Eurico de Andrade Neves Borba
Não
me agrada usar palavras chulas, aquelas palavras que até pouco tempo atrás eram
chamadas de palavrões. Mas não me ocorre, na ânsia de transmitir com clareza o
que me vai à mente, com cada vez com maior intensidade e convencimento, é a
idéia de que o nosso querido Brasil está se transformando num país de merda. O
que mais me preocupa, (e me deixa profundamente infeliz), é a minha progressiva
desconfiança de que esse processo já pode ter se transformado em algo social e
politicamente irreversível, haja vista a extensão e a profundidade do processo
de “ENMERDACIMENTO’ que, hoje, permeia todos os setores da
nossa sociedade. Uma palavra, uma pequena frase pode resumir, com imediata
compreensão o que se quer dizer, mesmo que seja grosseira, substituindo
extensos relatórios analíticos que, muitas vezes, afastam os leitores
desacostumados de pesquisas mais cuidadosas sobre a real situação do país. Não
quero viver nessa situação indigna, nem minha família. Tenho a certeza de que
milhões de brasileiros também a rejeitam. Para superar tal processo o povo
brasileiro tem a obrigação moral de fazer alguma coisa, independente dos
partidos políticos e das atuais lideranças que não representam nada – apenas
interesses de grupos que almejam o poder. Vamos nos unir e tentar. Não vamos
ficar inertes assistindo a catástrofe nacional. Perdemos, creio eu, o nosso
momento histórico de poder reagir às mazelas do subdesenvolvimento, no seu
sentido mais amplo, e de nos transformar num país com que um dia sonhamos: UM
MOVIMENTO NACIONAL DENSO NO RUMO AO ENCONTRO DE UM GRANDE DESTINO: DEMOCRACIA,
LIBERDADE, JUSTIÇA SOCIAL, DESENVOLVIMENTO INTEGRAL, PAZ E SOLIDARIEDADE, COM
ALTA DENSIDADE ÉTICA PRESIDINDO A VIDA COLETIVA. ESTES MOMENTOS OCORRERAM, NO
MEU ENTENDIMENTO, NO GOVERNO DO PRESIDENTE JUSCELINO KUBITSCHEK E NO INSTANTE
DA ELEIÇÃO DO PRESIDENTE TANCREDO NEVES – NAQUELES INSTANTES, SENTIA-SE ISSO –
A NAÇÃO FOI COMO QUE POSSUÍDA DE ORGULHO E DETERMINAÇÃO DE PARTICIPAR DA
CONSTRUÇÃO DE UM NOVO BRASIL. Depois foi só um descer a ladeira da
desilusão e do desanimo, com raros espasmos de recuperação da dignidade da
nação ultrajada e traída, com a implantação exitosa do PLANO REAL e com o
julgamento do “MENSALÃO” pelo Supremo Tribunal Federal. Percebo, com angustia e
muita raiva, que os cidadãos que refletem e analisam criticamente o que está
ocorrendo, (e não são muitos), pouco ou nada podem fazer de efetivo para mudar
o rumo dos acontecimentos – e lá vamos nós, o povo brasileiro, rumo à merda
total e definitiva. O cansaço e a covardia da maioria do povo imperam sobre o
dia a dia da nação brasileira fazendo-nos coniventes com o processo de contínua
desmoralização e responsáveis pela atual situação de catástrofe. Cansaço de
reagir aos fatos nitidamente errados na condução da vida coletiva, pela
descrença na possibilidade de superarmos a atual conjuntura e pela sensação dos
