domingo, 6 de agosto de 2017

SENTENÇA QUE CONDENOU LULA ENTRA PARA A HISTÓRIA



Thompson Flores compara a decisão de Moro com a do caso Herzog: "É tecnicamente irrepreensível"



O Estado de S. Paulo - Luiz Maklouf Carvalho

 O presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, disse, em entrevista ao Estado, que a sentença em que o juiz Sérgio Moro condenou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a nove anos e seis meses de prisão, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, “é tecnicamente irrepreensível, fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos e vai entrar para a história do Brasil”.

Ele comparou a decisão de Sérgio Moro à sentença que o juiz Márcio Moraes proferiu no caso Vladimir Herzog - em outubro de 1978, quando condenou a União pela prisão, tortura e morte do jornalista. “Tal como aquela, não tem erudição e faz um exame irrepreensível da prova dos autos”, disse. O TRF-4 é a segunda instância de julgamento dos recursos da operação Lava Jato. Até a última quinta-feira, em três anos e cinco meses de Lava Jato, 741 processos já haviam chegado lá, 635 dos quais baixados. Entre os que estão na iminência de dar entrada está a apelação da defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva contra a sentença de Sérgio Moro, a ser julgada pela Oitava Turma, composta por três desembargadores.

O presidente do TRF-4 recebeu o Estado na tarde da última segunda-feira, 31, em seu amplo gabinete no nono andar da sede do Tribunal, um imponente conjunto de dois prédios interligados no bairro Praia de Belas, região central de Porto Alegre, com vista para a orla do rio Guaíba. Ali trabalham 27 desembargadores e 970 funcionários. O orçamento para este ano é de R$ 5 bilhões. É o Tribunal mais informatizado do país: 93,8% (893.573) dos processos que lá tramitam são eletrônicos,apenas 6,92% (66.423) ainda estão no papel.

“É grande a honra e pesada e tarefa”, disse Thompson Flores ao assumir a presidência, com 54 anos, ainda solteiro (“mas não perdi as esperanças”), no recente 23 de junho. Cercado de livros por todos os lados – são cinco mil deles, para onde se olhe, fora os 25 mil que guarda em casa – o desembargador carrega, feliz, o peso da história familiar.

Teve coronel trisavô que matou e morreu em Canudos – está em “Os Sertões” -, conviveu com o avô quase homônimo que foi ministro do Supremo Tribunal Federal, indicado pelo general-presidente Costa e Silva nos idos pesados de 1968. O avô já se foi, em 2001, mas tem a presença garantida quando se conversa com o neto (que também almeja o Supremo, por que não?) – seja em citações frequentes, seja nas pinturas que adornam as paredes, três dezenas delas, do avô e de muitos outros personagens históricos.

É um hobby do desembargador – como o são a leitura (três obras por vez), os sete idiomas em que fala e lê (incluindo o latim), o tênis assíduo, e a combinação da gravata com o lenço no bolso do terno. São tantos livros, e tantas pinturas, que ele sequer pôde mudar-se para as instalações próprias da presidência. O Tribunal concordou que ficasse onde sempre esteve – poupando a todos da maçada que seria a mudança. Os livros, a maioria jurídicos, merecem que se registre a excelência, com um exemplo só: a coleção completa da Harvad Law Review, desde o primeiro volume, de 1887-1888. Ou dois exemplos, que seja: a mesa pequena em que o desembargador trabalha exibe uma trincheira compacta de 82 volumes de obras clássicas e ou raras, todas elas estrangeiras. Ele quase desaparece atrás das lombadas.

Na entrevista, além de avaliar tecnicamente a sentença do juiz Sérgio Moro que condenou o ex-presidente Lula, o desembargador discorreu sobre todas as possibilidades que podem ocorrer no julgamento da apelação da defesa: não só confirmação ou reforma da sentença, mas sua anulação, seja pela Oitava Turma do Tribunal, seja pelos tribunais superiores (STF e STJ), em relação à segunda instância. “Será um julgamento isento, discreto, com a imparcialidade que requer”, disse. “A justiça não pode e não deve estar a serviço de ideologias políticas, de paixões partidárias, e, inclusive, de paixões populares”. Sobre a operação Lava Jato, disse: “Ela mostrou que O Brasil chegou a um nível inaceitável de corrupção. Mas não cabe ao Poder Judiciário regenerar moralmente uma nação”.

  

ESTADO – TÃO LOGO SAIU A SENTENÇA EM QUE O JUIZ SÉRGIO MORO CONDENOU O EX-PRESIDENTE LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA A NOVE ANOS E SEIS MESES DE PRISÃO O SR. DISSE QUE ERA UMA SENTENÇA “BEM PREPARADA”...

E, acrescento agora, tecnicamente irrepreensível. Pode-se gostar dela, ou não. Aqueles que não gostarem e por ela se sentiram atingidos tem os recursos próprios para se insurgir.

O Sr. GOSTOU?

Gostei. Isso eu não vou negar.

SE O Sr. FOSSE DA OITAVA TURMA – A QUE VAI JULGAR A APELAÇÃO DO EX-PRESIDENTE – CONFIRMARIA A SENTENÇA?

Isso eu não poderia dizer, porque não li a prova dos autos. Mas o juiz Moro fez exame minucioso e irretocável da prova dos autos. Eu comparo a importância dessa sentença para a história do Brasil à sentença que o juiz Márcio Moraes proferiu no caso Herzog, sem nenhuma comparação com o momento político. É uma sentença que vai entrar para a história do Brasil. E não quero fazer nenhuma conotação de apologia. Estou fazendo um exame objetivo.

POR QUE A COMPARAÇÃO?

É uma sentença que não se preocupou com a erudição – como a sentença do juiz Márcio Moraes, lá atrás, também não se preocupou. É um exame irrepreensível da prova dos autos.  É uma sentença que ninguém passa indiferente por ela.

NÃO É UMA FORMA DE DIZER QUE O Sr. A CONFIRMARIA, SE FOSSE DA OITAVA TURMA?

Eu digo, em tese: se eu fosse integrante da Oitava Turma, e se estivesse, depois do exame dos autos, convencido de que a sentença foi justa, eu teria muita tranquilidade em confirmar.

