Carlos Newton
O esforço é impressionante e comovente. Desde que foi aberta a primeira investigação contra Lula da Silva, o então juiz Sérgio Moro passou a ser fustigado implacavelmente pela ala petista da imprensa, que tem forte influência nas redações de todo tipo, incluindo rádios, TVs, portais, sites e blogs. Por incrível que pareça, grande parcela dos jornalistas ainda acredita que o ex-presidente Lula é perseguido político, à semelhança do grande líder sul-africano Nelson Mandela.
Essa suposta perseguição vem sendo atribuída a Moro, que teria julgado o fundador do PT com parcialidade e ausência de provas, embora tenha havia mais de 100 delações contra ele, que nos mandatos se tornou um homem rico, pois sua segunda esposa, Marisa Letícia, quando morreu deixou aplicações de R$ 12 milhões, nada mal para uma mulher que só trabalhou como empregada doméstica.
UMA VIDA LIMPA – A trajetória de Moro foi investigada desde a juventude, nada encontraram de desabonador. Vasculharam a vida da mulher dele, Rosângela Wolff Moro, nada, nada. Mesmo assim, a campanha difamatória foi mantida e atingiu Moro quando aceitou ser ministro, decidido a lutar pela aprovação de regras mais rigorosas contra a criminalidade.
Em junho de 2019, enquanto o Planalto e o Congresso desvirtuavam totalmente as propostas de Moro, começou uma grande ofensiva na mídia, com o site internacional The Intercept publicando uma interminável série de gravações de procuradores da Lava e do ex-juiz Moro. Houve apoio entusiástico de órgãos de imprensa como Folha e Veja. Os ataques duraram semanas, mas não havia nada, mas nada mesmo, que indicasse conluio entre o Juízo e Ministério Público, restando provada apenas a inacreditável imaturidade de alguns procuradores.
CASO BANESTADO – Depois, ressuscitaram o caso Banestado, apontando irregularidades que o então juiz Moro jamais cometeu. Em seguida, Moro se demitiu do Ministério em abril de 2020, denunciando interferência do presidente da República para blindar a família e amigos na Polícia Federal, um fato concreto, porque foi admitido pelo próprio Bolsonaro em reunião ministerial, com gravação que o Planalto até tentou escamotear.
Ao invés de amainar a campanha, os defensores do PT e de Lula aumentaram a ofensiva, passando a patrulhar os pareceres que Moro dava em processos. Pela primeira vez, um advogado passou a ser denunciado por defender réus, como se não tivessem direito ao contraditório e o devido processo legal.
E vale tudo contra Moro, inclusive fabricar notícias sem real fundamento, sejam factoides ou fake news.
MENTIRAS E CALÚNIAS – Agora, é uma verdadeiro festival de notícias manipuladas. A mais frequente é de que a Alvarez & Marsal “defende” a Odebrecht. Em cima disso, afirmam que Moro vai “defender” a empreiteira. A notícia correta seria de que a consultoria A&M foi contratada pela Vara de Falências para supervisionar a execução do plano de recuperação judicial da Odebrecht e da OAS.
Moro já explicou que não vai advogar na A&M, terá outra função na empresa multinacional de consultoria, mas não adianta, as fake news não cessam.
Nada disso interessa. O importante é que, em entrevista a Ceciliana Costa, do Estado de Minas, a advogada Rosângela Moro não descartou a possibilidade de uma candidatura do marido à Presidência da República. “Não temos como viver confabulando, pensando no que vai acontecer no período de um ano, dois, dez anos. Por enquanto, está programado assim: trabalhar na iniciativa privada e pagar as contas no fim do mês”.
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