terça-feira, 24 de setembro de 2019

MORREU GEORGE HILTON, ESTRELA DO SPAGHETTI WESTERN


Por Altamir Pinheiro

Em 28 de julho deste ano, há 2 meses, faleceu o ator uruguaio George Hilton aos 85 anos de idade. Tornou-se famoso na Itália ao lado de nomes como Terence Hill, Franco Nero e Giuliano Gemma. Era um fã de futebol e torcedor da Lazio. No seu currículo encontramos filmes como Os Dois Filhos de Ringo (1966), Tempo de Massacre (1966), Balas em Jogo (1967), Mais Um para o Inferno (1968) e Chamam-me Aleluia (1971). Ele também protagonizou obras como Ringo... Era Seu Nome (1967), Vou, Mato e Volto (1967) e Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz (1970).

Em 28 de julho de 2019, a ex-esposa e parceira de Hilton divulgou um comunicado em suas contas de mídia social, anunciando que Hilton morreu após uma doença não revelada em Roma, Itália . O uruguaio Jorge Hill Acosta y Lara começou sua carreira  no ano de 1955 em Buenos Aires, logo após foi à procura de novos horizontes em 1963 conseguiu  dar novamente um grande salto em sua carreira para se estabelecer na Itália, e com o nome final do GEORGE HILTON com o passar do tempo conseguiu a cidadania italiana. No ano de 2017, em passagem pelo Brasil,  ele afirmou  que continua sendo   fã incondicional dos filmes sobre o cangaço e de Sônia Braga no cinema brasileiro.

Em vida, Hilton costumava afirmar que, reconhecia que esse apogeu da cinematografia italiana, assim como a dolce vita romana jamais se repetirão, e por duas razões. A primeira é que cinema mudou completamente, e a segunda é a violência nas grandes cidades, como Roma, que impede as pessoas de sair de casa tranquilamente para tornar a noite um grande, interminável, livre e fértil encontro. Mas quando questionado sobre Florinda Bolkan, a estrela brasileira que mais fez sucesso internacional no cinema depois de Carmen Miranda e figura de proa desse momento mágico das telas italianas, George Hilton respondeu: “Há muito tempo que não a vejo. Era maravilhosa!!!”.

Queiram ou não os cinéfilos anti-bang bang,  que só agora caíram na real em admitir que, os filmes de caobói, até hoje, continuam sendo transformados em objetos de culto e veneração. Há um  gostoso e proveitoso excesso de paixão sagrado e adorado no mundo inteiro pelos filmes  que revolucionaram a sétima arte nos meados do   Século XX: o nome dessa modalidade de cinema chama-se faroeste, que arrastava multidões aos grandes cinemas e às salas “poeirentas” em todas as partes do mundo, com seus devidos espectadores carregando sua cadeira ou tamborete para o local de projeção de fitas de rolo,  atraídos por uma produção maciça em vários gêneros que caíram no gosto do povão, como os épicos e mitológicos que eram as películas de Hércules e Macistes; os melodramas e a comédia erótica, com filme de mistério, turbinada com altas doses de erotismo e violência, e – é claro – o  gostoso e violento western spaghetti, com seu bando de Ringos, Sartanas, Sabatas e Djangos, vividos por estrelas como Franco Nero, Giuliano Gemma, Clint Eastwood, Terence Hill e  GEORGE HILTON.

No auge da fama, George Hilton,   sempre foi um  cara  bonito, eclético e um tremendo gozador das caras dos bandidos babacas. É o que podemos chamar de  artista tirador de sarro de bandido barbudo babaca. Lendo os bons críticos de cinema percebe-se claramente que parece mentira, mas houve um período da história do cinema em que o império prateado de Hollywood chegou a ser seriamente desafiado por outra cinematografia. Durante as décadas de 1960 e 1970, a Itália invadia amplamente não só as telas dos circuitos de arte, através de um pelotão de cineastas que dificilmente serão superados – como De Fellini, Antonioni, Visconti, Pasolini, Bertolucci e Zeffirelli.

O cineasta brasileiro, Daniel Camargo, que é fã de George Hilton, nos conta que   o bangue-bangue à italiana destacou-se muito com  o diretor italiano Sergio Leone, o primeiro a fazer o  western spaghetti alcançar  fama mundial, graças também as músicas de Ennio Morricone. Segundo ele, nos bangue-bangues italianos  tudo era exagerado. "O italiano pegava este gênero e trabalhava de outra maneira, sempre muito natural, muito própria e com exagero, usando aquele  tom tão operístico que ele tem. No western americano a pessoa tomava um tiro e morria. No bangue-bangue italiano o cara tomava um tiro e girava em câmera lenta, o sangue saía pelo nariz, ele dava um mortal para trás, uma cambalhota e só então caía".







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