segunda-feira, 28 de junho de 2010

LULA CHORA AO LADO DE COLLOR E PROMETE MUNDOS E FUNDOS PARA OS FLAGELADOS DE ALAGOAS...


COM COLLOR, LULA CHORA E ANUNCIA AJUDA SEM LIMITE
Ana Flor e Flávio Guibu

Em visita a cidades destruídas em Pernambuco e Alagoas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva circulou acompanhado do ex-presidente Fernando Collor, andou na lama em meio a destroços e chorou. Na viagem, o presidente prometeu ajuda "sem limite" e anunciou a imediata liberação de R$ 550 milhões para ações de socorro e reconstrução das cidades destruídas. Disse também que a liberação de mais dinheiro depende de projetos que devem ser elaborados pelas prefeituras. A viagem aconteceu uma semana depois do início da tragédia, quando as primeiras pessoas morreram. Questionado, Lula disse que não considera ter demorado para visitar os locais afetados. Ele disse que foi a Palmares (PE) e Rio Largo (AL) para "sentir o drama" dos flagelados da tragédia, que comparou com o terremoto que atingiu o Haiti em janeiro.
"Eu estive há dois meses no Haiti. Lá, acabou tudo, mas aqui sobrou pouco", declarou ele, ao subir em um carro aberto que o levou pelas ruas de Palmares. Logo após sua estada em Pernambuco foi se encontrar com Collor em Alagoas.



POLÍTICAS RASTEIRAS E TRAGÉDIAS CHUVOSAS
AO DISTRIBUIR VERBAS PÚBLICAS DE FORMA DESIGUAL, UM POLÍTICO É MAIS RESPONSÁVEL DO QUE SÃO PEDRO QUANDO O CÉU DESABA SOBRE A CABEÇA DE BRASILEIROS. NO CASO, BRASILEIROS QUE ATENDEM OS PEDIDOS DE LULA PARA VOTAR EM DILMA ROUSSEFF
Leonardo Cavalcanti

Em linha reta, o município baiano de Salvador e a cidade alagoana de SANTANA DO MUNDAÚ(VIZINHA A CORRENTES) estão a 480km de distância. Na última semana, porém, a política rasteira uniu os dois locais de uma forma definitiva em episódios distintos. O primeiro ocorrido na última segunda-feira. O outro, na quarta-feira passada. Vamos a eles, pois.
Cena 1: Dilma Rousseff (PT) e Geddel Vieira Lima (PMDB), em um mesmo palanque, festejam a homologação da candidatura do peemedebista ao governo da Bahia.
Cena 2: Quitéria Celestina lamenta a impossibilidade de sair de casa e tentar encontrar comida para a família no município de Alagoas devastado pelas chuvas.
O elo entre as duas cenas está escondido em números da burocracia governamental. Mais especificamente do Ministério da Integração Nacional. O que segue a partir daí é uma ciranda.
Um ministério há até bem pouco tempo comandado pelo peemedebista Geddel, hoje um dos cabos estaduais de Dilma, a candidata do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que colocou — ou pelo menos teve de engolir — e manteve o político baiano na Esplanada.
Aí está o pulo do gato. Reportagem do Correio mostrou que, de 2004 a 2009, o Ministério da Integração Nacional, comandado por Geddel a partir de 2007, pagou R$ 357 MILHÕES para obras preventivas a desastres nos estados. Do total de recursos, 37% foram parar na Bahia, onde Dilma e Geddel comemoram a candidatura do ex-ministro na segunda-feira.
Alagoas, o estado onde na quarta-feira Quitéria Celestina tentava encontrar comida, ficou com 0,3%.
É o tal do jogo político rasteiro. Ao distribuir dinheiro de forma desigual, um político é mais responsável do que São Pedro quando o céu desaba. Eu sei, é a segunda vez que cito o santo aqui neste espaço, mas isso não significa que tenha alguma procuração para defendê-lo ou mesmo seja devoto. No caso de Geddel, ele até fez graça em abril passado, depois que as chuvas devastaram os morros de Niterói, no Rio de Janeiro: “Não é bem assim, mas enquanto disserem que eu dei mais dinheiro para a Bahia não deixa de ser bom para mim”. (...) Ainda no último mês de abril, Lula saiu em defesa de Geddel ao falar sobre os desmoronamentos no Rio de Janeiro. “É uma leviandade de quem falou. O que eu acho pobre neste país é que as pessoas esperam acontecer uma desgraça dessa magnitude para ficar tentando fazer um joguinho político pequeno.”
Na quinta-feira passada, em visita a Alagoas, Lula não falou sobre Geddel ou fez qualquer defesa a políticos. Ao contrário, mostrava-se emocionado ao ver in loco a tragédia que abateu brasileiros de Pernambuco e de Alagoas. No caso, brasileiros que atendem pedidos de Lula para votar em Dilma.



