terça-feira, 4 de abril de 2017

BOVINAMENTE, A VACA TERRORISTA DA DILMA VAI ESCAPAR DO MATADOURO


Reinaldo Azevedo
O TSE começa hoje a julgar o processo mais importante de sua história porque já cassou e absolveu prefeitos e governadores, mas é a primeira vez que um presidente pode perder o mandato em razão de uma causa que corre na corte.
E isso acontecerá se uma maioria, entre os sete ministros, decidir cassar a chapa que elegeu Dilma Rousseff-Michel Temer. Como já lembrei aqui, a elegibilidade ou inelegibilidade da dupla independe da cassação. Nesse caso, será preciso ver se ambos tiveram responsabilidade pessoal no abuso de poder político e de poder econômico. É evidente que Temer não tinha como controlar o caixa do PT, certo? Sim, a coisa começa hoje, mas vai longe.
Vamos ver. A expectativa é que haja um pedido de vista já nesta terça. Tendo a achar que não vai acontecer. Creio, isto sim, é que a defesa de Dilma terá mais cinco dias. Por quê? Quem deu truque, nesse caso, é o relator Herman Benjamin. Na prática, quatro ações estão sendo julgadas numa só. Uma delas previa cinco dias de prazo para a defesa apresentar suas alegações finais. Herman decidiu dar 48 horas apenas. Entendo que isso viola o devido processo legal.
Há mais: Benjamin não conseguiu as provas do que lhe disseram os delatores da Odebrecht — afinal, elas estão com Edson Fachin, em sigilo. Então pediu que a empresa lhe fornecesse outras. E, assim, três mil páginas chegaram às suas mãos. Ele se negou a compartilhá-las com a defesa.
Entendo que o julgamento será suspenso por pelo menos cinco dias, antes de qualquer pedido de vista, que poderá vir numa outra etapa. Se isso acontecer, só se volta ao caso no fim de abril em razão de uma viagem do ministro Gilmar Mendes, presidente do TSE, ao exterior. Já estava programada havia muito tempo.
A propósito: Mendes esteve em São Paulo nesta segunda. Deu uma aula na filial paulista do IDP (Instituto de Direito Público), do qual é orientador técnico. É claro que os jornalistas decidiram lhe perguntar o que pensava de uma fala de FHC à rádio CBN. Segundo o ex-presidente, a eventual eleição indireta caso a chapa seja cassada “geraria mais confusão”.
Bem, Mendes, felizmente pra mim — porque ele sabe o que diz e tem a expertise —, falou rigorosamente o que sustentei aqui: se a chapa Dilma-Temer for cassada, não se trata de escolher isso ou aquilo. O mandamento constitucional é um só: eleição indireta.

A defesa de Temer vai insistir, claro!, na separação das campanhas, evidenciando que o agora presidente não tinha como interferir nas escolhas do PT. E também pedirá ao tribunal que desconsidere as acusações feitas por depoentes da Odebrecht. Por quê? O próprio TSE já havia decidido o escopo das ações que agora chegam a julgamento. E elas não previam, por óbvio, as delações da Odebrecht, das quais Benjamin só ficou sabendo por causa dos vazamentos ilegais.
Aí, meus caros, não tem jeito: ou se faz assim, ou um processo vira uma bolha assassina, não é? Imaginem se o relator de um caso decidir ir agregando elementos novos e convocando depoimentos a partir de vazamentos seletivos. Parece-me mais uma violação do devido processo legal.

Mas vamos dar tempo ao tempo. A economia brasileira exibe alguns sinais bastante virtuosas. Há uma retomada do crescimento em curso. Os números apontam para isso. O resultado do julgamento do TSE vai definir se esse voo será interrompido, com novo mergulho na melancolia, ou se ainda podemos apostar em algum futuro. – A manchete e as imagens não fazem parte do texto original - 

O ESTADISTA E O PENSAMENTO



Rodrigo Buenaventura de Léon

Um Estadista, como nos faz falta um Estadista!
Estadistas são forjados de matéria rara: capacidade, desprendimento, coragem, honradez, patriotismo, vocação cívica. Um tipo raro em qualquer época da história humana e praticamente inexistente nestes tempos pós-modernos.

Em geral Estadistas galgam os mais altos cargos públicos e acabam por tornarem-se os Chefes de Estado e de Governo de suas pátrias. Matéria escassa, quando surgem, acabam deixando um legado de superações, vitórias e desenvolvimento social no país.

Mas ser um Estadista não transforma o ‘homem’ automaticamente em um Chefe do Executivo de uma nação. No Brasil tivemos Rui Barbosa, por exemplo, um grande estadista, que por diversas razões peculiares e para o azar do país, não ocupou o posto de primus inter pares da nação brasileira.

Por outro lado ser governante, primeiro-ministro, presidente da república, prefeito ou governador não faz do cidadão um Estadista. Longe disto, em países de democracias frágeis e jovens como a brasileira é mais comum termos imbecis, oportunistas e corruptos ocupando a primazia entre os cidadãos, do que homens de elevada concepção cívica.

