O SILÊNCIO DE LULA ESTÁ IMPRESSIONANTEMENTE, ABSURDAMENTE,
ENSURDECEDOR.
Sergio Vaz
O cara é um falastrão. Um tagarela compulsivo, talvez doentio. Fala pelos cotovelos, fala mais que a boca. Começou a falar no palanque da Vila Euclides, nas assembleias dos metalúrgicos de São Bernardo, e não parou mais. Perdeu três eleições seguidas e, entre uma e outra, andava pelo país falando feito pregador no púlpito, feito camelô da Praça XV quando chega a barca. Eleito, o que mais fez foi falar. Passou oito anos na Presidência fazendo no mínimo um discurso por dia. Às vezes três. Mal foi liberado pelos médicos após o tratamento do câncer, voltou a falar. Aí, a partir daquele meio-dia de sábado para cá quando foi detonado pela revista VEJA do caso Gilmar, silenciou. Um ministro da mais alta Corte de Justiça do país contou que, em conversa privada, LULA DISSE A ELE QUE ERA MELHOR ADIAR O JULGAMENTO DO MENSALÃO. Na conversa privada, Lula falou sobre viagem dele, o ministro Gilmar Mendes, a Berlim ─ UMA INSINUAÇÃO CLARA DE CHANTAGEM. A revista Veja começou a circular no início da tarde daquele sábado com as afirmações de Gilmar Mendes. LULA, BOCA DE SIRI. CALADINHO. NEM UM PIO. Se alguém me acusa de chantagem, de interferir em um julgamento do STF, e sou inocente, saio berrando pra quem quiser ouvir. Falo que nem Lula nos palanques de onde ele jamais saiu. Nego tudo de pé junto, uma, duas, mil vezes. Isso eu, humildérrimo jornalista aposentado. Ao Lula, bastaria fazer um sinal e teria diante de si, para ouvi-lo, toda a imprensa nacional, mais os 300 blogueiros progressistas na ocasião reunidos em convescote pago por entidades públicas na Bahia. LULA, BOCA CHIADA. FECHADINHA. Nelson Jobim desmente a Veja. Gilmar Mendes desmente o desmentido. LULA, BOCA FECHADA. Aí, na segunda-feira à tarde, 48 horas depois, o Instituto Lula divulga nota. “Meu sentimento é de indignação”, diz a nota do Instituto Lula. A nota não diz que Gilmar, o amigo dele, mentiu. Diz que seu sentimento é de indignação contra a revista que revelou a conversa. E diz não em uma nota sua. Lula, o que sempre falou mais que a boca, não falou em nota pessoal. Não falou em uma nota da sua assessoria, mas do Instituto Lula, como se o Instituto Lula fosse ele. Um instituto, uma fundação, não pertence a quem lhe empresta o nome. MAS LULA E O LULO-PETISMO SEMPRE CONFUNDIRAM O PÚBLICO COM O PRIVADO, SEMPRE PRIVATIZARAM PARA SI O QUE É PÚBLICO, então não é de se espantar. O que é de espantar é o silêncio do político que mais falou diante de um microfone em toda a História do Brasil, do Mundo, do Universo. UM SILÊNCIO ENSURDECEDOR. E ELOQUENTE. TREMENDAMENTE ELOQUENTE.
2 comentários:
Tal como a Arena, logo, logo, o PT será um ex-partido político.
O silêncio reiterado, a esta altura, parece deixar claro que o desmentido não é um problema estratégico — é uma impossibilidade concreta.
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