domingo, 19 de janeiro de 2014
BAGUNÇA À VISTA: NO ANO DA ELEIÇÃO, DILMA ULTRAPASSA LULA E VAI ABRIGAR DEZ PARTIDOS EM 40 MINISTÉRIOS...
FORÇADA A ABRIR VAGAS EM SUA EQUIPE PARA
ABRIGAR CADA VEZ MAIS ALIADOS, ALÉM DE TER DE MANTER OS ESPAÇOS DOS QUE JÁ A
ACOMPANHAVAM, A PRESIDENTE DILMA ROUSSEFF BATERÁ UM RECORDE NESTE ANO
ELEITORAL. QUANDO CONCLUIR A REFORMA MINISTERIAL QUE PRETENDE FAZER NAS
PRÓXIMAS SEMANAS, A ESPLANADA DEVERÁ CONTAR, PELA PRIMEIRA VEZ, COM TITULARES
DE 10 PARTIDOS DIFERENTES.
Dilma já tinha empatado com o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no número de partidos aliados que
integram o seu primeiro escalão: nove. Com a saída do PSB, em setembro, passou
a contar com oito legendas na base. Na reforma, pretende contemplar o
recém-criado PROS e o PTB, o que fará o número de aliados com espaço na
Esplanada chegar aos dois dígitos. Trata-se de mais um recorde de Dilma nesta
seara. Ela já havia antes alcançado o maior número de ministérios em um
governo, pois criou as pastas da Aviação Civil e da Micro e Pequena Empresa.
Esta última, dada ao PSD. Recebeu, assim, 37 pastas de Lula e hoje está com 39.
Presidencialismo. O modelo de presidencialismo praticado no Brasil, batizado de
"PRESIDENCIALISMO DE COALIZÃO", explica o fenômeno. Por meio dele, o
partido do governante eleito não obtém automaticamente maioria dos votos no
Legislativo. Precisa, então, abrir espaços no seu governo para estruturar uma
coalizão governista. Assim, a fragmentação partidária das três últimas décadas
forçou os governantes a criar novos ministérios para abrigar as legendas que
foram surgindo. Até 1980, legalmente o Brasil podia ter apenas dois partidos -
Arena, governista, e MDB, de oposição. A Constituição de 1988 abriu as portas
para as novas legendas e hoje elas são 32, das quais 22 têm representação no
Congresso Nacional. Mesmo com 10 partidos no governo, Dilma Rousseff não vai
aumentar o tamanho de sua base de apoio na Câmara, que continuará com 357 dos
513 deputados. Quando a presidente assumiu o governo, em 2011, recebeu do
padrinho Lula uma base semelhante à que tem agora. O que mudou foi o número de
partidos que lhe dá apoio. O PROS, que é controlado pelos irmãos Cid e Ciro
Gomes - governador do Ceará e secretário de Saúde do Estado, respectivamente -,
tem 18 deputados. DISSIDENTE DO PSB, A LEGENDA
EXIGIU UM MINISTÉRIO. DEVERÁ FICAR COM A INTEGRAÇÃO NACIONAL, QUE TEM ORÇAMENTO
DE R$ 8,45 BILHÕES, DOS QUAIS R$ 6,56 BILHÕES PARA INVESTIMENTOS. "O
BRASIL NÃO PRECISA DE TANTOS PARTIDOS NEM DE TANTOS MINISTÉRIOS", disse o líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ),
cujo partido tem hoje cinco cadeiras na Esplanada e tenta ampliar ainda mais o
espaço. Ele é autor de uma proposta de emenda à Constituição que limita em 20 o
número de ministérios. Para Cunha, é preciso dar um jeito de estancar a criação
de novos partidos. "Se juntar o PRB, o PC do B, o PDT, que já têm
ministérios, e o PROS e o PTB, que vão entrar na Esplanada, mal conseguiremos
um PMDB", diz. Os cinco partidos citados reúnem 78 deputados, enquanto o
PMDB tem 76. O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), também é
contrário à grande quantidade de partidos existentes no País. Ele lembra que as
legendas se pulverizam como tais, mas quando chegam ao Congresso elas formam
blocos que possibilitam a luta por mais espaço. "No Senado, tenho de
negociar com a oposição e três blocos da base do governo. Se tivesse de correr
atrás de partido por partido, não haveria tempo para mais nada. O PSD, por
exemplo, tem só o senador Sérgio Petecão (AC)." Abrigo. O fenômeno da
criação de novos ministérios para abrigar aliados pode ser verificado desde o
início da redemocratização, que começou com o governo de José Sarney
(1985/1990). A EXCEÇÃO FOI O DE FERNANDO COLLOR
(1990/1992), QUE REDUZIU DE 25 PARA 17 O NÚMERO DE MINISTÉRIOS. SEM BASE DE
APOIO NO CONGRESSO, COLLOR TEVE OS DIREITOS POLÍTICOS CASSADOS POR OITO ANOS
APÓS RENUNCIAR AO MANDATO EM 1992. A
Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou seu governo concluiu que ele
havia cometido crime de responsabilidade. Sarney governou o Brasil com 25
ministérios. Eles foram entregues a apenas dois aliados, o PMDB e o PFL. Mas
estes dois formavam uma imensa base parlamentar tanto na Câmara quanto no
Senado e Sarney pôde dar estatais para outros aliados, como o PTB. Itamar
Franco (1992/1994) assumiu o governo depois do desastre da administração Collor
e acabou tendo o apoio de todas as legendas, até mesmo do PT. Ele fez um
governo de coalizão nacional, sem oposição. Distribuiu 25 ministérios para sete
aliados. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO (1995/2002)
REDUZIU PARA 24 O NÚMERO DE MINISTÉRIOS EM SEU PRIMEIRO GOVERNO E OS DISTRIBUIU
A CINCO ALIADOS QUE LHE DERAM UMA FOLGADA BASE DE SUSTENTAÇÃO NO CONGRESSO. A oposição ficou por conta do PT e do PDT. No segundo mandato,
sacudido em 1997 pelo escândalo político da compra de votos para a emenda da
reeleição, além de questionamentos quanto à privatização das empresas
telefônicas, Fernando Henrique se precaveu e aumentou o número de ministérios
para 30. Manteve cinco partidos de sua base na Esplanada (Fonte: Jornal O Estado de São
Paulo).
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