segunda-feira, 29 de junho de 2020

ANIVERSÁRIO DE 75 ANOS DO MAIOR ROQUEIRO BRASILEIRO DE TODOS OS TEMPOS: RAUL ROCK SEIXAS



Por Altamir Pinheiro

Raul  Santos Seixas ou Raul Rock Seixas,  faria 75 anos neste domingo (28). lamentavelmente, Raul nos deixou em  agosto de  1989, acometido de pancreatite crônica, hipoglicemia e parada cardiorrespiratória,  por consumo exagerado de vodka com crush, mas suas músicas continuam eternas. Pensando bem, quem foi Raul Seixas?!?!?!  Raul era um cara muito diferente dos demais de sua época, ele não vivia e nem falava coisas atuais, ele estava sempre além da realidade em todos os sentidos. Muitos o chamavam de louco, mas será que ele era mesmo maluco? O que podemos analisar entre loucura e razão? Há quem diga que, a loucura não existe sem razão e nem a razão sem a loucura. Uma pessoa considerada louca em uma certa época, poderá ser considerada um gênio em outra. Ao longo da história da humanidade todas as pessoas que foram consideradas loucas com suas invenções criativas, mais tarde foram reconhecidas como grandes gênios. 

Seixas  teve muita dificuldade em adaptar-se por ver as coisas por uma ótica diferente, ele não se conformava com as mesmices de todos, ele era um protestante às ideias consideradas “IMEXÍVEIS” pela sociedade. E neste mundo em que vivemos, quando uma pessoa tem uma visão diferente dos demais, a pessoa começa a ser excluídas dos diversos grupinhos de luluzinhas que existe por aí. Santos Seixas tinha uma ideia muito forte do que era a vida, e batia contra  muitos movimentos considerados fechados na sociedade, tanto político como religioso. Ele foi filósofo, músico, cantor, compositor e ator, como também cursou filosofia na universidade da Bahia. 

Em sua meteórica carreira, chegou um determinado momento na vida  que ele foi se distanciando de Deus ou das coisas sagradas que ele mesmo lera na Bíblia, e começou a se interessar pela filosofia de Aleister Crowley e do caminho do egoísmo, como ele mesmo se declarava: "Eu sou egoísta”. O Nosso querido Raul Seixas findou o seu tempo e partiu para o mundo das eternas dimensões. No tocante ao seu distanciamento da religião,  ele mesmo cantou na música : EU NASCI HÁ DEZ MIL ANOS ATRÁS. O nosso espírito na verdade é antiguíssimo, todos nós já existíamos antes de ganharmos um corpo humano. Mas a igreja romana fez de tudo para ninguém jamais saber de nada. Já na música PEDRO ele arremata:  eu não tenho nada a ti dizer / Mas não me critique como eu sou / Cada um de nós é um universo, / Pedro, onde você vai eu também vou... 

Uma coisa que se aprende ou detecta-se  nas letras de Raul é que, de um modo geral,  todo cidadão comum nessa  sociedade de consumo ou dos Shoping Center almeja comprar um carro do ano, comprar uma casa, morar num lugar maravilhoso, mais as pessoas que chegam lá, com o passar do tempo, percebem que tudo isso é vazio, lutou a vida inteira que nem um doido, um doente mental para conquistar. E aí chega… Daí percebe que tudo isso é um enorme vazio. Aparece a depressão, começa a vir a angústia, haja vista não ter sentido as pessoas desesperadamente lutarem tanto para viver uma vida sem sentido. Raul, deixa tudo isso muito claro quando compôs OURO DE TOLO e numa das estrofe ele diz: “...E você ainda acredita que é um doutor, um padre ou policial que está contribuindo com sua parte para esse belo quadro social... Nessa música ele retrata,  nas entrelinhas, a repressão, a mesmice, e a chamada tolice ou babaquice. 

Quando é lembrada a passagem dos seus 75 anos de idade, vem a nossa mente a certeza que nas décadas de 50, 60, 70 e  80 houve uma geração de brasileiros que acompanhou os três maiores caipiras da música mundial: Luiz Gonzaga que nasceu em Exu, Elvis Presley em Memphis e Raul Seixas na Bahia... Quem neste mundão de my god é cinquentão curtiu adoidado o Mensageiro ou Profeta do Apocalipse no final de uma era nas saudosas décadas de 70/80 do Século passado. Quem viajou no TREM DAS SETE sabe muito bem do que estou falando... Raul Seixas era um poeta, místico e filósofo catastrófico. Raul Seixas deixou um vácuo gigantesco na música e na cultura moderna, especialmente no que diz respeito a sua mensagem que não foi completada por ter morrido com apenas 44 anos de idade, lamentavelmente. 

Por fim, a  trajetória do carimbador maluco, mais conhecido como  Maluco Beleza sempre esteve atrelada a um certo tom místico e visionário, mas ninguém imaginava que uma letra de sua autoria juntamente com Cláudio Roberto pudesse falar tanto de 2020 quanto O DIA EM QUE A TERRA PAROU.  Todo o desenrolar da letra relata um dia em que o mundo inteiro decidiu não sair às ruas, curiosamente, muito semelhante ao cenário imposto pela pandemia dessa praga esquerdista “incarnada” altamente contagiosa e letal que é o tal do COVID-19.    A letra da música  trata de uma narrativa muito atual, a “antevisão” de Raul falhou em um pormenor ou particularidade. A letra diz que “o doutor não saiu pra medicar, pois sabia que não tinha mais doença pra curar”, ou seja, o enclausuramento imaginado pelo compositor não parece ter relação com a realidade, haja vista que os dirigentes do país não estão nem aí com a pandemia, há um  deles, diga-se de passagem, um bunda suja, que chama isso de uma simples gripezinha, pois o que eles sabem e fazem muito bem  é politicar. O mesmo não se pode dizer dos profissionais de saúde, a turma do jaleco branco: esses sim, saíram de casa  para medicar porque sabiam que tinha uma doença pra curar...







Um comentário:

A Marreta do Azarão disse...

Belo texto e bela homenagem a Raul.