O compositor e maestro italiano Ennio Morricone, autor de algumas das mais celebradas, premiadas e populares bandas sonoras da história do cinema — como claro exemplo, o tema principal de “Era Uma Vez na América“, de Sergio Leone — morreu na madrugada desta segunda-feira, aos 91 anos, numa clínica em Roma, depois de complicações devido a uma fratura no fémur causada por uma queda, esclareceram os jornais italianos como o La Repubblica. O funeral será privado “em respeito pela humildade que sempre caracterizou a sua existência”, informou o advogado da família.
O maestro “preservou até aos últimos momentos a completa lucidez e grande dignidade. Agradeceu à sua amada esposa Maria, que o acompanhou com dedicação em todos os momentos da sua vida pessoal e profissional e esteve perto dele até ao seu último suspiro. Agradeceu aos filhos e netos pelo amor e carinho que lhe deram. Dedicou uma lembrança emocionante ao seu público, de cujo apoio ele sempre extraiu a força da sua criatividade”, escreveu ainda o advogado.
Ennio Morricone foi autor de mais de 500 músicas para cinema e 100 peças clássicas, entre as quais melodias como a que criou para o filme “O Bom, o Mau e o Vilão” (1966), também de Sergio Leone (realizador com quem manteve uma importante e frutuosa colaboração), protagonizado por Clint Eastwood. Até hoje, vendeu mais de 70 milhões de discos.
Ennio Morricone nasceu a 10 de novembro de 1928. Começou por estudar trompete em 1956, formando-se em composição no Conservatorio di Santa Cecilia, sob orientação do maestro Goffredo Petrassi. Foi na televisão RAI e na editora RCA Itália que deu os primeiros passos no mundo do trabalho.
A sua estreia no cinema foi em 1961, com o filme “Il Federale”, de Luciano Salce, e, ao longo da sua vida, trabalhou em filmes dos mais variados géneros, como “Os Intocáveis”, “O Bom, o Mau e o Vilão”, “A Missão”, “Cinema Paraíso” ou “Aconteceu no Oeste”, e algumas das suas composições são até mais famosas do que os próprios filmes.
Trabalhou ainda com vários diretores, destacando-se Sergio Leone, Hitchcock, Nino Rota e Fellini, tendo sido premiado com três Grammys, quatro Globos de Ouro, seis BAFTAS, 10 prémios David di Donatello, 11 Silver Ribbons, dois European Film Awards, um Golden Lion for “Lifetime Achievement” e um Polar Music Prize.
Mais recentemente, em 2007, o maestro foi ainda presenteado com um Óscar Honorário, recebido pelas mãos de Clint Eastwood. Já em 2016, a banda sonora dos “Oito Odiados”, do realizador Quentin Tarantino, ganhou o Globo de Ouro e o Óscar de “Melhor Banda Sonora Original”. Este ano, o compositor foi distinguido com o Prémio Princesa das Astúrias das Artes, juntamente com o norte-americano John Williams, “por terem enriquecido centenas de filmes com o seu talento”, segundo o júri.
Depois de várias décadas de criação, o “maestro”, que continuou a compor, decidiu retirar-se dos palcos, atuando pela última vez em Portugal em maio de 2019, num concerto integrado na digressão mundial de despedida. O primeiro-ministro italiano já reagiu à morte, utilizando a rede social Twitter para homenagear o compositor. “Iremos recordar sempre, com infinita gratidão, o génio artístico do Maestro #EnnioMorricone. Fez-nos sonhar, emocionar e refletir, escrevendo notas memoráveis que permanecerão indeléveis na história da música e do cinema”, escreveu Giuseppe Conte. Em declarações à Rádio Observador, o maestro António Vitorino D’Almeida afirmou que morreu um dos maiores da música e do cinema. “Foi realmente muito importante e era muito difícil não reconhecer o estilo dele e a [sua] forma de fazer música”, disse. Fonte: jornal português Observador. -
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