Por Altamir Pinheiro
Em 28 de julho
deste ano, há 2 meses, faleceu o ator uruguaio George Hilton aos 85 anos de
idade. Tornou-se famoso na Itália ao lado de nomes como Terence Hill, Franco
Nero e Giuliano Gemma. Era um fã de futebol e torcedor da Lazio. No seu
currículo encontramos filmes como Os Dois Filhos de Ringo (1966), Tempo de
Massacre (1966), Balas em Jogo (1967), Mais Um para o Inferno (1968) e
Chamam-me Aleluia (1971). Ele também protagonizou obras como Ringo... Era Seu
Nome (1967), Vou, Mato e Volto (1967) e Com Sartana Cada Bala é Uma Cruz
(1970).
Em 28 de julho de
2019, a ex-esposa e parceira de Hilton divulgou um comunicado em suas contas de
mídia social, anunciando que Hilton morreu após uma doença não revelada em
Roma, Itália . O uruguaio Jorge Hill Acosta y Lara começou sua carreira no ano de 1955 em Buenos Aires, logo após foi
à procura de novos horizontes em 1963 conseguiu
dar novamente um grande salto em sua carreira para se estabelecer na
Itália, e com o nome final do GEORGE HILTON com o passar do tempo conseguiu a
cidadania italiana. No ano de 2017, em passagem pelo Brasil, ele afirmou
que continua sendo fã
incondicional dos filmes sobre o cangaço e de Sônia Braga no cinema brasileiro.
Em vida, Hilton
costumava afirmar que, reconhecia que esse apogeu da cinematografia italiana,
assim como a dolce vita romana jamais se repetirão, e por duas razões. A
primeira é que cinema mudou completamente, e a segunda é a violência nas
grandes cidades, como Roma, que impede as pessoas de sair de casa
tranquilamente para tornar a noite um grande, interminável, livre e fértil
encontro. Mas quando questionado sobre Florinda Bolkan, a estrela brasileira
que mais fez sucesso internacional no cinema depois de Carmen Miranda e figura
de proa desse momento mágico das telas italianas, George Hilton respondeu: “Há
muito tempo que não a vejo. Era maravilhosa!!!”.
Queiram ou não os
cinéfilos anti-bang bang, que só agora
caíram na real em admitir que, os filmes de caobói, até hoje, continuam sendo
transformados em objetos de culto e veneração. Há um gostoso e proveitoso excesso de paixão
sagrado e adorado no mundo inteiro pelos filmes
que revolucionaram a sétima arte nos meados do Século XX: o nome dessa modalidade de cinema
chama-se faroeste, que arrastava multidões aos grandes cinemas e às salas
“poeirentas” em todas as partes do mundo, com seus devidos espectadores
carregando sua cadeira ou tamborete para o local de projeção de fitas de
rolo, atraídos por uma produção maciça
em vários gêneros que caíram no gosto do povão, como os épicos e mitológicos
que eram as películas de Hércules e Macistes; os melodramas e a comédia
erótica, com filme de mistério, turbinada com altas doses de erotismo e
violência, e – é claro – o gostoso e
violento western spaghetti, com seu bando de Ringos, Sartanas, Sabatas e
Djangos, vividos por estrelas como Franco Nero, Giuliano Gemma, Clint Eastwood,
Terence Hill e GEORGE HILTON.
No auge da fama,
George Hilton, sempre foi um cara
bonito, eclético e um tremendo gozador das caras dos bandidos babacas. É
o que podemos chamar de artista tirador
de sarro de bandido barbudo babaca. Lendo os bons críticos de cinema percebe-se
claramente que parece mentira, mas houve um período da história do cinema em
que o império prateado de Hollywood chegou a ser seriamente desafiado por outra
cinematografia. Durante as décadas de 1960 e 1970, a Itália invadia amplamente
não só as telas dos circuitos de arte, através de um pelotão de cineastas que
dificilmente serão superados – como De Fellini, Antonioni, Visconti, Pasolini,
Bertolucci e Zeffirelli.
O cineasta
brasileiro, Daniel Camargo, que é fã de George Hilton, nos conta que o bangue-bangue à italiana destacou-se muito
com o diretor italiano Sergio Leone, o
primeiro a fazer o western spaghetti
alcançar fama mundial, graças também as
músicas de Ennio Morricone. Segundo ele, nos bangue-bangues italianos tudo era exagerado. "O italiano pegava
este gênero e trabalhava de outra maneira, sempre muito natural, muito própria
e com exagero, usando aquele tom tão
operístico que ele tem. No western americano a pessoa tomava um tiro e morria.
No bangue-bangue italiano o cara tomava um tiro e girava em câmera lenta, o
sangue saía pelo nariz, ele dava um mortal para trás, uma cambalhota e só então
caía".
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