riscos de novas desilusões, além das dificuldades do difícil trabalho de
organizar o povo, em todos os rincões do país, para, nas ruas e no voto, fazer
reverter a atual trágica situação. Covardia de divulgar e defender valores
morais, que a maioria da população ainda acredita, mas dominada pelo pensamento
do “POLITICAMENTE CORRETO”, divulgado pelos meios de comunicação e pelo sistema
educacional de baixíssima qualidade, nada fazem. Domina a idéia de que é assim
mesmo que caminha a humanidade… Propala-se como verdade moral e social,
modernas, a atual pratica social de conduta. CORRUPÇÃO SEMPRE EXISTIU
– A QUESTÃO É NÃO SER PEGO EM FLAGRANTE… Liberdade é cada um
determinar qual a moral que mais lhe convém para que, no ambiente de
generalizado individualismo egoísta, possa o povo escolher o estilo de vida
mais adequado para a realização pessoal. A maioria, com certeza, repudia o que
vê, mas esconde-se no silêncio, retrai-se no imobilismo cívico, tentando
adaptar-se aos “NOVOS TEMPOS”. Assim podem conviver cinicamente, sem conflitos
e discussões, com a família, com os amigos, com os colegas de trabalho e
vizinhos. Assim procedendo não serão excluídos dos grupos a que pertencem por
serem considerados conservadores retrógados, “CHATOS”, desajustados às
imposições da modernidade. É bom participar de grupos sociais expressivos – que
oferecem a segurança de aceitação e de consideração pelo que se pensa. É penoso
fazer parte de grupos menores que defendem idéias e valores diferentes do
pensamento dominante – é preciso fé no que se acredita e coragem para defender
formas de pensar e de agir destoante daquilo que é considerado, pelo “POVÃO”, como
moderno, mesmo que sejam conceitos evidentemente errados, lógica, histórica e
moralmente. Certamente a classe dominante, aquela que detém a maior parte da
riqueza do país, move-se com inteligência para manter seus privilégios e suas
formas de dominação política. O sistema liberal capitalista sabe muito bem
assimilar e superar movimentos de oposição e continuar, com algumas poucas
concessões, a dominar as sociedades, onde os donos do poder e os beneficiários
do sistema que os apóiam continuem a usufruir do progresso e das benesses da
modernidade. O RESTO DA POPULAÇÃO,
MARGINALIZADOS DO PODER, SÃO CONTIDOS OU PELA POLÍCIA, OU PELA PRÓPRIA
ESTRUTURA SÓCIO POLÍTICA ADOTADA PELA SOCIEDADE, OU PELA MÍDIA QUE HÁBIL E
FACILMENTE CONSTRÓI AS FORMAS DE PENSAR E DE AGIR, UMA VEZ QUE OPERA SOBRE UMA
POPULAÇÃO COM PÉSSIMA FORMAÇÃO CULTURAL, IMPEDINDO CRITICAS CONTUNDENTES AO QUE
É OFERECIDO PELA PUBLICIDADE COMO VERDADES ABSOLUTAS, SEJAM PRODUTOS, SERVIÇOS
OU CANDIDATOS POLÍTICOS. OS TRABALHADORES ESTÃO SEM RUMO, OS SINDICATOS NÃO SABEM O QUE
REIVINDICAR EM FACE DAS INTIMAS INTERLIGAÇÕES DOS SISTEMAS POLÍTICO, PRODUTIVO,
FINANCEIRO E PUBLICITÁRIO, QUE SEMPRE TEM EXPLICAÇÕES “CIENTÍFICAS” PARA NÃO
CONCEDER REAJUSTES SALARIAIS, BENEFÍCIOS JUSTOS COMO PLANOS DE SAÚDE E
ALIMENTAÇÃO, OU ENTÃO O PIOR: A PERMANENTE AMEAÇA DE DEMISSÃO.
