terça-feira, 21 de janeiro de 2020

MORO DEU UMA BAILE NO RODA VIVA


Rodrigo Constantino

O ministro Sergio Moro se saiu muito bem no Roda Viva, mesmo com essa configuração de ringue em que o entrevistado é alvo de inúmeras tentativas de leva-lo à lona. Ele mostrou total segurança nas respostas. Jornalista tem que apertar mesmo, apesar de que alguns ali mais pareciam militantes diante de um inimigo.

Decência, preparo, espírito público, coragem: são virtudes raras, que merecem ser enaltecidas, valorizadas. O problema não é um povo ter heróis; mas ter os heróis errados! A hashtag #MoroHeroiNacional foi para o topo do Twitter não foi por acaso.

A âncora do programa, minha ex-colega de bancada Vera Magalhães, tentou apertar o ministro sobre o caso do secretário da Cultura demitido recentemente. Mas Moro não é um palpiteiro! Ele disse que falou para o presidente que julgou o episódio bizarro. E levou isso a quem interessa. Discrição é uma qualidade, não um defeito!

Moro deixou claro ainda que retórica é uma coisa, ação é outra. Não há medidas concretas de censura ao jornalismo por parte do governo. Se ele não aceitasse participar do programa, isso não seria censura, por exemplo, mas ele exercendo sua liberdade de escolha. Foi o PT que tentou CNJ, lembram? Mas os jornalistas costumam poupar Lula…

Outra coisa que chamou a atenção foi a participação de Leandro Colon, da Folha. Não entendo o piti dos militantes do The Intercept e de Glenn Greenwald por não estarem na bancada do Roda Viva. A Folha estava lá já representando a turma! Foi um show de horror à parte.

Não é para puxar o saco não, mas a Jovem Pan, na figura do Felipe Moura Brasil, faz as melhores perguntas, mais técnicas e sem o desejo de lacrar. Convidem alguém da Gazeta do Povo na próxima vez também. O Pravda, digo, a Folha pode ficar de fora: não fará falta alguma.

A apresentadora festejou o sucesso de audiência. Olha, celebrar que o programa de estreia esteve entre os mais comentados do Twitter é algo legítimo, sem dúvida, mas em nome da verdade, básica no jornalismo, cabe aqui acrescentar que a maioria elogiava o entrevistado, não os entrevistadores, especialmente aqueles que só tentam lacrar. Esses mereceram duras críticas do público.

Foi lindo darem também a oportunidade para o ministro Moro explicar em detalhes o petrolão! Locupletaram-se com a Petrobras, explicou em detalhes. Ninguém foi condenado sem provas. Não foi o que aquele “documentário” disse; foi enriquecimento ilícito mesmo. Toma, Lula!

Em suma, Moro mostrou elegância, paciência, evitou as cascas de banana, demonstrou respeito e lealdade ao chefe, não alimentou intrigas e fofocas, não cedeu às tentativas de colocarem-no contra o presidente, não expressou ambições políticas, respondeu todas as perguntas de forma objetiva e, dessa forma, levou ao desespero os militantes que desejavam vê-lo em maus lençóis.

A verdade, que poucos ali querem assumir, é que se o Brasil tivesse mais uns dez servidores públicos com o perfil de Sergio Moro, o país seria outro, muito melhor! Não é por acaso que ele é considerado um herói por milhões de brasileiros. Alguns jornalistas, vaidosos ao extremo, adorariam que eles fossem considerados os heróis do povo, mas o povo sabe melhor…

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