sábado, 27 de fevereiro de 2021

A TRAJETÓRIA DO ATUAL PRESIDENTE DO BRASIL QUE É TAXADO PELA GRANDE IMPRENSA COMO UM GENOCIDA PSICOPATA


Jair Messias Bolsonaro é o 38º presidente do Brasil. Ele foi eleito pelo PSL, em 2018, e tem como vice Hamilton Mourão, com quem vem se desentendendo. Bolsonaro foi eleito com um discurso de defesa do combate à corrupção e da Lava Jato. Ao chegar ao poder, o presidente descumpriu promessas de campanha e gradualmente cedeu ao Centrão. 


Ele e seus aliados não se mobilizaram para aprovar pautas como a PEC da prisão após condenação em segunda instância e fizeram pressão para que medidas como a CPI da Lava Toga fossem enterradas. O presidente também destoa de boa parte das promessas de campanha no campo econômico. Apesar de ter prometido uma série de privatizações, em mais de dois anos de governo, não concretizou uma sequer.


Bolsonaro é casado com Michelle Bolsonaro e pai de cinco filhos, de três casamentos diferentes: Flávio, Carlos, Eduardo, Jair Renan e Laura, a única filha da primeira-dama com o presidente. Bolsonaro nasceu em 1955, na cidade paulista de Glicério. Em 1977, se formou na Academia Militar das Agulhas Negras, com especialização em paraquedismo.


Enquanto capitão do exército, Bolsonaro foi preso em 1986, quando servia no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista. Ele escreveu um artigo para a revista Veja protestando contra os baixos salários pagos à categoria, o que irritou os superiores e o levou à prisão por 15 dias.


Em 1987, Bolsonaro planejou um atentado com bombas de baixa potência em banheiros da Vila Militar da Academia das Agulhas Negras, em Resende, para novamente reivindicar salários melhores. Ele foi julgado, e o Conselho de Justificação Militar o considerou “incompatível para o oficialato”. O capitão foi para a reserva em 1988.


No mesmo ano, Bolsonaro entrou para a política. Ele foi vereador por dois anos e deputado federal por 27, até assumir como presidente em 2019. No perídodo, aprovou apenas 2 projetos de lei.


No período, Bolsonaro demonstrou ser bastante “eclético” no que diz respeito a partidos, tendo passado por diversas legendas. Além do PDC, ele foi filiado a PPR, PPB, PTB, PFL, PSC, PP e PSL. Bolsonaro apresentou mais de 170 projetos legislativos, mas aprovou apenas dois.


Como deputado, ele ganhou projeção nacional ao defender pautas ligadas a costumes e a segurança pública. A partir de 2014, Bolsonaro esteve em uma espécie de campanha eleitoral informal nas redes sociais de olho nas eleições de 2018. Ele ganhou força com os fatos revelados pela operação Lava Jato, ao manter um discurso mais duro em relação aos crimes cometidos pelo PT.


Hoje, Bolsonaro busca um novo partido para disputar as eleições de 2022. A ideia inicial era criar uma nova legenda, o Aliança pelo Brasil, o que tem ficado cada vez mais distante. 


HISTÓRICO POLÍTICO DE JAIR BOLSONARO 

1988 – Jair Bolsonaro entra para a reserva do Exército com a patente de capitão e inicia sua carreira política ao se eleger vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido Democrata Cristão (PDC).

1990 – É eleito deputado federal. Abandona a Câmara Municipal para ingressar na Câmara dos Deputados, em Brasília. Bolsonaro ocuparia o cargo por 27 anos, até 2018.


1993 – O então deputado passa pela primeira mudança de partido, deixando o PDC para ingressar no Partido Progressista Reformador (PPR).


1994 – Bolsonaro é reeleito deputado federal.


1995 – Jair muda de partido mais uma vez. Passa a integrar o então Partido Progressista Brasileiro (PPB), que viria a se transformar no atual Partido Progressista (PP).


1998 – Bolsonaro é eleito para o terceiro mandato como deputado.


2002 – O então deputado é reeleito para o quarto mandato.