Conviver num sistema, numa sociedade de merda facilita a opressão e a dominação
– muitos até que se satisfazem com a “ESCULHAMBAÇÃO” sócio política, com o
deboche generalizado, com a falta de referenciais éticos sólidos e perenes, com
a corrupção generalizada, com a violência, com as drogas, com a indisciplina
social, achando que participando deste quadro caótico estão a exercer seus
direitos, na expectativa de mal delineados e indefinidos melhores dias. NÃO
É DIFÍCIL ILUDIR O “POVÃO”- BASTA SER CANALHA, IRRESPONSÁVEL, DEMAGOGO, E
FORNECER ALGUMAS MELHORIAS SOCIAIS, PROMETER OUTRAS E IR LEVANDO…
Eleições de vez em quando, consentimento oficial para a realização de algumas
passeatas e greves, aumentos salariais irrisórios que ampliam a distancia entre
os mais ricos, (os que dominam e efetivamente mandam), e os mais pobres, (os
que apenas sobrevivem), algumas inaugurações de hospitais, algumas prisões dos
bandidos mais notórios, algumas melhorias no sistema de transportes, alguns
conjuntos habitacionais, satisfazem as multidões mais humildes que têm muito
pouco e aceitam essas pequenas e furtivas alegrias como momentos em que se
imaginam possuídos do sentimento de participação nas decisões políticas
maiores, TORNANDO-SE, ENTÃO, CIDADÃOS POR ALGUNS INSTANTES. O lastimável é que
os políticos, que deveriam conduzir a elaboração de leis que providenciassem
uma justa tributação progressiva das GRANDES FORTUNAS, estão
“por fora, ou o pior – “estão por dentro” das folhas de pagamento dos grandes
capitalistas e não farão nada contra os interesses dos seus patrões. A
esperança de que leis cada vez mais justas, elaboradas em sociedades
democráticas, providenciassem, pouco a pouco, uma melhor redistribuição da
renda gerada, devidamente tributadas, não se realizou a não ser em pequena
parte. O resultado dessas arrecadações deveriam ser destinadas para a adoção de
sistemas educacionais de qualidades, saúde publica decente, seguridade social e
aposentadorias dignas, sistemas de transportes públicos eficientes, fatos esses
que dariam o necessário suporte para a manutenção de um processo de
desenvolvimento sustentado. Isso não se concretizou pela simples razão de que
políticos, irresponsáveis ou corruptos, não votam leis contra os interesses dos
seus grandes financiadores, aqueles que os perpetuam no poder –
AS GRANDES FORTUNAS E OS DETENTORES DE ALTÍSSIMOS SALÁRIOS. O “POVÃO”
É UM JOGUETE NA MÃO DA CLASSE DOMINANTE – DESRESPEITADOS NA SUA CONDIÇÃO HUMANA
E DE CIDADÃOS. São usados como justificativas de políticas econômicas e sociais
apenas nominais, sem efetiva concretização na história do país. Olhemos para o
que foi propalado e prometido, pelos políticos demagogos, nos últimos cinqüenta
anos e verifiquemos o que foi efetivamente realizado: educação de qualidade,
rede de saúde publica eficiente, transporte publico eficaz, moradia popular
decente, saneamento básico de qualidade, reforma agrária apropriada,
estabilidade monetária, segurança publica efetiva. Evidente que algumas coisas
boas foram feitas, mas os erros estruturais permanecem e os governos, para
evitar situações desesperadas que podem gerar conflitos e confrontações graves,
corre para atender emergências em cada setor, os mais graves, sem nunca atingir
o âmago da questão com soluções definitivas para os grandes problemas
brasileiros que se perpetuam. Quando se trata de averiguar o que está sendo
feito com a vida intelectual da nação, com a nossa cultura, o desastre é igual:
UM POVO QUE PROSSEGUE, NA SUA MARCHA HISTÓRICA, SEM DESENVOLVER SEU
ESPÍRITO CRÍTICO, SEM SE PREPARAR TECNICAMENTE PARA AS EXIGÊNCIAS DE UMA
ECONOMIA MODERNA, SEM DISPOR DE INFORMAÇÕES CONFIÁVEIS SOBRE O QUE REALMENTE
ESTÁ ACONTECENDO NO BRASIL E NO MUNDO, SEM DESFRUTAR DOS PRAZERES ESTÉTICOS DA
NOSSA MUSICA, TEATRO, PINTURA, DANÇA. ENTÃO, COM ESSA LAMENTÁVEL VISÃO CRITICA,
PODEMOS CONCLUIR QUE ESTE É UM PAÍS DE MERDA. A imprensa, com
raras exceções, diz e divulga o que os grandes anunciantes – os que financiam esse
sistema iníquo – e os donos de jornais, rádios e televisões querem, (não
poderia ser diferente, pois são expoentes da classe dominante…). Os programas
apresentados são, quase todos, de uma grosseria, de uma vulgaridade,
inacreditáveis. Os responsáveis por este crime contra o povo e principalmente