São oportunistas, líderes de grupelhos organizados e/ou de quadrilhas, caudilhos. Bandidos sem alma, vergonha, pudor ou senso cívico que acabam premiados e ungidos pelo voto dos incautos. E destarte passam a, respaldados pelo vontade popular (dizem eles), a desgovernar-nos, roubar-nos e enganar-nos.

Esquecendo-se daqueles que os elegeram, gerindo em causa própria ou em causa magis stipendium, locupletam-se e enriquecem a nossa custa. E de paga nos dão uma banana.

Estes homens e mulheres que se creem líderes ou até mais, estadistas, são bandidos da pior laia. Pois não há pior bandido do que aquele que rouba e traí seu próprio povo. Do que aquele que rouba a pensão do idoso, o remédio do doente e a comida da boca da criança. Crápulas que merecem dos seus patrícios apenas o desprezo e a mão forte da lei.

A fala agressiva, pungente faz parte das ferramentas de convencimento desta laia. Fala desorganizada, cheia de mantras, que nada diz e apenas vocifera impropérios que usam para convencer as massas incautas. Mas nunca esta fala reflete seus pensamentos, suas intenções.

Somente um Estadista reflete na fala o seu pensamento e intenções. Não é o pensamento, a escrita ou a fala que fez ou fará um Estadista. Ele, o pensamento, apenas lhe é ferramenta de utilidade pública, de mobilização nacional em prol do bem comum.

E, é no pensamento ou na falta dele, que podemos perceber a matéria de que é feito um governante. Na expressão de seu pensar e sentir, através da palavra, podemos observar a altivez de um líder, a cupidez de um oportunista ou a estupidez da mente vazia que não sabe o por quê de estar ali.
O que seria dos ingleses e do mundo sem a altivez do pensamento e da liderança ímpar de Wiston Churchill que nos brindou com máximas como: “o pessimista vê dificuldade em cada oportunidade; o otimista vê oportunidade em cada dificuldade”.
O Brasil também teve, em sua jovem história, Estadistas, oportunistas, caudilhos e Capos de quadrilhas, ladrões de casaca que vilipendiaram nosso povo.

Estes, todos, também deixaram para a história registros de seu pensar ou de sua falta de capacidade de pensar. Lembrem-se de Dilma Roussef e das…digamos, suas falas peculiares que destacavam uma inteligência ignota e um pensar ordinário.

Nos últimos tempos a sapiência e a altivez deram lugar, por treze anos, a vulgaridade, a ambição, a desfaçatez e a imoralidade. Mas o reflexo do pensamento de nossos ‘líderes nacionais’, positivos ou negativos, permite-nos separar os estadistas dos ladrões pés-de-chinelos e oportunistas.

Não raro nossos líderes são ambíguos e contraditórios no seu pensar, mas sempre deixaram neste, com clareza meridiana, registrado o seu caráter ou falta dele.

Dom Pedro I disse-nos, por exemplo, ‘Se é pelo bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao Povo que FICO’.

Seu filho, Dom Pedro II, grande Estadista, muitas vezes incompreendido, nos brindou com pensamentos dignos de um homem superior, como por exemplo: ‘Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro’; ou, ‘É preciso trabalhar e vejo que não se fala quase senão em política que é as mais das vezes guerra entre interesses individuais’; e, ‘A política não é para mim senão o duro cumprimento do dever’. Grande homem público expulso da Pátria pela qual deu a vida, morreu no exílio.

Na República passamos pelas contradições de Deodoro da Fonseca nosso primeiro Presidente que afirmou: ‘República no Brasil é coisa impossível porque será uma verdadeira desgraça. O único sustentáculo do Brasil é a monarquia se mal com ela, pior sem ela’.

Pela Carta de Getúlio, que com seus defeitos e virtudes foi um grande Estadista de sua época: ‘Saio da vida para entrar na história’.
Lembremo-nos de Jânio Quadros, com seu ‘Fi-lo porque qui-lo’, falsamente atribuído ao conturbado Presidente, como se esta tivesse sido a justificativa de sua renúncia. Embora falsa e gramaticalmente errada, a frase exemplifica perfeitamente o pensamento conturbado do ex-mandatário.

Conturbado, ausente, caótico são adjetivos aplicáveis ao pensamento ou a falta dele, na lavra da ex-presidente (ou ex-presidAnta, quero dizer, ex-presidenta) Dilma. São pérolas como a do: ‘Sempre que você olha uma criança, há sempre uma figura oculta, que é um cachorro atrás, o que é algo muito importante’. Era Dilmês, a proto-língua, na veia.
E chegamos a Michel Temer, o homem que usa mesóclises. Algo como ‘…sê-lo-ia pela minha formação’. Um homem pronominal sem dúvida. No futuro seus detratores certamente dirão que houvera dito: ‘foder-vos-ei brasileiros’.
Mas não nos esqueçamos do pensamento bruto do Nove-dedos. A voz rouca vociferando impropérios ininteligíveis. Os perdigotos que banham a audiência próxima. O pensamento disforme, imoral, mal intencionado e sujo. Alegria do boquirroto apedeuta que encanta e faz delirar as plateias amestradas.