2003 – Bolsonaro deixa o PPB para se filiar ao PTB.


2005 – Jair tem uma passagem rápida pelo antigo Partido da Frente Liberal (PFL), que viria a se tornar o atual DEM, e ingressa no PP, partido em que passou a maior parte de sua carreira política.


2006 – Bolsonaro eleito para o quinto mandato como deputado federal. 


2010 – O então deputado se reelege mais uma vez e parte para o sexto mandato.


2014 – Bolsonaro eleito para o sétimo mandato como deputado federal. Chegou-se a especular se Bolsonaro concorreria à presidência na ocasião. Desde então, ele esteve em uma espécie de corrida eleitoral informal pensando no pleito presidencial de 2018, com forte mobilização nas redes sociais. Ao longo dos anos subsequentes, as revelações da Lava Jato viriam a descredibilizar os representantes da “velha política”, criando um lapso de representatividade que viria a ser ocupado por Bolsonaro.


2018 – Jair Bolsonaro ingressa no Partido Social Liberal (PSL) para disputar as eleições presidenciais. Ao longo da campanha, ele desponta como alternativa ao poste de Lula, Fernando Haddad, do PT. Quando já estava à frente nas pesquisas, é esfaqueado em Juiz de Fora, durante comício. Bolsonaro é eleito como o 38º presidente do Brasil. 


Depois das eleições, vem à tona o relatório do Coaf que aponta movimentações financeiras atípicas de Fabrício Queiroz. As investigações viriam a se desdobrar no escândalo das rachadinhas no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. Mais tarde, a Crusoé descobriria que Queiroz depositou R$ 89 mil para Jair Bolsonaro por meio da conta de Michelle.


2019 – Bolsonaro deixa o PSL depois de um desentendimento com a presidência do partido. O Presidente promete fundar um partido próprio, Aliança Pelo Brasil, que nunca chegou perto de sair do papel.


QUEM É A MULHER DE JAIR BOLSONARO? 


Jair Bolsonaro é casado com Michelle Bolsonaro desde 2007. A atual primeira-dama do Brasil é natural da cidade de Ceilândia, no Distrito Federal. Ela trabalhou como secretária parlamentar entre 2004 e 2008 na Câmara dos Deputados, onde conheceu o atual marido, na época, deputado federal. 

Michelle é defensora de causas sociais ligadas a pessoas com deficiência e foi responsável por emplacar a figura do tradutor de libras como presença garantida nas aparições públicas do presidente. Em 2019, ao lado de uma tradutora de libras, Michelle foi a primeira primeira-dama a discursar durante uma posse presidencial.


O nome da primeira-dama ganhou o noticiário em agosto do ano passado. Uma reportagem da Crusoé revelou que, entre 2011 e 2016, ela recebeu uma série de cheques de Fabrício Queiroz e sua esposa Márcia Aguiar. Os valores somam R$ 89 mil reais. Queiroz é apontado pelo MP-RJ como operador do esquema de peculato no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj. A revelação dos depósitos de Queiroz proporcionou à primeira-dama o apelido de “Micheque” nas redes sociais e suscitou a pergunta mais repetida de 2020: “Por que o Queiroz depositou R$ 89 mil reais na conta da Michelle?”


O escândalo dos cheques é o elo mais forte entre o esquema de Flávio e Jair Bolsonaro. Em dezembro de 2020, o presidente disse, em entrevista, que eram para ele os cheques, não para sua esposa.


Michelle é a terceira esposa do presidente. Bolsonaro se casou pela primeira vez em 1978, com Rogéria Bolsonaro, com quem permaneceu até 1997. No mesmo ano, ele se casou com Ana Cristina Valle. O segundo relacionamento durou 10 anos.


As duas ex-mulheres do presidente tentaram a vida na política. Rogéria foi vereadora do Rio de Janeiro entre 1992 e 1996. Ana Cristina Valle se candidatou para a Câmara dos deputados em 2018, mas não foi eleita. Durante a campanha, veio à tona a informação de que ela afirmou, em 2011, ter sofrido ameaça de morte de Bolsonaro. Ela disse que o relato não era real. Ana Cristina também atuou em cargos de confiança no PPB e no próprio gabinete de Bolsonaro.


