DIÁRIO DA DILMA
1º DE SETEMBRO – Em casa que mulher manda até o galo canta fino. Tenho de me impôr para que a imprensa não derrube todos os ministros. Fui fofocar com o Zé Dirceu naquele quarto de hotel xexelento. Vai que ele me dá uma luz. Não sei como ele aguenta ficar cercado de mofo, enxofre e poeira. Assim que entrei, ele ligou as torneiras e pôs uns sucessos de Cuba no volume mais alto. “É para despistar a Veja”, sussurrou. Aí me puxou para baixo de uma cômoda e disse: “O único jeito de fazer com que esse povo pare de falar em corrupção é anunciar um novo imposto.” Como saí de lá espirrando, pensei logo em ressuscitar a CPMF.
2 DE SETEMBRO – Hoje tem o Congresso Nacional do PT. Vou perder minha novela. Este mês vai ter muito conflito de calendário. Fiquei assustada com esse negócio de controle da mídia. Pelo que entendi, aquele rapaz que era o Helena Chagas anterior pretende transferir o Projac para Havana. E, por decreto, todas as Helenas do Manoel Carlos passariam a se chamar Olga. Gostei não.
3 DE SETEMBRO – Ai, que forno essa cidade! Ontem de noite, depois que foi todo mundo dormir, entrei na piscina. Pus até um biquíni e fiquei lá, jiboiando. Acordei com o cabelo horrível. Botam tanto cloro na água que a gente fica parecendo o Incrível Hulk.
6 DE SETEMBRO – Meu computador deu pau assim que acabei de revisar o discurso da Independência. O pessoal me obriga a usar uma geringonça brasileira, de marca Positivo, pode? Canso de dizer ao Mercadante que o internacionalismo ainda é uma bandeira, mas aquele matuto insiste em promover a tecnologia nacional. O que esperar de um homem que ainda usa bigode? Reinicializei e o Positivo exigiu a senha do Lula. Deu um ódio! Chamei o Anderson para dar um jeito. Foi só eu dizer “Meu querido” que ele pulou pela janela. Ainda bem que o Planalto é baixinho.
7 DE SETEMBRO – Tem coisa mais chata que desfile da Independência? Talvez reunião com a base aliada, mas lá pelo menos a gente pode ficar sentada. Com os milicos é um senta, levanta, senta, levanta que dá até enjoo. O Fernando Henrique tem toda razão: não temos vocação. Se o Paraguai quiser revanche, não sei não. Pouco importa. O Gabrielzinho estava tão fofinho que nem me chateei. Quem é o tchutchuquinho, o bilu-bilu da vovó? Quem? Quem? À noite, chamei as meninas aqui em casa para a gente resolver que roupa vou usar no Fantástico. A Ideli eu só chamei por educação, porque vá se vestir mal assim lá em Santa Catarina! Com toda essa movimentação, não tive nem tempo de espiar o show do Roberto Carlos em Jerusalém. Côncavo e Convexo me deixa arrepiada.
8 DE SETEMBRO – A Patrícia Poeta me chegou meia hora adiantada. E veio uma Flávia que é mais bonita ainda. A magreza delas me irrita. Eu tive que trazer o Kamura. Ele veio de laquê no bolso e, em muito mais tempo que levei para demitir o Jobim, meu cabelo estava tinindo. Segui o João Santana: na primeira pergunta incômoda – Dou mesmo bronca? – adotei o olhar condoído da Renata Lo Prete. A Poeta não se comoveu, e aí o jeito foi disparar um “Minha querida…”. Só vi o Anderson cruzar a janela, mas acho que ninguém reparou. O general araponga veio contar que, no 7 de Setembro, o Edison Lobão jantou no Gero do Rio. E quando lhe perguntaram se estava de ti-ti-ti comigo, respondeu: “São aleivosias.” Magoei.
9 DE SETEMBRO – Acordei que nem a Valéria, bandida! A Poeta viu o que é um toma lá, dá cá. Ficou até muda quando quis se fazer de engraçadinha pra cima de mim. Quis se agigantar e tomou! Devia ter se informado com o Gabrielli. Desmarquei tudo. Hoje é aniversário do Gabrielzinho, que faz 1 aninho. Vai ter festa, bolo, guaraná, muito brigadeiro e língua de sogra. Chamei o Tiririca como animador.
