Josias de Souza
Encontra-se em fase
decisiva a ação penal em que a presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR),
é acusada de receber R$ 1 milhão em verbas sujas desviadas da Petrobras. Nesta
sexta-feira, a procuradora-geral da República Raquel Dodge protocolou no
Supremo Tribunal Federal suas alegações finais (íntegra aqui). No documento,
pede a condenação por corrupção e lavagem de dinheiro de Gleisi, do ex-ministro
Paulo Bernardo, marido da senadora, e do empresário Ernesto Rodrigues. Pede
também que os réus sejam sentenciados a pagar indenização pelos danos materiais
e morais que causaram ao Estado. Coisa de R$ 4 milhões, o equivalente a quatro
vezes o montante desviado.
A denúncia que envolve
Gleise foi protocolada no Supremo quando Rodrigo Janot ainda era o
procurador-geral da República. Virou ação penal em fevereiro. Na sua
manifestação, endereçada ao relator da Lava Jato no Supremo, Edson Fachin, a
sucessora de Janot reitera que a propina de R$ 1 milhão foi borrifada na caixa
registradora da campanha de Gleisi ao Senado, em 2010. A verba foi obtida em
trambiques realizados na Petrobras. Coisa urdida e confessada por Paulo Roberto
Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal. Gleisi e os outros envolvidos
negam.
Em delação premiada,
Paulo Roberto Costa disse que o dinheiro foi provido por empresas que
superfaturaram contratos na Petrobras. Transitou em espécie, longe do sistema
bancário. Foi às mãos do doleiro Alberto Yousseff, que o repassou
parceladamente ao empresário Ernesto Rodrigues, a quem cabia transportar a
verba de São Paulo para Curitiba, cidade de Gleisi.
Segundo Dodge, os réus
tinham plena ciência da má origem do dinheiro. “Paulo Roberto Costa afirmou que
Paulo Bernardo era um dos poucos ministros que sabiam que Alberto Youssef era
seu operador, ou seja, que o dinheiro vinha de ilícitos da Petrobras”, anotou a
procuradora-geral. Segundo ela, as investigações comprovaram o recebimento do
dinheiro, que não foi registrado na prestação de contas da campanha de Gleisi à
Justiça Eleitoral.
Raquel Dodge sustenta
no texto enviado a Fachin que as penas a serem impostas a Gleisi e Paulo
Bernardo devem ser “agravadas”. Por quê? “Mais do que corrupção de um mero
agente público, houve corrupção em série, de titulares de cargos dos mais
relevantes da República, cuja responsabilidade faz agravar sua culpa na mesma
proporção”, escreveu a procuradora-geral.
Além da condenação
pesada e da indenização salgada, Dodge pede ao Supremo que puna os réus com
perda dos cargos públicos que eventualmente estejam ocupando quando vier a
sentença.
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