A pelegada sindical, os ladrões e oportunista da ORCRIM, as ‘muié do grelo duro’, os ‘viados do polo de exportação’, as zelites zintelectuais vibram com o discurso chulo, ausente de moral, oportunista e nulo de qualquer senso cívico e/ou crítico.

A melhor expressão do pensamento do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva pode ser vista em uma frase épica:
ENFIEM O PROCESSO NO CÚ! É a cara dele e de seus asseclas.

Vamos enfiar sim! Tudo e muito mais! No rabo deles.

Resumindo pelo pensar e falar fica claro quem foram nossos Estadistas e quem é o ladrão pé-de-chinelo. O chinelão. E pior o FDP quer voltar. POBRE BRASIL! – Este texto foi gentilmente roubado lá do Blog da Besta Fubana – As imagens não fazem  parte do texto original - 


segunda-feira, 3 de abril de 2017

MARILYN MONROE PERSONIFICOU O GLAMOUR HOLLYWOODIANO


Por Altamir Pinheiro

Em uma época emblemática em relação às atitudes envolvendo sexualidade, a atriz e modelo coroada de fama, MARILYN MONROE, tornou-se um dos SEX SYMBOLS mais populares da década de 1950. A “loira burra”, como era taxada,  teria hoje 90 anos se não tivesse ido para o além com apenas 36 anos de idade, quando naquele dia fúnebre em 5 de agosto de 1962, quem governava os Estados Unidos era nada mais nada menos que  John Fitzgerald Kennedy, que veio a morrer assassinado um ano depois. Aliás, diga-se de passagem,  duas mortes que se tornaram em  enigmas para a CIA,  FBI e todo o Serviço Secreto de Inteligência Militar  Norte-americano.

Seu nome verdadeiro era Norma Jeane Mortensen. Devido às internações de sua mãe por problemas psicológicos, NORMA JEANE passou grande parte de sua infância em casas de família e orfanatos até que, em 1942,  casou-se aos 15 anos com James Dougherty de 21, casamento que durou apenas 4 anos. A estrela, que deixou o mundo aos 36 anos, simbolizou e encantou através do seu charme o cinema mundial   dos anos 50. Sua aparente vulnerabilidade e inocência, junto com sua inata sensualidade, a tornaram uma das mulheres mais desejadas do século 20...

Pois bem!!! Logo após, na pindaíba, adotou então o nome de Marilyn Monroe e tingiu o cabelo de loiro para mudar o visual. Em 1949, sem dinheiro, concordou em posar nua para um calendário. O sucesso foi tão grande que ela acabou ilustrando a PRIMEIRA CAPA DA REVISTA PLAYBOY EM 1953. Em 14 de janeiro de1954, Marilyn se casou com o ex-jogador de beisebol Joe Di Maggio, uma lenda do esporte nos Estados Unidos. Durante sua lua de mel, em Tóquio, Marilyn fez uma performance para os militares que estavam servindo na Coreia. Joe, ciumento, não aguentou a exposição da esposa. Nove meses depois, em outubro de 1954, veio o divórcio. Em 1956, a atriz se casou com o dramaturgo Arthur Miller.

Fez seu primeiro papel de destaque em 1951, no filme "O Segredo das Viúvas". No ano seguinte, participou de "O Inventor da Mocidade". Seu nome começou a atrair multidões aos cinemas. Foi assim em "Como Agarrar um Milionário" (1953), "Os Homens Preferem as Loiras" (1953), "O Pecado Mora ao Lado" (1955) e "Quanto Mais Quente Melhor" (1959) - este, com direção de Billy Wilder, foi considerado "A MELHOR COMÉDIA DE TODOS OS TEMPOS". Nele a atriz atuou ao lado de  TONY CURTIS e JACK LEMMON. Este filme é muito divertido, passa uma energia contagiante, uma comédia leve, sagaz e acima de tudo, engraçada. Só por ter a icônica Marilyn Monroe já ganha vários pontos. É incrível como ela consegue iluminar cada cena em que aparece. Recomendo o filme,  QUANTO MAIS QUENTE MELHOR, realmente uma grande fita!!!

No tocante às películas de faroestes Marilyn Monroe protagonizou com Bob Mitchum um dos mais belos títulos de filmes. Ou seja, “O RIO DAS ALMAS PERDIDAS”. Foi um dos grandes sucessos de bilheteria de 1954 e certamente o público lotava os cinemas era para ver Marilyn Monroe e não Bob Mitchum. É um faroeste lindíssimo, fotografado num cenário mágico, com paisagens de uma beleza extasiante, onde o rio  é o cenário dominante. O elenco é ótimo e a paisagem é de sonho.

