quinta-feira, 22 de julho de 2021

FARGO, UMA TRAGICOMÉDIA DE ERROS E TRAGÉDIAS

 



d.matt


O filme  FARGO é uma Comédia,  Um FILME POLICIAL ,  UMA TRAGÉDIA OU UM drama SUBURBANO? FARGO é uma tragicomédia de erros e comportamentos. NA VERDADE ELE É TUDO  ISSO AO MESMO TEMPO menos sorrir, apenas refletir nas coisas que acontecem inesperadamente nas vida das pessoas  normais ou na vida de pessoas que são  alvo de atrapalhadas situações, sem  qualquer possibilidade de serem reais.


A sinopse do filme diz que FARGO é uma história baseada num acontecimento real,  na cidade de Fargo no Estado da Carolina do Norte. Não é verdade, nunca houve naquela cidade tais  acontecimentos. Os  Irmãos  JOEL  e ETHAN COEN , redatores do enredo original, e diretores do filme,  confessaram em uma entrevista que  inventaram essa informação para dar mais autenticidade ao enredo e chamar mais atenção para o  filme. A  estória criada pelos irmãos Coen não contem muita verossimilhança, porem é de uma imaginação superior, pois os personagens  têm muita personalidade própria e  agem como seres reais. Para maior realidade, eles usaram em todo o filme o " sotaque" local, cheios de perguntas,  sempre respondidas com um Yea  e olhar de surpresa em quase todas as cenas dialogadas.


Se você assistir ao filme no original em inglês, vai notar que todos os personagens, sempre dialogam usando o sotaque original meio matuto da localidade, um achado da direção. Algumas cenas que até poderiam ser cortadas sem prejuízo do filme, foram mantidas apenas para dar vazão ao humor da personagem, como a cena, na qual com aquele barrigão enorme empinado, a policial recebe uma cantada do japonês no bar, o qual se mostra muito carente de afeição. É o mesmo descartado com grande classe pela personagem policial em avançado estado de gravidez. Só por este estado de gravidez em uma policial, já traz em si alguma situações um tanto cômicas,  pois ela faz as suas investigações, como se nada de anormal estivesse fora das normas policiais.


O elenco escolhido a dedo foi um dos fatores principais na qualidade final do filme, cito por exemplo o personagem do ator William H. Macy que se supera na sua atuação, chega ao ponto de não sabermos se ele está atuando ou vivendo realmente aquela realidade fílmica. A sua melhor cena é quando a policial começa a investigar no seu escritório de trabalho, a suspeita da falta de um carro, o que ele nega veemente. Entretanto ela não se convence muito facilmente e continua investigando. Quando a policial se retira, o personagem tem uma crise de medo de ser descoberto e o seu plano de mandar sequestrar a sua mulher e receber um alto resgate do sogro, milionário, é apavorante e ele tem então uma forte crise de medo histérico e se agita, bate com a cabeça, espuma e com olhar apavorado sai a procura dos raptores contratados por ele, levando o carro novo prometido como parte do pagamento, carro esse que a policial estava investigando.


Essa cena do ator William H. Macy é genialmente interpretada, e creio que somente essa cena deve ter levados dezenas de takes para ser aprovada pelo diretor. Creio mesmo que a sua indicação para o Oscar de melhor ator coadjuvante, tenha sido resultado desse desempenho excelente, bastante difícil de ser alcançado, pois é uma cena sem outros participantes e na qual ele tem de resolver o problema sozinho, em segredo, sem despertar suspeitas.


Ele declarou em entrevista que esse filme mudou completamente a sua carreira e deu-lhe muitas novas oportunidades de trabalho. Os demais atores estão perfeitos, seguros por uma direção firme e de muito talento, sob a qual cada um dos personagens " vivem " realmente e dão muita credibilidade ao enredo, que diga-se de passagem é muito suspeito de que possa ser aceito como possível de ser real. Grande performance de Steve Buscemi, antigo colaborador dos filmes dos Coens, Peter Stomare num papel quase mudo, mas muito ameaçador, e também a participação do ator Harve Presnell , que no passado apareceu em alguns filmes, sem grande notoriedade. 


Não temos adjetivos suficientes para qualificar o desempenho da atriz principal. Frances McDormand que nos mostra que grande atriz ela é, pois ficou comprovado quando  recebeu posteriormente o seu terceiro Oscar de melhor atriz. Na minha opinião ela é hoje a maior atriz do cinema americano atual, sem dúvida alguma. O seu desempenho acima de qualquer qualificação, sem estrelismos, podemos notar a sua simplicidade e o desempenho sem ostentação durante todo o filme, atuando sem closes e sempre com um Yea! e olhar interrogativo, dando ao seu personagem muita credibilidade e força, sem traçar um paralelo entre a comédia e o drama, que ao final se torna trágico e violento, sem que os acontecimentos tenebrosos prejudiquem o ritmo do filme e que o seu final, difícil, de ser aceito seja muito questionável. 


Não acho que podemos classificar esse filme simplesmente como mais uma tragicomédia, apesar das situações, algumas hilárias devido a sua incredibilidade e outras extremamente violentas no final, com cenas horripilantes e de difícil aceitação. A estória mostrada no filme extrapola a realidade possível, criando para os personagens uma credulidade difícil de ser aceita, sendo esse um dos pontos fracos do filme, que muitos críticos arrasaram com fortes críticas, enquanto outros consideraram como um obra de grande qualidade e o colocaram num pedestal. 


Considero esse filme muito difícil, mas ao mesmo tempo, acho até que merecia um Oscar devido não só o desempenho genial de todos os atores e a direção criativa e engenhosa dos seus diretores, cujo resultado final, foi nos oferecer um filme de grande qualidade, impossível de ser esquecido. Creio até que com o tempo é possível  tornar-se um clássico da tragicomédia, pois não vemos no panorama cinematográfico atual, filmes tragicômicos com essa qualidade excepcional. Quando os roteiristas embarcam nessas estórias tragicômicas atuais, geralmente acabam no ridículo, sem a menor credibilidade e qualidade artística. Para quem ainda não viu o filme, eu o recomendo pois sei que será muito apreciado.

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