É um clássico. As organizações mafiosas
caem com maior rapidez quando alguém de dentro decide contar tudo. O que se vai
ler nesta reportagem é justamente a história de alguém que, tendo participado
do núcleo duro da quadrilha que girava em torno do doleiro Alberto Youssef,
pego na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, resolve contar tudo o que fez,
viu e ouviu. MEIRE BONFIM POZA participou de algumas das maiores
operações do grupo acusado de lavar 10 bilhões de reais de dinheiro sujo, parte
desviada de obras públicas e destinada a enriquecer políticos corruptos e
corromper outros com o pagamento de suborno. MEIRE POZA viu malas de dinheiro saindo da sede de
grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de
políticos. Durante três anos, MEIRE manuseou notas frias, assinou contratos de serviços inexistentes,
montou empresas de fachada, organizou planilhas de pagamento. Ela deu ares de legalidade
a um dos esquemas de corrupção mais grandiosos desde o mensalão. MEIRE
sabe quem pagou, quem recebeu, quem é corrupto, quem é corruptor. Conheceu de
perto as engrenagens que faziam girar a máquina que eterniza a mais perversa
das más práticas da política brasileira. MEIRE POZA era a contadora do doleiro Alberto
Youssef — e ela decidiu revelar tudo o que viu, ouviu e fez nos três anos em
que trabalhou para o doleiro. Nas últimas três semanas, a contadora prestou
depoimentos à Polícia Federal. Ela está ajudando os agentes a entender o
significado e a finalidade de documentos apreendidos com o doleiro e seus
comparsas. Suas informações são consideradas importantíssimas para comprovar
aquilo de que já se desconfiava: Youssef era um financista clandestino. Ele
prospectava investimentos, emprestava dinheiro, cobrava taxas e promovia o
encontro de interesses entre corruptos e corruptores. Em outras palavras, usava
sua estrutura para recolher e distribuir dinheiro e apagar os rastros. Entre
seus clientes, estão as maiores empreiteiras do país, parlamentares notórios e
três dos principais partidos políticos. Os depoimentos da contadora foram
decisivos para estabelecer o elo entre os dois lados do crime — principalmente
no setor tido como o grande filão do grupo: A
PETROBRAS. As
empreiteiras que tinham negócios com a estatal forjavam a contratação de
serviços para passar dinheiro ao doleiro. Nas últimas semanas, MEIRE POZA forneceu
à polícia cópias de documentos e identificou um a um os contratos simulados e
as notas frias, como no caso da empreiteira Mendes Júnior que nega ter
relacionamento com o doleiro. Os corruptores estão identificados. A
identificação dos corruptos está apenas no início. A polícia já sabe que, para
garantirem contratos na PETROBRAS, as empresas contribuíam para o caixa
eleitoral de partidos ou pagavam propina diretamente a políticos — os mesmos
que controlam cargos na administração pública e indicam diretores de empresas
estatais. Quem são eles? VEJA localizou a contadora MEIRE POZA. Em
uma entrevista exclusiva, ela revela que tem gente do "PT, do PMDB e do
PP" envolvida com os negócios clandestinos de Youssef. "Havia um
fluxo constante de entrada e retirada de malas de dinheiro em pelo menos três
grandes empreiteiras", disse a contadora. Segundo ela, além de buscar e
entregar o dinheiro pessoalmente, Youssef se ocupava de fortunas vindas de
paraísos fiscais e da sua distribuição aos integrantes da lista de
"beneficiários". MEIRE relata que encabeçavam a lista cinco parlamentares. Eles recebiam
pagamentos em dinheiro vivo, diretamente das mãos do doleiro ou por meio de
depósitos bancários que a própria contadora fazia. "Fiz muitos pagamentos,
não diretamente na conta dos políticos, mas para os familiares deles".
Dois dos integrantes da lista de Youssef respondem a processo no Conselho de
Ética da Câmara dos Deputados — o ex-petista André Vargas e Luiz Argôlo (ex-PP,
hoje no Solidariedade). Ambos já tinham aparecido nas investigações como
usuários dos serviços clandestinos do doleiro. A parceria, porém, é muito mais
profunda. Em abril passado, VEJA revelou que Vargas havia formado uma sociedade
com o doleiro para fraudar contratos no Ministério da Saúde. Um negócio que,
segundo o próprio Youssef, representaria a "INDEPENDÊNCIA FINANCEIRA"
do deputado. O envolvimento de Vargas com Youssef ficou conhecido quando se
soube que ele usou um jatinho pago pelo doleiro para fazer uma viagem de férias
com a família — um inocente presente de amigo. O presente, descobre-se agora,
não tinha nada de inocente. MEIRE conta que, em dezembro passado, André Vargas ajudou Youssef a
lavar 2,4 milhões de reais por meio de uma empresa do Paraná. Como retribuição
pelo serviço, o doleiro usou parte desse dinheiro, 115 000 reais, para fretar o
jato que levou Vargas para as férias na Paraíba, em janeiro deste ano. O
deputado destacou o irmão, Leon Vargas, para cuidar da operação. Lembra MEIRE:
"Tenho várias mensagens trocadas com ele combinando o contrato. Depois que
o dinheiro caiu na conta, o Beto (Youssef) mandou pagar o aluguel do jato e
outras despesas do deputado". Uma das figuras mais assíduas do escritório
de Youssef era o deputado Argolo, que, segundo MEIRE, também era sócio do doleiro em
negócios na área de construção. Antigo colega de partido de Argôlo, o
ex-ministro Mário Negromonte era cliente do esquema: "O irmão dele, o
Adarico, trabalhava com a gente transportando as malas, levando e buscando
dinheiro nas construtoras". MEIRE confirma que Alberto Youssef depositou
50 000 reais na conta do senador Fernando Collor a pedido de Pedro Paulo Leoni
Ramos, um ex-assessor do ex-presidente também envolvido com a quadrilha.