Falando-se de sua vida conturbada, uma das mais célebres performances de Marilyn foi cantar "PARABÉNS A VOCÊ", de maneira sensualíssima com o vestido altamente decotado e sem sutiã,  para o presidente americano John Fitzgerald Kennedy, no luxuoso ambiente do  Madison Square Garden de Nova York no dia 29 de maio de 1962. Há quem diga que, DEPOIS QUE DEUS FEZ ESTA MULHER, JOGOU A FÔRMA FORA. O evento reforçou os rumores de que ambos teriam sido amantes. O fato é que, quatro meses depois do episódio, Marilyn foi encontrada morta, segurando o telefone, ao lado de um vidro de barbitúricos. A hipótese de seu envolvimento amoroso com o presidente Kennedy e seu irmão Robert ganhou força, quando encontraram sua casa vasculhada - supostamente por agentes do FBI -, antes da chegada da polícia, no dia de sua morte

É interessante como às vezes a gente quer que nossos astros e estrelas sejam pessoas perfeitas, que os vemos como deuses ou deusas, como especiais, que os enxergamos com olhos outros, mas apesar da fama e da riqueza, na verdade, não passam de pessoas normais e com todos os defeitos e virtudes que NÓS, do lado de cá da tela. Como é o caso específico da  POBRE LOURA MONROE, lutou muito e  buscou a vida inteira respeito como atriz e a todo custo ter  um filho. Alguém ligada a ela  já  descreveu sobre sua morte dizendo mais ou menos assim: "Morreu solitária, nua, na cama, tentando alcançar o telefone. O MUNDO NÃO CHEGOU A OUVIR O SEU PEDIDO DE SOCORRO"...

CLIC logo abaixo para você, leitor deste blog, acompanhar durante 46 minutos, passo a passo a misteriosa e emblemática morte de Marilyn Monroe, que através de  um documento inédito  da DISCOVERY conseguiu  reescrever a história. VALE A PENA!!! MUITO BOM!!! CLIC!!!

https://www.youtube.com/watch?v=Rae70schd7Q



 

 

 

 

 

 


 

domingo, 2 de abril de 2017

NO TEMPO DO QUEROSENE E DO VELOCÍPEDE

LAMPARINA USADA PARA "ALUMIAR" AS CASAS DA ROÇA DE ANTIGAMENTE




José de Oliveira Ramos

A casa era grande – não no sentido da Casa Grande de Gilberto Freyre – com vários cômodos. Paredes construídas com barro de estuque e varas de marmeleiro amarradas com palha de carnaúba, deixava sempre um cheiro de Terra. Cheiro de vida, de suor e tempero da paixão que sempre tivemos pelo nosso lugar. Lugar onde nascemos, vivemos e nos sentiríamos premiados por Deus, se, também pudéssemos ter a sorte de fechar pela última vez os olhos naquele mesmo lugar.

O dia, como um poema que se renova a cada dia, começava com o cantar do galo e os berros dos cabritos, cabras e bodes. O silêncio era tão grande, que qualquer pessoa de boas “oiças” poderia escutar o barulho da água fervendo para o café matinal.

A claridade chegava e com ela a hora de apagar a lamparina acesa no escurecer do dia anterior, “na boquinha da noite” – para alumiar apenas o “cômodo” onde se juntasse mais gente.
– Meu fii, vá na venda comprar “uma quarta de litro de querosene”!

A fala continha um misto de ordem com um pedido de favor e poderia ser entendida de outra forma, se não fosse atendida imediatamente:

– Menino, se avexe e cuide logo, se não nós fica no escuro, quando a noite chegar!
Por anos, a lamparina foi a principal “peça” noturna daquela casa. Servia para tudo. Desde “alumiar” a escuridão, até acender o cachimbo – era, também, a grande forma de economizar o desperdício de fósforos.


BOMBA DE ROJÃO


Começava o mês de abril e, quando menos se esperava, chegava a Semana Santa e, logo após, o dia 13 de maio, comemorado no Brasil em homenagem à Nossa Senhora de Fátima. O fim de maio chegava rápido, como se fosse guiado por um meteoro.

Começava junho e a propaganda iniciava os apelos para as compras do Dia dos Namorados, 12 de junho. Em seguida – o dia seguinte – os rojões, traques, foguetes e tudo que representava o período junino começava a “espocar” pela cidade. Fortaleza, ainda hoje é assim.

As fogueiras, as bananeiras sendo “feridas a faca” pelas simpatias das solteironas, anunciavam o dia de Santo Antônio: 13 de junho e estava aberta a porteira oficial para os milhos assados, os bolos de carimãs, os aluás de milho, de pão ou de casca de abacaxi. Os bolos de milho, pé-de-moleque, bolo de batata doce.

Pais chegavam de volta à casa e com eles vinham as caixinhas de “traques” de estalinho, bombas de fósforo, foguetes rabos de saias – mas nunca faltavam as bombas de rojão, as cabeças de nêgo, as rasga latas.

FILA PARA TELEFONAR NO "ORELHÃO" - O OUTRO COM DEFEITO


Ao completar 18 anos e ficar livre de servir ao Exército, Paulinho precisava sair da casa dos pais para tentar a vida (ainda sem uma profissão definida). Com o dinheiro colocado no cofrinho de lata, conseguiu comprar a passagem para a capital. Lá trabalharia mais alguns meses e juntaria as economias para viajar e tentar a vida em São Paulo. Nas priscas eras, na capital paulista sempre se encontrava trabalho fácil – para quem queria realmente trabalhar.
Tudo como planejado. Trabalho garantido, estudos reiniciados para a profissionalização definitiva que não demoraria.

