sábado, 30 de novembro de 2019

A REVOLUÇÃO DOS BICHOS DO ESPETACULAR GEORGE ORWELL



Por Altamir Pinheiro 

A Revolução dos Bichos(Animal Farm) que foi baseado no best-seller de mesmo nome do espetacular escritor indiano/inglês George Orwell. O livro  é um romance satírico  publicado na Inglaterra  no ano de  1945 e apontado pela revista americana Time entre os cem melhores da língua inglesa. Já o filme foi lançado no ano de 1999. Em sua sinopse está escrito que  “Os animais moradores da Granja do Solar, cansados dos maus tratos rotineiros, se rebelam contra o dono do local, o beberrão Sr. Jones. Após o expulsarem, os bichos se organizam e instauram novas regras, formando uma comunidade democrática, livre do domínio dos humanos. Os inteligentes porcos, no entanto, logo tratam de impor suas ideias e um novo reinado do terror ganha forma”. É uma película  de aventura,  animação, comédia e drama, como também   uma  semelhança entre os personagens do filme comparados com os homens responsáveis pela Revolução Russa que aconteceu em 1917. Dá uma impressão que seja um simples filme da sessão da tarde ou que vai começar o TELECURSO 2000,  o que não é verdade.


A crítica do livro, A REVOLUÇÃO DOS BICHOS, é ao sistema totalitário da União Soviética que cerceava a liberdade. O livro foi escrito como forma de deixar claro que para ele socialismo era algo oposto ao que estava acontecendo na Rússia, ou seja, o socialismo deveria ser interpretado como liberdade e igualdade, ao contrário do regime totalitário de Stálin e não me digam que é muito difícil para alguém  compreender que o cara tinha posicionamento socialista mas era pró liberdade, consequentemente contrário ao comunismo totalitário. A prova é tanta que, Orwell costumava afirmar que "A liberdade, se é que significa alguma coisa, significa nosso direito de dizer às pessoas o que elas não querem ouvir". Há quem diga que o livro foi escrito com uma dose maciça de críticas duras, propositais e diretas  ao regime de   Stálin.


A Revolução dos Bichos é um dos mais
emblemáticos clássicos da literatura moderna. Na obra dividida em 10 capítulos, Orwell realiza uma sátira contundente sobre a ditadura stalinista. Aborda temas como as fraquezas humanas, o poder, a revolução, o totalitarismo, a manipulação política e outras coisitas bastante sacaninhas.  Além da sátira política, a obra é também considerada uma fábula, em que a moralidade é uma das principais características. Escrita no final de segunda guerra mundial (1945), o romance faz uma releitura sobre as figuras históricas, como podemos perceber nas personagens criadas pelo escritor. Como exemplos, temos Napoleão (que seria Stálin) e o Bola-de-Neve (como Trotsky). A linguagem utilizada é simples e com a presença do discurso direto, que aponta fidelidade na fala das personagens. A ideia de utilizar os bichos como atuantes da cena política, traz à tona a questão de animalização dos homens.



Eis os personagens do livro/filme: • Sr. Jones: fazendeiro do sítio  que explora os animais. - • Major Porco: figura responsável pela ideia da revolução contra o fazendeiro. -  • Porco Bola-de-neve: líder da revolução, depois da morte do Major. -  • Porco Napoleão: figura autoritária que chega a liderar o grupo. - • Sr. Whymper: advogado de Napoleão. -  • Porco Garganta: defensor e amigo de Napoleão. - • Sansão: cavalo muito trabalhador. - • Benjamin: burro, animal mais idoso da fazenda.


Trata-se de uma das obras mais emblemáticas do escritor e ensaísta indiano. Um fato interessante e porque não dizer, peculiar,  é que os direitos de adaptação da obra foram comprados pela CIA assim que o autor faleceu no ano de 1950. A agência norte-americana financiou o filme, uma sátira do comunismo soviético. Este Best-seller foi transposto para o cinema em 1999 (EUA) com direção de John Stephenson, dentro de um padrão que não faz fronteira com o glamour hollywoodiano, porém preserva a particularidade das articulações políticas satirizadas sabiamente por Orwell. Certamente, a obra literária, para os mais puritanos, tem nuances que o diretor da película não se ateve, entretanto, o intento da tônica do pensamento de George Orwell é exprimido de forma honesta.


Boa parte dos críticos de livros e cinemas, no tocante à história descrita pelo autor,  nos informa ou orienta que  podemos acompanhar as desavenças entre Bola-de-neve e Napoleão – os dois porcos responsáveis pelas decisões, até Napoleão expulsar Bola. – alguns animais que lutam mais ou menos, trabalham mais ou menos, ajudam mais ou menos. A disputa pelo poder entre quem pensa de forma mais racional ou emocional. Os que preferem o diálogo e o pensar no futuro enquanto outros preferem se aproveitar de ocasiões e passar por cima de todos. Temos as contraposições entre os que são mais fortes e subjugam os mais fracos. Temos presente aqui tudo que caracteriza ou já caracterizou as batalhas revolucionárias humanas.


O filme é uma sátira ácida das práticas do ditador Joseph Stálin e da própria história da União Soviética, feito por um socialista democrático crítico ao que o regime instituído pela Revolução Russa se tornara. E está, claro, repleto de lições sobre o que foi o mundo no meio século 20. Não foram só leitores comuns que aprenderam muito com A Revolução dos Bichos. No topo da lista de ídolos que fizeram música inspirada na obra de Orwell está o Pink Floyd com o álbum Animals. Em 1987 o R.E.M. escreveu a canção "Disturbance at the Heron House" com o escritor britânico em mente, às vésperas do anúncio de que o conservador George H. W. Bush – pai do Bush que era presidente na época dos ataques de 11 de setembro – iria concorrer à presidência.

O livro escrito em 1945 ou a película cinematográfica que foi lançada em 1999  é uma aula de política, uma metáfora explorada de forma extremamente clara e inequívoca de como quem luta pelo poder, pode acabar sendo influenciado da pior maneira possível, logo depois de perceber que parece estar acima de tudo e de todos.  A história ou o enredo nos faz crer ou deixou uma lição bem clara que, se tornou  impossível distinguir quem era homem, quem era porco. O filme deixa uma mensagem reflexiva, meditativa e altamente serena:  “TODOS OS ANIMAIS SÃO IGUAIS, MAS ALGUNS ANIMAIS SÃO MAIS IGUAIS DO QUE OS OUTROS”...


Um comentário:

A Marreta do Azarão disse...

Este livro é mesmo genial! Sob certos aspectos considero-o ainda superior a 1984,considerada a obra-prima de Orwell. O parágrafo final do livro, o que descreve o jantar de negócios entre os antigos donos da granja (os antigos detentores do poder)e os porcos, os atuais governantes, é de um brilhantismo inigualável :
"Doze vozes gritavam cheias de ódio e eram todas iguais. Não havia dúvida, agora, quanto ao que sucedera à fisionomia dos porcos. As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já se tornara impossível distinguir quem era homem, quem era porco."