As primeiras esposas de Bolsonaro também fizeram movimentações financeiras no mínimo suspeitas. Em 1996, Rogéria comprou um apartamento no Rio por mais de R$ 600 mil reais em dinheiro vivo em valores corrigidos pela inflação. Entre 1997 e 2008, Ana Cristina comprou 14 imóveis, que somam R$ 5,3 milhões em valores corrigidos pela inflação, sendo 5 imóveis pagos com dinheiro vivo.


QUEM SÃO OS FILHOS DE JAIR BOLSONARO? 



Jair Bolsonaro tem cinco filhos, quatro homens e uma menina caçula. O presidente costuma se referir a eles, em ordem cronológica de nascimento, como 01, 02, 03 e 04, aderindo a uma linguagem militar. A menina fica de fora da contagem.

Em seu primeiro casamento, com Rogéria Bolsonaro, o presidente teve Flávio, em 1981; Carlos, em 1982; e Eduardo, em 1984. Do casamento com Ana Cristina Valle, nasceu Jair Renan, em 1998. A filha mais nova, Laura, nasceu em 2010, fruto do casamento de Bolsonaro com a atual mulher, Michelle.


Flávio Bolsonaro


Flávio Bolsonaro atuou na política desde cedo como um braço do pai. Aos 19 anos, foi nomeado para atuar em gabinetes ligados a ele, em Brasília. Na época, o 01 cursava faculdade no Rio de Janeiro, o que indica que ele tenha atuado como funcionário fantasma.


Aos 22, Flávio foi eleito deputado estadual pelo Rio de Janeiro, cargo que ocupou até 2018, quando se candidatou ao Senado.


O 01, que hoje é filiado ao Republicanos, foi denunciado pelo MP-RJ em novembro de 2020 passado por peculato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele e seu ex-assessor são acusados de liderarem um esquema de desvio de dinheiro público em seu antigo gabinete na Alerj por meio de funcionários fantasmas.


O Órgão Especial do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro deve analisar o caso. Em junho do ano passado, Flávio ganhou um foro privilegiado retroativo da 3ª Câmara Criminal do Tribunal, por isso o caso não pode ser analisado pela Justiça comum. O ministro do STF, Gilmar Mendes, é relator de um recurso do MP que tenta anular o foro do 01.


A investigação contra o filho assusta Bolsonaro profundamente. De acordo com os fatos revelados pela divulgação do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril de 2022, o presidente tentou interferir na Polícia Federal para protegê-lo. O presidente conseguiu trocar o diretor-geral da entidade após dizer que não ia “deixar fuder” sua família.


Bolsonaro também movimentou a Abin para blindar Flávio. Como revelado pela Crusoé, o diretor da agência de inteligência enviou relatórios aos advogados do senador dando instruções sobre como anular as investigações contra ele.


Em fevereiro de 2021, o STJ declarou a nulidade das quebras de sigilo de Flávio no caso das rachadinhas. Elas não podem mais ser usadas como provas.


Carlos Bolsonaro


Carlos Bolsonaro entrou ainda mais cedo para a política, aos 17 anos, quando assumiu como vereador no Rio de Janeiro pelo PPB. Ele ocupa o cargo até hoje. Desde então, ele passou por partidos como PTB, PP e PSC até chegar ao Republicanos.

Investigações do MP apontam que Carlos também manteve assessores fantasmas em seu gabinete de vereador.


Apesar de ser vereador, Carlos atua como um assessor informal de Jair Bolsonaro, sendo um dos responsáveis por administrar as redes sociais do presidente. Segundo o próprio pai, Carluxo comandou, desde 2010, todo o marketing eleitoral daquilo que viria a se consolidar como a campanha presidencial de 2018.


Em 2020, a Polícia Federal apontou que o 02 é um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news.


Carlos é conhecido por causar intrigas entre membros do governo. Já atuou e foi o pivô de exonerações de ministros, como nos casos de Gustavo Bebiano e General Santos Cruz.


