ERALDO CAVALCANTE SILVA – MACEIÓ-AL
Em 13 de dezembro
Santa Luzia me deu ao mundo
Da vida só me perturba o ocaso
E no dia que completo sessenta
Rogo a Luzia um pouco de prazo
Nem que seja um farelim
Para eu chegar aos noventa
As vezes me perguntam
A quem puxei de olho azul
respondo sem engano
Pergunte a Luzia
Que iluminada naquele dia
Roubou uma gota do oceano
Tenho tudo que quis
Se quero mais
É fato inconteste que fui feliz
Não que eu ache ruim os sessenta
E Santa Luzia me conceda
Mas nem que seja um tiquim
Para eu chegar aos noventa
Se o fim já fuça as ventas
Não reclamo de nada
dos cabelos que mudaram de cor
Dos comprimidos que me enchem a boca
Nem das manhãs travadas de dor
Santa Luzia me dê
Mais uma nagadinha de nada
Só quero chegar aos noventa
Eraldo Cavalcante Silva, 60 anos, no iluminado dia de Santa Luzia.
Um comentário:
……….Às vezes me perguntam/ A quem puxei de olho azul/ respondo sem engano/ Pergunte a Luzia/ Que iluminada naquele dia/ Roubou uma gota do oceano… Pois bem, se depois dos 60 anos, Dr. Eraldo for na POESIA o que é na medicina, Cacimbinhas, Maceió e Alagoas, quem sabe, estão ganhando um novo Jorge de Lima que também era médico e que hoje é considerado o príncipe dos poetas alagoanos. Ao se tornar um SESSENTÃO, o melhor das piores idades, o meu dileto amigo de infância é um iluminado pela virgem Luzia, a Santa protetora dos olhos.
P.S1.: – Em homenagem ao amigão alagoano, o sessentão Dr. Eraldo, ofereço-lhe como presente pelo seu aniversário, uma poesia do poeta paraibano Noaldo Dantas que imaginou o dia em que Deus criou o Estado de Alagoas. EI-LA: Ô São Pedro, pegue o estoque de azul mais puro e coloque dentro das manhãs encarnadas de sol; faça do mar um espelho do céu povilhado de jangadas brancas; que ao entardecer sangre o horizonte; que aquelas lagoas que estávamos guardando para uso particular, coloque-as neste paraíso.
P.S2.: – Gostei do farelim, nagadinha e tiquim…
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