Magno Martins
No dia de ontem, véspera do início do julgamento final do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, no Senado, 51 senadores declararam que votarão a favor do impeachment, segundo levantamento do jornal O Globo. Disseram que votarão contra 19 e não quiseram manifestar seus votos ou não foram encontrados 11 parlamentares. Na votação da chamada pronúncia, quando Dilma virou ré, foram 59 votos a favor e 21 contra. São necessários 54 votos, entre os 81 senadores, para a condenação definitiva de Dilma à perda do mandato e à inelegibilidade por oito anos.
O julgamento começará na manhã de hoje. Na primeira fase, só testemunhas serão ouvidas, o que deve acabar sábado. Na próxima segunda-feira, Dilma fará sua defesa e, em 30 e 31, haverá discursos e a votação. Apesar de ainda não haver tal número, o clima é favorável ao impeachment. Vários senadores que não declararam sua preferência informaram às suas bancadas que votarão pelo afastamento definitivo da petista.
Nos bastidores, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem sido pressionado pelos aliados a fazer o mesmo, mas ele disse que ainda analisa a situação. Quais as chances de Dilma ser absolvida? Projeções feitas com base nas informações disponíveis mostram que são praticamente nulas. Os votos esperados pela condenação de Dilma variam entre 55 e 59, podendo chegar a 62 nas várias simulações da mídia, patamar confortavelmente superior aos 54 necessários para condená-la.
Supõe-se que um senador que já votou contra Dilma tem maior chance de repetir seu voto. Importa menos que ele tenha declarado ou não o que fará a este ou aquele jornal. Alguns exemplos podem ajudar a entender melhor o critério. Tome os casos de votos dados como indefinidos, como os senadores Benedito de Lira (PP-AL), Fernando Collor (PTB-AL), João Alberto Souza (PMDB-MA), Wellington Fagundes (PR-MT) ou José Maranhão (PMDB-PB).
Todos eles já votaram sistematicamente contra Dilma no plenário, em pelo menos cinco oportunidades. Fagundes ainda votou contra Dilma também na Comissão Especial do Impeachment. Outro caso dado como indefinido, o senador Otto Alencar (PSD-BA), tem votado sistematicamente a favor de Dilma.
Pelo critério mais frouxo, a projeção aponta 59 votos pelo impeachment, exatamente o resultado da última votação no Senado. Ainda que seja adotado o mais rigoroso dos critérios (só é dado como certo o voto de quem sempre votou contra Dilma e se declara a favor do impeachment em todos os levantamentos), a projeção resulta em 55 votos a favor votos pelo impeachment e 25 contra. Isso contando com a abstenção de Renan Calheiros, o que totaliza 81, a composição da Casa.
SAINDO DO MURO – O senador Benedito de Lira (PP-AL) assumiu seu voto, alegando que agora, com o quadro já definido, não há mais motivo para não declarar sua posição. Ex-ministro de Dilma, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) também se manifestou pela condenação. No caso dos aliados de Dilma, o senador Elmano Férrer (PTB-PI) disse que manteria sua posição contra o impeachment. O Palácio do Planalto ainda tenta mudar seu voto. - As imagens e a manchete não fazem parte do texto original -
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