domingo, 16 de maio de 2021

LAWRENCE DA ARÁBIA, FILME ÉPICO QUE SE TORNOU EM UM CLÁSSICO IMPERDÍVEL

 


d.matt


Escrever ou falar sobre o filme Lawrence da Arábia  é  descrever  sobre  a  genialidade cinematográfica.


Esse filme foi considerado por muitos críticos e  grandes personalidades   do mundo do cinema,  como o melhor e mais perfeito filme até hoje  produzido, superando, mesmo com seus 7  Oscars premiados, o belíssimo e consagrado merecidamente, o filme BEN HUR, que todos concordamos ser uma joia cinematográfica que conquistou 11 prêmios Oscars da academia de cinema.


Se me perguntarem o porquê  desse filme ser considerado o melhor feito até hoje, para responder precisamos dissecar  esse Épico Clássico em todos os ângulos e chegaremos a conclusão que ele é imbatível em todos os sentidos.


O mais difícil desse filme  é o seu enredo, pura política  ou melhor, politicagem  do princípio ao fim, o que o tornaria enfadonho, não fosse a alta qualidade da adaptação, em parte, do livro escrito pelo próprio Lawrence,  " Os Sete Pilares da Sabedoria ", que foi muito bem cortado, polido e adaptado  corretamente  por Robert Bolt. 


Mas, quanto à   adaptação, felizmente, não podou  as atitudes dos governos da França e da  vampiresca Inglaterra, sempre pronta a  meter os seus dentes caninos e afiados  em qualquer país que estivesse  livre e sem defesa, pois na época,   a Inglaterra se julgava a dona do mundo e  submetia ao seu domínio, todo país  fraco e sem defesa,   principalmente na Ásia e na África,  como o fez por longo tempo com a Índia, cujas riquezas foram  roubadas  escandalosamente (Era considerada a Joia da coroa britânica) por longos anos e somente conseguiu se libertar, graças a sabedoria  liderança e  força moral do Mahatma Gandi.


Os árabes, na época, eram  tribos  muito pobres, e viviam brigando entre si. Não tinham  a menor  consciência de que precisavam de uma pátria e não  serem  arrastados pelos países dominantes  europeus, como a Inglaterra e a França, que manipulavam todos os seus passos e os compravam barato, pois serviam de escudos aos seus interesses escusos, na região.


Por acaso e considerando que o Lawrence era  visto  como um  excêntrico, quase  um  débil mental, eles acharam oportuno enviá-lo ao deserto. para  avaliar   as possibilidades de exploração  dos árabes a seu favor. Mas, o tiro saiu pela culatra, quando Lawrence  se empolgou com a cultura  árabe e passou a vivenciar seus usos e costumes e com a sua inteligência, via adiante  de si o que poderia ser feito para unir aquelas tribos   quase selvagens. dispersas e sempre em constantes atritos tribais.


Com este enredo, magicamente  bem adaptado pelo  responsável pelo script  final,  o filme foi entregue  a um dos  maiores diretores de cinema de todos os tempos, o grande David Lean, dono de vasta  obra cinematográfica, que posteriormente nos brindaria  com  outra obra prima, que foi o filme DOUTOR JIVAGO.


David Lean, grande conhecedor de cinema, não poupou esforços e conseguiu junto aos produtores um elenco sensacional de  grandes atores, começando pelo seu ator  preferido que pontuou em diversos filmes  sob sua direção, o ótimo  Alec Guinnes ( que mais tarde ganharia o Oscar de melhor ator, no filme " A ponte do Rio Kwai ", também dirigido por  David Lean. 


Neste filme houve a grande participação do ator Anthony Quinn,  que sobressai  espetacularmente em todas as cenas em que aparece e domina o filme com a sua versatilidade e conhecimento  de  como se destacar em um filme de multidão, como neste caso.  Sua presença domina a tela de maneira vibrante. Omar Shariff, um ator  árabe desconhecido no ocidente e nota-se em todo filme, muito tímido ainda por  atuar junto a grandes celebridades, mas consegue dar o seu recado, sem sobressair demasiado,  mas, graças a  experiência do diretor,  ele foi convocado  posteriormente  pelo mesmo  David Lean, com o ator principal no seu próximo filme,  "Doutor  Jivago". no qual ele  nos brindou com  um desempenho  correto, muito verídico e de grande impacto.  


Outros grandes atores completaram o elenco com maestria, tais como José Ferrer, Anthony Quayle,  Claude Rains , Jack Hawkins e   muitos outros atores de qualidade reconhecida. 


Para o papel principal foi escolhido o ator  Peter O'Toole  que na época não era uma sumidade no cinema, mas como o papel principal foi recusado por  Marlon Brando (o qual a meu ver ficaria ótimo no papel), os produtores arriscaram entregar o papel principal ao ator pouco conhecido Peter O'Toole, que se saiu admiravelmente   e hoje não vemos nenhum outro ator que poderia ter sido  tão bem adaptado ao personagem  mítico Lawrence.


A academia negou-lhe  o Oscar de melhor ator do ano, e o fez mais sete vezes, mostrando o que sempre reafirmamos, a  incompetência na  fórmula    de escolha dos premiados, seja qual for, está absolutamente errada, com grandes injustiças, que como neste caso, foi repetida mais sete vezes. Para minimizar a sua estupida avaliação, deram-lhe um Oscar Honorário no ano de 2002, o que não deu  para perdoar a burrice crônica da Academia de Cinema. 


