Por Reinaldo Azevedo
Em dezembro do ano passado, Franklin Martins (ex-MR-8) comandou a CONFECOM, a tal Conferência de Comunicação, que aprovou nada menos de 633 propostas para regular os meios de comunicação no Brasil. O calhamaço, apresentado por entidades da sociedade civil — que, na maioria das vezes, são franjas do PT, muitas delas com descarado financiamento público —, prega o chamado “CONTROLE SOCIAL DA MÍDIA”. Essa expressão é só o norte moral da tigrada. Na prática, pretende-se subordinar a comunicação — LEIA-SE: A IMPRENSA — aos interesses ideológicos da companheirada. Quando a trolha toda foi aprovada, a turma que gosta de fazer o jogo dos contentes para não ter de enfrentar o monstrengo autoritário fingiu tranqüilidade: “Ah, a conferência é só um conjunto de propostas”.
Pois bem: ficamos sabendo que o governo decidiu dar encaminhamento prático àquelas “sugestões”. Anunciou que vai transformá-las em projetos de lei e encaminhá-las ao Congresso. O normal seria que a discussão só fosse retomada no novo governo, seja ele qual for. MAS NÃO! O lulismo está lembrando aos interessados que dispõe daquele “norte moral”. E anuncia que pode partir para a briga. Está chamando a atenção para o fato de que, num eventual governo Dilma (ex-VAR-Palmares), aquilo tudo pode ter conseqüências práticas. O petismo vai se dedicar mais ou se dedicar menos ao “controle social da mídia” a depender do “bom comportamento” dessa mídia na cobertura das eleições.
Trata-se de um misto de ameaça e chantagem mesmo, sem disfarce. É evidente que Dilma é uma candidata competitiva e que pode vencer as eleições. Tal possibilidade, que não é pequena, está sendo trazida a valor presente: “SE VOCÊS SE COMPORTAREM DIREITINHO, PODEMOS DEIXAR DE LADO CERTAS COISAS; CASO NÃO SE COMPORTEM E SE A GENTE GANHAR, BEM, AI HAVERÁ TROCO”. O silêncio ou não da “mídia” diante da nova investida é que vai revelar se ela decidiu comprar a briga da causa democrática ou se, na pratica, deixou-se mesmo intimidar.
Lembro que o PT inventou o mito de que existiria uma conspiração na imprensa contra o partido, embora não seja difícil provar que isso é não apenas falso como constitui o avesso da verdade. Na prática, os valores e a visão de mundo do partido são dominantes nos grandes meios de comunicação, com raras exceções. Costumo dizer que a patrulha esquerdopata dá plantão até no Telecurso Segundo Grau…
Sob a aparência da “democratização” e do “controle social”, temos um conjunto de propostas que tem um claro sentido dirigista. É óbvio que os petistas sabem que não têm como emplacar agora nenhuma dessas medidas. MAS AMEAÇAM FAZÊ-LO DEPOIS, CASO DILMA SEJA ELEITA. E QUAL É O PREÇO PARA QUE NÃO FAÇAM? O BOM COMPORTAMENTO. Eis o método petista de fazer as coisas. O partido aprendeu, especialmente na crise do mensalão, que um bom modo de tratar a imprensa é aos tapas e pontapés. Aprendeu que a intimidação, infelizmente, funciona. Até quando? Se a “mídia” não denuncia a pressão, é hora de a oposição fazê-lo. Não em defesa da “mídia”, mas da democracia.(A manchete é diferente do texto original escrito pelo jornalista Reinaldo Azevedo).
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