FICHA LIMPA E NOSSOS DESASTRES
Por Márcio Accioly

A tragédia das enchentes no Nordeste brasileiro, com o “tsunami” que devastou inúmeras cidades de Pernambuco e Alagoas, mostrou novamente ao país Região esquecida e miserável que não dispõe de mínima infraestrutura, e na qual as relações sociais em pouco ou quase nada diferem das estabelecidas ao tempo da escravidão. O que fica bem claro e assusta é a certeza de que o Brasil não deu certo. Trata-se de país do oba-oba, onde a televisão impõe pauta de discussões e determina seus rumos, numa ação orientada de fora para dentro em prática de visível domínio. No Brasil do século 21 (transformado em bordel), a ignomínia tornou-se normalidade. Vivemos cheios de invencionices e mentiras. Massacrados por festas e arranjos que nada deixam de produtivo ou positivo. Carnaval, futebol, são João, novelas, BBBs e programas de auditório de baixíssimo nível, aparato que privilegia a malandragem e um jeitinho cujo resultado gritante é a falta de perspectiva. Festa permanente. Há de se falar bem alto e em bom som: somos um país doente, dominado por ladrões e analfabetos (a maioria diplomada), pessoas sem qualquer compromisso com o futuro, até porque a desinformação e o despreparo as levam crer unicamente num imediatismo que só faz aprofundar nosso desespero. Como solução para o alto grau de analfabetismo, cotas foram instituídas. Somos, talvez, o País onde mais existem pessoas diplomadas per capita no mundo! Mas tente-se fazer com que algumas delas redijam um ofício. De vez em quando as coisas acontecem como uma onda: vêm e passam. Quem não se lembra do avião da TAM no aeroporto de Congonhas, no dia 17 de julho de 2007? À época, o ministro Nelson Jobim (Defesa), garantiu que todas as providências seriam tomadas, que novo aeroporto seria construído, etc. e tal. Sua excelência, inclusive, compareceu a Congonhas vestido de bombeiro (ele, antes, já tinha vestido farda de general, segurado uma jibóia na Amazônia, com ações de impacto para impressionar incautos). E o que se fez desde então? Que providências concretas foram tomadas com o objetivo de se prevenirem outras tragédias? Aqui estamos sempre à espera de novos desastres, quando atentas autoridades anunciarão providências indispensáveis só para aparecerem bem nas fotografias. Nada além. A memória humana é fraca e a televisão está aí para determinar o que é ou não importante. Num país onde não se estuda ou lê, discute-se o que as TVs apresentam. Na nova onda, aprovou-se agora a lei que se convencionou chamar “Ficha Limpa”, jogada mal elaborada pelos principais atores (saiu pela culatra de boa parte da classe política), e que o Judiciário em boa hora resolveu adotar. Quem dos corruptos em são consciência pretendia vê-la colocada em prática nalgum ano, Temos visto pessoas envolvidas nos mais escabrosos desmandos a participarem de postos importantes na administração pública, detendo mandatos eletivos. Fica difícil destituí-las dos cargos, pois são responsáveis pela elaboração das leis. A nova desgraça que se abateu sobre o Nordeste deverá ser amontoada a tantas outras acontecidas e não resolvidas. Mas é preciso que se dê o primeiro passo em busca de justas saídas. Ou veremos o país explodir a médio ou curto prazo num cipoal de más decisões e desordenamento. A propaganda oficial dos diversos governos que entram e saem não conseguem esconder o flagelo do Nordeste, o analfabetismo nacional, a ausência de transporte público, Saúde e falta de presídios. Quantos desastres serão ainda necessários?

Vamos torcer para que o Ficha Limpa funcione, impondo restrições à reincidência de abusos. E que eles não anulem tudo isso na primeira oportunidade.

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