E SE TIVESSE QUE DECIDIR SÓ EM CIMA DAS 218 PÁGINAS QUE A SENTENÇA TEM, CONFIRMARIA OU NÃO.

É muito difícil eu responder assim. Eu teria que ver os autos, os argumentos da apelação. Mas as questões preliminares, por exemplo, a suspeição do magistrado, as nulidades, ele respondeu muito bem.

O QUE VAI ESTAR EM DISCUSSÃO NO JULGAMENTO DA APELAÇÃO É, ESSENCIALMENTE, A QUESTÃO DA QUALIDADE DA PROVA...

Mais do que isso, a idoneidade da prova.

OU SEJA: ATÉ QUE PONTO OS INDÍCIOS E A PROVA INDIRETA VALEM COMO PROVA EFETIVAMENTE.

Volta e meia eu vejo declarações, inclusive de renomados juristas, dizendo algo como “nós só temos indícios, não temos provas”. Começa que é um equívoco, porque indícios são provas. O ministro Paulo Brossard, de saudosa memória, tem um acórdão no Supremo Tribunal Federal, em que diz exatamente isso: a prova indiciária é tão prova quanto as outras. Então, essa distinção não existe.

A QUESTÃO É, NO MÍNIMO, POLÊMICA.

É polêmica, sem dúvida. Eu sou fascinado pela prova indiciária que, insisto, é tão prova quanto as demais. Tem uma boa doutrina nesse sentido, além de julgados do Supremo Tribunal Federal. A questão doutrinária, de fundo, é se prova indiciária autoriza a conclusão condenatória.  Em tese, eu não tenho a menor dúvida. Lembro uma frase que dizia o meu saudoso avô, ministro [do Supremo] Thompson Flores: “Carlos Eduardo, você jamais poderá condenar no processo penal por presunção, mas poderá fazê-lo por indícios, por prova indiciária”.

O QUE É QUE O TRIBUNAL EXAMINA, NO ESSENCIAL, QUANDO JULGA APELAÇÕES COMO ESSA?

O Tribunal não vai fazer nova instrução, mas vai reexaminar toda a prova. A importância desse julgamento é que o que nós decidirmos aqui em matéria de fato é instância final. O Supremo e o Superior Tribunal de Justiça, em eventuais recursos lá interpostos, não vão examinar fatos, só matéria de direito. Ele podem reexaminar, por exemplo, a idoneidade da prova.

EM QUE SENTIDO?

Se determinada escuta telefônica foi válida ou não, por exemplo. Ou se a prova indireta é suficiente para a condenação. Isso é matéria de direito. Mas o conteúdo probatório, esse vai ser decidido aqui. Por isso a importância desse julgamento, seja para a defesa, seja para a acusação. 

UMA DAS DISCUSSÕES NO CASO DA SENTENÇA QUE CONDENOU O EX-PRESIDENTE LULA É ATÉ QUE PONTO PESA NA BALANÇA ELE NÃO SER PROPRIETÁRIO DO IMÓVEL.

Proprietário é o que está no registro de imóveis...

O JUIZ SÉRGIO MORO RECONHECE, NA SENTENÇA, QUE ELE NÃO É PROPRIETÁRIO – MAS ENTENDE QUE ESSE FATO NÃO TEM IMPORTÂNCIA PARA A QUALIFICAÇÃO DO CRIME DE CORRUPÇÃO PASSIVA.

Esta é uma das grandes questões jurídicas com que o Tribunal irá se debater. Se a prova indiciária é suficiente para embasar um conteúdo condenatório. À acusação incumbe demonstrar a culpa do réu. É este o principio da presunção da inocência. Esse ônus é da acusação – o ministro Celso de Mello tem preciosos julgados nesse sentido – mas isso não estabelece uma imunidade à defesa dos réus.

O Sr. É FAVORÁVEL A UMA FLEXIBILIZAÇÃO DESSE PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA – COMO DEFENDE, POR EXEMPLO, O JUIZ SÉRGIO MORO? NÃO É UMA COISA PERIGOSA?

Eu concordo. Isso eu não defendo. Eu acho que isso é uma garantia da humanidade. Eu não iria até esse ponto. Há vários méritos, por exemplo, nas propostas da sociedade civil contra a corrupção, aquelas encampadas pelo Ministério Público. Agora, é um absurdo, por exemplo, admitir-se a validade de prova ilícita. Eu não iria até aí. Se nós formos a esse ponto, nós teríamos que admitir escutas ilícitas, e a própria tortura.

OUTRA QUESTÃO POLÊMICA DA SENTENÇA QUE CONDENOU O EX-PRESIDENTE LULA É SE DEVE OU NÃO DEVE HAVER VÍNCULO DIRETO ENTRE AS DESPESAS DA REFORMA DO APARTAMENTO TRÍPLEX E OS RECURSOS QUE A EMPREITEIRA OAS RECEBEU DA PETROBRAS. O JUIZ SÉRGIO MORO DEFENDE, POR EXEMPLO, QUE NÃO HÁ NECESSIDADE DE ESPECIFICAR O VÍNCULO.

Essa é outra grande questão com a qual o Tribunal irá se deparar.  O delito de corrupção passiva, e isso o Supremo decidiu desde o caso Collor, diz que precisa haver um ato de ofício que justifique a conduta praticada e o benefício recebido. Eu diria, e até já escrevi sobre isso, e por isso falo à vontade, que este ato de ofício, a meu juízo, precisa ser provado. Essa vai ser a grande questão. Comprovar o elo entre esse dinheiro supostamente mal havido e o apartamento e outros benefícios. Para a configuração desse crime de corrupção passiva essa ligação certamente terá que ser examinada. É a jurisprudência do STF.

EXISTE UMA TENSÃO EXPOSTA, NO DIA A DIA, ENTRE O JUIZ SÉRGIO MORO E A DEFESA DO EX-PRESIDENTE LULA. VOLTA E MEIA TERÇAM ARMAS, ATIRAM FARPAS. ISSO É BOM?

Da parte do juiz eu não notei agressividade, pelo contrário. Ele foi muito cordato quando interrogou o ex-presidente, até na abertura, quando disse que não cogitava da prisão dele, como se poderia pensar. Deixou o ex-presidente bem à vontade, foi cordial, com um outro momento mais tenso, o que faz parte. Agora, o advogado tem mais liberdade do que o juiz. O juiz tem que dosar, até a sua resposta, para, aí sim, não perder a imparcialidade. Se perder, ele perde a condição de julgar, e eu não vejo isso até agora.