Alguém pode afirmar, com certa razão que a escolha é feita por votos. Mas é um grande engano,  a manipulação dos votos e dos votantes é altamente canibalizada no período de votação. É uma guerra de poderes, propaganda e muito dinheiro em jogo, pois uma indicação da academia, vale no mercado distribuidor milhões de dólares, como já relatou o  critico de cinema brasileiro que reside em Hollywood,  Dalenogare, no seu site no youtube, no qual ele  denuncia em detalhes de como o Oscar disputado pela atriz brasileira  Fernanda Montenegro foi garfado pelo produtor Weinstein, comprado e roubado, para  aquele projeto de atriz Gwyneth  Paltrow.  que depois de ganhar o Oscar, mostrou ser um zero à esquerda e não fez nada que prestasse. A não ser, talvez nos  fechados escritórios do  dito  produtor, hoje preso e acusado " por elas " de terem sido estupradas. 


Voltando ao filme LAWRENCE DA ARÁBIA, muita coisa foi suprimida ou  amenizada no script  final  do filme, devido a sua   brutalidade, tais como   as cenas em que participa o ator José Ferrer.  O que é demonstrado no filme é apenas uma insinuação do que realmente aconteceu , um brutal estupro que tornou o nosso herói  vingativo contra os turcos e mais tarde no decorrer dos acontecimentos ele incentiva e autoriza o massacre de  milhares de turcos que estavam fugindo para o seu país e foram todos dizimados por ordem de Lawrence. 


A trilha sonora, do maestro Maurice Jarre é soberba,  acompanha todo o filme e fica na nossa memória como se fora um capítulo  musical adicional, sem palavras as imagens.

 

A fotografia  é muito honesta e não procura enfeitar as cenas com tomadas especiais, apenas traduz  as cenas  e nos mostra um deserto as vezes belo e soberbo, outras vezes um deserto inóspito, cruel e perigoso como jamais visto. 


Quando Lawrence volta ao Cairo para relatar o sucesso da sua  empreitada, com a conquista de Akaba,  os ingleses se mostram perplexos, desnorteados,  sem saber o que dizer ou fazer de imediato, pois jamais passou pela cabeça deles que aquele   soldado  excêntrico, quase idiota pudesse   ter capacidade de liderança e   vencer batalhas, que o seu exército jamais imaginaria lutar e vencer. 


De pronto, atendem todas as suas exigências de armas e  ouro para pagar aos exércitos, pois os árabes não aceitam ou acreditam no valor de moeda de papel .  Ele  retorna ao deserto, promovido a Major,    com maiores poderes. Depois da sua luta, guerra vencida, os árabes vão sentindo o gosto  do poder e vão   sendo criados Estados diversos com os líderes que foram apoiados  e  pelo  o major Lawrence.


A partir daí, os ingleses e também os  árabes que foram  se organizando em Estados independentes e sem  os  inimigos que foram derrotados, graças a liderança de Lawrence,  resolvem que não precisam  mais da  sua  expertise, pois ele agora só atrapalha  com as suas ideias absurdas de  direitos e independência e o descartam   sumariamente.  Ele volta à Inglaterra e passa  a ser um  militar como outro qualquer, sem prestigio ou regalias.


Uma lição desconcertante para um homem que liderou   grandes batalhas, construiu países,  entronizou reis que antes eram bárbaros  árabes do deserto e agora são poderosos, pois logo após foi  descoberto petróleo naquelas paragens e os antes pobres lideres cobertos de areia, agora se lambuzam com o ouro negro.


A historia de como Lawrence participou como figura relevante  na criação do atual império árabe, serve de exemplo de como os idealistas e  visionários são usados pelos governos  de países poderosos, como cobaia e inocentes úteis, não só como  foi no passado, mas também no presente e certamente   será no futuro, pois o ser humano, na sua grande maioria é falho de  grandeza e respeito aos direitos humanos. seja em uma humilde  região paupérrima da África, como também numa  fulgurante e  "civilizada " cidade como Londres ou Nova Iorque.

https://www.youtube.com/watch?v=HjWEma8V1eo


4 comentários:

CÍCERO TAVARES DE MELO disse...

Simplesmente magistral, mestre D.Matt., Lawrence da Arábia, filme épico que se tornou um clássico imperdível.

Qualquer conhecedor ou crítico de cinema que for se aventurar a comentar essa obra-prima, está fadado a cair no lugar-comum e tornar-se ridículo.

O mestre deu ao filme o que o filme merecia: obra-prima.

Parabéns por mais esse petardo cinematográfico.

Altamir Pinheiro disse...

..........petardo cinematográfico.... Gostei do termo, esse TAVARES também é do ramo!!!

Dirceu Mattos - d.Matt disse...

Na minha infância carioquês, eu ouvia sempre dizer que
"quem tem padrinho não morre pagão. "
Agora na minha velhice sulista, tive ou melhor tenho a
sorte de poder contar com amigos ilustres e muito generosos
que abraçam o meu coração com petardos de amizade.
Abraço a todos ôces!

Altamir Pinheiro disse...

GIGANTE, no Nordeste tem um adágio popular que cai em cheio no seu modo de proceder pela sua aura positivista e esperançosa que transmite a todos nós: "VOCÊ É NOSSO E O BOI NÃO LAMBE"...