Eduardo Bolsonaro


Eduardo Bolsonaro, assim como seu irmão Flávio, foi nomeado, aos 18 anos, para atuar em gabinetes ligados ao pai em Brasília enquanto fazia faculdade no Rio de Janeiro. O que indica que ele tenha exercido o papel de funcionário fantasma.

O 03 entrou para a política de fato mais tarde que seus irmãos, apenas em 2014, quando se elegeu deputado federal por São Paulo pelo PTB, mesmo sem morar no estado.


Em 2018, já no PSL, ele foi reeleito ao cargo como o deputado federal mais votado da história do Brasil, como um repositório de votos de seu pai, eleito presidente na ocasião.


Eduardo gosta de arrumar problemas internacionais para o Brasil. O 03 já atacou a China diversas vezes. Em uma das oportunidades, o país asiático reagiu e ameaçou dificultar as relações comerciais com o Brasil. Eduardo foi apelidado de “bananinha” depois de uma declaração do vice-presidente Hamilton Mourão sobre os ataques que fazia à China.


O 03 chegou a ser cogitado por Bolsonaro para ocupar a embaixada brasileira nos Estados Unidos, em 2019, mas a repercussão negativa gerou uma mudança de planos. O presidente afirmou na época que vai dar um “filet mignon” para os filhos sempre que puder.


Renan Bolsonaro


Jair Renan Bolsonaro, o 04, completa a prole de Bolsonaro como o único filho que não entrou para a política, pelo menos por enquanto. Aos 22 anos, ele é dono da empresa Bolsonaro Jr Eventos e Mídia, que tem supostamente como objetivo a promoção e a criação de conteúdo publicitário para eventos

A produtora Astronauta Filmes, que é contratada pelo governo federal, já realizou um trabalho supostamente “gratuito” para a empresa de Renan Bolsonaro, enquanto recebeu mais de 1 milhão e 400 mil reais do governo.


Jair Bolsonaro e as redes sociais


Desde que começou, em 2014, sua campanha informal em busca da presidência, Jair Bolsonaro usou as redes sociais como principal meio de promoção. Durante a corrida eleitoral de 2018, o então deputado tinha poucos recursos e quase nada de tempo de Televisão. Hoje, Bolsonaro acusa os veículos de imprensa de propagarem notícias falsas e prefere as redes sociais para se comunicar.

Twitter

O perfil oficial de Jair Bolsonaro no Twitter tem 6,6 milhões de seguidores. A rede social é a mais ativa do presidente. Em várias oportunidades, Bolsonaro opta por relatar as ações do governo nela, antes de divulgá-las à imprensa. Ele também compartilha vídeos de reportagens de programas jornalísticos passadores de pano, que o defendem a todo custo.

O Twitter do presidente é palco de ataques à imprensa, a adversários políticos e às instituições. Um dos principais alvos é o governador de São Paulo, João Doria. Recentemente, Bolsonaro rejeitou veementemente a compra da vacina Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan. Ele disse que não compraria “a vacina chinesa de João Doria”.


A rede social já apagou publicações de Bolsonaro porque elas violavam suas políticas internas. Entre elas, estavam comentários do presidente se posicionando contra o isolamento social e defendendo o uso da cloroquina. O Twitter alegou que os posts poderiam colocar as pessoas em maior risco de transmitir a Covid-19.


Em 2019, o perfil oficial do presidente questionou: “O que é Golden Shower?”. Mais cedo, ele havia publicado um vídeo de um homem urinando em outro durante o carnaval.


Facebook

No Facebook, Jair Bolsonaro tem 10,8 milhões de curtidas. Na rede social, além de replicar os posts do Twitter, o presidente costuma responder comentários de apoiadores.

Em uma dessas respostas, Bolsonaro celebrou a morte de um voluntário da Coronavac que havia se suicidado. Na ocasião, ele escreveu: “Mais uma que Jair Bolsonaro ganha”. Em outra, o presidente endossou a opinião de um seguidor que chamou a mulher do primeiro-ministro da França, Emmanuel Macron, de feia.