NÃO ACHA QUE PODE VIRAR UMA QUESTÃO PESSOAL?

A defesa foi exaltada, em algumas situações, mas o juiz Moro se comportou, a meu juízo, de forma exemplar. Eu não vejo esse perigo.  Ele é juiz há muito tempo, muito experiente.

O Sr. O CONHECE BEM?

Não. Eu o conheço muito pouco.  Nos encontramos em solenidades do Tribunal, umas duas ou três vezes.

O Sr. TEM UMA OPINIÃO SOBRE ELE?

É um juiz muito preparado, estudioso, íntegro, honesto, cujo trabalho já está tendo um reconhecimento, inclusive internacional. É um homem que está cumprindo a sua missão.




PITACO DO BLOG CHUMBO GROSSO - Como é do conhecimento de toda nação brasileira, Lula tem um ROSÁRIO de denúncias(JÁ É HEXA), como têm Dilma, Temer, Aécio, Renan, Jucá e muitos outros. Moro, Valisney, Bredas e outros juízes só cumprem mesmo a lei, aplicando da melhor forma o Direito. Aliás, os juízes Bredas, Moro e Valisney são os nossos três mosqueteiros que irão impedir a proliferação da bandidagem da extrema-esquerda golpista e ladrona. Para se ter ideia da integridade moral  do juiz Sérgio Moro, eis o que disse ainda mais, o presidente do TRF-4(RS), desembargador Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz, ao avaliá-lo, hoje, no jornal O ESTADÃO:  "É um juiz muito preparado, estudioso, íntegro, honesto, cujo trabalho já está tendo um reconhecimento, até mesmo internacional. É um homem que está cumprindo a sua missão.". É por essas e outras, creio eu, que todos os 11 inquéritos que ainda faltam as sentenças por parte de Moro  serão históricas. No sentido do que  reza a lei e, muito  bem fundamentadas(para se ter ideia,  só o veredicto do hexa teve 286 páginas) . Sérgio Moro já está na história do país, daqui a 100 anos saberão quem ele foi...


P.S. : - A propósito, será um dos maiores espetáculos da terra com transmissão ao vivo até mesmo para marte e lua. Lula sendo conduzido pelo JAPA até a viatura da PF sob os apupos do povo que foi roubado e espoliado, milhões de estouros de rojões e pipocar de champanhes. A petezada bandida  se contorcendo e esperneando por tudo quanto é canto. Vai haver muito choro e ranger de dentes no chiqueiro da porcalhada petralha...


FRAGILIZADA E SEM PIXULECO OU MORTADELA, À ESQUÁLIDA OPOSIÇÃO PETISTA, NÃO DERRUBA NEM SÍNDICO DE PRÉDIO





J. R. Guzzo

 Onde teria ido parar, a esta altura dos acontecimentos, a imensa questão da saída ou da permanência de Michel Temer na Presidência da República, esse drama de quinta categoria em que todos representaram o papel de palhaços, a começar pelo público pagante? Tirar Temer para colocar em seu emprego o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, ou algum outro gigante da política nacional, sempre foi uma das piadas mais prodigiosas que a vida pública brasileira já conseguiu produzir em toda a sua história de país subdesenvolvido. Ninguém, em nenhum momento, conseguiu encontrar um único fato, por mais miserável que fosse, capaz de mostrar alguma diferença para melhor entre o cidadão que queriam enfiar no Palácio do Planalto e o cidadão que queriam despejar de lá. RODRIGO MAIA? NESSE CASO, POR QUE NÃO O EMPRESÁRIO JOESLEY BATISTA? EM TERMOS DE QUALIFICAÇÃO, SERIA TUDO A MESMA COISA; aliás, seria a mesma coisa com praticamente qualquer homem público brasileiro hoje em atividade. Muito se falou, também, sobre “eleições diretas” e outros disparates. Mas no mundo real nunca aconteceu nada. Lula, o PT e a “esquerda” gritam “fora Temer” em nome da honestidade ─ e como alguém poderia levar a sério uma coisa dessas? É uma oposição subnutrida em números, sem gente nas ruas e em estado de coma moral. Não derruba nem um síndico de prédio.

 Tem sido um sinal de realismo, a propósito, que todo o monumental terremoto armado em torno dessa história esteja preso até agora no cercadinho dos políticos, comunicadores e elites em geral ─ mais, naturalmente, as multidões de parasitas que se organizam para tirar dinheiro do Erário. NA POPULAÇÃO, AO LONGO DESSE TEMPO TODO, A ÚNICA REAÇÃO NOTADA É UMA QUASE COMPLETA INDIFERENÇA ─ OU O DESPREZO POR TODOS OS ENVOLVIDOS. É O QUE MERECEM. O assunto todo, no momento, só sobrevive através de espasmos de cachorro atropelado, como descreveria Nelson Rodrigues ─ o procurador vai fazer mais isso, o procurador vai tentar mais aquilo, o relator vai, o delator não vai, a presidenta do STF vai e não vai. E a comissão? E o plenário? E o quórum? A mídia acha tudo isso importantíssimo. Os cientistas políticos garantem o fim do mundo a cada quinze minutos. Michel Temer, enfim, continua sendo o ex-presidente que já é há tempos. Paga pelo que fez. Há quinze anos, ou sabe-se lá quantos, vive para servir o ex-presidente Lula e o PT, e para servir-se de ambos. Os grandes amigos de ontem e inimigos de hoje lhe deram de presente o cargo de vice. Em compensação, deram-lhe também o desastre que vinham construindo desde que assumiram o comando do país, em 2003 ─ O GOVERNO TEMER, NO FIM DAS CONTAS, É APENAS A SEGUNDA PARTE DA CALAMIDADE QUE FOI O GOVERNO DILMA ROUSSEFF. A VIDA É DURA. NÃO DÁ PARA SER VICE DE DILMA E ACABAR BEM.

