Ednei Freitas
Para quem ainda se espanta com as polêmicas que envolvem as
contraditórias decisões do Supremo Tribunal Federal nos dias de hoje, em
clima de Lava Jato, é bom recordar o artigo que o jornalista Guilherme
Fiuza escreveu na revista Época, em 10 de setembro de 2012, na edição
747. O texto é de uma atualidade impressionante.
A PRÓTESE DO PT NO SUPREMO
Os ministros do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e Dias
Toffoli são a prova viva de que a revolução companheira triunfará. Dois
advogados medíocres, cultivados á sombra do poder petista para chegar
onde chegaram, eles ainda poderão render a Luiz Inácio da Silva o Nobel
de Química: possivelmente seja o primeiro caso comprovado de juízes de
laboratório. No julgamento do mensalão, a atuação das duas criaturas do
PT vem provar, ao vivo, que o Brasil não precisa ter a menor inveja do
chavismo.
Alguns inocentes chegaram a acreditar que DIAS TOFFOLI se declararia
impedido de votar no processo do mensalão, por ter advogado para o PT
durante anos a fio. Participar do julgamento seria muita cara de pau,
dizia-se nos bastidores. Ora, essa é justamente a especialidade da casa.
Como um sujeito que só chegou á corte suprema para obedecer a um
partido iria, na hora h, abandonar sua missão fisiológica?
JUNTO A DIRCEU – A desinibição do companheiro não é
pouca. Quando se deu o escândalo do mensalão, DIAS TOFFOLI era nada
menos do que subchefe da assessoria jurídica de José Dirceu na Casa
Civil. Os empréstimos fictícios e contratos fantasmas pilotados por
Marcos Valério, que segundo o processo eram coordenados exatamente da
Casa Civil, estavam portanto sob as barbas bolivarianas de DIAS TOFFOLI.
O ministro está julgando um processo no qual poderia até ser réu.
A desenvoltura da dupla Lewandowski-Toffoli, com seus cochichos em
plenário e votos certeiros, como na absolvição ao companheiro condenado
João Paulo Cunha, deixariam Hugo Chávez babando de inveja. O ditador
democrata da Venezuela nem precisa disso, mas quem não gostaria de ter
em casa juízes de estimação? A cena dos dois ministros teleguiados
conchavando na corte pela causa petista, como super-heróis partidários
debaixo de suas capas pretas, não deixa dúvidas: é a dupla Batman e
Robin do fisiologismo. Santa desfaçatez.
ESTRELINHA NA LAPELA – Já que o aparelhamento das
instituições é inevitável, e que um dia seremos todos julgados por
juízes de estrelinha na lapela, será que não dava para o estado-maior
petista dar uma caprichada na escolha dos interventores? Seria
coincidência, ou esses funcionários da revolução têm como pré-requisito a
mediocridade?
Como se sabe, antes da varinha de condão de Dirceu, DIAS TOFFOLI tentou ser juiz duas vezes em São Paulo e foi reprovado em ambas. Aí sua
veia revolucionária foi descoberta e ele não precisou mais entrar em
concursos são essa instituição pequeno-burguesa que só serve para
atrasar os visionários. Graças ao petismo, Toffoli foi ser procurador no
Amapá, e depois de advogar em campanhas eleitorais do partido alçou voo
á Advocacia-Geral da União são porque lealdade não tem preço e o Estado
são eles. É claro que uma carreira brilhante dessas tinha que acabar no Supremo Tribunal Federal.
LEWANDOWSKI, TAMBÉM – O advogado Lewandowski vivia
de empregos na máquina municipal de São Bernardo do Campo. Aqui, um
parêntese: está provado que as máquinas administrativas loteadas
politicamente têm o poder de transformar militantes medíocres em grandes
personalidades nacionais. são como comprova a carreira igualmente
impressionante de Dilma Rousseff. Lewandowski virou juiz com uma
mãozinha do doutor Márcio Thomaz Bastos, ex-advogado de Carlinhos
Cachoeira, que enxergou o potencial do amigo da família de Marisa
Letícia, esposa do bacharel Luiz Inácio.
Desembargador obscuro, sem nenhum acórdão digno de citação em
processos relevantes, Lewandowski reuniu portanto as credenciais exatas
para ocupar uma cadeira na mais alta esfera da Justiça brasileira.
Suas diversas manobras para tumultuar o julgamento do mensalão enchem
de orgulho seus padrinhos. A estratégia de fuzilar o cachorro morto
Marcos Valério, para depois parecer independente ao inocentar o
mensaleiro João Paulo, certamente passará á antologia do Supremo são
como um marco da nova Justiça com prótese partidária.
O julgamento prossegue, e os juízes do PT no STF sabem que o que está
em jogo é a integridade (sic) do esquema de revezamento Lula-Dilma no
Planalto. Dependendo da quantidade de cabeças cortadas, a platéia pode
começar a sentir o cheiro dos subterrâneos da hegemonia petista. Batman e Robin darão o melhor de si. Olho neles.
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