Marina defende “igualdade de oportunidades” em convenção que homologou sua candidatura
Marina Silva afirmou hoje, durante a Convenção Nacional do PV que oficializou sua candidatura à Presidência da República, que o Brasil não precisa de um Estado “provedor”, mas de um Estado “mobilizador”, “que não faça para os pobres, mas com os pobres”. A candidata do PV afirmou que os brasileiros precisam ter “igualdade de oportunidades”. Para ela, a educação desempenha um papel fundamental nessa tarefa. “O Brasil que queremos é um Brasil que tenha uma educação de qualidade e que seja colocada como prioridade das prioridades”, afirmou. “Esse, para mim, é um compromisso visceral de vida”, disse. Marina Silva afirmou que os programas de terceira geração, incluídos nas diretrizes programáticas aprovadas ontem na convenção do PV, criarão as condições para que todos possam alcançar essas oportunidades. Esses programas criarão uma rede de Agentes de Desenvolvimento Familiar, que irão apresentar às famílias pobres opções para que possam melhorar de vida.
A senadora elogiou as conquistas do país nos últimos 16 anos, como o controle da inflação e a transferência de renda, durante os governos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). “Não adianta olhar só para trás ou só para frente. É preciso fazer as duas coisas. Olhar para trás, para aprender com os erros, e para frente, para não repeti-los e conquistar o que não foi conquistado”, afirmou.
Marina agradeceu o apoio dado pela família. Lembrou o incentivo que recebeu do pai, que estava na plateia, quando decidiu ir a Rio Branco (AC) para se tratar de hepatite e estudar. “No dia em que, com 16 anos, ainda analfabeta, te pedi para ir à cidade para cuidar da minha saúde e estudar, porque meu sonho era ser freira, você me disse: ‘Quer ir agora ou na semana que vem quando a gente vender a borracha para você levar algum dinheiro?’”, contou. Ainda se dirigindo ao pai, afirmou: “Se você não tivesse essa cabeça, esse coração, eu hoje não estaria aqui”.
Guilherme Leal, cuja candidatura a vice-presidente também foi homologada ontem pelo PV, disse em discurso que o Brasil precisa eleger Marina porque ainda prevalece no país a política do toma-lá-da-cá. Ele criticou a corrupção e os sucessivos escândalos que criam “desesperança” e “afastam os melhores talentos da vida pública”. Leal declarou que “a lógica da política ainda hoje está ancorada em lotear, distribuir e compartilhar espaços de poder”. O vice de Marina prometeu “um novo modo de fazer política e uma luta implacável contra todas as formas de corrupção”. No discurso do empresário vice-candidato, a educação e o combate à pobreza aparecem como um dos pilares principais de um governo de Marina. “A pobreza, além de inaceitável moralmente, é um enorme desperdício de capital humano”, declarou.
O teólogo Leonardo Boff, expoente da Teologia da Libertação, afirmou que Marina Silva tem uma forma diferente de fazer política. “Não é a política de luta e conquista do poder, mas uma política no sentido de [Mahatma] Gandhi, de gesto amoroso pelo povo”, afirmou.
Um dos momentos emocionantes da convenção ocorreu quando Eduardo Rombauer, fundador do Movimento Marina Silva, lembrou que disse à senadora, no início de 2009, que faria campanha por sua candidatura a presidente mesmo contra a vontade dela, por conta da manifestação espontânea de mais 700 crianças que participavam da Conferência Internacional Infanto-Juvenil de Meio Ambiente.
Participaram da Convenção do PV, entre outros, a prefeita de Natal (RN) Micarla de Sousa (PV), o candidato ao governo fluminense Fernando Gabeira (PV), o empresário Álvaro de Souza, a socióloga Neca Setubal, o poeta Thiago de Mello, o índio André Baniwa e a modelo Vanessa Vidal, que tem deficiência auditiva e ficou em segundo lugar no concurso Miss Brasil 2008
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