contra a juventude, que tem na mídia o grande professor que ensina como se deve
falar, proceder, pensar, tornando-se, assim, também vulgar, grosseira,
debochada, violenta e egoísta, sem conhecimentos maiores que possibilitem
apreender os ensinamentos históricos, científicos e éticos, capazes de
orientarem suas vidas em formação, para patamares mais elevados de convivência
humana, de felicidade pessoal, de participação política critica e responsável e
de respeito pelos demais concidadãos. É IMPORTANTE SABER, NO
ENTANTO, QUE APESAR DAS GRAVES FALHAS DA MÍDIA É POR INTERMÉDIO DELA QUE O POVO
TEM ACESSO AOS GRANDES ESCÂNDALOS DA CORRUPÇÃO, DA VIOLÊNCIA, BEM COMO É
INFORMADO SOBRE OS PRINCIPAIS ACONTECIMENTOS DO PAÍS E DO MUNDO. São
brechas milagrosas que se abrem no sistema, de tempos em tempos, e que são
aproveitadas por alguns honestos repórteres e chefes de redação para bem
informar a população. Por essa razão que quaisquer censuras ou limitações da
liberdade de imprensa devem ser evitadas. Muito do que se fez de moralização no
Brasil partiu das denuncias e reportagens da mídia, em suas várias formas de
manifestação, pela iniciativa e coragem desses jornalistas que ousaram romper
com os ditames do sistema dominante e cumprirem sua importante função de
informar com correção. Devemos ter esperanças e confiar na capacidade da
autocrítica dos donos e redatores da mídia que reconhecendo a importância que
têm no processo democrático – realmente o quarto poder – abandonem a vulgaridade,
a grosseria, a divulgação da violência, propiciando à população, de todas as
idades e classes sociais, informações honestas, diversão e programas de nível
compatível com o respeito merecido pelas pessoas, famílias e o povo. É de se
prestar cada vez mais atenção para o papel político e social que a internet
pode vir a desempenhar. Hoje já é um poderoso instrumento de pesquisa, de
estudo e de comunicação entre as pessoas e os povos. Amanhã poderá se
transformar, também, em instrumento de participação política, aperfeiçoando as
formas tradicionais de democracia representativa, complementado-a pela
democracia participativa, com cada vez maior intensidade. Esse momento
histórico futuro em muito dependerá do nível de escolaridade da população, bem
como do nível de honestidade e de responsabilidade da mídia com vistas à
manutenção de uma população bem informada. Tenho a certeza de que se essa
idéia, hoje ainda é um sonho, amanhã será uma proposta vencedora. O que se está
fazendo hoje no Brasil para que a maioria da população tenha acesso à internet
e dela possa extrair toda a sua potencialidade de estudos gerais, pesquisas,
informação e comunicação? Verifico, com preocupação, que a juventude a que à
internet tem acesso, (ainda uma minoria), está muito mais interessada em jogos,
diálogos geralmente fúteis, (“use no máximo 140 toques…”), pornografia, do que
um uso mais sofisticado intelectualmente: – para muitos ainda é um passa tempo,
apenas um divertimento interessante. QUANTO AO MEIO AMBIENTE MUITO SE FALA, MAS NÃO SE EXIGE DOS
POLÍTICOS E DOS EMPRESÁRIOS, UMA ATITUDE PRESERVAÇÃO COMPETENTE E CONSEQÜENTE,
DO USO INTELIGENTE DO AMBIENTE QUE SE DETERIORA RAPIDAMENTE, COM NEFASTAS
CONSEQÜÊNCIAS, POR EXEMPLO, PARA O ABASTECIMENTO DE ÁGUA POTÁVEL, PARA O CLIMA,
PARA A MANUTENÇÃO DO ESTOQUE GENÉTICO QUE MILHÕES DE ANOS DE EVOLUÇÃO NOS
LEGARAM, COM ANIMAIS E PLANTAS, UM PATRIMÔNIO DOS POVOS PARA O CONHECIMENTO DO
MILAGRE DA VIDA E DO PROSSEGUIMENTO DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE EM AMBIENTE
PROPÍCIO, AUTO-SUSTENTÁVEL E SAUDÁVEL. POUCOS RECONHECEM QUE SE CONTINUARMOS A
DESTRUIR O MEIO AMBIENTE, COMO ESTAMOS FAZENDO, A VIDA HUMANA EM ALGUNS POUCOS
SÉCULOS CORRERÁ O RISO DE SOBREVIVÊNCIA. E LÁ SE VÃO AS ÁRVORES DA NOSSA
AMAZÔNIA, A MATA ATLÂNTICA QUASE EXTINTA, O CERRADO SOB A MIRA DO AGRONEGÓCIO
COMEÇA A PADECER COM OS EFEITOS DE UM USO NÃO PLANEJADO, NA PERSPECTIVA DA
SUSTENTABILIDADE. E OS NOSSOS POLÍTICOS O QUE FAZEM? A POPULAÇÃO NÃO SABE OU
NÃO ESTÁ INTERESSADA SOBRE ESSES ASSUNTOS QUE TANTO INTERESSAM AO FUTURO DOS
NOSSOS NETOS… As relações internacionais são conduzidas, cada vez mais, com uma
acentuada falta de objetivos claros a serem alcançados, não só na defesa dos
