Arthur Cunha
Enquanto a crucificação do ex-ministro Gustavo Bebianno se desenrolava nos holofotes, o governo trabalhava em silêncio para definir seu líder no Senado. E o escolhido foi mesmo Fernando Bezerra Coelho, cuja indicação estará no Diário Oficial da União de hoje. Com isso, o pernambucano terá servido a três presidentes em sequência: Dilma, Temer e Bolsonaro. FBC aumentará sua influência em Brasília, liberando recursos federais e levando obras para turbinar a gestão do filho Miguel, em Petrolina, e de aliados. Mais do que isso: tem tudo para se tornar a principal liderança de oposição no estado, deixando Armando Monteiro, Mendonça Filho e Bruno Araújo para trás.
No plano nacional, Fernando tem três grandes desafios logo de cara. O primeiro e crucial, até pelo trânsito que ele tem no Congresso, é ajudar na aprovação da reforma da Previdência, a principal aposta do novo governo. Com uma base ainda em formação, a tropa de choque de Bolsonaro precisará da experiência de quadros como FBC, haja vista a presença de muitos novatos e inexperientes nas duas casas. O pacote anticrime do ministro Sérgio Moro (Justiça) deve ser outra das prioridades do novo líder governista.
No entanto, a tarefa mais espinhosa de Bezerra Coelho na função será conter a ira e consequente rebordosa do colega de partido Renan Calheiros (AL). Preterido por Jair e Flávio Bolsonaro na catastrófica eleição para presidente do Senado, Renan não vai facilitar as coisas para o Palácio do Planalto. Pelo contrário, vai jogar muito contra o presidente da República e sua administração. E, se Bolsonaro perder popularidade, estará pronto para sangrar ainda mais o ex-capitão.
O posto de líder do governo no Senado também deve pesar a favor de Fernando na briga travada contra o senador Jarbas Vasconcelos pelo comando do MDB em Pernambuco. A tão sonhada candidatura de FBC a governador, em 2022, passa pelo comando de um grande partido, o que vai lhe assegurar boas condições na disputa. Enquanto os “companheiros” oposicionistas estão juntando os pedaços após derrotas nas urnas, Bezerra Coelho larga na frente. Está com a faca e o queijo na mão.
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