domingo, 26 de abril de 2020

SÉRGIO MORO: O HOMEM QUE SABE DEMAIS E AINDA TEM MUITO O QUE ENSINAR AO BRASIL



Pedro do Coutto

O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, deverá depor no Supremo Tribunal Federal a respeito dos episódios da fake news e do comício em frente ao QG do Exército em Brasília. Poderá depor duas vezes: no inquérito cujo relator é o Ministro Alexandre Moraes e num segundo inquérito, caso o STF acolha o pedido de Jair Bolsonaro através do Procurador Geral Augusto Aras, decorrente do que o chefe do Executivo considera inverdade de Moro quanto a sua interferência a Polícia Federal.

Este procedimento tem como relator o Ministro Celso de Mello, matéria que se adiciona a outro inquérito sobre os episódios das fake news e do comício de Brasília.

PROCESSOS CONEXOS – A meu ver pode acontecer o seguinte: os dois processos serem apensados em uma só matéria porque nos dois casos há referências sobre a autoria das inserções nas redes sociais e de financiamento que permitiu o comício de Brasília. Ou os relatores trocarem informações de interesse comum.

O pedido do Procurador Geral ingressou no início da tarde de sexta-feira e foi despachado no Supremo por um sorteio eletrônico que apontou Celso de Mello como relator. Na minha opinião, o ex-ministro Sérgio Moro transformou-se, neste caso, no personagem de Hitchcock, o homem que sabia demais. O mesmo se aplica ao ex-diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo.

PALCO EXTRAORDINÁRIO – A perspectiva de Sérgio Moro depor no Supremo representará a abertura de um palco extraordinário para que ele divulgue de forma ainda mais ampla o conteúdo predominante na série de episódios que, na verdade, deixa o presidente da República muito mal. O mesmo raciocínio se aplica a Maurício Valeixo.

Portanto, como se constata haverá ainda novos fatos que certamente surgirão em consequência dos depoimentos do ex-ministro e do ex-diretor da Polícia Federal. Os depoimentos por hipótese vão manter acesas as chamas que surgiram durante a semana que se encerra.

Ou seja, as armas do debate serão recarregadas da mesma forma que a carga explosiva do duelo final entre Sérgio Moro e Jair Bolsonaro elevando a temperatura dos confrontos.

OUTRO ASSUNTO – Também na edição de ontem de O Globo, matéria de Henrique Gomes Batista e Leo Branco, destaca a reação de vários empresários dizendo-se traídos pela campanha do candidato Jair Bolsonaro em 2018.

O presidente não se identificou com as pregações divulgadas em sua campanha vitoriosa. Entre os empresários insatisfeitos destacam-se Luiza Trajano, presidente da Magalu, e Flávio Rocha da Riachuelo.

Um detalhe importante: o Supremo Tribunal Federal tem total interesse na conclusão dos dois inquéritos, pois tanto nas fake news quanto no comício, os responsáveis pelas mensagens atacaram o STF pedindo inclusive seu fechamento. A pregação dessa forma voltava-se para a implantação de uma ditadura militar no país.

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