sexta-feira, 14 de junho de 2013
SE VIVO FOSSE, CHE GUEVARA COMPLETARIA 85 ANOS HOJE.
A
INFÂNCIA DE CHE GUEVARA
A PARTIR DE AGORA VOCÊ VAI CONHECER A
INFÂNCIA DE UM DOS MAIORES LÍDERES REVOLUCIONÁRIOS DA HISTÓRIA DA AMÉRICA.
LEMBRADO COMO UM HERÓI E CULTUADO COMO UM MITO ATÉ OS DIAS DE HOJE, SÍMBOLO
REVOLUCIONÁRIO INSPIRADOR E ADMIRADO POR MUITOS JOVENS, ERNESTO GUEVARA DE LA
SIERNA, OU SIMPLESMENTE CHE GUEVARA, DEIXOU UMA MARCA PROFUNDA, PRINCIPALMENTE
NA AMÉRICA LATINA. OS PRIMEIROS ANOS DE SUA VIDA FORAM TUMULTUADOS DEVIDO À
DOENÇA COM A QUAL FOI OBRIGADO A CONVIVER POR TODA A SUA VIDA E POR MUDANÇAS DE
CIDADES. A VIDA DE CHE GUEVARA É LEMBRADA PELAS SUAS AVENTURAS E É CHEIA DE
CURIOSIDADES. A COMEÇAR PELO SEU NASCIMENTO. MUITAS FONTES APONTAM A SUA DATA
DE NASCIMENTO EM 14 DE JUNHO DE 1928, MAS A VERDADE É QUE CHE NASCEU UM MÊS ANTES. VAMOS ENTENDER O PORQUÊ DISSO.
Por Carolina Botelho
Quando os pais de “ERNESTITO” (como era
chamado carinhosamente pelos mais íntimos) se casaram, sua mãe, Celia de La
Serna y Llosa, já estava grávida de três meses. A Argentina dos anos 20 era bem
tradicional e, por isso, o fato seria mal visto pela sociedade aristocrática.
Logo depois do casamento, em 10 de novembro de 1927, Celia e o marido Ernesto
Guevara Lynch deixaram Buenos Aires e foram viver no meio da selva, em uma
pequena cidade chamada Misiones. Ali, Lynch passou a plantar erva-mate e,
quando o parto se aproximou, foram para Rosário. O bebê nasceu e um médico
amigo da família acabou alterando a data da certidão de nascimento para um mês
adiante. Os Guevara retornaram para Misiones e, como o recém-nascido era muito
frágil, acabou contraindo uma pneumonia bronquial. A casa ficava no meio da
selva, proliferavam bichos e insetos e a infra-estrutura precária contribuía
para que a fragilidade do menino aumentasse. O pai passava noites acordado
cuidando de Ernesto para que os animais não se aproximassem dele. Celia
engravidou novamente e, em março de 1929, os três voltaram para a capital em
busca de uma vida mais confortável. Em dezembro do mesmo ano, nasceu a menina
que recebeu o mesmo nome da mãe. Apesar da mudança, os problemas de saúde de
Ernesto não davam trégua. Num dia de maio de 1930, Celia levou-o para nadar no
iate clube da cidade, afinal ele precisava se divertir um pouco com outras
crianças de sua idade. O inverno já havia começado, estava frio e ventava
bastante e a brincadeira ao ar livre provocou uma crise de tosse que durou a
noite toda. Um médico foi chamado, já que Celia e Lynch não sabiam mais o que
fazer para aliviar as dificuldades respiratórias do filho, e diagnosticou
bronquite asmática e prescreveu do tratamento habitual. Como a família logo
percebeu, Ernestito havia desenvolvido uma asma crônica, que iria afligi-lo
para sempre. Prova disso é que uma das primeiras frases que aprendeu a falar
foi: “PAPAIZINHO, INJEÇÃO”. Novamente para tentar amenizar as crises de
Ernestito, em 1931, a família se mudou para um apartamento nos arredores do
parque Palermo, em Buenos Aires. A casa da avó Ana Isabel, a mãe de Lynch, e de
sua irmã solteirona, Beatriz, ficava quase ao lado. As duas mimaram muito o
pequeno Ernesto e acabaram por se tornar os parentes mais queridos. Em 1932,
Celia deu à luz pela terceira vez: um menino chamado Roberto. A filha Célia, de
um ano e meio, dava os primeiros passos e Ernestito, com quatro, estava
aprendendo andar de bicicleta nos jardins no parque. A mudança, no entanto, não
melhorou a asma do garoto. Lynch dizia que a doença do filho começava a afetar
as decisões e impunha-lhes liberdade de movimento: “A CADA DIA,
ENCONTRÁVAMOS-NOS MAIS À MERCÊ DESTA MALDITA ENFERMIDADE”. Seguindo os
conselhos de médicos que recomendavam um clima seco, eles viajaram para as
terras altas da província de Córdoba, onde viveram durante meses em hoteis e
casas alugadas por temporadas. Mas, mesmo assim, os longos ataques daquele
menino fraquinho ainda aconteciam, embora mais amenos. Um amigo da família
recomendou que fossem para Alta Gracia, uma estação de águas no sopé das
Sierras Chicas, perto de Córdoba. O lugarejo tinha um ótimo clima seco, ideal
para doentes das vias respiratórias. Em Alta Gracia, viveram por 11 anos.