Na tarde do sábado, Paulinho gastou passagens de ônibus e de trem urbano e foi até o “centro” onde encontraria a Central Telefônica e, lá, telefonaria para casa. Mais precisamente para a venda do Seu Cipriano. Falou pouco, pois falaria mais no domingo, com tarifa mais barata:
– Alô, é Seu Cipriano?
– Sim. Quem fala?
– Seu Cipriano, aqui quem fala é Paulinho, filho de Ademir de Rosa. Por favor, peça para alguém falar um recado para o meu pai, que, amanhã, às 10 horas eu volto a telefonar para falar com ele.

Era assim que se usava telefone, não faz tanto tempo assim. Hoje, embora seja o objeto preferido dos assaltantes, para trocar ou pagar dívidas com a droga, qualquer pessoa possui um telefone celular. Telefone de conta no final do mês, telefone pré-pago com direito a bônus e ainda tem o whats-ap.

Detalhe: nenhuma operadora de telefone (apesar de “pagar muita propina”) que serve ao povo brasileiro, presta serviço de qualidade.

VELOCÍPEDE - PRESENTE COMPRADO COM ESFORÇO PELOS PAIS

Velocípede, patinete, pião, io-iô, bambolê (para as meninas), quebra-cabeças, carrinho de madeira – no meu caso, sempre ganhei mesmo foi serra tico-tico, martelo, serrote, lixo para madeira, prego e eu mesmo que fizesse meus brinquedos.

Por muitos anos, pais faziam economia para garantir a compra do material escolar no ano seguinte, bem como o uniforme, os sapatos e a pasta para carregar os livros. Mas, o velocípede, era um presente que os “niños” ganhavam para passear ás tardes na pracinha ou no parque. Ou em casa, no alpendre.
Por que mudamos tanto?
O que ganhamos, de prático, com essas mudanças?

Não faz tanto tempo, o nosso “telefone” eram duas latas vazias amarradas a um barbante, e vivíamos na ilusão da comunicação – e, provavelmente por isso, nunca nos trumbicamos. - Texto gentilmente roubado lá do Jornal da Besta Fubana -

SIDNEY POITIER, PRIMEIRO ATOR NEGRO A GANHAR UM OSCAR

 

Por Altamir Pinheiro

 

Poitier, em fevereiro de 2017 completou 90 anos de idade.  Em 1963 fez história ao se tornar o PRIMEIRO ATOR NEGRO DA HISTÓRIA a receber o prêmio Oscar de melhor ator principal por sua performance no drama Uma Voz nas Sombras (Lilies of the Field) em 1963. Ao apresentar Sidney Poitier como ganhador da estatueta do Oscar, a consagrada atriz Ann Bancroft lhe deu um beijo na face, um gesto que causou escândalo entre o público mais conservador. Três anos depois, Poitier, contracenando com Katherine Houghton, protagonizaram uma das mais comentadas cenas, ao trocarem um ardente e prolongado beijo – o primeiro beijo inter-racial da tela cinematográfica – em Adivinhe Quem Vem para Jantar (1967).

O chamado BLACK WESTERN num país racista tipo os Estados Unidos era coisa impensável, na década de 60,  um negro protagonizar um filme de Cawboy... Como diz o pesquisador e cinéfilo de bang bang Darci Fonseca, Nos anos 60 os Estados Unidos viram crescer as manifestações políticas pelos direitos civis e o mundo assistiu constrangido à morte do líder negro Martin Luther King. Muitos avanços ocorreram na sociedade norte-americana como reflexo dessa turbulência social e na década de 70 ocorreu a explosão dos chamados BLACK MOVIES(filmes com negros). JOHN FORD havia sido o diretor que mais incisivamente focalizou um personagem negro em um faroeste em “Audazes e Malditos” (1960) e o cinema teve que esperar até 1972 para ver produzido um autêntico Black Western.

No mundo artístico ninguém mais que HARRY BELAFONTE lutou pelos direitos dos afro americanos, que é como os negros de lá gostam de ser chamados.  Este consagrado cantor foi quem produziu, em 1972, “UM POR DEUS, OUTRO PELO DIABO”, contratando para estrelar esse western seu amigo de passeatas SIDNEY POITIER.  Esse primeiro verdadeiramente grande astro negro de Hollywood havia sido, em 1968, o campeão de bilheterias dos Estados Unidos estrelando os filmes “Adivinhe quem Vem para Jantar” e “Ao Mestre com Carinho nesses dois filmes Poitier personificou o negro digno e exemplar, produto tipicamente hollywoodiano.

