PROFESSORA CRISE
Por
Marina Silva
Discute-se a
atitude do governo brasileiro em relação ao Fórum Econômico de Davos. Alguns
acham errado afastar-se do "CLUBE DOS RICOS", onde se reúnem países e instituições com grande poder, num
momento em que a crise na Europa afeta o mundo inteiro. Outros dizem que seria
perda de tempo marcar presença num fórum já tão esvaziado. Do outro lado da
cena mundial, o FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO EM PORTO ALEGRE também sofreu baixas,
ignorado pelo MST, sem a presença da CUT e da Abong, pressionado por disputas
partidárias que envolvem instituições de todos os níveis, governamentais ou
não. A oposição social ao mundo capitalista também vive a sua crise. Dizer que
a crise é global, de toda a civilização, já é comum. MAS
AINDA PERSISTE, EM MUITA GENTE, A ILUSÃO DE ESTAR BLINDADO, DE QUE SÓ OS OUTROS
SÃO AFETADOS. O passo seguinte é aproveitar a crise "ALHEIA" para fortalecer
sua posição e obter vantagem na disputa do poder. Quem não age assim é
considerado bobo, que perde as oportunidades e deixa "PASSAR O
CAVALO SELADO". Essa atitude atrasa o Brasil em seu desenvolvimento e na
liderança que pode exercer no mundo, na transição civilizatória que já se
iniciou. Propaganda e antipropaganda é o que mais fazem governos e oposições.
Simulação de resultados e maquiagem de números é um constante espetáculo de
antiplanejamento, do qual ninguém tem exclusividade, pois cada um comete os
mesmos erros em sua esfera de poder. COMO SAIR DISSO? As soluções não
se restringem ao âmbito institucional. Toda a sociedade precisa mudar: COMPORTAMENTO, PRODUÇÃO, CONSUMO, VALORES. Mas os governos
devem fazer ao menos um esforço. Nesta semana, anunciou-se em São Paulo um
acordo entre o prefeito Haddad e o governador Alckmin para ações conjuntas. Não
tardaram análises mostrando interesses políticos por trás do acordo. Quero
expressar meu desejo sincero de um entendimento real que traga benefícios aos
moradores da maior cidade brasileira. Às vezes, é preciso um "CESSAR-FOGO"
na política para destravar a ação econômica e social. Quanto mais tréguas
houver, mesmo restritas e regionais, maior chance teremos de superar a
polarização que o embate rebaixado na política impõe ao país. Muitos de nós
sonhamos, em 2012, que ao menos um pequeno avanço acontecesse no plano
internacional, por ocasião da Rio+20. Não foi possível, o retrocesso da
política interna aprofundou o da política externa. Crises são sempre difíceis e
dolorosas, mas também trazem ensinamentos que, às vezes, podem mudar os rumos e
a qualidade da história. E, nesse momento, ela parece apelar a todos nós:
aproveitem, aprendam. E não demorem...
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