quinta-feira, 22 de julho de 2021

HOMBRE, O SELVAGEM CIVILIZADO.

 

d.matt


Esse filme é muito diferente dos demais filmes sobre Índios, pois neste caso o selvagem é o mais civilizado dos demais personagens. O enredo foi escrito à altura para gratificar o personagem principal vivido pelo ator Paul Newman, que eu me lembre nunca interpretou um selvagem ou mesmo um bandido em qualquer filme, não contando como válido nesta suposição. A  sua aventura semicômica do filme com Robert Redford em Butch Cassidy and The Sundance Kid. 


Mas voltando para o inicio do filme, o seu personagem é um meio índio, que viveu algum tempo com os apaches e aprendeu a " viver " no inóspito sertão semiárido, e que sentia o espirito índio americano em sua alma interior. A estória já apresentada em outros filmes do gênero, conta a sua volta à " civilização " com a morte do seu pai numa pequena cidade do oeste para receber a sua parca herança de poucos bens. 


Enquanto espera a diligência junto aos outros personagens que participarão dos inúmeros eventos que virão a seguir, entra em cena o vilão, na figura do ótimo ator característico Richard Boone. Com a entrada de Boone no filme, este ganha uma outra dimensão e passa a prometer aos espectadores que teremos muita ação, muitas surpresas e ação de verdade, pois a figura de Richard Boone sempre nos traz grandes promessas de acontecimentos marcantes e muita ação. 


Richard Bonne foi um ator muito famoso na TV americana, foi o herói de várias séries de TV, sendo a mais famosa auela com enredo baseado no velho oeste entitulada " Have gun will travel " apresentada aqui no Brasil com o título de " Paladino do Oeste " sendo uma das mais festejadas séries exibida na época na TV brasileira. 


O enredo do filme foi adaptado de uma estória do escritor ELMORE LEONARD, bem escrito, com ótimos diálogos inteligentes e as vezes sarcásticos, beirando muitas vezes a fronteira do sensual libidinoso, tais como exemplo: O personagem do vilão ainda oculto, dentro da carruagem acende um cigarrilho e ironicamente pergunta a uma passageira se está incomodada com a fumaça. Ela responde que é preciso respeitar uma dama. Ele sorri, e retruca: Sempre aprendi a tirar fora o chapéu para uma dama, o mais que eu tirar depois depende da minha sorte. 


Outra cena também com um diálogo bem picante é quando três mulheres da comitiva conversam em uma pausa na viajem da carruagem, uma delas diz para a dama anterior que estava acompanhada do marido, que ela tem muita sorte por ter um marido tão importante, com grande inteligência. Ela responde meio enfadada, que a grande inteligência não conta muito, pois na hora quando ele tira as calças para dormir, a grande inteligência não tem grande proveito. 


Dá para sentir que este western será muito diferente dos costumeiros de bandidos e mocinhos, pois aqui o que vale será a força moral e obediência exigida e imposta pelo quase índio, que descobre que o funcionário publico importante de grande e inteligência roubou milhares de dólares da comida dos índios encurralados pelo governo e está fugindo na diligência com o dinheiro roubado. A diligência é assaltada pelos bandidos e todos ficam a pé no deserto sem orientação e a única coisa sensata a seguir é acompanhar o semi-índio que eles chamam de HOMBRE e arriscar sobreviver , pois estão fugindo dos bandidos, sem água e sem abrigo. 


Cada personagem expõe durante o passar do tempo, a sua personalidade, fuga, traição, inveja, covardia e, muito medo do que está para acontecer, pois estão encurralados pelos bandidos, sem água ou alimentos sem qualquer saída, até que o semi-indio HOMBRE, decide a última cartada e resolve se expor e enfrentar os bandidos. O resultado é inesperado, a tragédia acontece e o final feliz antes do famoso " The End " é negado a todos os participantes. 


Paul Newman está sóbrio, contido mas convence muito pouco como semi-índio , sua figura é por demais civilizada e citadina para incorporar um selvagem, Mas não decepciona completamente e chega a um razoável desempenho. Os demais atores estão bem dirigidos pelo competente diretor Martim Ritt que sabe extrair o melhor de cada ator e neste caso ele os têm em excelência com um ótimo Frederich March, Martim Balsam sempre correto, Diane Cilento correta no principal papel feminino e o excelente ator Richard Boone, muito conhecido na TV nos EE.UU. 


A fotografia é de grande qualidade, do premiado James Hong Howe e a trilha sonora, não muito marcante, é do maestro David Rose, músico, muito elogiado pelos seus álbuns de grandes arranjos orquestrais suaves e românticos. Sem ser uma grande produção, com uma estória bastante comum, sem grandes novidades e lances épicos já visto em enredos semelhantes muitas vezes, pelos apreciadores de filmes gênero western, mesmo assim o filme é bastante gratificante e vale para nós fanáticos pelos filmes bang bang, entrar naqueles desertos semiárido e vivenciar do lado de cá, confortavelmente essas aventuras westernianas.

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