Catia Seabra
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva enfrentou protestos e percalços nesta terça-feira (5),
segundo dia de sua caravana pelos Estados do Espírito Santo e Rio de Janeiro.
Com uma faixa com a
inscrição "Lula, ladrão, seu lugar é na prisão", cerca de 200
apoiadores do deputado Jair Bolsonaro (PSC) fizeram uma manifestação nas
escadarias da Câmara de Vereadores de Campos, diante da praça onde Lula deu
início à visita ao Estado do Rio.
Foi a maior
manifestação encarada por Lula desde o início de sua caravana, em agosto.
Os simpatizantes de
Bolsonaro queimaram bandeiras e gritaram palavras de ordem. Entre os gritos, o
nome de Brilhante Ustra.
Os organizadores do
protesto, o engenheiro Vander Paulo Silveira Júnior e o administrador Carlos
Víctor Carvalho (CVC), ambos de 29 anos, afirmaram que a intenção é levar
Bolsonaro à cidade, onde garantem ter 7.000 adeptos em sua página na rede
social. Sem filiação partidária, Vander pretende ingressar no partido militar.
Os dois contam já
terem se reunido com Flávio Bolsonaro, filho do pré-candidato.
Do outro lado da
rua, cerca de dois mil militantes assistiam ao discurso do ex-presidente. A PM
não fez estimativa de participantes.
Do palanque, de onde
se podia ouvir a vaia de manifestantes, Lula chamou a população do Rio de
cordata, mas disse que o fluminense se sente traído pela classe política.
Ele contou ainda ter
sido alertado por seus colaboradores sobre o ânimo do eleitor do Rio. Interlocutores
do ex-presidente dizem que, advertido, Lula afirmou que não se entra no jogo
apenas quando se está em vantagem.
"Se o povo está
desacreditado, a gente tem que conversar seriamente com o povo",
discursou.
Sem citar Bolsonaro,
Lula lembrou que um pré-candidato defendeu a posse de fuzis para fazendeiros.
"Não vou dar
fuzil para fazendeiro. Vou dar terra para trabalhador rural", discursou
afirmou Lula.
Após o encerramento
do ato, que consumiu menos de uma hora, apoiadores e opositores de Lula trocaram
insultos na rua, contidos por um cordão da PM.
Esse não foi o único
incidente na agenda do ex-presidente. Na chegada ao hotel em Campos, um hóspede
o chamou de ladrão no hall. Aos gritos, sendo conduzido ao elevador por
seguranças até o elevador.
Mas tarde, Na saída
do hotel, a caminho da praça, um grupo de jovens, com camisa do Senai, o
aguardava na calçada.
Para ser levado ao
ato, Lula dispensou o ônibus, símbolo da caravana, e optou por um carro de
passeio.
A chuva também
atrapalhou. Na parada programada na cidade de Iconha (ES), apenas cerca de 50
pessoas o aguardavam quando chegou, por volta das 15h.
O ex-presidente nem
sequer subiu no carro de som para discursar, limitando-se a posar para selfies
e abraçar simpatizantes.
Na parada seguinte,
Cachoeiro de Itapemirim, divisa com Rio, a forte chuva prejudicou a passagem de
bandeira das mãos do presidente do PT do Espírito Santo, João Coser, para o
representante do Rio.
Apesar dos
dissabores enfrentados no Rio, Lula avisou no palanque que se prepara para ir
ao Paraná, sede da "República de Curitiba".