No Facebook, Bolsonaro realiza lives semanais ao lado de ministros para anunciar ações do governo e comentar polêmicas.


Youtube

A conta oficial de Jair Bolsonaro no Youtube tem 3,2 milhões de inscritos. Na plataforma, o presidente também transmite suas lives semanais e replica vídeos de reportagens favoráveis ao governo, alguns da TV Brasil.


Depois que Donald Trump teve suas contas nas redes sociais suspensas, Bolsonaro seguiu o exemplo do então presidente americano e aderiu ao Parler. A rede social tornou-se um reduto da extrema direita internacional.

Whatsapp

Ainda em 2018, surgiu a denúncia de que empresários financiaram disparos de mensagens no Whatsapp para favorecer Jair Bolsonaro na disputa contra Fernando Haddad. Posteriormente, o TSE arquivou as ações que pediam a cassação da chapa do presidente e do vice, Hamilton Mourão, por falta de provas.

Governo Bolsonaro


Apesar de ter sido deputado federal por 7 mandatos consecutivos, tendo passado por 9 partidos, Jair Bolsonaro foi eleito com um discurso contrário à “velha política”. Em um primeiro momento, assim que assumiu, em 2019, o presidente não buscou coalizões com o Congresso e não procurou formar uma base aliada majoritária estável de parlamentares.


No entanto, Bolsonaro foi cedendo gradualmente ao Centrão para se blindar de possíveis investigações. O presidente entregou ministérios ao bloco partidário e apoiou as candidaturas de Arthur Lira e Rodrigo Pacheco às presidências da Câmara e do Senado. Ambos foram eleitos. Lira é réu por corrupção.


Economia

Em 2019, o governo conseguiu aprovar a reforma da previdência, uma das principais promessas de campanha. A medida foi promulgada em novembro do primeiro ano da gestão Bolsonaro.

O texto aprovado deixou de fora uma série de pontos planejados pela equipe de Paulo Guedes. Com isso, a projeção de economia proporcionada pela reforma foi menor.


Um dos elementos que permitiu que a proposta fosse desfigurada foi o próprio Jair Bolsonaro, que cedeu à pressão às reivindicações de corporações como as polícias e o Exército.


O andamento da agenda de reformas econômicas do governo não caminhou a passos largos em 2019 até que, o ano de 2020 trouxe a pandemia de coronavírus, que impossibilitou a aprovação das medidas esperadas.


O pagamento do auxílio alavancou a popularidade do presidente entre as camadas mais pobres e marcou uma guinada populista do governo. Bolsonaro, que antes chamava o Bolsa Família de “Bolsa Farelo”, passou a cogitar que o auxílio se tornasse permanente.


No período, Bolsonaro se rendeu ao Centrão, que tanto criticou durante a campanha. O presidente nomeou como líderes e vice-líderes do governo no parlamento deputados e senadores de partidos do bloco e recriou o Ministério das Comunicações para abrigar Fábio Faria. Hoje, Bolsonaro cogita se filiar a partidos do Centrão.


Nos dois anos de governo, o governo não concretizou nenhuma privatização, como prometido em campanha e reiterado diversas vezes pelo ministro Paulo Guedes. Até o momento, as reformas administrativa e tributária foram apresentadas apenas de forma parcial.


Combate à corrupção

Ainda no primeiro ano de governo, o ministro da Segurança Pública, Sergio Moro, apresentou um projeto para endurecer os mecanismos de combate à corrupção e ao crime organizado, o pacote anticrime. A proposta não contou com grande mobilização do governo para que fosse aprovada.

No Congresso, o texto foi desfigurado por parlamentares e várias medidas que iam contra a ideia inicial de Moro foram embutidas. A mais famosa delas foi o juiz de garantias, que cria a figura de um juiz responsável por atuar somente na fase de investigação criminal de um processo, enquanto outro atua no julgamento. Até hoje, não se sabe como a medida pode ser colocada em prática. Uma liminar de Luiz Fux suspendeu sua implementação.


