QUE BOA GESTORA, HEIN, SEU LULA?
Por Ricardo Noblat
Era uma vez a
presidente da República que contava com seis anos de parceria para oferecer a
seus aliados. Foi quando com medo de perder a vez para seu antecessor decidiu
antecipar a próxima campanha eleitoral. Um aliado mais esperto aproveitou a
ocasião e trocou o status de aliado dela pelo de concorrente. Sabe o que
aconteceu? O poder de barganha da presidente diminuiu. E aumentou o dos
aliados. Decodificando: a presidente da República, Dilma Rousseff. Outro dia,
por sinal, ela confidenciou a um ministro: O EMPREGADO
QUE CUIDA DAS EMAS DO PALÁCIO DO PLANALTO DEIXOU QUE UMA BICASSE NEGO, O CÃO
LABRADOR QUE O EX-MINISTRO JOSÉ DIRCEU LHE DEU DE PRESENTE. DILMA NÃO PENSOU
DUAS VEZES: CONVOCOU O EMPREGADO À SUA PRESENÇA E DEU-LHE A MAIOR BRONCA.
PENSOU EM TRANSFERIR AS EMAS PARA A GRANJA DO TORTO. DESISTIU. O antecessor que
poderia atropelar a presidente: Lula. Dilma não é santa da devoção do PT. Lula
é o padroeiro. A maior fatia do PT e os demais partidos que sustentam o governo
de Dilma gostariam de ter Lula de volta à presidência. O próprio Lula gostaria
de voltar. Preparava-se para sair em caravana pelo país em defesa do PT,
atingido pelo resultado do julgamento do mensalão, e dele mesmo - aquele que de
nada sabia. SEQUER SABIA QUE A SUA
FIEL SECRETÁRIA ROSEMARY DE NORONHA ESTIMULAVA TENEBROSAS TRANSAÇÕES DENTRO DO
GOVERNO.
E que o levara a empregar quem seria preso depois pela Polícia Federal por
suspeita de corrupção. Pobre Lula! Pois bem: para evitar o risco de ele se
animar com a perspectiva da volta, Dilma procurou-o para uma conversa
definitiva. Quer ser candidato? - perguntou-lhe. Lula negou. Ela insistiu. Ele
negou. Dilma disse que o apoiaria com entusiasmo caso ele sonhasse com um novo
mandato. Lula negou pela terceira vez. Dilma então pediu-lhe para que
aproveitasse a festa de aniversário do PT e lançasse seu nome à reeleição. Lula
lançou - sem entusiasmo convincente, admita-se. Compreensível. Nem mesmo ele
ainda é capaz de prever o futuro. E se por um motivo qualquer fosse obrigado a
sair candidato no lugar de Dilma? O aliado mais esperto que virou concorrente
de Dilma: EDUARDO CAMPOS,
GOVERNADOR DE PERNAMBUCO. SOB O LEMA "2013 É PARA GOVERNAR, DEIXEMOS PARA
FAZER CAMPANHA EM 2014", ELE VIAJA O PAÍS FAZENDO CAMPANHA, E GOVERNA
QUANDO LHE SOBRA TEMPO. É CANDIDATO PARA GANHAR OU PERDER. CONTRA LULA OU
DILMA. "NÃO GOSTO DE PERDER. MAS SEREI CANDIDATO ATÉ MESMO PARA MARCAR
POSIÇÃO SE ESSE FOR O DESEJO DO MEU PARTIDO", OUVI DELE HÁ POUCOS DIAS. Ao resolver
patrocinar a candidatura de Dilma à sua sucessão, Lula sacou uma frase que
passou a repetir como se fosse um mantra: "ELA É MELHOR GESTORA DO QUE
EU." Presidente bom gestor é uma mistura de presidente bom executivo e de
presidente bom político. Lula cercou-se de executivos razoáveis. Na política
deu um show. Dilma é uma executiva à moda antiga, que ouve mal. E uma política
sem gosto pela política. Em 2011, travestiu-se de faxineira ética e demitiu
ministros autores de malfeitos. Ninguém perguntou por que os nomeara. No início
do ano seguinte, jogou fora a fantasia de faxineira quando um dos poucos
ministros a merecer seu afeto foi acusado de ter recebido por consultorias que
não deu. Desmontou a Comissão de Ética da presidência que a obrigou a despachar
o ministro do Trabalho, Carlos Lupi. No último sábado, Lupi desfilou feliz
pelos amplos salões do Palácio do Planalto. Fora trocado por um neto de
Brizola, um deputado fraquinho, seu desafeto. COM MEDO DE PERDER O PDT PARA EDUARDO
CAMPOS, DILMA SUBSTITUIU BRIZOLA POR UM SERVIÇAL ALIADO DE LUPI. Outro partido que
perdeu ministro no rastro da faxina ética deverá ganhar em breve um ministério.
Onde já se viu partido recusar cargo em governo? O PSD de Gilberto Kassab,
ex-prefeito de São Paulo, recusou na semana passada. O PT ocupa as cadeiras
numeradas do governo. O PMDB, a arquibancada. Os demais partidos se apertam na
geral e espicham a cabeça para enxergar os lances do jogo. O PSD não tem
pressa. Preferiu valorizar seu passe junto a Dilma e a Eduardo. Lula loteou seu
governo no segundo mandato. Dilma, no primeiro para assegurar o segundo. Boa
aluna. O primeiro ano do governo Dilma foi pior do que o último ano do governo
Lula. O segundo ano do governo dela foi pior do que o primeiro. O terceiro em
curso, a se ver. A inflação alta disseminou-se. A Petrobrás nunca perdeu tanto
valor (quem foi mesmo a presidente do Conselho de Administração da empresa
durante o governo Lula? Advinha.) O Brasil estagnou no ranking do Índice de
Desenvolvimento Humano. SÃO 39 MINISTROS E NENHUM SE DESTACA POR TER EMPLACADO ALGUM PROJETO
NOTÁVEL. MAS COMO EMPLACAR UM PROJETO OU MESMO UMA VAGA IDEIA EM UM GOVERNO
CUJA PRESIDENTE TRATA OS ASSESSORES AOS GRITOS, CENTRALIZA O QUE PODE E O QUE
NÃO DEVERIA, E PEDE PARA LER COM ANTECEDÊNCIA DISCURSOS QUE SÓ MAIS TARDE
OUVIRÁ? QUE
BELA GESTORA, HEIN, SEU LULA?
PITACO DO BLOG CHUMBO GROSSO:
- SUGIRO A EMA COMO
MINISTRA DA DEFESA COMO TAMBÉM O NEGO MINISTRO DA FAZENDA...
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