"O Beto guardava esses recibos como troféu." Segundo ela, outro
conviva era o deputado CÂNDIDO VACCAREZZA (PT-SP), que contou com a ajuda de
Youssef para quitar dívidas de campanha: "Um assessor do VACCAREZZA me
procurou em 2011 para apresentar um negócio com fundos de pensão no
Tocantins". MEIRE guarda uma relação de números de contas bancárias de parentes e
assessores de políticos que receberam dinheiro do doleiro. "O Beto era um
banco de dinheiro ruim. As empreiteiras acertavam com os políticos e ele
entrava para fazer o trabalho sujo, levando e trazendo dinheiro, sacando e
depositando. Tinha a rede de empresas de fachada para conseguir notas e
contratos forjados", diz. Um dos botes mais ousados de Youssef, segundo
ela, tinha como alvo prefeituras comandadas pelo PT. O doleiro pagava propina de 10% a cada prefeito que topasse
investir em um fundo de investimento criado por ele. "E era sempre nas
prefeituras do PT. Ele falava que, onde tivesse PT, a gente conseguia colocar o fundo." ANDRÉ VARGAS era
considerado um parceiro fiel. O deputado estava empenhado em fazer com que dois
fundos de pensão de estatais, o Postalis (dos Correios) e a Funcef (da Caixa
Econômica Federal), injetassem 50 milhões de reais em um dos projetos do
doleiro. MEIRE conta que Youssef chegou a viajar para Brasília para acertar o
aval do PMDB ao negócio. Segundo ela, o doleiro teria tratado do assunto até
com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Era do PP, porém, que
Alberto Youssef tirava a maior parte de seus lucros, principalmente os oriundos
das transações que envolviam a PETROBRAS. Velho conhecido dos parlamentares do
PP, Youssef comandou no início deste ano uma operação milionária de interesse
do partido. A contadora narra que, numa tarde de sexta-feira, foi chamada à
sala do doleiro. "MEIRE, entraram
5 milhões no partido. A gente precisa tirar 4,5 milhões lá de dentro. Eu
preciso que você emita três notas de 1 milhão e meio". Eu falei:
"Logo em ano de eleição você vem me pedir um troço desses?"" As
empreiteiras prestadoras de serviço à PETROBRAS eram,
segundo MEIRE, protagonistas dos negócios. "Uma parte dos recursos que
chegavam da OAS era para caixa dois dos político. O dinheiro era todo entregue
ao Beto, e só ele separava o que saía para os políticos e o que era negócio da
empreiteira", diz MEIRE. A contadora lembra que, em janeiro deste ano, foi convidada pelo
doleiro a fazer uma visita à sede da companhia. "Quando entrei no carro,
ele me disse: "Vou ali na OAS para entregar isso aqui" — e apontou
para o banco de trás do carro. Quando eu olhei para trás, tinha uma mala no
banco. Eu tomei um susto, nunca tinha visto tanto dinheiro junto", relata MEIRE.
Outra construtora que recorria aos serviços do doleiro era a Camargo Corrêa. A
parceria tinha relação direta com a atividade do ex-diretor da PETROBRAS PAULO ROBERTO COSTA. "A Camargo era um esquema
exclusivo de dinheiro das comissões do PAULO ROBERTO COSTA. O dinheiro que
entrava nesse esquema de pedágio era uma coisa que não dava para controlar.
Eram malas e malas de dinheiro", afirmou. Todos os envolvidos negaram a
VEJA manter qualquer relação com o doleiro. Por que razão MEIRE POZA decidiu
contar tudo e se autoincriminar? Ela explica que demorou algum tempo para
entender a natureza clandestina das operações de Youssef. A ficha só teria
caído para ela quando recebeu ordens de Youssef para fazer um contrato pelo
qual a empreiteira Mendes Júnior pagaria 2,6 milhões de reais à GFD
Investimentos, de propriedade do doleiro, a título de consultoria sobre a
viabilidade de plataformas de petróleo. "A GFD só tinha que fornecer os
contratos." A contadora relata que tem sido procurada por pessoas que se
dizem representantes das empreiteiras. Essas pessoas invariavelmente prometem
ajuda financeira em troca de seu silêncio. De outros integrantes do esquema
menos sutis ela recebeu o conselho de "SUMIR DO MAPA". Diz MEIRE:
"Depois da operação, me ligou um advogado dizendo que iria cuidar de tudo.
As empreiteiras queriam saber o que eu sei para ver até onde a água ia chegar
nelas". Falharam todas as tentativas: "Tentei sair do esquema três
vezes, e a reação deles não foi nada boa. Essa decisão foi muito pensada. Estou
colaborando com a polícia para esclarecer tudo o que eu puder. Se tiver que
responder pelo que fiz, eu vou responder". Com uma testemunha-chave tão
vital e disposta a ajudar, será um mistério se a Operação Lava Jato não ajudar
a limpar parte da corrupção no Brasil (Toda essa ladroagem tá
explícita para quem quiser ler no Blog
do Rafael Brasil. Se for mentira que seja
chamado na grande o gordinho de Caetés - A manchete e a imagem não fazem parte do texto original).
Um comentário:
ENTÃO, É MAIS BOSTA PURA !!!!
FALA A VERDADE É UMA DESINTERIA
CRÔNICA ESTA MALDITA RAÇA VERMELHA.
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