quinta-feira, 25 de junho de 2020

SE LEONEL BRIZOLA SOUBESSE A FALTA QUE FAZ AO BRASIL, JAMAIS TERIA IDO EMBORA...

Movimento Trabalhista Leonel Brizola - Home | Facebook
Carlos Newton

No último domingo, dia 21, foram completados 16 anos da morte de Leonel Brizola, um dos maiores líderes políticos da História Republicana. Embora tenha sido perseguido implacavelmente pelo regime militar, Brizola nunca foi um esquerdista radical. Classificá-lo de comunista não tem o menor cabimento, até porque o engenheiro gaúcho jamais se interessou em se aprofundar nas teorias de Karl Marx e Friedrich Engels. Mas é claro que estava próximo às ideias do marxismo, devido à sua permanente preocupação com a população carente.

Ainda muito jovem, fez uma carreira extraordinária no Rio Grande do Sul, como deputado estadual, depois federal, prefeito de Porto Alegre e governador, notabilizando-se com um dos maiores construtores de escolas do mundo.

MUTIRÕES EDUCACIONAIS – Como prefeito e governador, sua prioridade sempre foi a educação. Utilizando mutirões nas comunidades, implantou uma rede de ensino primário e médio que atingiu os municípios mais distantes, inclusive nas zonas do pampa, de baixa densidade populacional, onde construiu escolas de madeira.

Foi recordista mundial, pois em quatro anos criou 5.902 escolas primárias, 278 escolas técnicas e 131 ginásios, colégios e escolas normais, num total de 6.302 novos estabelecimentos de ensino. Com isso. abriu 688.209 novas matrículas e admitiu 42.153 novos professores.

Cerca vez, assisti a um emocionado relato do grande jornalista Caco Barcellos, que narrou as dificuldades de sua infância pobre, dizendo que somente venceu na vida porque conseguiu estudar numa daqueles escolinhas de Brizola no interior gaúcho.

HERDEIRO DO TRABALHISMO - Brizola foi o legítimo herdeiro do trabalhismo do Alberto Pasqualini, genial sociólogo, advogado e político gaúcho, que tanto influenciou o governo de Getúlio Vargas, ao defender a tese de que o “capitalismo individualista precisa se transformar em capitalismo solidário, com uma socialização parcial do lucro”.

Pasqualini também se aproximava de Marx, por sustentar o princípio do Trabalhismo, de que “nenhum ganho é justo desde que não corresponda a uma atividade socialmente útil”. Além disso, ensinava que nem sempre o que constitui um ganho legal é um ganho justo, porque todo ganho deve estar sempre em função do valor social do trabalho de cada um. “Onde há ganhos sem trabalho, há parasitismo e usura social”, sintetizava Pasqualini.

Num país sem memória, Pasqualini é o gênio desprezado pelos brasileiros, criador de uma versão inovadora e brasileiríssima do Capitalismo, que encantou Brizola e os gaúchos em geral, mas acabou no esquecimento.

AS DESGRAÇAS DA SORTE – Como diziam Cacaso e Sueli Costa, “são as desgraças da sorte, são as traças da paixão”… e assim Brizola não conseguiu chegar à Presidência da República, atropelado por Lula da Silva, o “líder trabalhista” criado nos laboratórios do bruxo Golbery do Coutto e Silva e que desgraçadamente acabou tendo vida própria e levou o Brasil a essa situação que estamos.

Aliás, os militares estão nos devendo essa. Foram eles que conseguiram evitar que Brizola chegasse ao poder, em 1989. Será que estão satisfeitos? À exceção do corretíssimo Itamar Franco, que ameaçou colocar a PM de Minas na represa, para evitar a privatização de Furnas, que Paulo Guedes agora quer concretizar, tivemos de aturar Collor, FHC, Lula, Dilma, Temer e Bolsonaro, seis perdidos numa noite suja, diria Plínio Marcos.

Será que valeu a pena os militares terem evitado que Brizola assumisse a Presidência? Claro que não. E o pior é que Brizola se foi, não deixou herdeiros e hoje ninguém nem sabe o que significa o Trabalhismo à brasileira, a melhor opção política já criada desde que o homem aprender a votar.

Um comentário:

A Marreta do Azarão disse...

Concordo com muito do que o autor coloca no texto. Os projetos de Brizola, sobretudo para a Educação, eram muito bons. E não podemos esquecer de que foi ele que forjou a alcunha Sapo Barbudo para o seboso.
Ele deixou herdeiros, sim : a Neusinha cheiradora, que o capeta também já levou.