Ricardo Noblat
Como ninguém a eles se opõem com
a energia dos desassombrados e a autoridade moral dos sinceramente indignados,
Eduardo Cunha e seus acólitos valem–se de todos os recursos possíveis, os
limpos, os suspeitos e os escrachados para alcançar seu principal objetivo –
preservar o cargo de presidente da Câmara e o mandato de Eduardo, ameaçados por
quebra de decoro.
Falta pouco para que Eduardo se
torne réu no Supremo Tribunal Federal, acusado de corrupção. A demora, contudo,
interessa a ele, ao governo e à oposição. Eduardo é um náufrago que se debate
em mar aberto. O GOVERNO SABE DISSO, MAS O PREFERE VIVO PARA IMPEDIR O
IMPEACHMENT DE DILMA. SEM EDUARDO, A OPOSIÇÃO SABE QUE NÃO HAVERÁ IMPEACHMENT.
Com licença para matar conferida
pelos dois lados, ele e sua turma vão à luta. Um aliado de Eduardo, o deputado
Beto Mansur (PRB-SP), foi designado relator do processo contra ele que corre
na Corregedoria da Câmara. Mansur foi escolhido pelo 1º vice-presidente
da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA) que, assim como Eduardo, também é investigado
por corrupção na Petrobras.
A ação na Corregedoria avança
paralelamente à ação no Conselho de Ética da Câmara, que recebeu na última
quarta-feira da Mesa Diretora o pedido de abertura de processo contra Eduardo.
Na Corregedoria, caberá ao corregedor produzir um relatório, que será
votado pela Mesa controlada por Eduardo. Ao final, o relatório poderá ser
encaminhado ao Conselho de Ética.
Ali, onde se travará a batalha
decisiva, Eduardo tenta desde já cooptar a maioria dos seus 21 membros. Vale
tudo para isso, embora os deputados prefiram esconder o que se passa. Vale,
até, forçar a renúncia de quem se disponha a votar contra Eduardo. É o que
acontecerá com o deputado Wladimir Costa (SD-PA).
Aos repórteres Evandro Éboli e
Luiza Souto, de O Globo, Costa antecipou que renunciará em breve à sua vaga de
titular no Conselho de Ética. Há um mês ele havia anunciado que votaria pela
cassação do mandato de Eduardo. AGORA, ALEGA MOTIVOS DE SAÚDE PARA ABANDONAR O CONSELHO. NEGA QUE TENHA SIDO PRESSIONADO PARA
ISSO. O
presidente do SD, o também deputado Paulinho da Força (SP), pau mandado de
Eduardo, escolherá o substituto com base em um critério que ele mesmo faz
questão de alardear sem o menor pingo de constrangimento: - O ESCOLHIDO TEM QUE
SER ALGUÉM QUE DEFENDA E VOTE COM EDUARDO.
Cerca de duas mil mulheres foram
às ruas de São Paulo, ontem, protestar contra Eduardo, alvo de críticas devido
ao projeto de lei 5069/13, que prevê cadeia para quem induzir ou auxiliar uma
gestante a abortar. Um dia antes, pelo mesmo motivo, cerca de 500 ocuparam as
escadarias da Cinelândia, no centro do Rio. Gritaram “Fora, Eduardo”. À FALTA DE UMA CÂMARA POUCO PERMEÁVEL AOS
MAUS COSTUMES, SOMENTE AS RUAS PODERÃO EVITAR O ACORDÃO ENTRE GOVERNO E OPOSIÇÃO PARA SALVAR EDUARDO...
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