O faroeste “UM POR DEUS, OUTRO PELO DIABO” tem história similar à do belíssimo “Caravana de Bravos”, de John Ford. Porém a saga das famílias negras atravessando desertos e toda sorte de perigos rumo ao desconhecido para fugir do terrível passado, dá lugar às aventuras da dupla Buck e o Reverendo. Aos poucos o filme de Sidney Poitier segue como modelo “BUTCH CASSIDY E SUNDANCE KID”, o western que dois anos antes obteve o mais retumbante sucesso que um faroeste havia alcançado na história do cinema. PAUL NEWMAN e ROBERT REDFORD disputam a preferência entre  Poitier e Belafonte, não faltando nem mesmo o elemento feminino na figura de Ruth (Ruby Dee), perfazendo um inequívoco triângulo amoroso. “UM POR DEUS, OUTRO PELO DIABO”, até hoje um faroeste único e que merece ser revisto nem que seja para rir um pouco com Harry Belafonte e para saber que os heróis nem sempre eram brancos.

Por se recusar sistematicamente a representar papéis com chavões ou clichês a ele oferecido como ator negro, Poitier tornou-se um pioneiro para si mesmo e para outros atores negros. À época recebeu indicação de Melhor Ator por sua atuação em Acorrentados (1958). Seu trabalho em filmes como Sementes da Violência fez dele o primeiro astro cinematográfico negro de destaque. Entretanto, o filme que consagrou definitivamente Sidney Poitier foi AO MESTRE, COM CARINHO (1967). Um jovem professor, Mark Thackeray, enfrenta alunos indisciplinados neste filme clássico que refletiu alguns dos problemas e medos dos adolescentes dos anos 60. Sidney Poitier tem uma extraordinária performance como um engenheiro desempregado que resolve dar aulas, num conhecido  bairro operário em Londres.

Da última geração de mitos do cinema, ainda com os pés no clássico, Poitier vê um tempo de transformações. As questões raciais eram levadas às telas. Nascido em Miami, ele logo sentiu os problemas da população negra nos Estados Unidos. Tentou ingressar no Teatro Americano Negro, ainda nos anos 40, só conseguindo na segunda tentativa. Eis os cinco filmes que tornaram SIDNEY POITIER o maior ator negro de todos os tempos: ACORRENTADOS, de Stanley Kramer; NO CALOR DA NOITE, de Norman Jewison; UMA VOZ NAS SOMBRAS, DE RALPH NELSON(Com a personagem Homer Smith, Poitier tornou-se o primeiro afro-americano a ganhar o Oscar na categoria principal); AO MESTRE, COM CARINHO, de James Clavell; ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR, de Stanley Kramer. O beijo entre a menina branca e seu noivo negro é visto pelo retrovisor do veículo, de forma distante. O impacto, na época, foi grande, ainda que hoje o filme pareça comportado demais.

Com ACORRENTADOS, vem a primeira indicação ao Oscar. A estatueta chegaria pouco depois, pelo seu papel em UMA VOZ NAS SOMBRAS, DE 1963, que marcou época. Um ator à altura de seus grandes filmes. Em 2002, a Academia Cinematográfica de Hollywood lhe conferiu o Prêmio Honorífico por sua obra, sempre representando a indústria do cinema com dignidade, estilo e inteligência. Possui uma estrela na Calçada da Fama, localizada em Hollywood Boulevard. Poitier foi embaixador das Bahamas no Japão e na Unesco, além de ter recebido em 2009, das mãos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, a Medalha Presidencial da Liberdade, a condecoração civil mais importante do país.

CLIC aqui para assistir ao TRAILER  e  entender o contexto histórico da época do filme ADIVINHE QUEM VEM PARA JANTAR.         É um filme que funciona apenas quando você tem ideia do contexto histórico: Em 1967 17 estados americanos ainda proibiam o "casamento inter-racial''.   Spencer Tracy e Katherine Hepburn (que foi premiada com o OSCAR por sua atuação) estão inesquecíveis como os atônitos pais, neste filme de 1967 que é um macro sobre as questões de miscigenação racial no casamento.


https://www.youtube.com/watch?v=cJa4zBgP-eU

sexta-feira, 31 de março de 2017

BANDIDO DE MINAS GERAIS TAMBÉM VAI PRO VINAGRE

Aécio Neves: um dos mais afetados na nova safra de revelações da Odebrecht


O senador Aécio Neves é o terceiro grão-tucano a cair na teia de delações da Odebrecht – e em relação aos seus antecessores, José Serra e Geraldo Alckmin, é seguro dizer que sua situação é um pouco pior. E pode se complicar ainda mais. VEJA teve acesso com exclusividade ao conteúdo da delação do ex-­pre­sidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Junior, um dos 78 executivos da empreiteira a firmar acordo de delação com a Justiça. Em seu depoimento, BJ, como é conhecido, afirmou que a construtora baiana fez depósitos para Aécio em conta sediada em Nova York operada por sua irmã e braço-direito, a jornalista Andrea Neves. De acordo com BJ, os valores foram pagos como “contrapartida” – essa é a expressão usada na delação – ao atendimento de interesses da construtora em empreendimentos como a obra da Cidade Administrativa do governo mineiro, realizada entre 2007 e 2010, e a construção da usina hidrelétrica de Santo Antônio, no Estado de Rondônia, de cujo consórcio participa a Cemig, a estatal mineira de energia elétrica.