Bolsonaro e seus aliados não se mobilizaram para aprovar pautas que fortaleceriam o combate à corrupção como a PEC da prisão após condenação em segunda instância e fizeram pressão para que medidas como a CPI da Lava Toga fossem enterradas. O presidente sabotou a operação Lava Jato nomeando o petista Augusto Aras para a PGR, que destruiu a Força Tarefa da operação e fez uma série de ataques aos procuradores.


Em outubro de 2020, o presidente foi encarregado de nomear um ministro para o STF com a aposentadoria de Celso de Mello. Bolsonaro escolheu Kassio Marques, o candidato do Centrão e de Gilmar Mendes. Nos primeiros meses no Supremo, Kassio deu votos a favor de Lula e contra a Lava Jato.


Pandemia de Covid-19

Desde o início da crise sanitária, Bolsonaro se posicionou contra o isolamento social e minimizou os riscos trazidos pela Covid-19. Por não concordar com orientações médicas, o presidente demitiu 2 ministros da Saúde e nomeou o militar Eduardo Pazuello para o posto. Bolsonaro promoveu aglomerações, incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica e sabotou a vacinação. O Brasil ultrapassa as 250 mil mortes em decorrência da doença.

Questão ambiental

O governo Bolsonaro também é marcado pelo avanço do desmatamento. No segundo semestre de 2020, o Brasil teve um surto de queimadas no Pantanal que destruiu centenas de milhares de hectares de vegetação. Chefes de estado de potências internacionais chegaram a ameaçar impor sanções comerciais ao Brasil.


O Ibama chegou a paralisar combate a incêndios alegando falta de caixa. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou na reunião ministerial de 22 de abril que o governo deveria aproveitar a comoção da mídia com a pandemia para “passar a boiada” no que diz respeito a afrouxar normas de preservação ambiental.


O QUE FOI FEITO NO GOVERNO BOLSONARO 


2019

Janeiro – Jair Bolsonaro assume como 38º presidente do Brasil. Ele reduz o número de ministérios de 29 para 22. Durante a campanha ele havia prometido que seriam apenas 15.

Fevereiro – Ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebiano, deixa o governo após desentendimento com a família Bolsonaro. Após a revelação de reportagens sobre um esquema de laranjas envolvendo o PSL, Jair e Carlos Bolsonaro passam a fritar Bebiano até a exoneração. Essa foi a primeira crise interna do governo.


Governo envia ao Congresso texto da Reforma da Previdência, uma das principais promessas de campanha de Bolsonaro e de sua equipe econômica. Texto do Pacote anticrime também é enviado, mas fica em segundo plano.


Março – Jair Bolsonaro posta um vídeo de sexo explícito em público, em que um homem urina em outro e questiona: “o que é golden shower?”


Avançam investigações sobre Ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que também está envolvido no caso dos Laranjas do PSL.


Julho – Governo libera saques de parte dos recursos do FGTS, como forma de estimular o consumo. Os trabalhadores ganharam a oportunidade de sacar até R$ 500 por conta.


Agosto – Câmara dos Deputados conclui votação da reforma da previdência. Texto vai ao Senado.


Setembro – Senadores do PSL, Juíza Selma, Major Olímpio e Soraya Thronicke assinam CPI da Lava Toga e são pressionados por Jair Bolsonaro e Flávio a retirarem suas assinaturas. A Comissão pretendia investigar os ministros do STF, uma das principais bandeiras da campanha eleitoral do presidente.


Jair Bolsonaro nomeia o petista Augusto Aras para o comando da PGR.


Outubro – Jair Bolsonaro se recusa a comparecer à posse do presidente eleito da Argentina, o kirchnerista Alberto Fernández. Bolsonaro diz que os argentinos escolheram mal.


Senado conclui votação da previdência.


Novembro – Jair Bolsonaro rompe com o PSL e promete criar seu próprio partido, o Aliança pelo Brasil, que nunca chegou perto de sair do papel.


Congresso promulga reforma da previdência. A proposta foi desidratada ao longo do ano. O Texto final prevê uma economia de cerca de R$ 800 bilhões em 10 anos, abaixo do R$ 1 trilhão prometido pelo governo.


