d.matt
Escrever ou falar sobre o filme Lawrence da Arábia é descrever sobre a genialidade cinematográfica.
Esse filme foi considerado por muitos críticos e grandes personalidades do mundo do cinema, como o melhor e mais perfeito filme até hoje produzido, superando, mesmo com seus 7 Oscars premiados, o belíssimo e consagrado merecidamente, o filme BEN HUR, que todos concordamos ser uma joia cinematográfica que conquistou 11 prêmios Oscars da academia de cinema.
Se me perguntarem o porquê desse filme ser considerado o melhor feito até hoje, para responder precisamos dissecar esse Épico Clássico em todos os ângulos e chegaremos a conclusão que ele é imbatível em todos os sentidos.
O mais difícil desse filme é o seu enredo, pura política ou melhor, politicagem do princípio ao fim, o que o tornaria enfadonho, não fosse a alta qualidade da adaptação, em parte, do livro escrito pelo próprio Lawrence, " Os Sete Pilares da Sabedoria ", que foi muito bem cortado, polido e adaptado corretamente por Robert Bolt.
Mas, quanto à adaptação, felizmente, não podou as atitudes dos governos da França e da vampiresca Inglaterra, sempre pronta a meter os seus dentes caninos e afiados em qualquer país que estivesse livre e sem defesa, pois na época, a Inglaterra se julgava a dona do mundo e submetia ao seu domínio, todo país fraco e sem defesa, principalmente na Ásia e na África, como o fez por longo tempo com a Índia, cujas riquezas foram roubadas escandalosamente (Era considerada a Joia da coroa britânica) por longos anos e somente conseguiu se libertar, graças a sabedoria liderança e força moral do Mahatma Gandi.
Os árabes, na época, eram tribos muito pobres, e viviam brigando entre si. Não tinham a menor consciência de que precisavam de uma pátria e não serem arrastados pelos países dominantes europeus, como a Inglaterra e a França, que manipulavam todos os seus passos e os compravam barato, pois serviam de escudos aos seus interesses escusos, na região.
Por acaso e considerando que o Lawrence era visto como um excêntrico, quase um débil mental, eles acharam oportuno enviá-lo ao deserto. para avaliar as possibilidades de exploração dos árabes a seu favor. Mas, o tiro saiu pela culatra, quando Lawrence se empolgou com a cultura árabe e passou a vivenciar seus usos e costumes e com a sua inteligência, via adiante de si o que poderia ser feito para unir aquelas tribos quase selvagens. dispersas e sempre em constantes atritos tribais.
Com este enredo, magicamente bem adaptado pelo responsável pelo script final, o filme foi entregue a um dos maiores diretores de cinema de todos os tempos, o grande David Lean, dono de vasta obra cinematográfica, que posteriormente nos brindaria com outra obra prima, que foi o filme DOUTOR JIVAGO.
David Lean, grande conhecedor de cinema, não poupou esforços e conseguiu junto aos produtores um elenco sensacional de grandes atores, começando pelo seu ator preferido que pontuou em diversos filmes sob sua direção, o ótimo Alec Guinnes ( que mais tarde ganharia o Oscar de melhor ator, no filme " A ponte do Rio Kwai ", também dirigido por David Lean.
Neste filme houve a grande participação do ator Anthony Quinn, que sobressai espetacularmente em todas as cenas em que aparece e domina o filme com a sua versatilidade e conhecimento de como se destacar em um filme de multidão, como neste caso. Sua presença domina a tela de maneira vibrante. Omar Shariff, um ator árabe desconhecido no ocidente e nota-se em todo filme, muito tímido ainda por atuar junto a grandes celebridades, mas consegue dar o seu recado, sem sobressair demasiado, mas, graças a experiência do diretor, ele foi convocado posteriormente pelo mesmo David Lean, com o ator principal no seu próximo filme, "Doutor Jivago". no qual ele nos brindou com um desempenho correto, muito verídico e de grande impacto.
Outros grandes atores completaram o elenco com maestria, tais como José Ferrer, Anthony Quayle, Claude Rains , Jack Hawkins e muitos outros atores de qualidade reconhecida.
Para o papel principal foi escolhido o ator Peter O'Toole que na época não era uma sumidade no cinema, mas como o papel principal foi recusado por Marlon Brando (o qual a meu ver ficaria ótimo no papel), os produtores arriscaram entregar o papel principal ao ator pouco conhecido Peter O'Toole, que se saiu admiravelmente e hoje não vemos nenhum outro ator que poderia ter sido tão bem adaptado ao personagem mítico Lawrence.
A academia negou-lhe o Oscar de melhor ator do ano, e o fez mais sete vezes, mostrando o que sempre reafirmamos, a incompetência na fórmula de escolha dos premiados, seja qual for, está absolutamente errada, com grandes injustiças, que como neste caso, foi repetida mais sete vezes. Para minimizar a sua estupida avaliação, deram-lhe um Oscar Honorário no ano de 2002, o que não deu para perdoar a burrice crônica da Academia de Cinema.