VEJA confirmou a denúncia de BJ com três fontes distintas, todas elas ligadas ao processo de delação organizado pela Odebrecht. As fontes pediram o anonimato porque não estão autorizadas a fazer revelações sobre as delações e temem algum tipo de represália ou censura. Os três depoimentos colhidos por VEJA confirmam a natureza da denúncia: depósitos de “contrapartida” feitos em conta bancária em Nova York operada por Andrea. A jornalista Andrea Neves, 58 anos, é irmã do senador e uma das principais conselheiras de Aécio desde as primeiras incursões do mineiro na política, nos anos 1980. Andrea cuida pessoalmente da imagem do irmão e assumiu a área de comunicação do governo de Minas e a interlocução com empresários nas duas gestões do tucano. Sua atuação a fez temida e respeitada por aliados, e também a colocou em rota de colisão com os opositores de Aécio, que a acusavam de praticar censura ao pressionar veículos de comunicação críticos à gestão do então governador.

A denúncia de BJ é grave e atinge em cheio a imagem de um político que, até outro dia, firmava-se como a principal liderança da oposição ao governo do PT e, com o impeachment de Dilma, tornou-se figura expressiva, embora atuando nos bastidores, no governo de Michel Temer. Por meio de sua assessoria, Aécio Neves classificou a acusação de “falsa e absurda”. E acrescentou: “Se confirmadas tais declarações — vazadas ilegalmente —, elas precisam necessariamente de comprovação, dada a gravidade de seu conteúdo”. O senador ainda reclama de que se trata de uma acusação da qual nem tem como se defender, já que vem desacompanhada de detalhes, como o nome do banco ou o número da conta.

Na delação, BJ falou da conta e dos repasses, mas ainda precisa comprovar o que disse. Suas informações, no entanto, já foram homologadas pelo Supremo Tribunal Federal, o que indica que os investigadores entenderam que precisam ser levadas a sério. Do contrário, teriam sido desprezadas.

BJ era amigo de Aécio e frequentemente era visto jantando com o senador no Rio. Na hierarquia da Odebrecht, já foi o terceiro homem mais importante, tendo presidido a divisão de Infraestrutura da empreiteira. Depois de Marcelo Odebrecht, presidente e herdeiro da empresa, BJ é o principal delator entre os 78 que fecharam acordo com a Procuradoria-Geral da República. Com seu status dentro da empresa, BJ tornou-se uma espécie de diretor informal do já famoso “departamento da propina” da Odebrecht, cuja existência só foi descoberta depois que a PF achou, em seu escritório, planilhas com valores associados ao nome de mais de 200 políticos. Portanto, BJ ocupou cargos e exerceu funções que lhe davam acesso a informações relevantes e sigilosas dentro da empresa. Essa é uma das razões pelas quais o Ministério Público considerou sério o bastante o conjunto da delação do executivo. BJ, que já esteve preso, hoje se encontra em liberdade.

Se BJ comprovar a denúncia em sua delação, a Lava-Jato terá disparado um petardo letal contra o senador tucano, que é um dos políticos mais citados nas denúncias da Odebrecht. Dos 83 inquéritos que a Procuradoria-Geral da República pediu para abrir com base nas delações da empreiteira, seis se referem a Aécio. De acordo com o conteúdo das delações, ele é também o político que recebeu uma das mais altas somas da construtora, 70 milhões de reais, considerando-se os pagamentos de 2003 até agora. Esse dinheiro não apareceu nas contas de campanha de Aécio declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral. (Oficialmente, nos registros do TSE, Aécio recebeu 15,9 milhões de reais da Odebrecht em 2014. Nos anos anteriores, não é possível levantar o montante, já que a lei permitia que as doações fossem feitas aos diretórios ligados ao candidato.)

Do total de 70 milhões, 50 milhões foram repassados ao senador depois que a Odebrecht venceu o leilão para a construção da hidrelétrica de Santo Antônio, em dezembro de 2007. A afirmação, que já veio a público, foi feita pelo ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht em depoimento ao TSE, na ação que julga a chapa Dilma-Temer. Além da Odebrecht, fizeram parte do consórcio vencedor da obra fundos de investimento, a Cemig e Furnas. Em sua delação, antecipada pelo jornal Folha de S.Paulo no mês passado e confirmada por VEJA, Marcelo Odebrecht declarou que decidiu repassar os 50 milhões ao tucano porque queria ter uma boa relação com as duas sócias da usina sobre as quais Aécio tinha influência — a Cemig, estatal mineira que na época era controlada pelo tucano, e Furnas.
A usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia

Não foi a primeira vez que o senador tucano foi apontado como destinatário de propina. Em fevereiro, a Folha publicou que BJ disse, em delação, ter se reunido pessoalmente com Aécio ao menos uma vez para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa. O objetivo era favorecer as grandes empreiteiras na construção do centro, que custou mais de 2 bilhões de reais. No encontro relatado, o executivo diz que o senador mineiro mandou as construtoras Andrade Gutierrez, OAS e Queiroz Galvão combinar os detalhes do esquema com Oswaldo Borges da Costa Filho, o Oswaldinho, diretor da Cemig e apontado como seu tesoureiro informal. Em troca, afirmou o delator, ficou acertada uma propina de 2,5% a 3% do valor da obra. Segundo o executivo, o próprio Aécio decidiu quais empresas participariam da empreitada, liderada pela Odebrecht. Na época, Aécio repudiou o teor do relato de BJ e defendeu o fim do sigilo sobre as delações, afirmando ser “impossível responder a especulações, interpretações ou informações intencionalmente vazadas por fontes não identificadas”.

