domingo, 20 de janeiro de 2013

BAIANOS DE JEQUIÉ ENTREGAM PASSAGENS PARA BLOGUEIRA CUBANA VIR AO BRASIL

OS BILHETES SÃO DE DATAS FLEXÍVEIS, O QUE PERMITE A YOANI DETERMINAR  A DATA DA VIAGEM, ASSIM QUE FOR AUTORIZADA PELO GOVERNO CUBANO

PASSAGENS COMPRADAS,


DEDOS CRUZADOS.

 

Yoani Sánchez

El Sexto (grafiteiro) disse que fará um grafiti na minha mala; uma vizinha me deu um amuleto para a viagem e certo amigo anotou o número do seu sapato para que lhe traga um par. DESPEDEM-SE DE MIM MESMO QUE AINDA NÃO ME VÁ. Não tenho sequer data de vôo. Porém algo mudou para mim desde o passado dia 14 de janeiro quando entrou em vigor a Reforma Migratória anunciada em outubro passado. Depois de aguardar por 24 horas nas cercanias do Departamento de Imigração e Estrangeiros (DIE) soube que finalmente me dariam um novo passaporte. Com vinte “tarjetas blancas” (permissões de viagem) negadas em menos de cinco anos confesso que estava mais cética que esperançosa. AINDA AGORA, SÓ ACREDITAREI QUE CONSEGUI QUANDO ME VIR DENTRO DE UM AVIÃO LEVANTANDO VÔO. Tem sido uma longa batalha levada a cabo por muitos. Um caminho prolongado reclamando que a entrada e a saída de nosso país seja um direito inalienável, não uma dádiva que se outorga. Mesmo que as flexibilizações trazidas pelo Decreto-Lei No 302 se mostrem insuficientes, nem sequer essas se haveria conseguido ficando com os braços cruzados. Não são fruto de um gesto magnânimo, mas sim o resultado das denúncias sistemáticas que foram feitas contra o absurdo migratório. Daí a minha intenção de continuar “FORÇANDO OS LIMITES” da reforma, experimentar na própria carne até onde realmente chega à vontade de mudança. Para cruzar as fronteiras nacionais não farei nenhuma concessão. SE A YOANI SÁNCHEZ QUE SOU NÃO PODE VIAJAR, NÃO PENSO EM METAMORFOSEAR-ME EM OUTRA PESSOA PARA ALCANÇÁ-LO. UMA VEZ NO EXTERIOR TAMPOUCO DISFARÇAREI A MINHA OPINIÃO NEM ME RECOLHEREI AO SILÊNCIO POR MOTIVO DE QUE PODEM ME NEGAR O RETORNO. DIREI O QUE PENSO DO UM PAÍS E DA AUSÊNCIA DE LIBERDADES QUE NÓS CUBANOS PADECEMOS. NENHUM PASSAPORTE VAI FUNCIONAR COMO CALA-BOCA PARA MIM E NENHUMA VIAGEM COMO SEDUÇÃO. Esclarecidos esses pormenores preparo o cronograma da minha estadia fora de Cuba. Espero poder participar de inumeráveis eventos que me façam crescer profissional e civicamente, responder perguntas e esclarecer parte das campanhas de difamação que têm se levantado contra mim… E em minha ausência. Visitarei aqueles lugares aos quais uma vez me convidaram, e que, porém, a vontade de uns poucos não me deixou chegar; navegarei como uma obcecada pela Internet e voltarei a subir algumas montanhas que deixei de ver faz quase dez anos. PORÉM O QUE MAIS ME APAIXONA É QUE VOU CONHECER MUITOS DE VOCÊS, MEUS LEITORES. JÁ TENHO OS PRIMEIROS SINTOMAS DESSA ANSIEDADE: O FORMIGAMENTO NO ESTÔMAGO PROVOCADO PELA PROXIMIDADE DO DESCONHECIDO E O DESPERTAR NO MEIO DA MADRUGADA ME PERGUNTANDO COMO SERÃO SEUS ROSTOS E SUAS VOZES. E EU? SEREI COMO VOCÊS IMAGINARAM?

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