J.R.GUZZO
Um sinal de que a humanidade está fazendo algum progresso é que a maioria das pessoas não fez nem deixou de fazer nada por causa dessa “Terceira Guerra Mundial”, anunciada como possibilidade real e iminente depois que os Estados Unidos mataram com um drone bem apontado o assassino-chefe da ditadura do Irã. O fato de ser uma das principais autoridades iranianas não fazia, obviamente, que o sujeito se tornasse menos criminoso do que é – com uma extensa folha corrida na prática de atos terroristas pelo mundo afora, e um número incerto de mortos em seu CV.
O resultado de sua morte, portanto, é que temos um planeta mais seguro para viver. Mas como o Irã é um país do campo “anti-imperialista”, para quem as classes intelectuais pedem “compreensão” e “diálogo”, e o país que matou o bandido é presidido por Donald Trump, o público teve de ouvir a habitual enxurrada de “análises” sobre o ato de “agressão contra um país soberano em tempo de paz” e os perigos extremos que isso traria para o resto do mundo – incluindo o Brasil, vejam só.
É claro que não aconteceu guerra mundial nenhuma, nem vai acontecer. O Irã não vai destruir Nova York, ou qualquer outra coisa importante, como “represália”. Seu programa nuclear continua do tamanho que estava. O Irã não é nenhuma Rússia ou China – que, aliás, não pensam em jogar bomba em ninguém, porque sabem exatamente o que lhe aconteceria depois.
Tem usina atômica, verba, urânio e cientista, mas bomba H, que é bom mesmo, não tem. Enfim, as tais “represálias” iranianas com as quais os “especialistas” tentaram assustar o mundo nos últimos dias vão se limitar a mais assassinatos, aqui e ali, como o Irã já faz há anos. A chance de você ser atingido por elas é a mesma de ser atropelado na rua ao sair da farmácia.
País de terceira é país de terceira, não importa o que a mídia lhe diga – mata, acima de tudo, os seus próprios cidadãos, e civis desarmados quando faz “operações” no exterior.
Espere por uma próxima guerra, porque essa não está com cara de vir – como não veio a “guerra da Coreia” que ia acabar com o mundo dois anos atrás. Para fechar a conta, aliás, há uma garantia talvez superior a todas as outras. Alguém, Deus sabe por que, lembrou de perguntar ao ex-chanceler Celso Amorim o que ele achava da crise – e o grande diplomata da era Lula-Dilma disse que a situação era gravíssima. Ponto final. Se o homem diz uma coisa, podem ter certeza de que vai valer exatamente o contrário. Esse nunca acertou uma.
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