Supremo manda apurar ação de Valério no BC
Josias de Souza
Por ordem do ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão no STF, Marcos Valério será alvejado por um novo inquérito. O objetivo é apurar a acusação de que o operador do mensalão praticou o crime de tráfico de influência no Banco Central.
Relatório da Polícia Federal repassado ao Supremo em 2011 sustenta que Valério tentou obter no BC decisões favoráveis a duas casas bancárias sob intervenção: Banco Mercantil de Pernambuco e Banco Econômico.
No caso do Mercantil de Pernambuco, Valério atuou como preposto do Banco Rural. Sócio do negócio, o Rural lucraria cerca de R$ 700 milhões se fosse levantada a intervenção na instituição pernambucana. Quanto ao Econômico, o controlador do banco disse em depoimento à PF que reuniu-se com Valério.
A investigação da PF constatou que Valério participou de 17 reuniões no BC no primeiro reinado de Lula, entre 2003 e 2005. Não obteve o que desejava. Mas o sucesso das investidas não é pré-condição para o enquadramento no crime de tráfico de influência.
Por isso, Barbosa remeteu a encrenca para a Justiça Federal do DF. Valério já responde a processos desmembrados do mensalão noutras duas praças: São Paulo e Minas Gerais.
Simultaneamente à abertura da nova frente, o STF analisa a redução da pena imposta a Valério no julgamento do mensalão (40 anos, um mês e seis dias). A hipótese de encurtamento da cana nada tem a ver com os acenos de Valério de fazer novas revelações em troca de proteção judicial.
Deve-se a cogitação do Supremo ao fato de Valério ter auxiliado os investigadores do mensalão. Ele forneceu ao Ministério Público a lista de sacadores das verbas espúrias repassadas via Banco Rural.
Além de Valério, também o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) pode ser brindado pelo STF com uma redução de pena. Delator do mensalão, Jefferson fez revelações que foram confirmadas no curso do processo.
No caso de Jefferson, o tamanho do castigo ainda não foi fixado. O STF retoma o julgamento nesta quarta (7). Na fase da “dosimetria” das penas, o trabalho fora interrompido porque o relator Barbosa viajara à Alemanha para tratar as dores que lhe torturam a coluna.
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