Ernesto melhorou da asma, já que nos primeiros meses moraram no sanatório Hotel
de La Gruta, onde a maioria dos hóspedes sofria de problemas pulmonares. A vida
era uma espécie de longas férias, com caminhadas diárias até os pequenos lagos
e passeios de mula e a cavalo. Em janeiro de 1934, Celia teve outra criança,
que recebeu o nome da avó paterna, Ana Isabel. Nesta época, Ernesto Guevara
tinha seis anos, era um menino baixinho, de cabelo escuro e despenteado e que
adorava brincar de guerra de trincheiras, de bandido e mocinho e de andar de
bicicleta. Apesar de ser uma criança espoleta e brincalhona, a doença impediu-o
de ir à escola com regularidade até os nove anos. Para se ter uma ideia da
gravidade, a asma, durante as crises mais sérias, deixava-o incapaz até de
andar. Então, quando estava proibido de sair de casa, seus pais eram os
responsáveis pelo entretenimento e aprendizado: a mãe o ensinou a ler e a
escrever e o pai estava sempre disposto a jogar uma partida de xadrez. Sua mãe,
mesmo sendo católica, mantinha em casa um ambiente de esquerda e sempre estava
cercada por mulheres politizadas. Quase um ano mais velho que seus colegas de
classe e menor do que a maioria deles, em março de 1937, Ernesto foi
matriculado na escola. Entrou direto na segunda série da Escuela San Martín, em
Alta Gracia. Suas notas eram satisfatórias e ele já demonstrava interesse por
História, Ciências Naturais, Leitura, Redação e Geografia, entre outras
matérias. No terceiro semestre da terceira série, ele teve mais uma daquelas
crises graves de asma e ficou afastado por 21 dias das aulas. A diretora da
escola e sua professora Elba Rossi de Oviedo Zelaya afirmou que, apesar das
faltas, “ELE ERA BOM ALUNO E JÁ EXIBIA QUALIDADES DE LIDERANÇA NO PÁTIO DURANTE
O RECREIO”. O primeiro evento político do qual Ernesto teve consciência
certamente foi A Guerra Civil Espanhola (1936 a 1939). A prova disso é que deu
ao seu cachorro de estimação, um schnauzer-pinscher, o nome de Negrina, uma
homenagem ao primeiro-ministro da República Juan Negrín. Enquanto duraram os
combates, ele acompanhou a evolução marcando, inocentemente, com bandeirinhas
num mapa as posições dos exércitos republicano e fascista. Pouco antes de
completar 14 anos, em março de 1942, começou o bachillerato (da quinta à oitava
série do Ensino Fundamental) num dos melhores colégios públicos do país, o
Nacional Dean Fuentes, em Córdoba, já que em Alta Gracia só havia escolas até a
quarta série. Já no começo do verão de 1943, os Guevara mudaram-se para
Córdoba. Lynch, finalmente, havia encontrado um sócio para abrir uma empresa de
construção. Além disso, a proximidade entre a casa e o colégio evitava os
desgastes físicos de Ernesto com o deslocamento. A mudança também melhorou a
situação econômica e Celia e Lynch até tentaram uma reconciliação amorosa, que
resultou no último filho do casal, Juan Martín. Mas, segundo amigos da família,
aquele pai de cinco filhos continuava o mesmo de antes: ou seja, um mulherengo contumaz...
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