO: - A NOSSA REDENÇÃO
SERÁ MESMO EM PRIMEIRO DE JANEIRO DE 2015 QUANDO ESSA RIDÍCULA, ASSASSINA DE
NEURÔNIOS PRATICAR A COMPADECIDA DA RAMPA. NA VERDADE,
ESSA SENHORA AMALUCADA FARIA MELHOR SE PROCURASSE O CAMINHÃO DE MUDANÇA
QUE ELA CAIU...
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