11 DE SETEMBRO – Para dar um refresco nessas imagens do World Trade Center, temos Dilminha no Fantástico. Fiquei bem no vídeo, a cor creme me favorece. Apesar de que, com esse blazer debruado, se pusessem duas malas na mão me confundiriam com um bellboy de hotel. Difícil decidir o que fazer com os braços quando a gente anda. Os meus ficam rente ao corpo como duas salsichas.
12 DE SETEMBRO – Adorei a repercussão da entrevista. Todo mundo viu quem manda aqui. O Lula que se cuide. Minha tia disse que era para eu falar de “malfeito”, nada de “corrupção”. Achei boa ideia e adotei.
13 DE SETEMBRO – Outra mala complicada. Que roupa vou usar na ONU? Ainda bem que a Carla Bruni não vai, é difícil ficar bonita ao lado dela. A princesa Kate eu lamento, pois queria conhecer. Como tem troca de presentes, eu dava uma daquelas turmalinas brutas que a gente compra no aeroporto e, com sorte, ganhava um daqueles chapeuzinhos de banda que ela usa, tão lindinhos. Mamãe passou mal. Ela sempre faz esse showzinho. Se bem que, coitada, deve ser mesmo esse palácio do capeta, que não tem uma janela que preste, e esse cerrado em chamas. Ô lugarzinho de quinta!
14 DE SETEMBRO - Pedro Novais veio entregar a carta de demissão. Estava um caco. Mal saiu e chegou o Temer com um calhamaço que mais parecia lista telefônica. Todos do Maranhão! Acho que eles se multiplicam como Gremlins depois da meia-noite. Escolhi um que tinha nome engraçado.
15 DE SETEMBRO – Depois do Roberto Carlos vou perder o Elton John no Rock in Rio. Tão engraçadinho o menino que ele arrumou de filho. Fofos ele e o marido.
17 DE SETEMBRO – Start spreading the news: Dilminha vai a Nova York fazer história. Para me inspirar, no avião fui ouvindo o samba que a Gaviões fez para homenagear o Lula: “Por justiça e liberdade, lutou/ Brilhou a estrela do trabalhador/ A força do operário defendia/ A bandeira da democracia.” Chora, cavaco!
19 DE SETEMBRO – “Dilma Dinamite”? Devagar com o andor que o santo é de pólvora. Deve ser por isso que me revistaram toda no aeroporto. Arre! O Santana mandou visitar museu e avisou: “Nada de muamba.” Reuni o pessoal e ameacei vasculhar a mala de cada um. E eu doidinha para dar uma passadinha na Macy’s. As roupas de lá me caem feito luva. Com o dólar barato eu ia fazer uma festa.
20 DE SETEMBRO – Reencontrei o Obama. Estava louca para encontrar a Angélica, que também é freguesa do Kamura. Queria ir jantar com ela e o Luciano Huck. Mas tergiverso. Obama, tadinho, não sabia o que fazer. No final, recomendei: “Obama, leva agasalho. Tá frio lá fora.” Dia cheio. Procurei a Angela Merkel para propor um tratado de livre-circulação de laquê. Acabei cruzando com o Berlusconi, que me deu uma filmada de paraíba de obra e soltou uma cantada que faria o Bolsonaro corar. Espetei o dedo: “O senhor tenha compostura! E peça desculpas à Angela!” Ele saiu de fininho e ainda retirou o convite para um fim de semana na Sardenha. Tá achando que Dilminha é uma das sirigaitas dele? Ai, que emoção. Encontrei Hristo Nikrolov, amigo búlgaro de infância. Dançamos tratso-tratso numa apresentação do colégio. Ficou bonito o homem.
21 DE SETEMBRO – Foi um su! Meu discurso na ONU, arrasou. Deixou todo mundo de queixo caído. Aquela revista – como é que é o nome mesmo? – disse que comigo ninguém pode, e me colocou na capa. Ai, como eu tô bandida!
30 DE SETEMBRO – O mês acabou e mencionei o Lobão só uma vez. Duas, agora. Talvez esteja me curando (PUBLICADO NA EDIÇÃO DE OUTUBRO DA REVISTA PIAUÍ)
3 comentários:
Essa é a verdadeira rotina da nossa presidenta que teria tudo pra ser uma jega, mas é uma anta...........
Que me perdoem oe leitores desse blog, mas o que está aí não é uma jega nem anta é uma vagabunda.
OLÁ JEGA.
POR ISSO ELA É A PRESID ANTA.
ABS DO BETOCRITICA.
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