Em nota a VEJA, Aécio reafirmou que é um “defensor da liberação imediata e total do conteúdo das delações. Com isso, os acusados poderão saber exatamente do que precisam se defender”. Diz o mesmo sobre a acusação de BJ a respeito dos depósitos em conta de Nova York controlada por Andrea. A assessoria do senador declarou que, “se feita, a afirmação sobre a existência de uma conta em Nova York controlada pela irmã do senador Aécio Neves obriga que o delator apresente dados da mesma. Ao fazê-­lo, ficarão comprovadas a mentira e a covardia da falsa acusação”. O tucano disse que “jamais manteve com o delator qualquer abordagem ilícita”.

Em nota, sua irmã afirmou que a declaração de BJ “é falsa e covarde” e a deixa “impotente nesse momento, refém de uma afirmação mentirosa”: “É lamentável que afirmações dessa gravidade sejam divulgadas sem que seja checada antes a sua veracidade. Assim que forem apresentados os dados que permitam identificar o banco e a conta, vou cuidar pessoalmente de provar a falsidade da acusação. Infelizmente, quando isso ocorrer, a publicação do desmentido não será capaz de reparar os danos causados pela divulgação da falsa informação. Tristes tempos esses em que palavras de acusação, mesmo quando facilmente comprovadas suas falsidades, valem mais que a verdade”. Consultada, a Odebrecht limitou-se a informar que prefere não se manifestar sobre a delação de BJ.

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Barafunda no ninho
Alckmin, Aécio e Serra: na boca dos delatores

A Lava-Jato virou mais um fator de instabilidade no já bastante instável ninho tucano. Com as delações dos executivos da Odebrecht, os três principais quadros do PSDB para 2018 estão vendo suas pretensões políticas ser postas em xeque. O primeiro afetado pelas revelações da empreiteira foi o senador paulista José Serra. Ele foi acusado pelo ex-­CEO da Odebrecht Pedro Novis de ter recebido 23 milhões de reais do departamento da propina da construtora em contas na Suíça, o que ele nega.

A acusação veio a público em agosto. Com seu espaço no partido reduzido, Serra viu-se obrigado a apoiar a manobra de Aécio Neves para se manter na presidência do PSDB até as vésperas da eleição do ano que vem. Com isso, o mineiro pretendia garantir o controle da forma como se dará a escolha do candidato presidencial — nas últimas eleições, seu nome foi escolhido por aclamação. Em resposta, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, passou a defender publicamente a convocação de prévias no partido. Alckmin é o menos afetado dos três grão-tucanos citados nas delações da Odebrecht e sabe que isso pode contar a seu favor no ano que vem. Executivos da empreiteira afirmaram que não chegaram a discutir o pagamento de vantagens indevidas diretamente com ele. Os repasses teriam sido negociados com pessoas próximas a Alckmin. O governador também nega qualquer recebimento ilegal da empreiteira.

As delações da Odebrecht, somadas à guerra nos bastidores do partido, já ceifaram boa parte dos efeitos do sucesso eleitoral da legenda no ano passado, quando o PSDB interrompeu um ciclo de queda de representatividade que durou dezesseis anos e conquistou 98 novos municípios. A supersafra incluiu a prefeitura de São Paulo, hoje ocupada pelo empresário João Doria — por exclusão, cada vez mais próximo de ser o nome a representar os tucanos em 2018.

E O LULA, HEIN?!?!?!



Conforme declarou há três semanas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acorda todos os dias achando que será preso. Se vai ser mesmo, e quando, ninguém pode dizer. Mas, caso isso aconteça, já é certo que nem ele nem o PT serão pegos de calças curtas. A defesa e o partido do ex-presidente montaram um roteiro pormenorizado para os minutos que se seguirem à entrada da Polícia Federal na cobertura de São Bernardo do Campo onde mora o petista. Depois de ouvir sete fontes, VEJA desvendou os detalhes já definidos da operação. O plano de contingência do PT para o “Dia D” de Lula terá início em um grupo de WhatsApp batizado de “Tamoios”. O nome é uma referência à aliança formada por povos indígenas brasileiros no século XVI. O grupo Tamoios de WhatsApp reúne cerca de quarenta pessoas, incluindo o presidente do PT, Rui Falcão, senadores do partido e os presidentes da CUT e do MST. Seu objetivo: dar uma demonstração de força do PT e conferir a Lula a aura de “injustiçado”.