Por Ricardo Noblat
O PT mudou para alcançar o poder com Lula em 2002. Mas desde que chegou lá não mudou mais.
O Supremo Tribunal Federal aceitou a denúncia contra a "sofisticada organização criminosa" que tentou se apossar de parte do aparelho do Estado.
Trata-se do caso do mensalão - o pagamento de propinas para que deputados votassem como mandava o governo.
Mensalão? Mas que mensalão?.
Jamais o PT admitiu sua existência. Por não admitir, não puniu os mensaleiros. Faz sentido.
Lula preferiu chamar o mensalão de Caixa 2. Como se Caixa 2 não fosse crime. Ou fosse um crime menor.
A máquina do Estado atuou de maneira rápida, avassaladora e ilegal para quebrar o sigilo bancário e fiscal do caseiro Francenildo da Costa, testemunha das idas e vindas do ministro Antonio Palocci a uma alegre mansão de Brasília.
Ali se levava uma vida divertida, amena, relaxante, e se discutia negócios.
Palocci perdeu o emprego devido ao escândalo. Mas deu-se um jeito de poupá-lo da acusação de ter acionado a máquina contra o caseiro. Sobrou para o ex-presidente da Caixa Econömica Federal. Até o Supremo Tribunal Federal embarcou na canoa.
A Casa Civil da presidência da República montou um dossiê sobre despesas sigilosas do governo FHC para constranger a CPI instalada para apurar gastos irregulares com cartões de crédito corporativo.
Dilma? O que Dilma teve a ver com o dossiê?
Ela era responsável pela Casa Civil, mas daí a se envolver com dossiês vai uma distância que passa pelo gabinete de Erenice Guerra, seu braço direito.
Pensando bem, aquilo nem mesmo era um dossiê - era um banco de dados.
Foi impossível negar a ação dos aloprados que em 2006 forjaram um dossiê contra candidatos do PSDB.
Quem viu por aí um daqueles aloprados encrencado com a Justiça?
O processo está para ser arquivado.
Contra todas as evidências, a orientação é negar. Negar tudo. E jamais pedir desculpas.
A orientação vem sendo cumprida à risca e, admita-se, com razoável sucesso.
Um dos assessores de Dilma postou no site dela uma foto da atriz Norma Benguell.
Ao lado do título "Minha Vida" havia trës fotos da candidata - ou pelo menos era assim que parecia.
Dilma criança, Dilma mocinha protestando contra a ditadura militar de 64, Dilma madura, aspirante à sucessão de Lula.
No que se descobriu que Dilma mocinha era na verdade a atriz Norma Benguel, que explicação foi oferecida para justificar a farsa?
Transferiu-se a culpa para aqueles que "equivocadamente" imaginaram estar diante de uma farsa. Porque a foto era de Norma, sim. Mas em nenhum momento o site informou que a foto era de Dilma.
Entendeu?
Coerência acima de tudo.
Essa tem sido a marca indelével do comportamento do PT desde que subiu a rampa do Palácio do Planalto