 O fato é que, com Temer, Maia ou o rei da Bessarábia, não há a mais remota possibilidade de melhorar coisa nenhuma em qualquer dos 100 principais problemas NA VIDA PRÁTICA DO CIDADÃO deste país. Como seria possível, se as disputas na política brasileira continuam sendo apenas uma briga interna de quadrilhas cujo propósito comum é saquear o Tesouro Nacional? Brigam unicamente porque querem uma parte maior que a parte do inimigo. A aprovação das reformas propostas pelo governo tem sido um avanço, sem dúvida, e a administração da economia passou a fazer sentido após treze anos e tanto de demagogia, rapina e demência. Mas isso tudo, até agora e sabe-se lá por quanto tempo ainda, é muito mais uma tentativa de sobrevivência do que um progresso real, consistente e duradouro. No dia a dia, e no mundo das coisas como elas são, o que se tem é a guerra pelo controle dos pontos de tráfico ─ a exemplo do que acontece nos morros, onde os bandidos brigam pelos pontos de droga, os políticos brigam pelos pontos de poder. No momento, aliás, muitos brigam apenas para sobreviver. Enquanto se falava no fim de Temer, a realidade trouxe a primeira sentença de condenação para Lula; FICAR FORA DA CADEIA, DESDE ENTÃO, PASSOU A SER O SEU OBJETIVO MÁXIMO, E PARA O PT, QUE NÃO VIVE SEM ELE, TORNOU-SE UMA QUESTÃO DE VIDA OU MORTE. Se ficarem vivos, seu “projeto político” mais precioso será lutar pelo “financiamento público” das campanhas eleitorais, talvez o maior ato de escroqueria já tentado na história do Brasil. Aí se poderá ver, precisamente, o buraco em que estamos: OS MAIORES ALIADOS DO PT NESSE GOLPE SÃO SEUS MAIORES INIMIGOS. É onde todos, do extremo Lula ao extremo Temer, vão se encontrar: no“fundo partidário”. O resto é conversa. (Via Augusto Nunes).


sábado, 5 de agosto de 2017

O FURACÃO DORIA


MAIOR REVELAÇÃO DA POLÍTICA BRASILEIRA DOS ÚLTIMOS TEMPOS, O PREFEITO DE SÃO PAULO DEIXA PARA TRÁS OS VELHOS HÁBITOS DO PODER, FOCA NA GESTÃO DE RESULTADOS, PASSA A SER REVERENCIADO DENTRO E FORA DO BRASIL E SE CONSOLIDA COMO O ANTI-LULA. SUA TRAJETÓRIA ASCENDENTE NOS ÍNDICES DE PREFERÊNCIA DO ELEITORADO O CREDENCIA A QUALQUER COISA EM 2018

Carlos José Marques e Germano Oliveira         


Aconteceu de novo há alguns dias. João Doria, O POLÍTICO SENSAÇÃO DOS ÚLTIMOS TEMPOS, percorreu a passos milimétricos o longo circuito de embarque do aeroporto de São Paulo para mais uma viagem internacional. Desta vez à China, onde estaria com financistas, dirigentes estatais, prefeitos de províncias como Xangai (também conhecida como Shanghai) e empresários. Cena inusual: o alcaide de São Paulo teve que parar a cada pequeno avanço, tamanho o número de cumprimentos a que era submetido. Vários ali queriam parabenizá-lo, ROGAR SEU NOME A CANDIDATO PRESIDENCIAL, INCENTIVÁ-LO À DISPUTA. A cena se repetiu no avião. Na escala em Dubai. E mesmo do outro lado do mundo, em terras orientais, nas quais foi recebido com tapete vermelho e faixas de boas vindas, tal qual um chefe de Estado. Desde que assumiu, com rotineira frequência, Doria é ovacionado por onde passa, enquanto seus pares ouvem apupos. Tiram selfies com ele, o beijam, o abraçam. Doria foi convertido em um verdadeiro avatar da sorte na administração pública, UM POP-STAR DA POLÍTICA, ramo de atuação que anda mais em baixa que o de ladrão de galinhas. Aos olhos dos brasileiros ele tem se diferenciado por exibir um novo jeito de governar – mais em sintonia com os anseios de MORALIDADE, EFICIÊNCIA E SERIEDADE almejados pela população nos dias de hoje. Em poucos meses de mandato na prefeitura da maior cidade brasileira, Doria virou o jogo. Coleciona epítetos de bom gestor, reconhecimentos, apoios. Segue, como nenhum outro, em alta para as eleições de 2018. EM TODAS AS PESQUISAS É APONTADO COMO O DE MENOR REJEIÇÃO. Uma espécie de sobrevivente designado em um ambiente infestado de candidatos corruptos, parlamentares encrencados e líderes metidos em esquemas escabrosos. Dentro do próprio ninho tucano peessedebistas de carteirinha admitem não ter como frear a onda Doria.



E seria de fato um tremendo erro. O empresário-apresentador, que entrou no Executivo pela porta da frente e projetou-se como um outsider das corriolas fisiológicas, transformou-se numa ALTERNATIVA VIÁVEL fora das velhas e desgastadas panelas de conchavos dos políticos de sempre. Seus potenciais adversários dentro do PSDB, o senador Aécio Neves, o governador Geraldo Alckmin e o ex-ministro José Serra foram ou estão sendo abatidos a golpes de escândalos, que vão de desvios em obras do metrô do Estado a participação nas tramoias da Lava Jato. Alckmin, criador da criatura, viu seu pupilo ir muito além dele na preferência popular – embora tenha tido seu nome testado em escrutínio presidencial, com propaganda nacional intensa para se eleger. Sem sucesso. Doria hoje, antes de entrar em campo, já se posiciona à frente de Aécio e Alckmin nas pesquisas e só uma disposição insana de repetir propostas do passado levaria a esquadra tucana a desconsiderar esse cenário. Analistas e cientistas políticos concordam sobre o diagnóstico: as ambições de cada um no PSDB não podem – ou não deveriam – se sobrepor às chances efetivas de levar a disputa de 2018 com um candidato que mostrou grande poder de convencimento nas urnas e que galgou prestígio de maneira acelerada em vários segmentos. “SE DORIA CHEGAR NO COMEÇO DO ANO QUE VEM COM 20% E ALCKMIN SE MANTIVER NOS ATUAIS 7%, QUERO VER QUEM NO PARTIDO VAI ESCOLHER O GOVERNADOR”, diz um dirigente tucano. Nesse contexto, seria na verdade um ato de grandeza política do governador paulista o recuo de suas pretensões, cedendo espaço e abençoando a ascensão do apadrinhado. A data para o gesto, inclusive, já está definida. Em conversa na última semana, o senador Tasso Jereissati (CE) acertou com Alckmin que o presidenciável do PSDB será escolhido até o mês de dezembro. TUDO CONVERGE PARA DORIA. Em evento com empresários na quinta-feira 3 em Curitiba, o prefeito de São Paulo foi paparicado como se já fosse o candidato a presidente do partido.



