quarta-feira, 6 de novembro de 2013
DANE-SE ESSA TAL DE ASSOCIAÇÃO “PROCURE SABER” E QUE TUDO MAIS, VÁ PRO INFERNO!!! POIS, DE HOJE EM DIANTE, “EU SÓ VOU GOSTAR DE QUEM GOSTA DE MIM”. ASSIM, DEVERIA TER DITO ROBERTO CARLOS...
André
Miranda
O cantor Roberto Carlos não faz mais
parte do grupo Procure Saber. Dody Sirena, empresário do Rei, enviou um e-mail
aos demais integrantes, entre eles Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto
Gil, informando da decisão. Na mensagem, de tom cordial, Dody compara o grupo a
uma seleção de futebol, em que os jogadores se encontram, mas depois retornam a
seus times. Ele diz, ainda, que os advogados de Roberto vão continuar atuando
na questão das biografias, falando em seu nome. E garante que outros assuntos
podem voltar a unir Roberto com os outros artistas do Procure Saber no futuro,
como o direito autoral, as questões trabalhistas e as plataformas digitais. "CAMINHAMOS BASTANTE E DIVERGIMOS ALGUMAS VEZES. SABEMOS
QUE, NO FUTURO, TUDO ISSO SERÁ UM GRANDE EXEMPLO DE MOVIMENTO COLETIVO", escreveu Dody. A mensagem foi encaminhada para a empresária
Paula Lavigne, presidente do grupo, com outros músicos, advogados e empresários
em cópia. As razões que levaram o Rei e sua corte a se desligarem do Procure
Saber estão relacionadas às discordâncias geradas pela forma com que foi conduzido
o debate sobre as biografias não autorizadas. Desde o início de outubro,
artistas do Procure Saber vêm se manifestando publicamente contrários à mudança
no Código Civil, cujo artigo 20 permite que biografados proíbam a publicação de
biografias na Justiça em casos que “LHE ATINGIREM A HONRA, A BOA FAMA OU A
RESPEITABILIDADE, OU SE SE DESTINAREM A FINS COMERCIAIS”. O texto da lei está sendo questionado por uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade movida pela Associação Nacional dos Editores de Livros
(Anel) no Supremo Tribunal Federal (STF). Por conta da ação, uma audiência
pública será realizada em Brasília, nos dias 21 e 22 de novembro, antes que os
ministros do STF decidam sobre a matéria. A mobilização do Procure Saber,
expressa em artigos de Caetano, Chico, Gil e Djavan publicados no GLOBO, era em
defesa da privacidade dos biografados, mesmo que isso significasse a
necessidade de autorização prévia para a publicação das biografias. Para um
grupo grande de escritores e jornalistas, porém, a posição do PROCURE SABER
representava uma defesa da censura, o que fez com que os artistas fossem
bastante criticados nas redes sociais. Foi justamente a partir daí que o racha
no Procure Saber começou. Roberto, que em 2007 conseguiu retirar das livrarias
a biografia "ROBERTO CARLOS EM
DETALHES" a partir do argumento de ofensa à
sua honra, vinha se mantendo distante do debate público. O silêncio do Rei
irritou os outros integrantes, que passaram a cobrar internamente um
posicionamento direto de Roberto. A resposta, porém, só aumentou a brasa entre
eles. Primeiro, a corte real pediu, então, que Paula Lavigne, empresária de
Caetano Veloso, parasse de falar pelo grupo sobre as biografias. A ex-mulher de
Caetano Veloso vinha, até ali, servindo de porta-voz e articuladora do Procure
Saber e, por isso, acumulou algumas brigas públicas, com destaque para sua
participação no programa "SAIA JUSTA", da GNT. O papel de articulação
seria deixado com Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, advogado do Rei; e
evitariam-se novos confrontos públicos até a audiência pública em Brasília. Em
seguida, para coroar as rusgas entre os artistas, Roberto enfim aceitou falar:
há uma semana e meia, ele concedeu uma entrevista ao "FANTÁSTICO", da
Rede Globo, em que se declarou a favor das biografias não autorizadas, mas "COM CERTOS AJUSTES".
Dois dias depois, o Procure Saber, sob o comando de Kakay e Dody Sirena,
divulgou um vídeo em que o Rei, Erasmo Carlos e Gilberto Gil apareciam revendo
sua posição. Foi o suficiente para Caetano Veloso voltar ao assunto no último
domingo, em sua coluna no GLOBO. Caetano, para quem Roberto e Eramos compuseram
"Debaixo dos caracóis de seus cabelos" em 1971, época em que o cantor
baiano estava exilado em Londres pela ditadura militar brasileira, escreveu: "RC SÓ APARECEU AGORA, QUANDO DA MUDANÇA DE TOM. APANHAMOS
MUITO DA MÍDIA E DAS REDES, ELE VEM DE REI".
Desde então, o afastamento de Roberto Carlos do Procure Saber era aguardado. O
curioso é que o Rei só teria entrado para o Procure Saber por um acordo que
levaria o restante de seus integrantes a se juntar a ele na luta contra as
biografias não autorizadas. O grupo foi criado no primeiro semestre com uma
pauta inicial de batalhar por mudanças na gestão coletiva dos direitos autorais
no Brasil, numa luta que vinha sendo travada contra o Escritório Central de
Arrecadação e Distribuição (Ecad). Entre os artistas, comenta-se que Roberto só
aceitou ir para Brasília em 3 de julho, num movimento coordenado para fazer
pressão no Congresso e no Planalto a fim que se aprovasse o projeto de lei
129/2012, porque teriam prometido a ele uma reunião com a presidente Dilma
Rousseff sobre a questão das biografias. O encontro, reservado, teria durado 20
minutos.
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