MARINA SILVA: 'O BRASIL NÃO PRECISA DE UM GERENTÃO'
Marcelo Portela
BELO HORIZONTE - Em sua primeira viagem a Minas Gerais na pré-campanha à Presidência, a senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou nesta sexta-feira(09/04), que dois de seus prováveis adversários, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) e a ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff (PT), têm a mesma visão de desenvolvimento e disse que "o Brasil não precisa de um gerentão". Em entrevista à rádio Itatiaia, uma das de maior audiência no estado, a senadora disse que a campanha presidencial é o momento ideal para debater o modelo de país e criticou as discussões em torno de trajetórias pessoais dos candidatos. (As pessoas) não estão mais interessadas numa briga da disputa do poder pelo poder. Ou de ficar disputando se o currículo da ministra Dilma é mais denso que o currículo do governador Serra. O Brasil é maior que nossos currículos individuais. Se a gente ficar debatendo quem é mais gerente, quem tem o melhor currículo, isso é diminuir inclusive o tamanho da biografia dessas pessoas. É diminuir o tamanho do Brasil.
Depois de relatar sua trajetória desde criança em seringais do Acre até o Senado e o Ministério do Meio Ambiente, Marina elogiou tanto os governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso quanto o do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que a maior necessidade do país neste momento é de um governante que saiba priorizar as principais necessidades do país. O Brasil não precisa de um gerentão. O Brasil precisa de alguém que tenha visão estratégica. Só foi possível o Plano Real porque o presidente Fernando Henrique teve visão estratégica. Só foi possível quebrar a ideia de que não dava para crescer e distribuir renda porque o presidente Lula teve visão estratégica. Só será possível investir em educação, em desenvolvimento sustentável, numa economia vigorosa para este país, com visão estratégica.
Ela também afirmou que "foi bom ter o sociólogo, foi muito bom ter o operário e vai ser muito bom" ter uma mulher na Presidência porque, segundo a senadora, as mulheres são "mais acessíveis" e mais propensas ao diálogo no lugar do confronto. Perguntada sobre o que a diferencia de Dilma, a senadora afirmou que é justamente a "a visão do modelo de desenvolvimento". A ministra Dilma é muito parecida com o governador Serra. Eu falo isso com muito respeito, porque nós fomos colegas de ministério. Fui colega do governador Serra como senadores. Não sou inimiga dos dois. Pelo contrário, tenho muito respeito pelos dois.
Além disso, Marina ressaltou ainda que, apesar de patinar em cerca de 8% das intenções de voto nas últimas pesquisas eleitorais, tem esperança de crescer e até de chegar a um possível segundo turno em outubro. Mas observa que não pretende crescer "tirando" votos de nenhum candidato. Impossível (chegar ao segundo turno) não é. Partindo do princípio de que não é impossível, estou trabalhando para tornar provável. E uma vez tornando provável, se tornará possível. Há uma visão tão patrimonialista que acham que o voto do eleitor já é de alguém. Eu não tiro voto nem da Dilma nem de Serra. Eu recebo o voto do eleitor. É o eleitor que conscientemente vota naquele que ele acredita. É por isso que o presidente Lula foi eleito contra tudo e contra todos os preconceitos que teve que enfrentar - concluiu.
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