REFUNDAÇÃO

Os arquirrivais Aécio e Serra aquiesceram e sinalizam simpatia pela escolha do novo fenômeno como a melhor opção. Tudo em prol de um projeto ideológico e do partido, que teve sua imagem amarrotada e hoje é considerado tão permissível a falcatruas como os demais. Para o PSDB, que agora tem DORIA COMO ESTRELA FULGURANTE, é vital a retomada do poder para recuperar o prestígio que deixou escapar entre os dedos, de maneira seguida, nas quatro últimas eleições presidenciais. Em carta divulgada na última semana, economistas ligados ao PSDB, como Edmar Bacha, Gustavo Franco e Elena Landau, clamaram por uma espécie de “REFUNDAÇÃO DO PARTIDO”. Se a ideia é retomar os princípios que levaram à criação da legenda, hoje quem melhor os personifica é Doria, na avaliação de tucanos emplumados. “Alckmin, Aécio ou Serra perderam o discurso da ética. Só vai ganhar quem não estiver envolvido nessas confusões”, concorda a diretora do Ibope, Márcia Cavallari.

Na oposição um pacto destinado a poupar Alckmin de ataques, fechando temporariamente os olhos às denúncias que o cercam, foi acertado. A avaliação predominante entre os quadros do PT, PSOL, Rede e agregados é que Alckmin constitui uma opção mais fácil de ser abatida, uma vez que ele estaria tão comprometido quanto os demais em acusações de irregularidade, o que lhe tira o discurso da ética. DORIA, POR SUA VEZ, NÃO POSSUI TELHADO DE VIDRO NESSA SEARA E É TEMIDO POR DECLARAÇÕES BELICOSAS E DE INDIGNAÇÃO QUE LANÇA CONTRA OS MALFEITOS DE SEUS RIVAIS. Em uma reunião recente da cúpula petista, a trégua de ataques ao nome Alckmin e o temor sobre a ameaça Doria foram discutidas. Ali ficou acertada a estratégia: BLINDAR O PRIMEIRO E DESACREDITAR O SEGUNDO.

Por declarações, atitudes e resultados, Doria já se converteu, na essência e na prática, no anti-Lula. Representa a figura que se opõe a todos os equívocos e hábitos abomináveis de administração que deitaram raízes no País, especialmente na era de mando do cacique petista. Moldou um conceito de atuação e discurso com foco em Lula, como adversário preferencial, praticamente quebrando paradigmas. “EU SOU O ANTI-LULA POR FORMAÇÃO. E PARA ISSO NÃO PRECISO SER CANDIDATO EM 2018. SER CONTRA LULA É SER A FAVOR DO BRASIL”, disse João Doria à ISTOÉ, em seu gabinete na prefeitura de São Paulo. Até então, boa parte da classe política evitava confrontar aquele que era tido como mito entre seus pares. Ninguém ousava lançar farpas sobre ele. Doria, ao contrário, não se intimidou. Desde os seus primeiros movimentos, ainda em campanha, chamava Lula de “VAGABUNDO”.

Apontava o dedo o acusando de ter destruído o País. Alertou, em várias ocasiões, para as manobras matreiras e nada republicanas do líder petista. Quando recebeu de Lula o troco, com a alegação de nunca ter trabalhado, Doria não se fez de rogado. Voltou à ofensiva. Mostrou a carteira de trabalho com vários registros e ainda tachou o rival de “COVARDE” e “MENTIROSO”. “O LULA TRABALHOU OITO ANOS NA VIDA E TEM APOSENTADORIA, TRÍPLEX, FAZENDINHA, SITIOZINHO E É POR ISSO QUE CADA VEZ QUE VEJO ESSE SEM VERGONHA FALAR MENTIRA NA TELEVISÃO EU PONHO MAIS UMA HORA DE TRABALHO E DEDICO A ELE”.

O tom ácido de suas falas muitas vezes vem acompanhado de fina ironia. “CURITIBA É APRAZÍVEL. OS PETISTAS SABEM DISSO. FREQUENTAM COM CONSTÂNCIA E ALGUNS ESTABELECERAM ENDEREÇO FIXO POR LÁ”, tripudiou em certa ocasião, fazendo referência aos presos da Lava Jato. Disse, inclusive, que visitaria Lula em Curitiba. Sobre os resultados alcançados pelo governo petista, Doria fez troça: “Durante os 13 anos de Lula e Dilma, eles só conseguiram fazer duas reformas: a do TRÍPLEX e a do sítio de ATIBAIA”. Por convicção ou faro político, Doria acertou em cheio no seu alvo. Ele não anseia a prisão de Lula. Quer derrotá-lo nas urnas. Diz que não se trata de benevolência, mas de pragmatismo. No seu entender, LULA PRECISA SER JULGADO PRIMEIRO PELO POVO PARA DEPOIS SOFRER AS CONDENAÇÕES DA JUSTIÇA. Do contrário vira vítima e vai tentar mobilizar a sociedade com a velha ladainha do golpe. É munido de sarcasmo que Doria apela: “DEIXEM LULA CONCORRER E SER DERROTADO. É ASSIM QUE ELE TEM DE ENTRAR PARA A HISTORIA”. Na sua metralhadora giratória, não poupa ninguém. Outro dia foi o ex-ministro, Ciro Gomes, do PDT, também presidenciável, quem experimentou o poder de sua ira. Ao ser chamado de “farsante” respondeu dizendo que o cearense estava com a saúde mental abalada. Nenhum ataque fica sem revide. Outro dia, durante discurso em um quase comício, ouviu um manifestante chamá-lo de “golpista”. Indignado, mandou o rapaz procurar a turma em Curitiba. “GOLPISTA É QUEM ROUBA COMO OS PETISTAS”, esbravejou.

