terça-feira, 6 de julho de 2010

Pelo que temos lido, ouvido e assistido PRISCILA KRAUSE pratica uma política com "P" maiúsculo...

POLÍTICAS DE MÃOS LIMPAS
Priscila Krause (19.09.2006)
No auge da crise do mensalão, deputados do PT choraram no plenário da Câmara, em Brasília, na exibição pública de imenso desgosto, até ali retido em privacidade. Desde o início do governo Lula, a debandada dos melhores quadros do PT se deu de maneira sistemática, silenciosa. Outros saíram atirando, como Cristovam Buarque e Heloísa Helena, adversários do presidente na disputa eleitoral em curso. No momento em que as denúncias de Roberto Jefferson (alguém se lembra dele?) sobre o caixa 2 foram confirmadas por Delúbio Soares, não foi mais possível segurar, e as lágrimas rolaram nas faces, os olhos perplexos assistindo ao sonho desmoronar. Após a catarse e a queda da corte - quase de uma vez caíram José Dirceu, Genoíno, Delúbio e Sílvio Pereira, sem esquecer o ministro Palocci - a crise do governo e do partido foi transformada em sublimação ética, valendo-se em parte do clima de indignação popular contra os políticos que se acumula no país há alguns anos: "os fins justificam os meios", "isto sempre existiu" e "política é assim mesmo" foram e continuam sendo bordões repetidos nas hostes petistas, e ecoados na sociedade.

O fato de que esse tipo de ataque provém, via de regra, de artistas e ativistas patrocinados pelo governo federal, tão somente ratifica a sua proposta central, resumida por Wagner Tiso: "Que me interessa a ética?", perguntou, saindo do tom dos homens sérios. Colocar as mãos na lama ou dólares na cueca é a mesma e inevitável prática, sob a ótica convertida daqueles que, uma eleição atrás, brandiam sua "pureza" como arma contra "os poderosos".

Para o PT e simpatizantes, o inferno continuam sendo os outros. A fim de minimizar a decepção dos que ficaram, atira-se no colo da própria política - do "sistema" - a culpa pelas mazelas cometidas por alguns companheiros. A pirueta ideológica é perigosa, e nega a política como bem, justificando-a como um mal necessário. É um raciocínio que, no limite, mata a política para salvar os políticos de mãos sujas.

Com todos os problemas, a democracia tem ensinado que a política não se resume ao desmoronamento de credos e mentiras sobre as cabeças de militantes fanáticos ou de cidadãos crédulos. Acima de tudo, a política é construção ética - de mulheres e homens com as mãos limpas, que não se conformam com o discurso cínico da generalização e do nivelamento por baixo.

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