Alguém pode afirmar, com certa razão que a escolha é feita por votos. Mas é um grande engano, a manipulação dos votos e dos votantes é altamente canibalizada no período de votação. É uma guerra de poderes, propaganda e muito dinheiro em jogo, pois uma indicação da academia, vale no mercado distribuidor milhões de dólares, como já relatou o critico de cinema brasileiro que reside em Hollywood, Dalenogare, no seu site no youtube, no qual ele denuncia em detalhes de como o Oscar disputado pela atriz brasileira Fernanda Montenegro foi garfado pelo produtor Weinstein, comprado e roubado, para aquele projeto de atriz Gwyneth Paltrow. que depois de ganhar o Oscar, mostrou ser um zero à esquerda e não fez nada que prestasse. A não ser, talvez nos fechados escritórios do dito produtor, hoje preso e acusado " por elas " de terem sido estupradas.
Voltando ao filme LAWRENCE DA ARÁBIA, muita coisa foi suprimida ou amenizada no script final do filme, devido a sua brutalidade, tais como as cenas em que participa o ator José Ferrer. O que é demonstrado no filme é apenas uma insinuação do que realmente aconteceu , um brutal estupro que tornou o nosso herói vingativo contra os turcos e mais tarde no decorrer dos acontecimentos ele incentiva e autoriza o massacre de milhares de turcos que estavam fugindo para o seu país e foram todos dizimados por ordem de Lawrence.
A trilha sonora, do maestro Maurice Jarre é soberba, acompanha todo o filme e fica na nossa memória como se fora um capítulo musical adicional, sem palavras as imagens.
A fotografia é muito honesta e não procura enfeitar as cenas com tomadas especiais, apenas traduz as cenas e nos mostra um deserto as vezes belo e soberbo, outras vezes um deserto inóspito, cruel e perigoso como jamais visto.
Quando Lawrence volta ao Cairo para relatar o sucesso da sua empreitada, com a conquista de Akaba, os ingleses se mostram perplexos, desnorteados, sem saber o que dizer ou fazer de imediato, pois jamais passou pela cabeça deles que aquele soldado excêntrico, quase idiota pudesse ter capacidade de liderança e vencer batalhas, que o seu exército jamais imaginaria lutar e vencer.
De pronto, atendem todas as suas exigências de armas e ouro para pagar aos exércitos, pois os árabes não aceitam ou acreditam no valor de moeda de papel . Ele retorna ao deserto, promovido a Major, com maiores poderes. Depois da sua luta, guerra vencida, os árabes vão sentindo o gosto do poder e vão sendo criados Estados diversos com os líderes que foram apoiados e pelo o major Lawrence.
A partir daí, os ingleses e também os árabes que foram se organizando em Estados independentes e sem os inimigos que foram derrotados, graças a liderança de Lawrence, resolvem que não precisam mais da sua expertise, pois ele agora só atrapalha com as suas ideias absurdas de direitos e independência e o descartam sumariamente. Ele volta à Inglaterra e passa a ser um militar como outro qualquer, sem prestigio ou regalias.
Uma lição desconcertante para um homem que liderou grandes batalhas, construiu países, entronizou reis que antes eram bárbaros árabes do deserto e agora são poderosos, pois logo após foi descoberto petróleo naquelas paragens e os antes pobres lideres cobertos de areia, agora se lambuzam com o ouro negro.
A historia de como Lawrence participou como figura relevante na criação do atual império árabe, serve de exemplo de como os idealistas e visionários são usados pelos governos de países poderosos, como cobaia e inocentes úteis, não só como foi no passado, mas também no presente e certamente será no futuro, pois o ser humano, na sua grande maioria é falho de grandeza e respeito aos direitos humanos. seja em uma humilde região paupérrima da África, como também numa fulgurante e "civilizada " cidade como Londres ou Nova Iorque.
https://www.youtube.com/watch?v=HjWEma8V1eo
4 comentários:
Simplesmente magistral, mestre D.Matt., Lawrence da Arábia, filme épico que se tornou um clássico imperdível.
Qualquer conhecedor ou crítico de cinema que for se aventurar a comentar essa obra-prima, está fadado a cair no lugar-comum e tornar-se ridículo.
O mestre deu ao filme o que o filme merecia: obra-prima.
Parabéns por mais esse petardo cinematográfico.
..........petardo cinematográfico.... Gostei do termo, esse TAVARES também é do ramo!!!
Na minha infância carioquês, eu ouvia sempre dizer que
"quem tem padrinho não morre pagão. "
Agora na minha velhice sulista, tive ou melhor tenho a
sorte de poder contar com amigos ilustres e muito generosos
que abraçam o meu coração com petardos de amizade.
Abraço a todos ôces!
GIGANTE, no Nordeste tem um adágio popular que cai em cheio no seu modo de proceder pela sua aura positivista e esperançosa que transmite a todos nós: "VOCÊ É NOSSO E O BOI NÃO LAMBE"...
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