A virulência de seus rompantes agrada e mobiliza adeptos. Doria consegue, com essa postura, verbalizar muito da indignação que prevalece entre os brasileiros. Daí, talvez, ele galvanizar as atenções de hordas de eleitores nas mais recônditas localidades do País. Já entrou para os anais as condecorações, comendas e chaves como Cidadão Honorário que recebeu de ao menos oito capitais ao longo deste ano, mostrando que sua popularidade ultrapassou em muito as cercanias paulistas. Nesta segunda-feira 7, inclusive, o tucano receberá o título em Salvador e, no próximo dia 18, em Fortaleza. Enquanto perdura a crise, Doria vai angariando projeção nacional na base da eficiência. Seu conceito de “PREFEITAR” virou “benchmarking”. Na prática, muitos políticos aspirantes ao poder, em qualquer nível, passaram a mirar o modelo Doria, a copiar seu estilo e a colar na sua imagem. Estão indo às ruas de pá e enxada para mostrar serviço, incorporaram a ideia da privatização em escala e do saneamento nas contas públicas. Mandam mensagens e telefonam de várias partes do País. Querem entender a fórmula. No gabinete do prefeito, diariamente, são registradas solicitações de dicas e informações vindas de municípios do Amapá, Piauí, Pará, Rondônia, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e Paraná, em grande quantidade.



Desde criança, Doria acompanhava o pai João Doria (ao lado) em seu local de trabalho, uma agência de publicidade. A convivência dos dois precisou ser interrompida por quase dez anos porque o pai, então deputado federal, foi forçado a se exilar em Paris em razão do golpe militar no Brasil, contra o qual se rebelou. O pai morreu em 2000. Outra inspiração para Doria foi o ex-governador Mário Covas, falecido em 2001. Covas é seu modelo de político honesto e trabalhador. O entorno mais próximo do prefeito também está empolgado com o seu modo de comandar. “OS VEREADORES, POR EXEMPLO, ESTÃO CONTAGIADOS”, diz a parlamentar Rute Costa, do PSD. “SEGUIR ELE PEGA BEM”, endossa o peemedebista Ricardo Nunes. O empresário Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, a segunda maior rede de moda do País, acha que a candidatura de João Doria a presidente em 2018 seria não apenas “MUITO PLAUSÍVEL” como REPRESENTARIA “A MELHOR COISA QUE PODERIA ACONTECER AO BRASIL”. Doria parece ser de fato uma figura capaz de arrebatar ânimos. Em várias frentes. Inclusive na religiosa. Católicos, espíritas, umbandistas e, em número significativo, evangélicos. Quatro grandes líderes do segmento já declinaram apoio a ele. Pastores como Silas Malafaia e Valdemiro Santiago apontaram o tucano como a solução para o País. “Faria um bem danado a nós”, afirma Malafaia. “Tiro o chapéu de vaqueiro (sua marca registrada) para o católico Doria. Ele é exatamente o que o Brasil e o mundo precisam”, reforçou Santiago, meses atrás, durante ato da Igreja Mundial do Poder de Deus, enquanto as câmeras de TV da congregação enquadravam fiéis às lágrimas gritando aleluia. “FUI O PRIMEIRO A PROFETIZAR QUE ELE SERIA PREFEITO E, SE FIZESSE UMA BOA ADMINISTRAÇÃO, TERIA TUDO PARA SER PRESIDENTE DESSA NAÇÃO”, reivindica Ezequiel Pires, líder da Catedral da Bênção.



LEI DO SILÊNCIO

Hábil articulista, no plano da promoção pessoal Doria se coloca como o “NOVO” contra os velhos personagens de sempre. No tabuleiro de adversários potenciais, os concorrentes à alternativa Doria seriam na verdade outsiders como ele que ainda não apresentaram as cartas. Nomes como o do ministro Henrique Meirelles, o do presidente do TSE, Gilmar Mendes, e de seu colega de magistrado, Joaquim Barbosa, estão no páreo. Há uma contradição latente entre o desejo mal velado de concorrer e a necessidade que Doria expõe como vital de ser bem aceito por quem, como ele, postula a vaga no partido. A avalanche de preferência que se coloca a seu favor curiosamente o assustou. Ele teme melindrar a relação com aliados e recentemente determinou uma espécie de lei de silêncio sobre 2018. Defende-se dizendo que não faz proselitismo. “TENHO QUE PREFEITAR”, esquiva-se. Sabe que a fogueira das vaidades nesse ambiente pode ser um veneno mortal e por precaução adotou a tática da defesa. As circunstâncias, evidentemente, são favoráveis ao seu nome. DORIA É UM CANDIDATO PRET À PORTER, FEITO SOB MEDIDA, PARA ESSA ELEIÇÃO. DEIXOU DE SER UM ENIGMA E SE PREPAROU ARDUAMENTE PARA A FAÇANHA DO GRANDE ENFRENTAMENTO CONTRA LULA.

É instigante verificar como ele veio erigindo, paulatinamente, a trajetória de arrancada. Criado e curtido em um ambiente político, onde seu pai, João Agripino da Costa Doria, foi cassado e viveu exilado por obra e repressão do regime militar, o jovem Doria mirou desde cedo a atividade pública como meta. Encaminhado pelas mãos do ex-governador Mario Covas, virou presidente da Paulistur e a seguir da Embratur. Seu sonho sempre foi resgatar a missão do pai, bruscamente interrompida, mas primeiramente amealhou sucesso na iniciativa privada, onde se firmou como grande aglutinador de relacionamentos empresariais. Criou o LIDE, com mais de três mil associados, que promove seminários e eventos arrastando participantes renomados de vários setores. Ganhou muito dinheiro, mas nunca abandonou a ambição da carreira política, tida por ele quase como uma sina. Impassível e tenaz, mesmo diante dos apelos de familiares e amigos para desistir do objetivo, seguiu em frente e entrou com o pé direito, viabilizando-se por conta própria para a prefeitura, sem escala no Legislativo.

