Por Ricardo Kotscho
Com a retumbante retirada de cena de Ciro Gomes, anunciada pelo iG na semana passada e que será oficializada amanhã pelo PSB, só restou a candidatura verde de Marina Silva como terceira via para quem já está cansado da disputa presidencial limitada a PT e PSDB nos últimos 16 anos. Fora ela, só sobraram nanicos sem expressão eleitoral.
Marina já estava empatada com Ciro na faixa entre 8 e 10% nas últimas pesquisas Datafolha e Ibope, o mesmo patamar que mantem desde setembro do ano passado, quando sua candidatura foi lançada pelo PV. Desta forma, sem Ciro, são maiores as chances hoje desta eleição presidencial ser decidida no primeiro turno.
Por enquanto, a campanha de Marina, ainda incipiente por aqui, tem feito mais sucesso na imprensa internacional e em eventos no exterior, como o Dia da Terra, em Washington, onde discursou por cinco minutos neste domingo.
Apresentada pela revista Economist como o “outro Silva” da cena brasileira, “um político que parece ter princípios demais para ser jogado na briga de cão eleitoral de uma democracia gigante”, Marina ganhou, em Washington, o apoio entusiasmado do diretor americano James Cameron, aquele do campeão de bilheteria “Avatar”, e palavras amáveis do ambientalista Robert F. Kennedy Jr., filho de Robert Kennedy, assassinado durante a campanha presidencial de 1968 nos Estados Unidos.
“Todo mundo que lê jornais sabe quem ela é”, disse Kennedy Jr. O maior problema de Marina talvez resida exatamente aí: uma parcela cada vez menor de brasileiros, em relação à população, ainda lê jornais, espaço onde ela encontra boa acolhida. E é bastante pequeno seu tempo de televisão no horário político gratuito, que é o que realmente importa, ainda um fator decisivo nas nossas eleições. Isolado, o PV não conseguiu se aliar a ninguém até agora para aumentar este tempo.
À frente de um partido pequeno e complicado, em que ela ingressou recentemente, após deixar o PT, onde militou desde a fundação, Marina tenta se equilibrar entre as várias tendências dos verdes, divididas nos estados entre governo e oposição. Embora faça elogios pontuais ora ao PT, ora ao PSDB, até aqui a líder verde tem evitado críticas aos tucanos, e batido cada vez mais forte no governo Lula, do qual foi ministra durante mais de seis anos, e em Dilma Roussef, a candidata petista.
Nos últimos dias, fiel à sua pregação ambientalista, atacou a construção da usina de Belo Monte, no Xingu, e criticou a posição do governo brasileiro em relação ao Irã. Resta saber se estes temas serão capazes de sensibilizar o eleitorado, numa disputa cada vez mais polarizada entre Serra e Dilma, PT e PSDB, governo e oposição, como Lula queria desde o princípio.
Noto pelos comentários publicados aqui no Balaio que cresce a cada semana o número de leitores/eleitores desencantados com este Fla-Flu, agora dispostos a votar em Marina como única alternativa. A questão que se coloca agora é até onde sua candidatura poderá crescer _ e de quem ela tirará mais votos, Serra ou Dilma.
Uma coisa é certa: se houver segundo turno, seu apoio será decisivo. Quem Marina apoiaria? Com a resposta, os leitores.
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