SANATÓRIO GERAL
Mary Zaidan
A Operação Voucher desencadeada pela Polícia Federal no Ministério do Turismo fez mais do que trazer à tona outro escândalo escabroso, desta vez com GRAVAÇÕES QUE ENSINAM A ROUBAR SEM DEIXAR VESTÍGIOS e quase quatro dezenas de presos. Foi exemplar para ilustrar a balbúrdia que se instalou no país. Ainda que se condene a pirotecnia da ação, a PF cumpriu o seu dever. Pena que só o fez depois de não o fazer nos ministérios dos Transportes e da Agricultura. Pior: QUANDO FEZ O QUE TINHA DE SER FEITO FOI REPREENDIDA. Formalmente, pelo uso ilegal de algemas, mas, de fato, por agir sem informar previamente à presidente da República. Fala-se com impressionante naturalidade do quão “SURPREENDIDA” ficou a presidente Dilma. Que ela quer “ENQUADRAR” a PF, que ficou irritada, deu bronca no ministro da Justiça. O jornal O Estado de S. Paulo chegou a publicar – também sem qualquer juízo ou crítica, como se normal fosse – que tudo era diferente para o ex. Com um código de letras, o então diretor-geral da PF, Paulo Lacerda, descumpria a lei, mas avisava as operações a Lula. O Código Lacerda é emblemático. MOSTRA COM PRECISÃO COMO LULA ENTENDIA – E POSSIVELMENTE AINDA ENTENDE - O ESTADO. NA SUA CARTILHA, AS INSTITUIÇÕES EXISTEM PARA SERVIR AO GOVERNO, SEUS INTEGRANTES, COMPANHEIROS E ALIADOS, NÃO AO PAÍS E AO SEU POVO. Por vontade, esperteza ou má-fé, promoveu-se a confusão geral. Misturou-se ESTADO E GOVERNO, o PÚBLICO E O PRIVADO, os COFRES DA NAÇÃO com os DOS PARTIDOS POLÍTICOS, além de alguns BOLSOS PRIVILEGIADOS. Admitiu-se a impunidade como regra, incentivando a pilhagem do dinheiro do contribuinte. Deu-se corda, destreza e requinte à corrupção, ácido que corrói ainda mais as instituições. Tudo tido como usual. Coisa que todo mundo sempre fez, faz e fará. Daí não causar espanto o desencaixe absoluto das engrenagens. NINGUÉM NEM MESMO RECLAMA MAIS DO TOMA LÁ DÁ CÁ NO CONGRESSO NACIONAL, ONDE O QUE IMPORTA PARA A MAIORIA SÃO CARGOS, PRIVILÉGIOS E OUTROS FAVORES QUE O GOVERNO OFERECE. Tampouco se exige algo da oposição, há tempos acuada, com um ou outro expoente que, como andorinha solo, não consegue fazer verão. O Supremo cobre a ineficácia legislativa, mas tarda e falha nas suas tarefas. E O EXECUTIVO GASTA MAIS E PIOR PARA ACOMODAR AMIGOS, COMPANHEIROS, PROTEGIDOS DE ALIADOS E DESCONTENTES PERIGOSOS. Por sua vez, a presidente Dilma, mesmo sendo a principal figura do governo anterior, colhe aplausos por não compactuar com a roubalheira, como se o INVERSO FOSSE ADMISSÍVEL. E louva-se a sanidade do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, assertivo ao defender o Estado de Direito. Estranho seria o contrário. Pelo menos enquanto o país for uma REPÚBLICA e não um HOSPÍCIO.
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