Hoje, a despeito da sua própria ação, O NOME DELE TEM CIRCULADO CADA VEZ COM MAIS FORÇA, DE BOCA EM BOCA, ENTRE SIMPATIZANTES. O instinto de sobrevivência do PSDB falará mais alto ao final. Só não pode demorar na definição da linha a ser traçada para não ficar a reboque dos demais – especialmente da oposição. Recentemente, a repercussão sobre a propaganda partidária do PSDB, na qual os caciques falavam em renovação, não foi das melhores. Sem mostrar caras novas – nem Doria apareceu – ela teria deixado no ar dúvidas sobre o real engajamento dos comandantes nessa direção. Certamente não irão adiantar promessas que não venham acompanhadas de uma opção autenticamente fora das velhas saídas. Alckmin ainda acredita piamente que a sua candidatura tem fôlego. Movimenta-se nos bastidores para manter a postulação à Presidência.

Doria, por sua vez, avisou que não irá disputar prévias. Ele teria de ser ungido por preferência da maioria, com indicação direta da agremiação, ou nada feito. Uma posição bem distinta da que tomou quando concorreu à prefeitura. Naquele momento encarou uma queda-de-braço com figurinhas carimbadas do partido e foi escolhido. Saiu a seguir vitorioso ao romper o cinturão vermelho dos petistas nas localidades menos favorecidas enquanto arrebanhava, ao mesmo tempo, a quase totalidade dos votos nas classes A e B. CRAVOU UM FEITO LEVANDO PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA A ELEIÇÃO NA CAPITAL PAULISTA EM PRIMEIRO TURNO.

Nos salões internacionais suas conquistas têm sido tão ou mais reverenciadas. Em maio passado, as vésperas de pipocar o escândalo que devastaria quase toda a classe política – com a delação tsunâmica do empresário Joesley Batista – Doria recebeu a distinção de “HOMEM DO ANO”, EM NOVA YORK, concedida pela Câmara de Comércio Brasil/EUA. Em meio ao evento, o creme de la crème da classe produtiva nacional e figuras de proa do mundo dos negócios globais. Nos elegantes salões da Big Apple, a plateia saudou o prefeito em êxtase. Bill Rhodes, ex-presidente do Citibank e ex-secretário de economia dos EUA, disse que Doria trouxe novos ares ao Brasil. O ex-prefeito de NY, Michael Bloomberg, o classificou como “REFERÊNCIA”. Outro de seus admiradores, o ex-governador da Califórnia e ator hollywoodiano, Arnold Schwarzenegger, fez questão de vir a São Paulo cumprimentá-lo pessoalmente com um “HELLO, MR. PRESIDENT”.

O fato é que, em meio à crise, esse aspirante ao Planalto tem ganho MUITA PROJEÇÃO NACIONAL E INTERNACIONAL. Participa das grandes decisões sobre os rumos do País. Posicionou-se contra o desembarque tucano da nau de Temer, defendeu as reformas, reclamou dos juros altos. Desde a eclosão do escândalo da JBS, Doria participou de mais de 20 encontros nacionais. Enfrentou os chamados “CABEÇAS-PRETAS” do PSDB, jovens radicais que pregavam o rompimento puro e simples com o governo, sem plano alternativo. Abriu guerra às drogas, desfazendo o circuito da Cracolândia no centro da cidade, debaixo de críticas e desconfiança dos especialistas. Inventou o CORUJÃO DA SAÚDE – TALVEZ O SEU PROJETO MAIS BEM SUCEDIDO. Conquistou doações do setor privado. Também com tudo isso reforçou a simpatia e a torcida dos seus eleitores. Doria sabe onde pisa e a postura de confiança tem lhe aberto portas. O resultado de suas investidas o credencia a qualquer coisa. A viabilidade de sua candidatura a Brasília por certo não depende nem mesmo de sua filiação partidária. “O APOIO A DORIA ESTÁ SENDO ORGANIZADO ALÉM DAS FRONTEIRAS DO PARTIDO”, disse um deputado vinculado ao grupo de Serra. Ele encontra legenda e entusiasmo ao seu nome inclusive entre peemedebistas, democratas e outras grandes agremiações. Doria soube entender os anseios sociais, captou o Zeitgeist – termo alemão usado para designar o “espírito do tempo”, E QUEM LEVANTAR SEU NOME DEVE SAIR COM VANTAGEM EM 2018.



sexta-feira, 4 de agosto de 2017

A JUVENTUDE TRANSVIADA DE JAMES DEAN



Às 17h45min de um dia como outro qualquer, apesar do crepúsculo e o brilho do sol poente que deslumbrava no horizonte, em 1955, o ator JAMES DEAN, de apenas 24 anos, MORRIA EM UM ACIDENTE DE CARRO, na Califórnia, quando o seu Porsche que tinha o apelido de “Little Bastard” (“Pequeno Bastardo”), atingiu um Ford Sedan em um cruzamento. O motorista do outro carro, o estudante de 23 anos, Donald Turnupseed, estava atordoado após o acidente, mas, praticamente, sem ferimentos. No trágico dia, o filme VIDAS AMARGAS (1955), estrelado por Dean, era um sucesso nos cinemas. Depois de sua morte, ainda seriam lançando dois filmes póstumos: JUVENTUDE TRANSVIADA (1955) e ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE (1956). Apesar de ser jovem e iniciando a carreira, DEAN estava no caminho para o estrelato, e o acidente o transformou em uma lenda. Ele é considerado um ícone cultural, como personificação da rebeldia e angústias da juventude da década de 1950.

Dean viajava para uma corrida de carros em Salinas junto com o seu mecânico, o alemão Rolf Wütherich, que ficou gravemente ferido e, após se recuperar, jamais falou sobre a tragédia. DUAS HORAS ANTES, O ATOR TINHA SIDO MULTADO POR EXCESSO DE VELOCIDADE. Batizado de “O REBELDE DA AMÉRICA” por Ronald Reagan também ator e mais tarde presidente dos Estados Unidos, Dean morreu na hora, em decorrência de várias lesões graves, incluindo uma fratura de pescoço. A beleza e a atitude rebelde, desafiadora e ao mesmo tempo vulnerável e angustiada ajudaram a definir a juventude do pós-guerra.