nossos interesses, mas, principalmente, da nossa afirmação no concerto das
nações como protagonista que tem muito a contribuir para a paz, o convívio e o
desenvolvimento equilibrado dos povos. A omissão de opinar e de defender
posições morais passou a ser a regra da nossa ação diplomática nos últimos anos
– deixar passar o tempo sem que o Brasil se comprometa com nenhuma questão
importante. Lidar com nossos parceiros internacionais, com a regra saudável –
mas que tem limites – da não intervenção nos assuntos internos de outros países
é conduta fácil: nos dias de hoje não podemos apoiar, pelo silêncio, ditaduras
escancaradas que oprimem seus povos, que censuram a mídia, que prendem e
torturam seus opositores. Esta atitude da nossa diplomacia é ultrajante às
nossas tradições. Só para recordar acontecimentos bem recentes, fiquemos com a
enumeração da covarde omissão sobre a revolta na Síria; a falta de apoio a
Israel, com o qual estamos comprometidos desde sua criação em 1948, (com a
brilhante e corajosa participação de Osvaldo Aranha que contrariando
interesses, colocou em votação, como Presidente da Assembléia da ONU, a
declaração de criação do Estado Judeu, que esperava nas gavetas há meses); a
omissão no atentado que abateu, recentemente, avião da “Malásia Airlines”,
sobejamente conhecida a responsabilidade russa no escandaloso atentado; o
silêncio quanto aos atentados aos direitos humanos praticados pelo ridículo
governo “bolivariano” da Venezuela; a audácia boliviana de ocupar de forma
truculenta instalações da Petrobras, ficando sem resposta das nossas
autoridades; e a permanente visível hostilidade e má-vontade contra tudo o que
é norte americano. Saudades de antigos diplomatas que não se curvavam às
ideologias passageiras, porventura em postos de mando no governo, quando o
Itamaraty sabia que seu papel é o de manter a dignidade e coerência históricas,
que sempre tivemos, na lide internacional de defesa dos nossos direitos e do
pensamento jurídico sobre os princípios que devem presidir as relações entre as
nações livres e soberanas. Saudades do desassombro de um Barão de Penedo ao
confrontar o governo Inglês, no final do Império, com independência,
responsabilidade e altivez; de um Rui Barbosa ao defender em Haia, com sucesso,
a tese da igualdade jurídica das nações; de um Barão do Rio Branco fixando a
política de sempre arbitramentos na solução dos problemas surgidos com as
demarcações das nossas fronteiras; de um Osvaldo Aranha confrontando o
nazifascismo; de um Afonso Arinos de Mello e Franco, com sua inteligência
fulgurante sempre na defesa da democracia e da liberdade. É triste perceber
como adotamos a política da omissão, assumindo posições subalternas num momento
histórico que exige posições claras e inteligentes, visando o futuro e a paz –
não a subserviência a motivações passageiras de uma conjuntura política interna
que tende a desaparecer em breve: a da incompetência e da corrupção. Ocorreu-me
escrever este trabalho, com este título aparentemente apelativo, quando li nos
jornais que um ex-governador do Distrito Federal é novamente candidato a
governador de Brasília, apesar de já condenado pela Justiça, em segunda
instância, por roubo. Utilizando-se de prazos judiciais, não foi impedido pela
Lei da “ficha limpa”, por ocasião do seu registro como candidato, e é o mais
cotado, nas pesquisas, a ser o vencedor com mais de 60% dos votos do eleitorado
da capital federal. É inacreditável, É O FIM DAS ESPERANÇAS
PERCEBER A EXISTÊNCIA DE UM ELEITORADO TÃO IRRESPONSÁVEL, CAPAZ DE ELEGER, COM
AMPLA VOTAÇÃO, UM LADRÃO PARA A GOVERNANÇA DE BRASÍLIA. O
outro fato, também noticiado pela imprensa, foi a consagração de alianças
políticas, nos vários estados da federação, onde os partidos, como verdadeiros
balcões de negócio que são, associaram-se a outros em direta e completa
oposição ao que os mesmos fazem, pensam e pregam. É um jogo de interesses
locais sem a mínima preocupação com a decência e a lógica do processo
eleitoral, que pressupõe que partidos nacionais devem ter uma atitude única em
todos os estados, apoiando ou coligando-se com outras agremiações políticas com
as quais tenham alguma afinidade, demonstrando coerência, honestidade e
intenção clara de respeitar programas e ideologias políticas que os definem.
Não a esta bagunça canalha que abastarda e falseia o processo democrático,
enganando os eleitores, principalmente os mais humildes, que são a maioria, e
que elegem os candidatos que se apresentam com tibieza de pensamento e
desonestidade na ação de conquistar os votos do povo. Não vou me deter em
outros fatos que enojam, causando profundo mal estar físico e mental e que são
de conhecimento geral, noticiados diariamente pela mídia: a corrupção
generalizada, (tanto na área estatal como na iniciativa particular); a
violência; o tráfico de drogas; o deboche institucionalizado nos programas de
rádio e de televisão, onde nossas próprias desgraças são motivo de comicidade
chula; a falta de educação e de mínima cortesia nas relações da vida cotidiana;
o fracasso do processo educacional como um todo; a desagregação da família; o
abandono dos valores morais consagrados pelas religiões históricas como se
fossem estorvos à liberdade, à felicidade pessoal, à liberdade do povo e não os
alicerces da vida civilizada em sociedade. Basta. É preciso reagir de alguma
forma. São idiotas e canalhas que estão no comando das nações e no nosso Brasil
não há duvidas – lá estão eles há décadas, locupletando-se, mantendo iníquas
estruturas de poder, desdenhando o povo sofrido que neles confiaram seus votos:
– é uma grande merda institucionalizada como forma de governo e de viver. É importante
lembrar alguns nomes, honrados e coerentes, da nossa história política recente
que, neste momento, fazem enorme falta, (fiquemos com os já falecidos para não
corrermos o risco de esquecer alguns dos poucos heróis que hoje continuam a
lutar pelo nosso país, com dignidade e coerência): Raul Pilla, Men de Sá,
Franco Montoro, Tancredo Neves, Jose Richa, Mario Covas, Ulysses Guimarães,
Carlos Lacerda, Ney Braga, Eduardo Gomes, Juarez Távora, Fernando Ferrari,
entre outros. Se já tivemos personagens com esses perfis de dignidade e
envergaduras morais por quê não renovar o Congresso Nacional com nomes com a
mesma dimensão? Por que os eleitores não se preocupam mais com a política? FAZ
POUCOS DIAS A NAÇÃO ESTAVA MOBILIZADA COM A COPA DO MUNDO E ATENTA À SELEÇÃO
BRASILEIRA DE FUTEBOL. POR QUE NÃO DEDICAR IGUAL INTERESSE PARA O QUE ESTÁ
ACONTECENDO COM A POLÍTICA, PARA COM AS ELEIÇÕES QUE VÃO OCORRER NO PRÓXIMO MÊS
DE OUTUBRO, DEBATENDO DE FORMA PACÍFICA E INTELIGENTE AS OPÇÕES QUE NOS SÃO
OFERECIDAS? Por que os eleitores, mesmos aqueles com alguma formação
acadêmica e informação sobre o que se passa no mundo, elegem, há décadas, para
o Congresso Nacional e Câmaras Estaduais, uma maioria que abafa, pelo numero
dos seus votos, as boas intenções de uma minoria de honestos e competentes, que
existem e estão espalhados pelos vários partidos? Com esta visão os eleitores
são, em boa medida, responsáveis pela presente situação. Mesmo enganados e
seduzidos pelos “MARQUETEIROS”, muito bem pagos e que vendem com excelentes
peças propagandistas, quaisquer produtos, inclusive candidatos, o povo poderia
se organizar e se informar, e pelo voto – a maneira de se proceder a uma
revolução democrática – varrer do cenário político este bando que nos arruína
como nação e nos humilha como seres humanos naturalmente dignos. Essa tragédia
não é um privilégio do Brasil – está acontecendo em todo o planeta. Se
quisermos uma revolução democrática temos a obrigação moral de fazer
desaparecer, pelo voto, os omissos, os incompetentes e os corruptos que se
apossaram do país e eleger os melhores, rostos novos, idéias novas capazes de
resgatar o Brasil do atoleiro em que se meteu nestas ultimas décadas. Não estou
fazendo propaganda deste ou daquele partido político – FICO
PASMO DE VERGONHA DE SABER QUE MEU PAÍS TEM 32 PARTIDOS. ISTO NÃO EXISTE, ISTO
É UMA FARSA, ISTO É A CONSAGRAÇÃO DA TESE DE QUE ESSAS AGREMIAÇÕES SÃO BALCÕES
DE NEGÓCIO À PROCURA DE OPORTUNIDADES PARA VENDER MINUTOS DE PROPAGANDA
ELEITORAL, NOS PERÍODOS PRÉ ELEITORAIS EM QUE É GRATUITA, COM AS ALIANÇAS
VERGONHOSAS QUE FAZEM. Existem bons e excelentes cidadãos e cidadãs, em todos os
partidos, verdadeiros heróis que se esforçam para fazer o melhor, que adotam
com honestidade uma filosofia política com determinação, mas que são abafados
nas suas intenções pela turba majoritária, dos omissos ou corruptos, que só
quer saber como aproveitar as ocasiões de eleição para ganharem alguma coisa a
mais, enriquecendo seus patrimônios e aumentando suas parcelas de poder sobre a
sociedade. O grande mal, desde o Império, foi nunca termos buscado a excelência
do processo educacional para todo o povo. O grande erro foi termos feito vistas
grossas à corrupção que se instalava. A desgraça nacional que se abateu sobre
nós resultou do abastardamento da política, pela contínua eleição de uma
maioria de corruptos, demagogos e incompetentes, nos sucessivos governos e
legislaturas, impedindo que o Brasil alçasse os patamares de desenvolvimento
integral e de convivência democrática, com que sonharam os nossos antepassados.
Onde estão as vozes de protesto e de alerta da intelectualidade brasileira,
grupo de referência de qualquer nação, cada vez mais reduzido em relação ao
total da população? Onde está a nova liderança política capaz de oferecer à uma
juventude desamparada e desorientada propostas democráticas de organização e de
funcionamento da vida coletiva? Com o fim da experiência comunista, o
socialismo real, além do eficiente, amoral e muitas vezes injusto capitalismo,
parece que não existe alternativa para a vida coletiva, mais humana, que se
possa apresentar para as populações. Onde estão as universidades com seus
professores e alunos, pretensamente bem formados e capazes de formularem
alternativas democráticas para a crise global que nos assola e ameaça nosso
futuro? ESTÃO CALADAS E AFASTADAS DOS REAIS PROBLEMAS DA SOCIEDADE. UMA
LASTIMA, UMA VERGONHA HISTÓRICA, ESSA OMISSÃO DA ACADEMIA. NÃO RECEIO GRANDES
CONVULSÕES SOCIAIS, UMA GUERRA CIVIL – ACREDITO QUE, NO MÁXIMO, FICAREMOS COM
ESSAS FREQÜENTES PASSEATAS TRUCULENTAS, COM OS CHAMADOS “BLACK BLOCS” COM SEUS
CAPUZES NEGROS, BANDIDOS IDIOTAS, QUE COM O INCÊNDIO DE ÔNIBUS, QUEBRANDO
VITRINES E TENTANDO INVADIR PRÉDIOS PÚBLICOS E DA INICIATIVA PRIVADA, PENSAM
ESTAR REVOLUCIONADO O MUNDO RUMO A UM DESTINO QUE NEM MESMO ELES SABEM DEFINIR. Os
“sem teto” continuarão a atuar, todos eles sem reivindicações concretas e
exeqüíveis, capazes de contribuírem para a melhoria da situação nacional.