Dezembro – Pacote anticrime é aprovado. Texto original de Sergio Moro é desfigurado e são inseridos dispositivos que dificultam o combate à criminalidade, como o juiz de garantias. Governo não se mobiliza para defender proposta original.


Ao longo de 2019, governo promove uma redução histórica da taxa básica de juros, que atinge a marca de 4,5%, a menor desde a implementação do regime de metas.


2020

Março – Brasil começa a sentir os efeitos da pandemia de Covid-19. Começam a ser impostas as primeiras medidas de isolamento social. Jair Bolsonaro inicia uma escalada de negacionismo, com uma série de declarações no sentido de menosprezar a periculosidade do vírus e incentivar aglomerações.

Abril – Jair Bolsonaro demite o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, por discordâncias sobre a orientação a respeito do isolamento social. O presidente nomeia Nelson Teich.


Jair Bolsonaro tenta interferir na Polícia Federal, provocando a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça. O Presidente tenta nomear o amigo da família Alexandre Ramagem para o comando da PF, mas é impedido por Alexandre de Moraes. 


André Mendonça assume como novo ministro da Justiça e Rolando Alexandre passa a comandar a PF.


Ministério da Economia propõe auxílio emergencial de R$ 200 para auxiliar trabalhadores informais e os que ganham até dois salários mínimos durante a pandemia. Congresso amplia proposta e valor final das parcelas fica em R$ 600.


Maio – Jair Bolsonaro se desentende com o novo ministro da Saúde. O presidente defendia o uso da cloroquina contra a Covid-19, mesmo sem comprovação científica. Nelson Teich deixa o governo após quase um mês no cargo. General Eduardo Pazuello é nomeado ministro da Saúde. Brasil atinge 10 mil mortes por Covid-19.


Vídeo da reunião ministerial de 22 de abril é divulgado, comprovando interferência de Jair Bolsonaro na PF.


Junho – Jair Bolsonaro recria Ministério das Comunicações para abrigar o integrante do Centrão, Fábio Faria.


Brasil atinge a marca de 50 mil mortes por Covid-19. Bolsonaro segue desrespeitando o isolamento social e defendendo o uso da cloroquina.


Julho – Jair Bolsonaro contrai Covid-19 e toma cloroquina. Presidente exibe caixa do medicamento a uma ema.


Agosto – Jair Bolsonaro indica o expoente do Centrão Ricardo Barros como líder do governo na Câmara.


Brasil atinge marca de 100 mil mortes por Covid-19.


Setembro – Governo substitui vice-líderes do governo na Câmara. Saem os bolsonaristas fanáticos e entram os nomes do Centrão.


Pantanal vive uma onda de incêndios florestais que destruiu centenas de milhares de hectares de vegetação. Chefes de estado de potências internacionais chegaram a ameaçar impor sanções comerciais ao Brasil.


Outubro – Jair Bolsonaro nomeia o indicado do Centrão e de Gilmar Mendes, Kassio Marques, para a vaga de Celso de Mello no STF, o presidente participa de convescote na casa de Dias Toffoli para selar a nomeação.


Dezembro – Kassio Marques dá votos favoráveis a Lula e contra a Lava Jato e Bolsonaro diz que concorda integralmente com o ministro.


2021

Janeiro – Governo Bolsonaro apoia os representantes do Centrão Arthur Lira e Rodrigo Pacheco na disputa pelas presidências da Câmara e do Senado. Ambos são eleitos. Lira é réu por corrupção.

Brasil atinge marca de 100 mil mortes por Covid-19.


Fevereiro – Jair Bolsonaro intefere na Petrobras, substituindo o presidente da estatal pelo general Joaquim Silva e Luna. Ações da empresa despencam na bolsa.


Governo tenta convencer o mercado de que, apesar disso, é liberal e envia ao Congresso propostas de privatização da Eletrobrás e dos Correios. Até hoje, governo não concretizou nenhuma privatização. - Texto gentilmente roubado lá do Blog O Antagonista. - A manchete não faz parte do texto original. - 




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