Por Altamir Pinheiro
Richard Widmark que morreu no ano de 2008 aos 93 anos de idade foi uma das figuras marcantes do cinema antigo e dos anos dourados de Hollywood. Em que pese ter sido um excelente ator jamais ganhou um prêmio da Academia. Widmark sempre foi uma pessoa discreta, porém um baita intelectual e professor de direito. iniciou no cinema quando já estava com 34 anos, idade considerada fora do padrão para quem começa no mundo deslumbrado de Hollywood. O cinéfilo Paulo Telles o ver como um ator eclético que sabia desempenhar muito bem tanto vilões como heróis. Seu primeiro filme associado ao gênero Western aconteceu em 1949 que foi Céu Amarelo (Yellow Sky) com os ótimos Gregory Peck e John Russel. Este filme é dirigido por William A. Wellman e tem uma fotografia em preto e branco deslumbrante.
Sua estreia no cinema deu-se com o filme "O Beijo da Morte", de Henry Hathaway, num papel que lhe valeu uma indicação ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante, e o Globo de Ouro como Melhor Revelação Masculina. Nesse filme, ele fazia o papel de um vilão sádico que entrou para a história do cinema pela risada cínica que antecedia os atos de violência, como o de empurrar uma paralítica do alto de uma escada, fato este que chamou a atenção do público devido à presença magnética do ator. No Brasil, quando o filme foi lançado, Widmark recebeu aqui o apelido de “RISADINHA”. Neste filme ele não foi laureado com o Oscar, mas ganhou o Globo de Ouro com o prêmio de Melhor Revelação Masculina.
Foi no filme Punido pelo Próprio Sangue de 1956 que traz o loiro ator pela primeira vez como o protagonista de um western, dirigido por um especialista, John Sturges. A Última Carroça, também de 1956, talvez traga o mais heroico personagem feito por Widmark, COMANCHE TODD, um branco criado pelos índios e que termina se convertendo em herói para salvar alguns dos pioneiros dos peles vermelhas em pé de guerra e assumindo o comando da caravana. Um faroeste de categoria que só mesmo o primor de Delmer Daves pode conceber. Ação vibrante em belas paisagens e com uma moral: a história de um homem que descobre como, para viver condignamente, deve aprender a sofrer com as adversidades. Segundo o historiador de filmes faroestes Paulo Telles, talvez, a maior interpretação de Richard Widmark dentro ou fora do gênero.
Na minha concepção, um dos melhores filmes de western que teve a participação de Richard Widmark foi no lendário MINHA VONTADE É A LEI de 1959. A película traz Widmark como um fora da lei regenerado, que se cansa da vida de bandido e de andar com um bando liderados por um perverso chefe. O bando promove arruaças em San Pablo e cometem crimes no vilarejo, levando os moradores a contratar um “domador de cidades”, o invicto pistoleiro Clay Blaisdell (Henry Fonda), que infunde respeito aos desordeiros, sempre trajado de negro e com suas pistolas de coldre dourado, além de acompanhado pelo seu capanga, o aleijado Morgan (Anthony Quinn). Entretanto, Blaisdell é lúcido e sabe que os que o apoiam agora, mais tarde criticarão seus métodos quando a cidade estiver pacificada, e detendo o Poder, a população desejará sua partida. Não demora e isto vem a acontecer, quando o povoado nomeia Johnny Gannon para xerife, que conhecera Blaisdell em seu tempo de fora da lei. No elenco, as belas Dorothy Malone, interesse romântico de Gannon(Quinn), e Dolores Michaels, interesse romântico de Blaisdell(Fonda).
Para quem não sabe, Fora dos sets de filmagem, Widmark era um defensor dos direitos humanos e da preservação de patrimônios históricos em geral, sendo um liberal democrata na política. Mas em 1960, Widmark recebeu um convite de John Wayne para interpretar o lendário Jim Bowie, o aventureiro lutador de facas e inventor da faca Bowie no épico O Álamo (The Alamo), que reconstituiria o episódio da história da luta da independência do Texas, anterior a sua anexação aos Estados Unidos. Antes, o papel havia sido oferecido pelo Duke a Charlton Heston, que se recusou a trabalhar na ocasião com Wayne, por ser um Republicano brutamontes.
Ao trabalhar no filme O ÀLAMO que teve a direção de John Wayne, Widmark, por profissionalismo, resolveu esquecer seu lado político, mesmo sabendo que o Duke era um radical republicano. Não nutria de grandes amores por Wayne, mas em 1960, Widmark estava sem projetos ou filmes a fazer, por isto aceitou o convite de trabalho, que seria uma superprodução. O encontro com os dois astros de pensamentos políticos diferentes rendeu boas histórias, e uma delas é que quando após a assinatura do contrato, foi publicado um anúncio com a foto do ator que interpretaria Jim Bowie e a frase "Welcome aboard, Dick" (bem-vindo a bordo, Dick). Ao recepcionar Widmark em Brackettville, Wayne teve que ouvi-lo dizer na frente de todos os presentes: "Diga ao seu pessoal de publicidade que o meu nome é Richard!”, deixando claro que não queria nenhuma intimidade com John Wayne. Chocado, o Duke apenas respondeu: "Eu vou dizer sim, Richard", enfatizando o nome do já declarado inimigo. Entretanto, anos depois, Richard negou este fato, afirmando que todos os colegas o chamavam de Dick e que nunca se incomodou. O eclético ator Richard Widmark encerrou sua carreira com o filme True Colors (1991), onde interpretou o papel de um senador.
https://www.youtube.com/watch?v=5WG5uSZQL98&list=RD5WG5uSZQL98&start_radio=1&t=869
Nenhum comentário:
Postar um comentário