MARINA SILVA PODE FAZER DOBRADINHA COM HELOÍSA HELENA EM 2014. ELAS SÃO CONECTADAS E TÊM VERGONHA NA CARA
MARINA SILVA CONCEDEU ENTREVISTA, POR TELEFONE, AO JORNALISTA
PEDRO VENCESLAU DO JORNAL BRASIL ECONÔMICO. FORAM CERCA DE 25 MINUTOS DE
CONVERSA. COMO PODE SER CONFERIDO LOGO
ABAIXO, A EX-MINISTRA DIZ QUE GOVERNO DILMA É
RETROCESSO AMBIENTAL, ATACA O PV E DEFENDE INVESTIGAÇÃO DE LULA. DEPOIS DE BRILHAR COMO TERCEIRA VIA NA ELEIÇÃO PRESIDENCIAL DE 2010, A
EX-SENADORA E EX-MINISTRA MARINA SILVA SUBMERGIU NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS. AGORA
QUE OS PRAZOS PARA A CRIAÇÃO DE UMA NOVA LEGENDA QUE SEJA VIÁVEL PARA O PLEITO
DE 2014 COMEÇAM A FICAR APERTADOS, ELA RESSURGIU NA CENA POLÍTICA. EM VIAS DE
DEFLAGRAR O PROCESSO DE CRIAÇÃO DE UM PARTIDO PARA CHAMAR DE SEU, ELA ADOTOU UM
DISCURSO DURO QUE MIRA SEUS ANTIGOS ALIADOS E NÃO POUPA O GOVERNO DILMA.
---COMO A Sra. AVALIA AS DENÚNCIAS RECENTES DE MARCOS VALÉRIO CONTRA LULA E A INVESTIGAÇÃO DO CASO ROSEMARY NORONHA? O EX-PRESIDENTE DEVE SER INVESTIGADO?
Não gosto de fazer uso disso para me promover, mas que
seja feita justiça com Lula e qualquer outra pessoa.
---COMO TEM SIDO SUA ROTINA LONGE DO CONGRESSO? COMO
TEM FEITO PARA PAGAR AS CONTAS?
Tenho uma vida bem modesta. Faço palestras. Tenho uma
demanda muito grande. Foram 116 em 2012, sendo que 16 foram remuneradas. As
outras foram parte da minha militância socioambiental. Não faço consultoria.
---COMO AVALIA A AGENDA AMBIENTAL DE 2013 NO
CONGRESSO?
É a primeira vez no país que, em vez de avanços, temos
apenas retrocessos na agenda ambiental e nas conquistas de governos anteriores.
---QUAL SERÁ A PEÇA DE RESISTÊNCIA DA AGENDA
AMBIENTAL EM 2013?
Infelizmente a agenda ambiental virou uma agenda de
resistência. Nos governos anteriores, ainda havia uma agenda propositiva.
---AFINAL, A Sra. VAI MONTAR UM NOVO PARTIDO, ENTRAR
NO PPS OU FICAR FORA DA DISPUTA PELO PALÁCIO DO PLANALTO EM 2014?
Desde que deixei o PV, havia pressão de uma parte das
pessoas que estavam no movimento comigo de fundar imediatamente um partido para
concorrer em 2014. Mas eu insistia que um partido precisa de identidade
política. Não pode ser fundado apenas para disputar eleição. Desde que deixei o
PV, tenho dito que não ficarei na cadeira cativa para ser candidata à
Presidência da República. Nesse momento há uma discussão sobre montar um
partido dentro do movimento. Até o começo de fevereiro tomaremos a decisão
dentro do grupo.
---ACHA QUE HÁ TEMPO HÁBIL PARA DEFLAGRAR O PROCESSO
DE CRIAÇÃO DE UMA NOVA LEGENDA ATÉ A ELEIÇÃO DO ANO QUE VEM?
