Por Altamir Pinheiro
Em
se tratando de coreografia, a conhecida cena de Gene Kelly cantando na chuva de
guarda-chuva em punho é uma referência musical quando se trata da sétima arte.
Atire a primeira pedra aquele ou aquela que nunca teve vontade de fazer isso
para extravasar todo um sentimento por estar feliz com a namorada ou de uma
pessoa que expressa alegria ao seu lado. Toda aquela cena mágica sendo
sapateada na chuva nos faz refletir que,
“Os grandes momentos da vida podem estar nas pequenas coisas...”. Uma
cena do cinema clássico quando Gene
Kelly faz transparecer todo seu amor com um jogo de música, canto, dança e o
bom e velho sapateado. A projeção cinematográfica do ano de 1952 representa um
lirismo animador, além da trama original,
clima festivo, diálogos espirituosos e inteligentes é um musical de tirar o fôlego. Um filme imperdível, para
ser visto e revisto.
Gene
Kelly que faleceu em 1996 aos 83 anos de idade, além de ator foi diretor,
produtor, cantor, dançarino e um dos maiores coreógrafos que o mundo das artes já
conheceu. Em 1945 Gene recebeu sua primeira indicação ao Oscar de melhor ator,
por seu papel em Marujos do Amor. Em 1951, uniu-se a Vincent Minelli para fazer
Sinfonia de Paris, um filme “desenhado” nos mínimos detalhes, e que acabou
levando 7 Oscars no ano. Gene ganhou um prêmio especial por sua versatilidade
como ator, cantor e dançarino. Seu maior sucesso sem dúvida alguma é SINGIN IN
THE RAIN(Dançando na Chuva de 1952), a história é baseada em altas doses de comédia e romance. A imagem
do cantor sapateando no meio da chuva é sem dúvida alguma uma das mais famosas
da história do cinema. Na década de 90
ele chegou a ser consultor de
dança da cantora Madonna, em sua turnê Girl Show.
Cantando
na chuva é um marco secular
cinematográfico pela época que foi produzido, haja
vista que naquele período da nrrativa do filme foi inserido um importante momento da
história do cinema: A CHEGADA DO SOM. Com a chegada do som, todos na indústria do cinema precisam se
adaptar à nova forma de fazer filmes, e nem mesmo os grandes astros terão vida
fácil neste difícil momento de transição. Conforme nos conta o cinéfilo Roberto
Siqueira, O roteiro do musical aborda
também outro tema interessante, a resistência das pessoas às novidades
tecnológicas. O vídeo de exibição do cinema falado causa diversas reações.
Alguns acham que o som vai estragar o cinema, outros que o som nunca vai
vingar. É comum a rejeição às inovações técnicas no cinema, foi assim também
com o filme colorido e o conflito entre
cinema e teatro.
O
filme se passa em 1927, onde Hollywood passava pela transição do cinema mudo
para o falado e na época Don Lockwood (Gene Kelly) e Lina Lamont (Jean Hage)
eram o casal mais querido do cinema e tinham que se adaptar a esse novo tipo de
cinema. Vendo o sucesso feito pela tecnologia do som no cinema, um grande
estúdio de Hollywood decide fazer um filme que não seja mudo e, para isso, usa
duas maiores estrelas, Don Lockwood e Lina Lamont. Para ajudá-los no trabalho,
o estúdio contrata o músico Cosmo Brown, grande amigo de Don. Durante a
passagem do cinema mudo para o sonoro, Don Lockwood (Kelly) se apaixona pela
cantora Kathy Selden (Debbie Reynolds) escolhida para dublar a voz esganiçada
da estrela Lina Lamont (Jean Hagen).
A
Crítica de cinema Jornalista Claudia Farias, nos afirma através de suas
análises que o cinema serviu como forma
de registro para o desempenho da dança e teve papel fundamental na sua
preservação no século XX. O filme musical combinou formas americanas de balé
(dança de salão, sapateado e bailado acrobático) com a ópera cômica e
romântica. Historicamente, o musical nasceu com o cinema sonoro, em 1927,
inaugurou ao mesmo tempo o cinema falado e o cinema cantado. Contudo, o filme
musical se firmou nos Estados Unidos segundo o modelo dos espetáculos da
Broadway, e teve o seu verdadeiro apogeu com Vincent Minelli, que trouxe para a
grande tela a sua experiência no teatro musical. Além de Minelli, destacam-se
os grandes criadores de musicais, como os diretores Busby Berkeley, Stanley
Donen, os atores Fred Astaire e Gene Kelly.
Já
o estudioso da Sétima Arte, Carlos Massari,
afirma que no seu entender acredita que raramente um único filme
conseguiu ser tão emocionante e hilariante ao mesmo tempo como "Cantando na
Chuva", um musical repleto de passagens antológicas e que marcaram a
história do cinema. Hoje, infelizmente, esse gênero que deu tantas obras-primas
à sétima arte está quase morto. Tudo o que podemos fazer é torcer para que um
dia Hollywood volte a ter o bom senso de produzir filmes tão contagiantes como
esses. Vivemos em uma época onde a maioria das obras vem rotuladas com
"ação", "suspense" e sempre coisas parecidas. É impossível
rotular os musicais dessa maneira, eles mesclam tudo, comédia, drama, romance,
suspense, e todos os gêneros possíveis. É o cinema arte, que todos os fãs dos
verdadeiros filmes lutam incansavelmente para tirar do túmulo.
Segundo
observação do estudioso de filmes Roberto Siqueira quando ele afirma e nos
assegura que apesar do final previsível e do citado deslize no longo número
musical da Broadway (“Broadway Rhythm Ballet”), “Cantando na Chuva” é bastante
agradável e deixa o espectador com uma gostosa sensação de satisfação com o que
viu. Além disso, a clássica cena que dá origem ao título já seria motivo
suficiente para a apreciação do filme. Goste ou não de musicais, o espectador
tem o privilégio de assistir um grande espetáculo e ainda entender melhor um
momento importante da história do cinema. Pode ainda fazer uma última reflexão.
Até mesmo nos dias mais chuvosos podemos encontrar a felicidade.
Cantando
na Chuva foi lançado nos Estados Unidos,
no ano de 1952, e teve um enorme sucesso de público e bilheteria. Passando, com
o tempo, a desfrutar do reconhecimento da crítica. Está em 10º lugar como um
dos melhores filmes dos últimos 70 anos pelo American Filme Institute. Para o
seu deleite total, click no vídeo abaixo e assista aos dois dançarinos históricos que se tornaram os
melhores de Hollywood e do Universo, Gene Kelly e Fred Astaire.
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