MARINA NÃO ACEITA EM HIPÓTESE ALGUMA CONTRIBUIÇÕES FINACEIRAS PARA A SUA CAMPANHA POLÍTICA DE EMPRESAS DE ÁLCOOL, TABACO, ARMAS E
AGROTÓXICOS.
Caetano
Veloso
MARINA PRESIDENTE. Quanta
coisa se mexe com esse grito! A segunda mulher presidente e - detalhe de grande
força que não tem sido lembrado - o primeiro postulante de pele escura. Com
seus elegantes traços, resultado óbvio da mistura de cafusos com mamelucos, MARINA, além de vir do coração da Amazônia (onde a lei
faz quase desesperados esforços para instalar seu império), da luta ao lado de
Chico Mendes, da fase heróica do PT, ela significará a chegada de evidentes
fenótipos negros no posto da Presidência da República. Isso não é pouco.
Sentirei orgulho (todos sentiremos coisas diferentes sobre o Brasil) ao ver seu
rosto representando nosso país nas imagens que se espalharem pelo mundo. Mas há
mais. Muito mais. O tom digno com que MARINA mantém, desde sua última tentativa eleitoral majoritária, a
determinação de levar à frente os avanços conquistados por FH e Lula. A
coerência íntima com que ela se manifesta ao longo dos anos (que é diferente do
mero repetir a mesma coisa). Sou dos que sempre quiseram que o país
aproveitasse o que essa sucessão de lutadores pela democracia nos legou. Eu já
disse em entrevista que, diferentemente de alguns amigos esquerdistas, não
tenho rejeição pelos economistas de base liberal que se acercam de MARINA. Pelo contrário, dado o conteúdo do primeiro
livro de Eduardo Gianetti, "VÍCIOS
PRIVADOS, BENEFÍCIOS PÚBLICOS?", em que
o ponto de interrogação define o liberalismo crítico que se expande pelas páginas
que não deixam de lado nem mesmo o suspeito desprezo da filosofia europeia pelo
homem tropical, e também dos últimos escritos de André Lara Resende, em que a
obsessão com o crescimento perene é posta em xeque, não vejo por que jogar fora
a liderança de uma mulher com esse histórico sobre técnicos que são também
pensadores. Vou votar em MARINA como
votei em Lula em 2002. E, mais, como votei em MARINA
EM 2010. Chorei na cabine no momento Lula (havia toda a
simbologia da chegada dele à presidência e demasiadas complexidades em minha
vida). Senti felicidade ao votar em MARINA em 2010: saber que contribuía para fazer forte a marca de sua
presença no imaginário nacional!... Agora, vejo o momento MARINA. Irresistível. Cheio de promessas e
insinuações. É a sociedade brasileira se movimentando para crescer com dores
suportáveis. O que está à nossa frente é a nossa respeitabilidade como nação.
Recusar isso seria estar cego para toda luz...
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