Não sei se haverá tempo hábil. Há um risco porque os
prazos são bem apertados, mas não seria impossível. Isso faz parte do processo
político. De qualquer forma, não cogitamos a possibilidade de fusão. Não
estamos discutindo a candidatura especificamente. Isso está colocado no
horizonte, mas não se trata apenas de criar um partido e disputar mais uma
eleição. Por isso não fizemos nada extemporâneo para já concorrer em 2012.
---O EX-DEPUTADO FERNANDO GABEIRA DISSE AO BRASIL
ECONÔMICO QUE AINDA ACREDITA EM UMA REAPROXIMAÇÃO SUA COM O PARTIDO VERDE.
QUAIS AS CHANCES DE ISSO ACONTECER?
Mantenho proximidade com as figuras históricas do PV que
são coerentes com o programa do partido. Mas não cogito qualquer possibilidade
de voltar. A realidade do PV não se alterou. Pelo contrário, ela se agravou.
Pessoas como o Alfredo Sirkis (deputado federal), a Aspásia (Camargo, vereadora
no Rio) e o (Fernando) Gabeira (ex-deputado), que guardam a identidade
programática, hoje estão completamente isoladas pela parte do PV que tem um
olhar estritamente pragmático da política. Tenho contato com pessoas
importantes (da legenda). São meus parceiros. O PV lamentavelmente desprezou um
legado de 20 milhões de votos em nome do pragmatismo da atual direção, que é
hegemônica.
---FOI FUNDADO RECENTEMENTE O PARTIDO ECOLÓGICO
NACIONAL (PEN). A SRA. ACHA QUE ESSA SIGLA PODE REALMENTE SER CHAMADA DE
ECOLÓGICA?
Sei que ele foi criado e tem esse nome, mas não conheço o
programa e não estive com as lideranças políticas. Seria prematuro da minha
parte fazer qualquer avaliação. Não quero me colocar nesse lugar de ser a
bússola para dizer quem é ou não ecológico.
---O DEPUTADO FEDERAL ROBERTO FREIRE, PRESIDENTE DO
PPS, DISSE QUE CONVERSOU COM A Sra. SOBRE A POSSIBILIDADE DE REFUNDAR O
PARTIDO. ELE SONHA COM A IDEIA DE TRAZÊ-LA PARA A SIGLA JUNTO COM O
EX-GOVERNADOR JOSÉ SERRA. ESSA DOBRADINHA É POSSÍVEL?
Neste momento estou investindo mais na discussão sobre o
caráter da política. É reducionismo eleitoral ficar pensando apenas nas
eleições de 2014, 2016 ou 2018. É preciso pensar a política para enfrentar a
crise civilizatória que o mundo está vivendo. Estamos vivendo uma estagnação na
economia e uma crise de valores. As pessoas não guardam mais coerência entre o
que se diz o que se faz. O Roberto Freire não chegou a conversar comigo sobre
fusão, refundação ou qualquer coisa dessa natureza. Ele conversou com o
(vereador) Ricardo Young (do PPS). Mas acho louvável que estejam fazendo esse
movimento de transformação no PPS. Todos que queiram fazer uma crítica sobre
que está acontecendo na política é muito bem-vindo a esse movimento. Nosso
movimento, que se dá a partir do legado de 2010, é um processo novo e que não
passa pela fusão com partidos. O primeiro momento será o adensamento de
propostas. A política não pode viver apenas das eleições. Não consigo ver
identidade que me aproxime do Serra.
---TEM CONVERSADO MUITO COM A EX-SENADORA HELOISA
HELENA, DO PSOL, SOBRE ESSE PROCESSO TODO? COGITA FAZER UMA DOBRADINHA COM ELA?
Somos amigas e temos conversado muito desde 2010. Ela
está considerando participar desse processo político, já que nesse momento vive
uma discussão interna dentro do Psol. Mas independente dela vir ou não,
continuaremos juntas. O importante é entender que o movimento é maior que as
siglas partidárias. A nossa frente pela sustentabilidade tem pessoas de
diferentes partidos.
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