Augusto
Nunes
Encerrada
a sabatina promovida ontem, quarta-feira, pela Confederação da Agricultura e
Pecuária do Brasil (CNA), a programação foi em frente com a sequência de cinco
perguntas a Dilma Rousseff formuladas por jornalistas escolhidos por sorteio. A
presidente pareceu pouco à vontade com a primeira, que tratou de questões
econômicas. Pareceu mais tranquila com as três seguintes, que versaram sobre
assuntos agrícolas. A quinta e última quis saber o que tinha a dizer a
entrevistada sobre o envolvimento de servidores do Palácio do Planalto na trama
forjada para reduzir a CPI da Petrobras a uma ação entre comparsas infiltrados
no Congresso e no governo. Antes que a pergunta chegasse ao fim, a fisionomia
de Dilma avisou que o copo até aqui de cólera começara a transbordar. O
palavrório reproduzido pelo site de VEJA permite contemplar a erupção retórica
que sacudiu a cabeça que preside o país há mais de três anos e meio. Em poucos
segundos, O NEURÔNIO SOLITÁRIO enriqueceu a paisagem do Brasil Maravilha com
outro monumento à maluquice construído apenas com vogais e consoantes. Confira:
“VOU TE FALAR UMA COISA. ACHO EXTRAORDINÁRIO. PRIMEIRO PORQUE O
PALÁCIO DO PLANALTO NÃO É EXPERT EM PETRÓLEO E GÁS. O EXPERT EM PETRÓLEO E GÁS
É A PETROBRAS. EU QUERIA SABER SE VOCÊ PODE ME INFORMAR QUEM ELABORA PERGUNTAS
SOBRE PETRÓLEO E GÁS PARA A OPOSIÇÃO TAMBÉM. MUITO OBRIGADA. NÃO É O PALÁCIO DO
PLANALTO NEM NENHUMA SEDE DE NENHUM PARTIDO. QUEM SABE DAS PERGUNTAS SOBRE
PETRÓLEO E GÁS SÓ TEM UM LUGAR. PERGUNTA SÓ TEM UM LUGAR NO BRASIL. EU DIRIA
VÁRIOS LUGARES NO BRASIL: A PETROBRAS E TODAS AS EMPRESAS DE PETRÓLEO E GÁS.
VOCÊ SABE QUE HÁ UMA SIMETRIA DE INFORMAÇÃO ENTRE NÓS, MORTAIS, E O SETOR DE
PETRÓLEO. É UM SETOR ALTAMENTE OLIGOPOLIZADO, EXTREMAMENTE COMPLEXO
TECNICAMENTE. ACHO ESTARRECEDOR QUE SEJA NECESSÁRIO ALGUÉM DE FORA DA PETROBRAS
FORMULAR PERGUNTAS PARA ELA”. Reveja sem pressa a catarata de frases
sem pé nem cabeça. É inútil chamar o INTÉRPRETE: o dilmês primitivo não tem TRADUÇÃO
em língua de gente. É inútil chamar o PSIQUIATRA: cérebro baldio não tem
conserto. Tampouco adianta chamar o MARQUETEIRO: nem o maior dos tribunos
poderá decorar o que será dito necessariamente de improviso. É impossível,
portanto, impedir que Dilma Rousseff protagonize derrapagens semelhantes à
ocorrida há poucas horas. Imagine a presidente, no meio do debate na TV,
reincidindo num falatório tão alucinado quanto o produzido nesse 6 de agosto.
Em vez de comentar por 1 minuto o que acabou de ouvir, como estabelecem as
regras dos duelos do gênero, o adversário da candidata ao segundo mandato deve
confessar que não entendeu nada, doar os 60 segundos à adversária e pedir-lhe
que use esse tempo para tentar explicar o que quis dizer. Isso bastará para
consumar o naufrágio do barco pilotado por uma navegante sem rumo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário