Carlos Newton
O ex-presidente Lula da Silva, como é conhecido no exterior, está deprimido, chora muito, não tem ânimo para nada. Faltou aos dois últimos eventos organizados pelo PT, parece estar jogando a toalha, arrependido de ter indicado e elegido Dilma Rousseff à Presidência da República, circunstância que veio a causar não somente a maior crise da história do país, como também a derrocada do PT e da outrora próspera família Lula da Silva, conforme se constata com a evolução do quadro político e das investigações da Lava Jato.
O juiz Sérgio Moro, apesar de ainda jovem para os padrões da magistratura, conseguiu acumular grande experiência com o processo do Banestado. Aprendeu a agir na hora certa e a se livrar das armadilhas armadas por policiais corruptos e por advogados ardilosos.
Seus despachos e sentenças têm precisão cirúrgica e conseguiu inovar a Justiça brasileira, ao decretar prisão preventiva de criminosos sem antecedentes, com residência conhecida e representados por advogados, e sem trânsito em julgado.
Poucas decisões de Moro foram reformadas nas instâncias superiores – Tribunal Regional federal, Superior Tribunal de Justiça e Supremo Tribunal Federal. Uma delas foi a libertação indevida do diretor da Petrobras Renato Duque, que Moro voltou a trancafiar logo em seguida, e estamos conversados.
MUDANDO A LEI
Foi o obstinado exemplo do juiz Moro que fez o Supremo enfim determinar, à margem da lei, a prisão de todo condenado em segunda instância, acabando com a farra do boi do trânsito em julgado, que vinha mantendo à solta até mesmo bárbaros homicidas.
É um importantíssimo avanço processual, que o pais fica devendo ao juiz Sérgio Moro. Para complementar essa luta incessante contra a impunidade, falta agora que o Congresso entre na briga e ponha fim ao extravagante instituto da prescrição da pena por decurso de prazo.
Essa excrescência não pode se eternizar. Ninguém se torna inocente porque os anos se passaram e não se descobriu a prática de outros crimes. Isso não pode ser chamado de justiça, é apenas uma espécie de consagração do crime perfeito, que só é punido por algum tempo.
É claro que o instituto da prescrição não deve ser abolido para crimes leves, não vamos regredir. Mas crimes graves não merecem perdão.
MORO TORTURA LULA
A estratégia do juiz paranaense Moro está torturando Lula. A depressão que o ex-presidente sofre tem motivos reais. Quando tentou o golpe da nomeação para ministro, foi Moro que habilmente desfez a manobra, ao divulgar o áudio da gravação do diálogo entre Lula e Dilma Rousseff.
Ao tomar essa arriscadíssima iniciativa, Moro andou sobre o fim da navalha, colocou em risco a própria carreira, mas defendeu o interesse nacional e a Procuradoria e o Supremo não tiveram coragem de ficar contra o juiz federal.
A situação de Lula é desesperadora. Com as delações premiadas de pessoas realmente próximas a ele, como Léo Pinheiro, Marcelo Odebrecht, José Carlos Bumlai e Delcídio Amaral, o ex-presidente já sabe que não tem escapatória.
PROVAS ABUNDANTES
As provas contra Lula e um de seus filhos, o caçula Luís Cláudio, já são abundantes. Não há criminalista que dê jeito, e foi por isso que o famoso advogado Nilo Batista tirou logo o time de campo. Lula está sendo defendido pelo compadre Roberto Teixeira, que também está sendo investigado pela Lava Jato. Mas o juiz Moro ainda não pode decretar a prisão, porque o inquérito está retido com o procurador-geral Rodrigo Janot.
Lula está cada vez mais sozinho. Sabe que sua prisão é apenas uma questão de tempo. Da mesma forma que Dilma Rousseff está confinada no Palácio da Alvorada, Lula fica cada vez mais isolado na luxuosa cobertura de São Bernardo, que ninguém sabia que se tratava de dois apartamentos.
Quando os federais chegaram lá para busca e apreensão, tomaram um susto. A parede da sala havia sido derrubada, eram dois apartamentos transformados num só, e Lula alegou que o outro era alugado pertencia a um primo de Bumlai. Agora, em seus depoimentos de delação, o próprio Bumlai está esclarecendo o assunto.
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OPINIÃO – Já ia esquecendo. Há um terceiro apartamento no mesmo prédio que também pertence a Lula, onde fica hospedada a equipe de motoristas e seguranças que protegem sua família, tudo pago pela Presidência da República. Assim que Lula for preso, o apartamento ficará vazio, porque os seguranças e motoristas terão de regressar a Brasília. (C.N.)
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