Dean era um apaixonado por velocidade. Porém, testemunhas alegam que DEAN não estava correndo no exato momento do acidente, e que o outro carro poderia estar rápido. Contudo, o brilho do sol ardente pode ter impedido Turnupseed de ver o Porsche chegando… Talvez não haja no mundo alguém tão simbólico quando se fala em “REBELDIA JUVENIL”. Sua imagem e sua aura de garoto revoltado, flertando com o perigoso mundo marginal, com um cigarro aceso entre os dedos, tornou-se um modelo para gerações mundo afora. E até Michael Jackson se inspirou no ator: a jaqueta vermelha do clipe de BEAT IT é uma referência óbvia ao famoso figurino de DEAN no filme JUVENTUDE TRANSVIADA, seu maior clássico entre os três longas-metragens épicos que estrelou entre 1954 e 1955.

No início dos anos 50, atuou em vários filmes, mas seu estrelato só veio após o estrondoso sucesso alcançado por suas atuações em “Juventude Transviada”, de 1955(o título original do filme denomina-se REBEL WITHOUT A CAUSE, traduzido para o português, REBELDE SEM CAUSA. Só que no Brasil, ele ficou com a denominação de JUVENTUDE TRANSVIADA. Logo em seguida vieram “Vidas Amargas”, de 1955, e “Assim Caminha a Humanidade”, de 1956, tendo os dois últimos lhe valido indicações ao Oscar de Melhor Ator. Sua morte repentina, aos 24 anos, quando seu carro Porsche se chocou com outro veículo, associada ao prestígio obtido por suas ótimas performances em seus últimos filmes, o transformou num dos maiores mitos de Hollywood.

Por muito pouco JAMES DEAN não atuou em um filme de faroeste que já tinha sido o escolhido pelo escritor e diretor Gore Vidal para protagonizar o filme de cawboy UM DE NÓS MORRERÁ no papel de Billy the Kid. Conforme nos conta o cinéfilo Darci Fonseca, Vidal sonhava com James Dean como protagonista. Dean, porém, estava preso às filmagens de “ASSIM CAMINHA A HUMANIDADE” que se prolongaram acima do esperado e PAUL NEWMAN foi então convidado para substituir James Dean. O teleteatro “The Death of Billy the Kid” foi ao ar na noite de 24 de julho de 1955, obtendo êxito de público. Por ser exibida na televisão o ator William Bonney não foi mostrado como homossexual conforme Vidal deixara evidente em seu texto. Em 1957 a Warner Bros adquiriu os direitos de “The Death of Billc the Kid” escalando o roteirista Leslie Stevens para reescrever a peça de Gore Vidal. O WESTERN baseado no teleplay foi intitulado “The Left Handed Gun” (O Pistoleiro Canhoto), recebendo o título brasileiro de “UM DE NÓS MORRERÁ”.

Em janeiro de 1951, Dean tinha decidido abandonar as aulas e entrar totalmente em Hollywood, onde daria seus primeiros passos em representações teatrais exibidas pela televisão, onde dividiu palco com Natalie Wood, sua futura companheira de elenco em “Rebelde sem causa”. Muitos se perguntam o que teria sido de Dean se tivesse vivido mais. Há quem acredite que teria tido uma carreira como a de Marlon Brando ou Cary Grant. Ou que talvez teria optado por se envolver profissionalmente no mundo das corridas de carros que tanto amava. Ou que teria aberto o caminho para muitos ao tornar pública sua suposta homossexualidade. Mas James Dean viveu e morreu de acordo com sua própria filosofia, com frases que entraram para o imaginário de Hollywood como “a gratificação vem ao fazer, não com os resultados”. Além da célebre “sonhe como se fosse viver para sempre e viva como se fosse morrer hoje”. Na época, enquanto o outro rebelde lançou a camiseta também no cinema, quem? MARLON BRANDO!!! Viva os REBELDES!!! Ele, James Dean , também inventou moda: as pessoas usam Jeans porque ele “EXISTE”!!! Não, ele não inventou o Jeans… Mas basicamente lançou no cinema…

Aproveitando a deixa, eis um sucesso Inesquecível, uma música belíssima na linda voz do brasileiro LUIZ MELODIA, intitulada JUVENTUDE TRANSVIADA que tem o mesmo nome do filme do norte-americano JAMES DEAN.

Luiz Melodia faleceu hoje, dia 4 de agosto de 2017.

Curta aqui, este clipe!!!



O PICÃO ROXO

DALINHA CATUNDA - EU ACHO É POUCO
                      



O PICÃO ROXO


Andei com dores nos quartos
Vejam que situação.
Aí me recomendaram
Tomar um chá de picão,
Eu saí me maldizendo
E já fui logo dizendo:
Esse diabo tomo não!


Mas o doutor raizeiro
Correu logo atrás de mim
Me chamou lá num cantinho
E já foi dizendo assim:
Experimente o tal picão
Que a sua situação
De dor vai chegar ao fim.


Olhei bem desconfiada
Pro vendedor de raiz
Foi quando senti de novo
Aquela dor infeliz
Era uma dor bem profunda
Subindo o rego da bunda
E atormentando os quadris.


Eu tinha que me render
A tal fitoterapia
Mas uma dúvida atroz
Realmente me afligia
Será que o tal picão
É cipó ou solução?
A gente toma, ou enfia?


Era a dor me consumindo
Era bem grande a aflição
E tinha que ser do roxo
Pra ter efeito o picão
Entrei firme no cipó
Se a dor de mim não tem dó
Não vejo outra solução.

... Texto gentilmente roubado lá do blog JBF de Berto Filho.


quinta-feira, 3 de agosto de 2017

O BANDITISMO RELIGIOSO  

 

O Blog Chumbo Grosso, na calada da noite, gentilmente, roubou um vídeo enviado pelo excelente cronista Cícero Tavares ao Jornal da  Besta Fubana(JBF) de Berto Filho da cidade do Recife – PE. Pois bem!!! Como relata TAVARES, o  Interessante desse vídeo do humorista Márcio Américo que  vem caracterizando o PASTOR ADÉLIO um picareta que adora pobres, diferentemente do deputado JUSTO VERÍSSIMO, personagem antológico criado pelo genial Chico Anísio, que os odiava e tinha nojo. Assistam ao vídeo até o final e sintam a realidade por trás das palavras proféticas do PASTOR HUMORISTA. O que ele fala é simplesmente um choque de realidade: nós vamos ser destruídos pela pobreza. O Congresso Nacional é o exemplo cabal e perfeito dessa sucursal nefasta. DIVIRTAM-SE!!!