Nestes momentos de bagunça a policia, e em alguns casos mais graves também as
Forças Armadas, com maior ou menor eficiência, usando da necessária reação
legal, restaurarão a ordem e os prejuízos materiais, como sempre, serão
absorvidos pelos governos estaduais e o federal, com os empresários tentando o
ressarcimento das suas perdas e tudo continuará igual. Esta acomodação, esta
pasmaceira nacional é que me preocupa, pois, como já afirmei anteriormente, só
pelo voto e com a eleição de bons candidatos é que poderemos começar a pensar
em salvar o Brasil desse processo de progressivo “ENMERDACIMENTO” da
nação, resgatando nossa dignidade e decência social. Liberdade sem regras e
limites, concorrência – cada um por si e que vençam os melhores e mais espertos
– individualismo, egoísmo, são as grandes propostas políticas oferecidas pelo
liberal capitalismo, já assimiladas e admiradas pela maioria dos povos, como
sendo o sistema político vencedor. Neste ambiente desnorteado, sem pressupostos
filosóficos, claros e estáveis, capazes de servirem de referência para a tomada
de posições políticas, os cidadãos e cidadãs parecem agir ao sabor dos sempre
renovados estímulos dos acontecimentos, sem reflexão crítica, sem clareza dos
objetivos sociais futuros que pretendem alcançar. Quaisquer discordâncias ou
censuras são entendidas como restrições à liberdade, retrocesso ou
conservadorismo. Falta de ética é uma sentença elegante que se usa para acusar
e condenar pessoas que foram flagradas cometendo crimes e foram denunciadas
pela mídia – não indica mais a adesão individual radical a alguns valores
morais que aprimoram a vida humana, fazendo com que o viver se aproxime do
ideal pretendido pelo Deus Criador do Cosmos. OS JOVENS, OS POVOS,
NÃO TÊM MAIS COM O QUE SONHAR, PROPOR OU LUTAR PARA TORNAR O VIVER COLETIVO
MAIS HUMANO… OS POLÍTICOS, OS PARTIDOS POLÍTICOS FALHARAM, MISERAVELMENTE,
NESTA SAGRADA MISSÃO. NÓS TODOS, O POVO BRASILEIRO, SOMOS RESPONSÁVEIS PELO
FUTURO. NÃO PODEMOS E NÃO DEVEMOS NOS CONTENTAR COM A INAÇÃO. REVOLUCIONAR A
POLÍTICA BRASILEIRA, PRINCIPALMENTE RENOVANDO O CONGRESSO NACIONAL COM UMA
MAIORIA DE SENADORES E DEPUTADOS DIGNOS, COMPETENTES, É NOSSA OBRIGAÇÃO HISTÓRICA.
NÃO PODEMOS NOS FURTAR A ESTE TRABALHO CÍVICO QUE VISA À PROMOÇÃO DO BEM COMUM.
NÃO QUERO PERDER A ESPERANÇA DE AINDA VER A SOCIEDADE BRASILEIRA ENVOLVIDA POR
UM AMBIENTE DE ALTA DENSIDADE ÉTICA E DE SENTIR QUE NOSSAS RELAÇÕES SOCIAIS SÃO
PRESIDIDAS PELO IDEAL DA SOLIDARIEDADE. Possuído de duvidas, uma
vez mais lanço um apelo, uma convocação, que desconfio que se perderá no meio
das várias mensagens que as pessoas recebem a cada instante. Mas sinto-me
moralmente obrigado a pedir, para que os meus concidadãos, que fiquem atentos
ao que está ocorrendo e aproveitem a oportunidade, talvez a ultima, das
eleições de outubro próximo e mudem o Brasil, indicando e votando em candidatos
dignos, honestos, competentes, em caras novas, que possam nos oferecer, com
maior probabilidade, um país mais justo, livre, desenvolvido, pacífico,
solidário e democrático. Não temos muito tempo para reagir à atual situação. OU
FAZEMOS ALGUMA COISA, AGORA, OU VAMOS TODOS NOS ACOSTUMANDO COM A FECAL OPÇÃO
DE VIVERMOS NA MERDA… (as imagens e a manchete não fazem parte do texto original).
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